segunda-feira, 30 de abril de 2012

Campeonato da fraude - T18 parte I


Portugal, 30 de Abril de 2012

Em 1994/95 o na altura denominado Organismo Autónomo, aproveitando uma das muitas confusões que existem no edifício jurídico português, organizou o 1º campeonato a partir do Porto onde, habilmente, o presidente da Câmara tinha dado terrenos para construir a sede da Liga de Clubes. Foi há 18 anos...
No ano seguinte, resolvida a questão do Organismo Autónomo, passou a ser a Liga de Clubes a organizar a maior prova do calendário futebolístico. Pela segunda vez na história portuguesa, o campeonato era organizado fora de Lisboa e daí para cá assim tem sido sempre.

Na altura, 1995 ou 1996, um dos muitos fundamentalista que o FCP tinha e tem a escrever em jornais, Pedro Batista (o que esteve para andar à estalada com Dias Ferreira num programa de formato Trio da RTP), anunciava no jornal O JOGO que com a Liga a organizar as provas entrava-se numa “nova ordem do futebol português”.

Percebi nas entrelinhas que aquela afirmação não era leviana nem casual. Aquela afirmação encerrava uma declaração política que só se começou a perceber quando o FCP embalou com 5 títulos consecutivos tendo por base arbitragens que obedecem a um “padrão” determinado pelos interesses do FCP (seja a seu favor, seja contra o Benfica ou outro rival que circunstancialmente possa competir com eles).  

O ciclo desta “nova ordem” iniciou-se com a Supertaça que nos foi roubada em pleno estádio das Antas quando Donato Ramos e o seu auxiliar invalidaram um golo limpo ao Amaral, por fora de jogo de posição sem intervenção na jogada. Daí para cá, tem sido sempre o mesmo.

Nestes 18 anos da “nova ordem do futebol português”, o FCP conquistou 13 campeonatos, e só por mera indigência mental ou má formação pessoal, se pode pensar que os grandes responsáveis são os treinadores: 1) Artur Jorge, 2) Neca e Filipovic, 3) Mário Wilson, 4) Souness, 5) Shéu, 6) Juup Heynckes, 7) Mourinho, 8) Toni, 9) Jesualdo, 10) Camacho, 11) Trappatoni, 12) Koeman, 13) Fernando Santos, 14) Camacho, 15) Chalana, 16) Quique Flores e 17) Jorge Jesus.

Ou seja, por razões de estratégia (ou falta dela) das 4 Direcções que estão abrangidas por este ciclo, Manuel Damásio, João Vale e Azevedo, Manuel Vilarinho e Filipe Vieira, o Benfica teve 17 treinadores, sendo 13 contratados como principais e 4 adjuntos que os substituíram por motivo de doença ou despedimento.

No mesmo período o FCP teve como treinadores 1) António Oliveira, 2) Bobby Robson, 3) Fernando Santos, 4) Octávio Machado, 5) José Mourinho, 6) Luigi Del Neri, 7) Victor Fernandez, 8) José Couceiro, 9) Co Adrianse, 10) Jesualdo Ferreira, 11) Villas-Boas e 12) Vítor Pereira (estes 12 treinadores são um número algo elevado para quem ganha tanto, mas estão “inflacionados” pelos 3 contratados na época 2004/2005).

Se compararmos as carreiras dos treinadores depois de “falharem” no Benfica, com as carreiras dos treinadores depois de “ganharem” no FCP, teremos de reconhecer as boas carreiras de Juup Heynckes, Mourinho, Trappatoni, Koeman e Fernando Santos. E as razoáveis carreiras de Camacho e Quique Flores.
Quanto ao FCP, exceptuando Bobby Robson e Mourinho, não houve um único que se destacasse pela positiva. Bem pelo contrário. António Oliveira foi despedido 15 dias depois de ser contratado pelo Bétis de Sevilha, Jesualdo Ferreira, o único tri-campeão pelo FCP, despedido pelo Málaga e Villas-Boas despedido e considerado o pior treinador da era Abramovitch. Nem Souness foi tão mal tratado depois de sair do futebol português...

O Benfica não tem ganho por mudar de treinador. Pelo contrário. Novo treinador, novos métodos de treino, novos jogadores, novos esquemas de jogo e quando chegamos ao 1º terço do campeonato com as mesmas arbitragens, o FCP já vai à frente e faz a gestão da prova. A comunicação social sabe que é assim, por isso “pede” aos adeptos que façam pressão contra o treinador do momento. Para ajudar o FCP...

Mas quem viu como o Benfica foi impedido ontem de ganhar em Vila do Conde, novamente pelo mesmo árbitro que esta época ofereceu 1 penalty ao FCP para ganhar em Guimarães, só pode concluir que o campeonato terminou como começou: com o FCP a ser ajudado por erros de arbitragem de Benquerença, pela via directa e pela via indirecta. Mais 2 pontos em Guimarães, mais 2 em Vila do Conde, 4 pontos de diferença oferecidos ao FCP...

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Equipa de campeões


Portugal, 26 de Abril de 2012

A 2ª mão das meias-finais da Champions para além das conclusões que permitiram tirar acerca da valia das equipas e seus modelos de jogo, em particular no contrariar da lógica que apontava para uma final entre o Barcelona e o Real Madrid, mostrou – a quem esteve atento – que há diferenças muito significativas entre a arbitragem que se faz lá fora e a que se faz cá dentro. E se ainda há adeptos que não sabem como foi possível o Benfica fazer um conjunto de duas boas exibições contra o Chelsea, tem de tentar perceber melhor a influência das decisões dos árbitros no normal desenrolar dos jogos.

Em particular há 4 lances que devem ser guardados na memória, para poderem ser invocados a favor do Benfica nas competições nacionais. São eles: 1) o lance que originou a expulsão de Terry em Barcelona, provocado por um pequeno e intencional toque por trás do adversário, sem bola, 2) o desarme ilegal de Drogba, que rasteirou sem virilidade e originou o penalty falhado por Messi, 3) a intercepção com o braço de um remate a 4/5 metros de Ronaldo que originou o penalty do 1º golo do Real e 4) o desarme ilegal de Pepe, provocando o desequilíbrio do adversário, que originou o penalty e golo do Bayern de Munique.

Todas estas decisões dos árbitros tiveram importâncias distintas no resultado final desses jogos, sendo a mais evidente a que origina o golo do Bayern decisivo para igualar a eliminatória e levar o jogo à lotaria dos penaltys.
Este tema vem a propósito do que assistimos durante praticamente toda esta temporada, em relação ao nosso Benfica, com uma ou duas excepções, por parte da arbitragem portuguesa comandada pelo homem de mão do FCP e sócio do SCP, Vítor Pereira.

Compare-se a 1ª destas 4 decisões da Champions com a tackle com virilidade excessiva sobre Witsel (Nacional, 1ª volta), agressão a Saviola na grande área (Luz, Académica), emparedamento de Bruno César na grande área (Paços de Ferreira, 2ª volta), pontapé nas pernas de Aimar na grande área (Académica, 2ª volta), pontapé em Rodrigo (Guimarães, 2ª volta), pontapé de Toy sobre Javi (Olhão, 2ª volta), tackle deslizante “leva tudo à frente” de Ínsua sobre Bruno César (SCP, 2ª volta), etc., onde os árbitros se “esqueceram” de mostrar o cartão amarelo, quando o adversário já tinha um, se esqueceram de mostrar cartão vermelho e/ou assinalar grande penalidade, se esqueceram de mostrar cartão amarelo sendo o primeiro ou até conseguiram marcar falta atacante contra o Benfica, no caso de Aimar. Venham de lá os árbitros estrangeiros...

Compare-se a 2ª e 4ª destas 4 decisões, com o carrinho “leva tudo à frente” do Polga sobre Gaitan (SCP, 2ª volta), desarme - pontapé sobe Gaitan (Taça da Liga), etc., onde se esqueceram de assinalar o penalty e num caso, pelo contrário, consideraram simulação e puniram com cartão amarelo o nosso jogador. Venham de lá os árbitros estrangeiros...

Compare-se a 3ª destas 4 decisões com o remate de Bruno César interceptado pelo braço do Cedric em Coimbra, o remate de Gaitan interceptado pelo braço de Alex (Guimarães na Luz), etc., onde com 0-0 não foram assinalados os respectivos penaltys e sancionados os jogadores faltosos com cartão amarelo. Venham de lá os árbitros estrangeiros...

Fica evidente que há formas bastante diferentes de analisar os lances por parte dos árbitros, nas competições europeias e cá em Portugal, sendo notório que cá obedecem a um padrão bem definido que se resume a prejudicar o Benfica e ajudar o FCP, pois os mesmos tipos de lances são decididos de forma diferente para cada um dos dois clubes.

O papel do Sr.º Vítor Pereira é alimentar este padrão. Quem o interpretar bem, na jornada seguinte tem jogo e 1100 euros, quem o interpretar mal, não tem e ganha zero. Os que se distinguirem pela excepcionalidade do objectivo alcançado poderão, como Soares Dias, ser nomeados para um jogo da Liga do Qatar em 22 de Abril último (quanto não terá ganho?), ou ser seleccionados para o Europeu de Futebol sub 21, nomeações que a comunicação social “estranhamente” não deu destaque. Ou não fosse esta uma prova de como os “media” promovem a trampice que existe no futebol português...

Com todos estes obstáculos programados para nos prejudicarem, é fantástico ver o Benfica a lutar (com dificuldade) pelo título a 3 jornadas do final. Só uma equipa de campeões conseguiria resistir tanto como a nossa ...

terça-feira, 17 de abril de 2012

A Taça da Liga - mais do mesmo II


Portugal, 17 de Abril de 2012

O Benfica venceu a 4ª Taça da Liga consecutiva, conquista relativamente desvalorizada pela generalidade da comunicação social e por alguns adeptos que são influenciados por esta máquina de fazer opiniões e moldar comportamentos. Esta máquina é a comunicação social, obviamente. 

Para os chatear, vou escrever sobre os aspectos que não foram mencionados nessa máquina de fazer opiniões e de moldar comportamentos.

Para chegar à Final, o Benfica teve de eliminar o finalista derrotado da última Taça de Portugal, e o detentor do título de campeão e vencedor da Taça de Portugal. Se para uns é coisa pouca, como o Sr.º João Querido Manha que intitulou a sua peça jornalística do CM como “sem brilho nem entusiasmo”, para outros como eu, este facto é muito meritório.

Aliás não percebo bem este tipo de comentários, porque o facto é que o FCP e o SCP, com mais ou menos brilho, com mais ou menos entusiasmo, não conseguiram chegar à Final. 

Outro aspecto que passou despercebido à comunicação social, como aliás passa sempre, foi o desempenho do árbitro do CA Porto. Só consigo entender esta apetência para varrer os erros de arbitragem para baixo do tapete, por pressões de quem manda no futebol e não quer que se perceba como é que o FCP ganha mais do que os outros clubes todos juntos.

Aqui vai o meu contributo para desmontar os erros de “manual” da arbitragem. Assinalo o tempo de jogo em que verifiquei o lance, e se houve repetição ou não, para confirmar se a decisão foi boa ou má. Só registei depois dos 18 mn e não registei a 2ª parte.

19:42 Nélson Oliveira tocado por trás, é derrubado. Não foi assinalada falta. Com repetição.
20:33 Witsel sofre rasteira, vendo-se o pé do adversário à frente do dele, sem possibilidade de jogar a bola. Com repetição. Falta não assinalada.
23:37 Assinalada indevidamente falta sobre o guarda-redes do Gil, que soca uma bola fora da pequena área, caindo em cima de Jardel que por seu lado estava a ser bloqueado pelo cotovelo do defesa do Gil. Com repetição.
28:27 Eduardo perde a bola na pequena área, aparentemente estorvado por avançado do Gil Vicente. Não é assinalada falta a favor do Benfica. Sem repetição não posso confirmar se a decisão foi boa ou má, mas pode-se comparar com o critério seguido na área do Gil Vicente.
32:07 Nélson Oliveira é tocado por trás na disputa de uma bola, desequilibrando-se e sendo impedido de jogar a bola. Falta não assinalada. Com repetição.
33:07 Witsel é agarrado pela camisola. Assinalada falta mas não mostrado cartão amarelo. Com repetição.
39:36 Aimar derrubado e desarmado, pareceu-me em falta. Nasce um contra ataque que obriga Eduardo à melhor defesa da 1ª parte. Não houve repetição logo não posso ajuizar correctamente se houve falta ou não.

Nesta 1ª parte existe um erro a favor do Benfica, um fora de jogo mal assinalado ao ataque do Gil Vicente, da responsabilidade do árbitro assistente. Quanto ao árbitro de campo acertou todas as faltas a favor do Gil Vicente.

Daqui se pode concluir que houve 3 faltas não assinaladas a favor do Benfica que mantiveram a bola nos pés dos jogadores do Gil, 1 falta não sancionada com cartão amarelo contra o Gil, 1 falta mal assinalada contra o Benfica sobre o guarda redes do Gil, 2 possíveis faltas não assinaladas sobre Eduardo e Aimar que originaram situações embaraçosas para a nossa defesa. 1 fora de jogo mal assinalado ao ataque do Gil.

5 erros contra o Benfica, que podem ser 7, 1 erro contra o Gil. É esta a aritmética dos erros de arbitragem, do “manual” que os árbitros comandados por Vítor Pereira têm de praticar se quiseram ser internacionais ou simplesmente, ser nomeados para a jornada seguinte. Cada jogo representa 1 100 euros para os bolsos do árbitro de campo.

Quem diz que os erros de arbitragem se compensam, nunca fez qualquer análise deste género. Os erros têm regra geral um padrão que indica ser um padrão pensado e implementado com uma finalidade: impedir o Benfica de jogar mais, favorecer até onde for possível o desempenho dos adversários.

Não tenho dúvidas que se em vez do Benfica fosse o FCP, estas faltas seriam todas assinaladas, e os cartões seriam mostrados. Este árbitro não teve problema em assinalar um penalty, por sopro de ar, contra o Benfica e a favor do Nacional, no último jogo para a Liga. No Rio Ave - FCP da época passada, 3ª jornada, não viu falta de Falcao sobre o guarda redes no 1º golo do FCP... Não é por acaso!

sexta-feira, 13 de abril de 2012

À Benfica III

Portugal, 12 de Abril de 2012


Na continuação da análise ao entorno da derrota com o SCP (já agora, a 7ª da época em todas as competições, o Bayern na Bundesliga tem 7, Lyon de Cissokho e Lizandro já vai em 10, só na Ligue 1), não se pode obviamente deixar de analisar a contribuição da arbitragem do portuense e portista Soares Dias. 


A nomeação de Benquerença para o Braga – FCP e a de Soares Dias para o SCP – Benfica, foram a jeito dos interesses do FCP. Tal só é possível porque na Comissão de Arbitragem, está um sócio com mais de 50 anos de SCP, Vítor Pereira, que está controlado pelo FCP (sei do que falo). 


Com Benquerença, o FCP tem sempre mais hipóteses de ganhar (nos anos recentes com este árbitro, para a Superliga só tiveram 1 empate, o resto foram vitórias). Já Soares Dias esteve no mesmo SCP - Benfica da época passada, e tudo tentou para que o SCP ganhasse, incluindo a expulsão de Sidnei por encosto de ombro. Não tendo conseguido no ano anterior, repetiram a nomeação para que se cumprisse a matemática: a probabilidade de falhar 2 vezes seguidas é menor do que falhar 1 vez só (aliada à probabilidade do Benfica ganhar 7 vezes seguidas que é menos do que ganhar 6).


E resultou porque para isso também contribuiu uma arbitragem inenarrável, ao nível das arbitragens de Jorge Sousa em Braga no ano do título de há 2 épocas atrás ou de Carlos Xistra também em Braga na época passada. Jogos que perdemos e reconhecemos que ficamos abaixo do nível exibicional habitual, mas jogos em que a virilidade excessiva contra os jogadores do Benfica foi contemporizada pelos árbitros. Mas este tipo de arbitragens está tão vista, que de tanto ser vista alguns – mesmo benfiquistas - já acham normal! 


No penalty sobre Gaitan, aceito que o árbitro não tenha visto porque o corpo de Polga pode tapar a zona de contacto. O penalty que deu o golo, na minha opinião não existe, pois Luisão larga o ombro uns segundos antes de cair, e na TV vê-se o WW desistir de jogar a bola, ao contrário do que fazem os jogadores leais. Há um penalty cometido por Garay (embora a falta comece fora da área), mas se o árbitro não marcou porque não assinalou cartão amarelo ao Wofswinkel por simulação, como fazem aos jogadores do Benfica? Estaria comprometido com o erro do penalty do golo ou do penalty que não assinalou sobre Gaitan? Há um agarrão à camisola de Luisão, com ele a olhar de frente. Penalty claro já que a bola foi cair precisamente nesse local. Há outro lance que poucos deram importância e mostra como se aplica o “manual”. Quando da marcação de uma falta a favor do Benfica, antes da bola chegar ao destino (área do SCP) interrompe para marcar uma falta contra o Benfica. Falta que ninguém, nem os jogadores do SCP, viram.


Aos 3 mn Ínsua tem entrada em tackle deslizante por trás às pernas de Bruno César. Podia ter sido exibido cartão vermelho, mas nem amarelo foi (comparar com critério aplicado aos nossos jogadores). Aos 8 mn há um pontapé de Matias na cabeça de Javi. Não foi exibido cartão amarelo (no mínimo). A seguir temos o Shaars sobre Witsel onde lhe pisou o pé, o que para o Corado costuma ser considerado agressão, logo vermelho directo. Nem amarelo levou. Depois o festival João Pereira: derrubou e pisou Gaitan, admito que o lance não seja fácil de ver para o árbitro, mas não levou o amarelo que se impunha. Depois tentou agredir Nelson Oliveira com movimento de braço bem visível e aqui fico pasmado por não ser aplicada a lei 12 e consequente expulsão. Carriço, idem sobre Witsel com o árbitro a chamá-lo à atenção em vez de fazer como fez para o Benfica, cartão na 1ª oportunidade. Mas veja-se como expulsou Luisão por uma falta de corpo, sem cortar jogada prometedora...


A dualidade de critérios disciplinares do árbitro, ajudou os jogadores do SCP a terem mais “atitude”, mais “raça” sobre cada bola disputada. Só quem não jogou à bola desconhece a importância que estes pequenos erros disciplinares têm no aumento da confiança de uns jogadores, e diminuição na confiança dos outros. Na implicação directa na qualidade de jogo de uns, e diminuição na de outros.


Posto isto que deveria ser considerado escandaloso, como é que reagiram “à Benfica” alguns dos ditos “notáveis”? José Augusto no fim do jogo, diz na Benfica TV que aos jogadores “faltou atitude”. Nos dias seguintes António Figueiredo pede a Jesus para “ir treinar o FCP” e Gaspar Ramos diz que “ciclo de Jesus terminou”. (cont)

terça-feira, 10 de abril de 2012

À Benfica II

Portugal, 10 de Abril de 2012


Depois de 6 vitórias consecutivas sobre o SCP (4 para a Liga e 2 para a Taça da Liga), o Benfica perdeu um jogo com um penalty (dos que não se assinalam a nosso favor), e como é hábito no nosso clube a derrota foi mal assimilada. E mal interpretada.


Não deve haver muitos clubes no mundo em que cada derrota ou resultado inadequado, seja tão esmiuçada pelos adeptos ou comentadores no plano técnico - teórico, com a sofreguidão de quem tem solução para o evitar: para ganhar sempre ou conseguir resultados satisfatórios. 


Vemos os milionários do Real Madrid treinado pelo alegado melhor treinador do mundo, perderem pontos contra equipas de orçamento 2 e 3 vezes inferior, e não percebemos que de facto é possível isso acontecer em países em que a bola é redonda e rebola de igual modo para todas as equipas. Aqui como se sabe (alguns teimam em não querer dar importância) a bola rebola mais depressa para um lado do campo, do que para o outro. Logo é mais fácil viciar o jogo.


Consultando as classificações de outros países, mais ou menos importantes que o nosso, vemos como equipas de grandes orçamentos perdem pontos com outras de menores orçamentos, e continuamos a não perceber que empatar ou perder faz parte da inevitabilidade do futebol e não há que explicar isso com razões que apelem ao perfeccionismo ou ao erro zero. Porque a perfeição depois do jogo acabado, é irrelevante. Se corrigirmos aquilo que nos pareceu ter sido mal pensado pelo treinador ou mal executado por alguns jogadores, e pudéssemos recomeçar o desafio, só por inconsciência se pode pensar que dessa forma corrigida poderíamos ganhar o jogo. Errado, não há dois jogos iguais...


O que me custa a entender, ano após ano, é continuar a ver tanta gente falar de futebol sem considerar o trabalho da equipa de arbitragem, mesmo após tantos escândalos que são conhecidos, desde o tempo dos “quinhentinhos”, à “fruta” e “café com leite”, envolvendo sempre protagonistas de um clube que por acaso é o que mais campeonatos ganha desde há 20 anos para cá!


Como é que pode escapar ao extraordinário sentido crítico dos adeptos ou analistas desportivos afectos ao Benfica, esta simples pergunta: porque cargas de água a arbitragem é importante para o FCP, ao ponto de comprarem decisões dos árbitros através de intermediários, e para nós no Benfica não é?


Saber responder a esta questão e implicações carreadas para a estrutura orgânica que organiza as provas (Liga primeiro, e FPF no momento), permite perceber porque razão o futebol do Benfica perdeu a hegemonia nacional e vai continuar em plano subalterno se não se mudarem as mentalidades dominantes na gestão futebolística, ainda e sempre feita na base da lógica do cheque.


O Benfica perdeu com o SCP, com um penalty que não se assinala a nosso favor, como já antes tinha perdido com o FCP com um golo em fora de jogo claríssimo e com o Guimarães, com um golo resultante de falta inexistente. Três situações que nunca acontecem ao FCP como se sabe.


O ênfase que a comunicação social está a dar à superioridade do SCP, só se compreende pela também habitual forma de proceder desta gente, hoje ligada ao “sistema”, hoje de uma forma ou outra ligada à Olivedesportos. Falando da superioridade do SCP não tem que ponderar os erros de arbitragem, todos na mesma direcção, nem a posse de bola de 63% que o Benfica teve, e como percebeu, com pouca utilidade. Compare-se os critérios desta mesma gente quando o Benfica de Quique ganhou ao Braga de Jesus. Bem diferentes e opostos aos de agora, em especial no relevo dado aos erros do árbitro.


Ora perante esta conjugação de acções “comunicação social + arbitragem”, o que fazem os adeptos e analistas afectos ao Benfica? Reagem “à Benfica”: procuram os responsáveis da aleatoriedade dos resultados desportivos, dentro do grupo de trabalho. Contribuindo assim para minar a já de si abalada confiança de um grupo que desde o inicio da época tem aguentado agressões, injustiças, ingratidões, e sempre correndo e transpirando em nome do Benfica, dos nossos interesses e da nossa história. Há anos que isto dá mau resultado, como comprovam as estatísticas, mas os nossos adeptos e analistas gostam de ser “originais”, repetindo a “receita” ano após ano.
(cont.)

segunda-feira, 9 de abril de 2012

À Benfica

Portugal, 9 de Abril de 2012


Começo por referir que apesar do título poder ser sugestivo, este texto não versa sobre o próximo jogo com o SCP, mas sim sobre o jogo da 2ª mão dos quartos de final com o Chelsea, que perdemos por 2-1.


Antes do jogo e perante um enorme conjunto de contrariedades, que incluíram a indisponibilidade dos defesas centrais, com implicações também na constituição do meio campo, escrevi um texto que apelava aos jogadores que tivessem “personalidade de equipa, rigor na interpretação do esquema de jogo e total entrega até à última gota de suor”. O que verificamos na exibição da nossa equipa foi que para além disso tudo, os jogadores acrescentaram paixão e talento, resultando uma exibição de grande qualidade. 


Como atestam as estatísticas: fomos, a equipa que mais remates fez à baliza adversária (20), à frente de Real Madrid (19) e Barcelona (17). Se considerarmos os remates enquadrados com a baliza, continuamos os melhores, a par de Real Madrid e Barcelona todos com 8 remates. Bayern com 7, APOEL e Chelsea com 4, Marselha 3 e Milão com... 1. Na posse de bola repetimos os 50% da 1ª mão, à frente de Milan (40%) e APOEL (36%). No Bayern - Marselha também houve 50% para cada lado. Se considerarmos que estes dados foram obtidos jogando com 10 jogadores durante 50 mn, mais relevantes se tornam.


Por último nas faltas efectuadas, fizemos 11, mais que Real Madrid (10), Barcelona (9), Bayern (8) e Marselha (10). O Chelsea fez 17...


A generalidade da comunicação social foi unânime no reconhecimento da qualidade da exibição benfiquista, a somar a uma má arbitragem onde prevaleceu o princípio “na dúvida favorecem-se os mais fortes” (tal como havia acontecido na 1ª mão), dando a ideia que tal como cá, as regras na UEFA regem-se por bitola extra futebol, como por exemplo o poder económico ou importância mediática. Por cá prevalecem os interesses do FCP como se sabe.


Fomos eliminados mas foi-nos atribuída mais uma vitória “moral”, que vem de encontro a boa parte da nossa história recente: jogamos bem mas isso não chega para atingir os objectivos. Falta-nos sempre qualquer coisa. Ou é um erro individual ou quando não vislumbramos esta hipótese, dizemos que tivemos azar. 


Penso que voltou a estar bem presente o que referi após o jogo da 1ª mão: ao Benfica sobra em generosidade e lealdade ao jogo, o que falta em malícia e anti-jogo. Mais uma vez o Benfica dominou o jogo com a excelência do futebol dos seus jogadores, de onde resultou (1) o encaixar do adversário atrás da linha da bola, (2) de onde resultou maior aglomeração de jogadores no nosso percurso atacante, restringindo as linhas de passe, (3) o que implica pensar o jogo mais rápido e executá-lo com mais velocidade. 


Ora estes aspectos são, normalmente, inimigos da eficácia, pois o jogo nem sempre pode ser pensado rapidamente e executado tal como foi pensado. O que quer dizer que o Benfica domina o jogo mas sem conseguir tirar partido desse domínio, dessa excelência de futebol praticado. E como prova, o nosso golo foi marcado de bola parada e não de bola corrida.


Penso que deveríamos trabalhar mais as opções de jogo que permitissem embalar mais o adversário, obrigá-lo a correr mais para a nossa zona de meio campo de modo a podermos depois explorar o espaço nas costas dos seus jogadores mais avançados.


Não é fácil criticar modelos de jogo e com isto não quero beliscar a enorme exibição de carácter, de talento, de paixão, de entrega, que os nossos jogadores e equipa técnica conseguiram produzir em condições tão adversas. É algo que nos deve encher de orgulho, mas não nos pode desviar da realidade fria dos resultados desfavoráveis. 


Embora esta época, ao contrário da anterior, a nível da Champions possamos dizer que o balanço foi muito bom. Recorde de receita arrecadada (quase 20 milhões), 6 vitorias e apenas 3 derrotas em 14 jogos, 3ª melhor equipa da prova até aos quartos de final. Não foi mau de todo mas se corrigirmos certos pormenores, quem sabe conseguimos aquilo que ambicionamos: voltar a uma final da Champions?

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Personalidade, rigor, entrega total

Portugal, 4 de Abril de 2012


O Benfica joga mais logo a 2ª mão dos quartos de final da Champions. Um jogo que seria sempre difícil mesmo que o árbitro tivesse marcado o penalty evidente e eventualmente o Benfica tivesse ganho por 1-0, o jogo da 1ª mão.


Infelizmente ao perdermos 0-1 as coisas ficaram um pouco pior, já que apenas por uma vez o Benfica ultrapassou uma eliminatória depois de perder o 1º jogo em casa por 0-1. Foi no mandato de João Vale e Azevedo, o treinador era Jupp Heynckes (também não percebia o futebol português, dizia-se por aí) e o adversário era o Rapid Bucarest que se apresentou na Luz com um registo de 13 vitórias consecutivas. A que creio ter somado mais duas vitórias antes de – finalmente – serem derrotados por nós, com uma exibição soberba de rigor táctico e inspiração.


O adversário hoje é outro, a prova também. Não estamos na Taça UEFA mas sim na Champions, o adversário é uma equipa economicamente poderosa e para além disso, por muito que nos custe, neste século esteve tantas vezes nos quartos de final da Champions, como o Benfica em toda a sua história...


Infelizmente muitos benfiquistas continuam cegos a olhar para o passado, e não conseguem ver o presente. Este presente que recomenda que trabalhemos com mais inteligência e humildade para recuperar o sucesso do passado.


Ora se a eliminatória já era difícil mesmo se o penalty tivesse sido assinalado, mais difícil se torna com a derrota no 1º jogo, e sem querer ser alarmista, torna-se praticamente impossível de ultrapassar com as lesões dos 4 defesas centrais. Infortúnio que caracteriza alguma da nossa história recente, mas com que temos de viver.


A recente confirmação do impedimento de Luisão veio agravar a já difícil situação que tínhamos com a adaptação de Javi Garcia ao lugar. Agora temos de adaptar dois jogadores, sendo que se fala da hipótese Emerson para fazer dupla com Javi Garcia. 


Não está em causa o valor dos dois jogadores, mas sim o facto de este infortúnio nos obrigar a mexer em 3 posições, das 10 de campo. 30%, o que somado ao facto de estarmos a jogar contra uma equipa muito forte, obviamente vai provocar mossa. Assim, temos 2 defesas centrais adaptados e 1 trinco que será seguramente alguém que não tem a experiência e qualidade que Javi Garcia tem na posição. Ora se considerarmos que o trinco é a muleta dos defesas e um dos primeiros intervenientes nas jogadas de ataque, percebe-se bem com tudo irá ser difícil mais logo.


Sou capaz de compreender o discurso de Jesus acerca das nossas possibilidades de êxito. Uma questão de orgulho ou vaidade benfiquista. Mas por vezes este discurso mais do que mobilizar pode desconcentrar os jogadores, nos momentos mais difíceis, que seguramente iremos ter (quando o adversário controlar a posse de bola). E com as “baixas” mencionadas, obviamente que pode até ser um pouco suicida.


Portanto penso que devemos preparar-nos para o pior, ou seja a eliminação, sem dramas e (espero) sem um resultado pesado. Aos jogadores e equipa técnica do Benfica apenas peço que tenham personalidade de equipa, rigor na interpretação do esquema de jogo e total entrega até à última gota de suor. Não peço mais nada. O resto virá por acréscimo.