terça-feira, 30 de julho de 2013

Roberto e Pizzi: albrabices vs suposições



Portugal 30 de Julho de 2013

Estava longe de imaginar que o meu anterior texto “Roberto, Pizzi e Aldrabices” ia bater o meu recorde de leituras no blogue NovaGeracaoBenfica, 1612, e de comentários, 35. Confesso que apesar do tema ser polémico, sendo para mim apenas mais um dos muitos temas polémicos que preenchem a história do Benfica desde Novembro de 2000, nunca pensei que fosse ter o “sucesso” que teve.
Infelizmente não pude responder aos comentários, porque tive cá a visita de um meio-sobrinho que me fez sentir o que é estar ao pé do Luisão. E também porque tenho uma vida pessoal e profissional ocupadíssima. Para além que, sinceramente, não pensava que ia ter tanto comentário. Se soubesse, ter-me-ia esforçado um pouco mais. Como espero fazer neste texto.
Talvez tocado pelo tom politicamente incorrecto do meu texto, o colega Geração decidiu contrapor outro texto intitulado “Roberto, Pizzi e Suposições”, texto que teve 655 leituras e 20 comentários. Na comparação com o meu, ficou a perder. Vá lá que consegui ganhar-lhe uma...
Os dias decorreram e fez-me mais alguma luz, a qual veio provar que afinal a minha leitura imediata dos factos estava correcta, e as suposições que o Geração pretendia que fossem as minhas, afinal é que estavam erradas. Mas compreendo: o Geração é um crente e apesar de dar umas alfinetadas à gestão Vieira, nunca consegue manter a coerência da crítica por longos períodos. Porque isto de criticar tem que se lhe diga. Temos de saber observar, pensar, comparar, formular um modelo, defendê-lo e melhora-lo. Não é fácil....
Os dados que viemos a saber então são: 1) a CMVM obrigou o Benfica a esclarecer o negócio, sinal que afinal eu não estava a laborar numa critica destrutiva como alguns terão concluído, 2) o Benfica esclareceu que teve de executar as garantias bancárias do negócio para reaver os direitos desportivos sobre Roberto, 3) que após ter executado as garantias vendeu Roberto ao Atlético de Madrid por 6 milhões de euros, adquirindo em simultâneo os direitos do jogador Pizzi, com a contrapartida de 50% nas mais valias de uma futura transferência, 4) Roberto entretanto vem dizer que esteve ligado sempre ao Benfica, o que vem por em causa a transparência e idoneidade do comunicado colocado no sitio do Benfica que dava conta no ponto 2 que, “as afirmações do Jornal Marca conferem violação dos regulamentos da FIFA, podendo o mesmo incorrer em sanções disciplinares, são falsidades”.
O que não foi mediatizado, mas de acordo com alguns comentários ao texto do Geração, o fundo de investimento que contratou Roberto, do amigo Jorge Mendes, pagou cerca de 800 mil euros dos 8 milhões contratados. Sempre ouvi dizer que Vieira era um excelente negociador (nos jornais e do...). Aqui fica a prova que não passa de propaganda. Uma propaganda que custa dinheiro. Neste país, e em particular em Lisboa, ninguém faz nada de graça.
Aqui deixem-me abrir um parêntesis, pois posso fazer a comparação com a altura em que Vale e Azevedo contratou Poborsky por 900 mil contos (4,5 milhões de euros), estando o clube falido e sem dinheiro para pagar as despesas básicas. Ora a mesma comunicação social que telefonava para Manchester a saber se o cheque tinha ido a nado ou de avião, querendo que o Benfica pagasse “a pronto”, agora aceitou com naturalidade que 8 milhões fossem pagos quando o comprador quisesse. Ou quase... E aqui se vê como os critérios da comunicação social são função de quem dá as ordens. Ou de quem “alimenta” a “máquina”. Nada se faz à borla, regra n.º 24.
Conjugando os diversos tipos de informação disponibilizados a bem ou a mal, constatamos que hipoteticamente, 1) Roberto foi vendido em condições preferenciais a um empresário amigo, com condições de pagamento dilatadas no tempo e equivalentes ao pagamento do empréstimo do clube (isto é o Fundo pagava ao SLB, o Saragoça pagava ao Fundo), 2) que Roberto realmente nunca foi do Fundo porque o Fundo contratou contra a apresentação de garantias bancárias, e só após liquidação total da venda é que se anulariam as garantias e os direitos desportivos do jogador passavam para a posse do Fundo, 3) o que também pode ser interpretado como uma forma do Benfica simular a venda de um activo e ludibriar as contas da SAD, já que a receita contabilística entrou mas o dinheiro da venda não entrou na tesouraria, como se sabia que só perante uma boa campanha do Saragoça poderia haver hipótese de vender Roberto e pagar ao Benfica, distribuindo os lucros pelos titulares do Fundo de Investimento (que ainda hoje não se sabe quem são) o que era uma hipótese remota, 4) que o Benfica comprou Pizzi não sabemos por quanto, seguramente mais do que os 6 milhões vendeu Roberto, uma vez que o Atlético tinha comprado Pizzi ao Braga por 13,5 milhões em Janeiro, o que se estranha, pois o Atlético emprestou o jogador e não contava com ele, 5) que o Benfica não precisava do jogador pois emprestou-o ao Espanyol (juntamente com Sidnei), mas gastou dinheiro na sua contratação o que contraria os sucessivos discursos de Vieira apelando à compreensão dos adeptos, pois “o Benfica vai ter de gastar menos e adaptar-se à situação do país”, 6) Vieira utilizou mais uma vez o site do Benfica para publicar um comunicado ameaçador, mas confrontado com a reacção da CMVM meteu o rabo entre as pernas e permanece calado. Tal e qual como faz quando vê o Benfica ser escandalosamente prejudicado por erros de arbitragem.
Quem foi o empresário sortudo a quem o Benfica de Vieira vendeu Roberto em condições altamente vantajosas? Graças ao Pedro S., posso dizer-vos que foi este:
Que conclusões se podem tirar deste imbróglio negocial e relações preferenciais? Fica para o próximo texto, que este já vai longo...

segunda-feira, 29 de julho de 2013

O Museu Cosme Damião



Portugal 29 de Julho de 2013

Foi finalmente inaugurado o Museu do Benfica, justa e apropriadamente chamado Museu Cosme Damião.
Trata-se de uma obra de vulto que o actual Presidente do clube tinha prometido para o mandato anterior. Trata-se de uma obra que a história e a memória benfiquista pedia há décadas.
A minha relação pessoal com o Museu do Benfica aconteceu desde muito novo. Desde que me conheço como adepto do Benfica (com 8/9 anos de idade) sempre me interroguei porque razão o maior clube de Portugal não conseguia mobilizar vontades e meios para dar corpo a esse espaço, onde os adeptos pudessem tomar contacto directo com a história benfiquista contada através dos troféus ganhos. Pensamentos simples de miúdo...
Anos mais tarde, no âmbito do II Congresso das Casas do Benfica em Agosto de 1997, o Presidente Manuel Damásio mostrou-nos as obras do futuro Museu. Um edifício praticamente concluído em estrutura, ou seja, apenas com tijolos e betão armado à vista. Como sou interessado por estruturas perguntei ao técnico que estava no local explicando a obra feita, o Eng.º Calçada de Carvalho, que me explicasse como funcionavam algumas soluções estruturais da cobertura. Falamos, fiquei com o seu nome e coincidência das coincidências, em 2001 acabei por trabalhar na equipa dele, na gestão das obras do BragançaPolis.
Como alguns (infelizmente poucos) se lembram, Manuel Damásio demitiu-se em Setembro desse ano, alegando “não ter mais formas como inventar dinheiro”, seguindo-se o Presidente Dr.º João Vale e Azevedo que mandou demolir essa obra por não ter licenças municipais e estar a ser construída em zona interdita. Pelo menos foi a explicação oficial.
O processo de construção do Museu não teve evolução nesse mandato nem nos mandatos seguintes do Dr.º Vilarinho e de Filipe Vieira. Até que surgiu como promessa eleitoral nas eleições para o triénio 2009/20012 e numa altura em que o passivo bancário consolidado do Benfica já ultrapassava largamente as duas centenas de milhões. O Museu diz-se ter custado 3 milhões...
1 ano depois do previsto foi inaugurado. Acabou-se a espera. A construção e inauguração do Museu, justamente nomeado “Cosme Damião” é uma obra emblemática e que ficará para todo o sempre.
Finalmente, e após várias décadas, as minhas dúvidas deixaram de ter razão de existir. Em Setembro irei visitá-lo e poderei avaliar a tecnologia que foi utilizada, a forma como foi pensada a circulação interior no Museu, o tipo de exposição que os Troféus terão, etc. Termo de referência: o Museu do Barcelona FC, o único Museu de um clube que até agora visitei.
Como sempre neste novo projecto empresarial do Benfica SAD, não há “bela sem senão”. Na última AG do Clube, fiquei a saber através de blogguers que lá estiveram, que o Benfica Clube contraiu um novo empréstimo de 400 mil euros, para pagamento de despesas relacionadas com a construção do Museu. Até aqui nada de relevante. O que vem a seguir é que se soma a uma enorme quantidade de factos, que fazem pensar e muito, no futuro do Clube dentro desta gestão da SAD. De acordo com o dirigente que apresentou o Orçamento, as receitas contudo, serão atribuídas à Benfica Estádio!
Isto na minha modesta forma de ver, é mais um roubo ao Clube. Por mais explicações técnicas que me dêem, este tipo de opções não bate certo. O Benfica Clube pode ter a maioria da SAD (cerca de 65% do capital social), mas se fosse assim tudo tão linear, porque razão o empréstimo não foi constituído também a partir da Benfica SAD que por sua vez é detentora da Benfica Estádio, que por sua vez vai receber as receitas?
Nos últimos tempos temos assistido a um conjunto de decisões estranhas, no mínimo, para não dizer algo mais “pesado”: os direitos televisivos foram canalizados do Benfica Clube para a Benfica TV. Posteriormente o Benfica Clube abdicou da posição que tinha na Benfica TV para a ceder à Benfica SAD. Agora sabe-se que o Benfica Clube paga o empréstimo referente à Construção do Museu, mas a Benfica Estádio é que recebe o dinheiro das entradas.
Se fosse o Dr.º Vale e Azevedo a fazer este tipo de “engenharia financeira” já andavam aí aqueles que se dizem “notáveis” a expressar as suas teorias da conspiração. Assim não se passa nada... E os sócios do Clube continuam remetidos à sua única condição de pagantes deste tipo de gestão...

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Pizzi, Roberto, Aldrabices...



El meta firmará cuatro temporadas con el Atlético

Roberto llega y se va

·         El meta firmará cuatro temporadas con el Atlético y la primera la jugará cedido en el Olympiacos. Pizzi, al Benfica, parte del acuerdo.

David G. Medina. Madrid 24/07/13 - 14:14

Roberto Jiménez será el nuevo portero del Atlético las próximas cuatro campañas. La cesión de Sergio Asenjo al Villarreal, que se hizo oficial el miércoles, desencadenó la búsqueda inmediata de un cancerbero en el club rojiblanco, que se quedaba con Courtois como único meta en nómina.
.....
De hecho, al mediodía del miércoles, Roberto acudió al Vicente Calderón para negociar su contrato. Se reunió con Miguel Ángel Gil Marín, consejero delegado del Atlético, por espacio de más de dos horas. Con el acuerdo cercano se emplazaron a las 18.00 para rematar el contrato que unirá a ambas partes los próximos cursos.
No será, en todo caso, un fichaje cotidiano, ya que Roberto no vestirá la rojiblanca esta campaña. El madrileño saldrá cedido esta campaña al Olympiacos, club que entrena Míchel y que le garantiza la titularidad....
El Atlético, por ahí, ha visto la necesidad de que Roberto no se estanque como suplente de Courtois y consideran prioritario que juegue este año para regresar con la vitola de titular en la campaña 2014-15. No quieren, en definitiva, que se queme tras dos grandes temporadas en el Zaragoza.
La operación se completa con el traspaso de Pizzi al Benfica, que posee los derechos federativos de Roberto. El Atlético, en todo caso, se reserva el 50% de la plusvalía del jugador portugués en caso de que los lusos lo vendan en un futuro...


Como se sabe, há duas épocas atrás, quando Roberto foi “vendido” a um misterioso Fundo de Jogadores, a nossa comunicação social, toda bem orquestrada, publicou muitas notícias enfatizando o papel de bom negociador de Vieira. Porque o jogador que tanta “polémica” tinha dado, afinal tinha sido vendido (ou seja, havia clubes mais estúpidos do que o Benfica) e ainda tinha originado 100 mil euros de lucro!
Ainda houve uma pequena tentativa de descredibilizar o negócio, sempre com protagonistas ligados ao FCP a questionarem (para isso é que servem os programas dos Trios) a existência do tal Fundo de jogadores e o tal “bom” negócio efectuado por Vieira. Eles sabem o que se passa pois Jorge Mendes, peça fundamental nestes negócios, passa-lhes as informações todas. E assim Vieira apenas tem boa imagem porque a mesma comunicação social que ao tempo de Vale e Azevedo dava voz a toda a gente que questionava a sua gestão, agora não o faz. Nem investiga as polémicas lançadas pelos tais protagonistas afectos ao FCP. Instruções superiores dos Bancos, do Joaquim, etc., a quem interessa que Vieira saiba que não tem a “corda” toda. Ou seja, que Vieira saiba que está protegido mas também controlado pelos critérios dos midia.
Passados dois anos sabe-se, através de um jornal espanhol, toda a verdade. Os direitos “federativos” de Roberto pertencem ao Benfica e não ao misterioso Fundo de Jogadores, e esses direitos devem valer muito dinheiro porque o Atlético aceitou ficar com eles, a troco de Pizzi e 50% de uma mais valia, caso seja vendido por valores superiores aos agora acertados.
É este o Benfica do “sabemos para onde vamos” e “deu muito trabalho chegar aqui”. Acredite quem quiser, mas cada vez mais me convenço que nunca no seu historial, o Benfica teve gente tão desrespeitadora dos sócios e adeptos como agora. Para eles os sócios e adeptos apenas contam para pagar. Tudo é feito para lhes vender mercadoria, bilhetes, televisão, “afecto”s... O resto? Os princípios? A verdade? Que se lixem os sócios, que o Benfica é nosso (deles)...

terça-feira, 23 de julho de 2013

Rola a bola... II



Portugal, 23 de Julho de 2013



A pré-temporada vai-se desenrolando, com muitos jogadores a chegarem, e poucos a saírem. Para já as compras ultrapassam largamente as vendas, ficando a incógnita sobre que jogador ou jogadores o “mercado” virá buscar, obrigando o treinador a proceder a adaptações em cima do campeonato, como na época passada. Isto claro, para além do impacto que terão nas contas da SAD, esses “caprichos” do “mercado”. 


Quanto à vertente desportiva, depois do último texto “Rola a bola” foram efectuados 3 jogos, sendo 2 deles no troféu Taça de Honra da AF Lisboa. Experimentamos a primeira derrota da época, tivemos finalmente um jogo sem sofrer golos e também, pela primeira vez em não sei quantos anos, conseguimos ganhar ao Sion nestes “jogos-treino”, que normalmente são mais “treino” quando ganhamos, e mais “jogos” quando perdemos. Não basta que seja a comunicação social e os adeptos rivais a ver “a coisa” assim, o lamentável é que a moda passa fácil para muitos adeptos do Benfica, em particular os bem pensantes.


Analisando um por um, a vitória sobre o Sion, com muitas adaptações da nossa parte e considerando que eles já disputaram a 1ª jornada e como tal, estão bastante mais adiantados na preparação, foi um óptimo tónico para o que se segue. Pena termos sofrido dois golos de bola parada, um deles de livre directo e sem grandes hipóteses de defesa. Contudo a facilidade com que se dominou o jogo e a qualidade de alguns dos nossos golos, resultou a meu ver num jogo com ilações muito positivas.


Seguimos para a Taça de Honra da AF Lisboa, e estranhamente, para quem diz que o Benfica entra sempre em campo para ganhar, fiquei surpreso por não fazermos alinhar parte da equipa principal ou dos jogadores que vão lutar por um lugar nessa equipa. E que estivessem técnica e fisicamente disponíveis. Não me venham dizer que jogadores como Rodrigo, Ola Jonh e Melgarejo, acabados de chegar de férias, Jardel e Luisinho, sem rotinas de jogo por terem falhado o estágio da Suíça e mais alguns reforços que nem sabemos se vão ficar ou sair, como Sílvio, Mitrovic e Uros Matic, poderiam ser mais favoritos do que a equipa do SCP que treina e joga junta há alguns anos, que começaram a época com todos os jogadores, e onde não alinhou qualquer dos ditos e propalados “reforços”. Ou seja, foi um SCP B com menos jogadores conhecidos da equipa A (apenas Jeffren, Viola, Pranjic, Rubio e Esgaio que me lembre), mas que foi mais equipa porque o grupo eram mais homogéneo e tinha mais horas de treino em conjunto. Para variar nós fomos lá como turistas ou como um mix de salada de frutas, e acabamos por ser penalizados em mais 2 golos de bola parada.


Veio o Belenenses e conseguimos fazer o primeiro jogo da pré temporada sem sofrer golos. O que é relevante mesmo considerando que a equipa que alinhou apenas apresentava Roderick e Paulo Lopes como nomes mais sonantes da época passada, mais os irmãos de Matic e de Markovic como únicos reforços. O resto julgo ter sido tudo da equipa B.


Que conclusões se podem tirar da disputa deste troféu? Desportivamente, não consigo tirar nenhuma. Politicamente sim, tenho de concluir que foi a Direcção, ou o Presidente, quem impediu o treinador do Benfica de alinhar com parte da equipa principal, uma vez que o SCP por razões do seu calendário de pré-temporada, estava impedido de fazer alinhar a sua melhor equipa. Haverá outra explicação para justificar a opção por nenhum dos jogadores candidatos à equipa mais forte do Benfica? Se há, não a consigo descortinar...


E assim concluímos que o Presidente, ou o “faz que é Presidente”, mais a sua Direcção, não estão preocupados só com a nossa equipa mas também com a equipa dos adversários. Desta vez deram-se mal mas para variar o principal criticado foi o treinador...


Por último, uma nota que seguramente só uma pessoa “mesquinha e mal intencionada” como eu, poderia reparar. Bruno de Carvalho, presidente do SCP acompanhou a sua equipa no estágio pelo Canadá. Pinto da Costa presidente do FCP, acompanhou a sua equipa no estágio/digressão que estão a fazer pela Venezuela e Colômbia. Alguém viu o Sr.º Filipe Vieira acompanhar a equipa de futebol do Benfica no mini-estágio da Suíça? Dava-lhe lucro?

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Os direitos televisivos III



Portugal, 19 de Julho de 2013



Neste último texto sobre o malfadado (pelas suspeitas de pagamentos de comissões que legitimamente levanta) assunto dos direitos televisivos, começo por dizer que já sou subscritor da Benfica TV Premium e que recomendo a todos os benfiquistas que acompanham o futebol, a aderirem. Podemos discordar da linha editorial da estação, demasiado virada para o culto do líder, mas não podemos ignorar que são estas receitas que irão (?) equilibrar as contas da SAD. E por tabela as contas do Clube. Isto se o Sr.º Vieira não continuar a construir “esquemas” para gastar em mais e mais jogadores, a pagar mais e mais indemnizações, etc. Recordo que esta época o Benfica já gastou entre 15 e 20 milhões em contratações (o “faz que é Presidente” diz que temos de estar preparados para os tempos difíceis que se avizinham – os adeptos acreditam) e ainda não vendeu nada...

Recuperemos o que foi dito nestes últimos meses:

A CMVM pediu explicações à SAD do Benfica sobre a intenção de passarem os direitos televisivos do clube para a Benfica TV na próxima época”. 25 de Outubro 2012, SAPO online. Qual a contrapartida que o Clube recebeu por “oferecer” os direitos televisivos à Benfica TV?

Em termos futuros, Domingos Soares de Oliveira acredita que vai ser ainda mais risonho. “Todos sabem que temos um grande desafio que são os jogos do Benfica em casa e a intenção do presidente é que estejam disponíveis na Benfica TV a partir de Junho de 2013. Esse passo, uma vez dado, vai mudar radicalmente a Benfica TV, quer do ponto de vista de distribuição, quer do ponto de vista conteúdos. Vai ser uma Benfica TV muito mais atraente, que os benfiquistas terão cada vez mais orgulho””, afirmou. DSO, Benfica TV, 10 de Dezembro de 2012. Sim, vai ser risonho para os benfiquistas e para a Benfica TV que passa a ser detentora dos milhões que esses direitos televisivos geram.

A Benfica TV vai passar a ser um canal pago a partir de julho, não estando ainda definido quanto custará aos telespetadores que vierem a estar interessados em subscrever o canal, indicaram hoje os responsáveis do clube”. SAPO DESPORTO 1 de Março. E assim foi até ao dia 30 de Junho. Ninguém sabia, excepto a MEO, qual o valor a pagar pela mensalidade.
O Benfica pode ser o primeiro clube do mundo a emitir em exclusivo os seus jogos em casa num canal pago detido pela própria SAD. Fontes do mercado consideram a ideia «arriscada», mas a direcção benfiquista assegura ter um estudo que garante a viabilidade do projecto”. BOLA online 12 de Março. O famoso estudo garantia a viabilidade do projecto mas não conseguiu fixar o valor da mensalidade… Será que existiu algum estudo sério e credivel, ou apenas umas contas feitas pelo contabilista da SAD? Tenho as minhas dúvidas…
Domingos Soares de Oliveira, administrador da SAD do Benfica, confirmou hoje que as negociações com "todas as plataformas" para a transmissão dos jogos de futebol do clube fecham até final de Abril”. SOL/Lusa, 9 de Abril. Neste tópico faltou dizer quanto vai pagar a Benfica TV para ser transmitida em cada uma das plataformas… Mas como também não disseram – problema do Estudo - quanto iamos pagar pela assinatura mensal, fico com a ideia que isto anda tudo à sorte…

Na temporada que agora está a terminar, 2012/2013, a Juventus, bicampeã em título, vai receber 95,9 milhões de euros referentes aos direitos de televisão.  Em segundo lugar aparece o Milan (79,91 milhões de euros), em terceiro o Inter (79,82 milhões de euros), depois o Nápoles (61,54 milhões de euros), a Roma (59,82 milhões de euros), a Lazio (48,8 milhões de euros) e a Fiorentina (43,59 milhões de euros)”. BOLA online, 30 de Maio. Curiosamente em Portugal, a Olivedesportos sempre negociou os direitos televisivos dos 3 grandes, numa base de retribuição semelhante. Os “representantes” do Benfica aceitaram esse principio. De borla? Insisto…

A exploração dos direitos televisivos directamente por parte do Benfica, à partida é um enorme passo na afronta a um “sistema” complexo que começa nas nomeações dos árbitros de futebol, passa pelo branqueamento ou polemização, conforme as equipas beneficiadas ou prejudicadas pelos erros dos árbitros, e também consoante o nome dos árbitros, e terminava numa retribuição financeira que colocou o Benfica e o seu recorde de sócios no Guiness, ao nível do FCP e do SCP, durante 10 anos.

O esquema funcionava bem e dava os titulos sempre ao mesmo clube. Com este passo do Benfica, há 15 jogos que a Sportv vai deixar de manipular e 15 arbitragens que deixarão de ser condicionadas por eles. Quer dizer: espero que a BTV tenha instruções para repetir tantas vezes os lances polémicos, como a Sporttv! O meu receio (bem real) é ver a BTV deixar passar casos gravissimos como no Benfica-FCP em juniores, onde nos sonegaram 2 penaltys e a palavra “penalty” só a muito custo saiu da boca dos assalariados da BTV. Comparando com o caso Capela, onde se manipularam imagens para tirar conclusões erradas, o referido jogo de juniors apresentou lances mais limpos e de fácil visibilidade onde fomos sempre prejudicados.

Entretanto hoje saiu a seguinte noticia:

O presidente do Conselho de Administração da Sport TV, Joaquim Oliveira, disse hoje aguardar a decisão final da Autoridade da Concorrência (AdC) sobre o controlo conjunto da Sport TV pela Portugal Telecom (PT) e pela Zon.” – SAPO ONLINE, 18 de Julho. Que é que isto quererá dizer e que implicação poderá ter na Benfica TV? Não sei, mas ainda não me consegui convencer da bondade do actual projecto de Vieira para o Benfica e seus direitos televisivos. A prova está em que, primeiro transferiu os direitos televisivos (que valem milhões) do Clube para a Benfica TV (roubo n.º 1). Depois transferiu o capital social da Benfica TV para a Benfica SAD (roubo n.º 2). Em 3 “penadas”, o Clube, tecnicamente falido em mais de 90 milhões de euros (!), fica sem a maior fonte de receitas que qualquer clube de futebol tem. Tudo em favor da SAD onde o Sr.º Vieira, Joaquim Oilveira, BES e Somague têm uma parcela de quase 20% do capital social...

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Rola a bola...



Portugal, 15 de Julho de 2013

Enquanto não concluo a trilogia dos textos sobre os direitos televisivos, com mais um texto que irá deixar os cabelos em pé aos que acreditam no “Pai Natal” do “sabemos para onde vamos” e da “credibilidade”, eis que a bola já rolou na fase “Gamma” (escrevi texto sobre o mesmo tema no ano passado) da pré-temporada, com 1 empate e 1 vitória.

A fase “Gama” da pré-temporada caracteriza-se por uma “misteriosa” parceria com a firma Gamma Sports que dura (no actual modelo) vai para uns 5 anos no mínimo, e na qual sempre se disse que a Gamma Sports era quem pagava as despesas do estágio do Benfica, assim como era essa empresa que calendarizava os jogos desse mini-estágio, normalmente passado na Suíça.
Daí vermos sistematicamente o Benfica jogar um pacote de 3 jogos, sendo 2 deles com 24 horas de intervalo e um terceiro jogo disputado 48 horas após o segundo. Nunca achei esta calendarização favorável aos interesses da equipa, não é agora que vou mudar de opinião.

Dos apontamentos da minha memória, que o tempo é escasso para fazer pesquisa, julgo que nunca conseguimos ganhar os 3 jogos. No estágio que precedeu a conquista do último título empatamos com o Sion. No ano seguinte perdemos com esta mesma equipa no tal jogo que despoletou todas as criticas sobre Roberto. Na época seguinte foi um empate 1-1 com o Servette de João Alves e no ano passado foi um 0-0 com o Lille no 3º e último jogo. Penso também não errar se disser que em nenhum dos anteriores estágios “pagos” pela Gamma Sports, sofremos 4 golos, embora só por uma vez tenhamos marcado 9 golos em dois jogos. 

O total de 9-4 em golos marcados e sofridos vem evidenciar aquilo que uma certa elite pensadora no Benfica não consegue atingir: não há futebol de ataque sem problemas defensivos. E quem defender o contrário ou anda distraído ou é burro convicto.

Mudamos de jogadores, mudamos de defesas, mudamos de guarda-redes, mudamos de centro campistas, mas continuamos a jogar da mesma maneira e a sofrer golos da mesma maneira. Porque o futebol não depende apenas dos executantes, depende muito mais dos modelos de jogo e das dinâmicas de jogo que implicam, função do número de jogadores em cada sector do campo.

No Benfica há uma procura incessante pelo conjunto de jogadores “perfeito” para o modelo de jogo atacante que a “história” do Benfica justifica, uma espécie de busca do cálice do Santo Graal, e como tal, condenada ao insucesso. Mas dá jeito, o povo anima-se com o “Benfica de ataque” (a propaganda agita as ideias e as vontades dos adeptos), a ilusão de “este ano é que é” ajuda a vender mais camisolas e bilhetes, mas no final perdemos o Campeonato ou a Taça com 1 golo em fora de jogo e lá temos de começar tudo outra vez. Com outros jogadores, mais despesa, mais endividamento bancário, mais comissões para os empresários, e “siga a marinha” que o Sr.º Vieira é que sabe como fazer fortuna a partir do zero, mas não para o clube Benfica, tecnicamente falido com capitais próprios negativos de mais de 80 milhões de euros...

Mas bom, há dias alguém me lembrava que se Vale e Azevedo tivesse ganho as eleições de 2000, o clube tinha encerrado as portas. Como agora é que estamos “bem”, tenho de dar o braço a torcer: não percebo nada de contabilidade...

Voltando ao estágio, nem tudo foi mau. A dinâmica atacante é de boa qualidade, vê-se ali muita gente a querer tratar bem a bola, conseguem-se boas jogadas de ataque (e muitos golos), enfim, quando temos a bola nos pés conseguimos fazer algumas coisas bem interessantes (o 3º golo ao Etoile Carouge foi um mimo). A contra partida é que jogadores de qualidade com a bola nos pés, normalmente é sinónimo que não se sabem posicionar quando não temos a bola. Daí as sucessivas “facilidades” com que o adversário consegue criar situações de ataque, concluídas com remates à baliza, onde nem sempre o guarda-redes esteve bem. Mas tudo começa num meio campo que não sabe defender...

Também serve de atenuante o facto de se jogar 2 jogos em 24 horas, ao contrário do Bordéus (vencedor da Taça de França), assim como as muitas experiências que o treinador tem de fazer, o que provocou erros colectivos como os que originaram os 3 golos do Bordéus...

Quanto à Gamma Sports ter pago os últimos estágios, este ano fiquei com dúvidas. Se o contrato era o mesmo, porque razão a atentíssima Direcção do Benfica apenas agora descobriu que o Caixa Futebol Campus do Seixal é óptimo para fazer o estágio? Se o estágio estava pago e este ano o Benfica não utilizou essa oferta, quanto foi o valor do cachet ganho nos 3 jogos agendados pela Gamma Sports com desrespeito pelos interesses desportivos da equipa? Se o contrato era outro, porque razão jogamos com a calendarização que a Gamma Sports quer e não como interessa à equipa?

E viva a transparência do grupo empresarial Benfica....

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Os direitos televisivos II



Portugal, 10 de Julho de 2013

O primeiro texto sobre este assunto gerou alguns mal entendidos e indicações de erros, por parte de alguns leitores que tiveram a amabilidade de registar comentários, uns menos abonatórios do que outros, relativamente ao conteúdo desse texto.

Dado que não me interessa propagandear perspectivas erradas do assunto, devo corrigir o texto anterior nos seguintes pontos: 1) o Benfica poderá ter rescindido com a SIC de forma amigável, ao contrário do que referi, 2) o valor dos contratos negociados em 2003 para 10 anos (e não 12) era de 7,5 milhões de euros e não os 8 milhões por mim referidos, 3) o FCP recebe 20 milhões resultantes da soma de dois contratos, o inicial e o renegociado, o que não altera o meu raciocínio em relação ao que o Benfica perdeu nestes 10 anos de contrato.

Por existir também por aí um certo tipo de debate sobre o “anti-Vieirismo” do blogue NovaGeraçãoBenfica devo esclarecer que as minhas opiniões não comprometem mais ninguém, excepto eu. Nunca pedi uma opinião a nenhum dos outros elementos do blogue sobre a oportunidade de meter um texto sobre um determinado assunto. Nunca ninguém me pediu expressamente para não falar de qualquer tema do Benfica, excepto de Vale e Azevedo porque acham que falo de mais no assunto. Estou aqui convidado pelo Jedi, pessoa que não conheço, tal como não conheço nenhum dos colegas de blogue. Escrevo pelo que considero ser o melhor interesse do Benfica e quem disser que sou um “subversivo” ou “rancoroso” anti-Vieira só pode ter um problema de iliteracia. Adiante.

Das várias respostas que tive sobre o texto anterior, nenhum dos mais críticos ou menos abonatórios contestaram o valor encaixado na última época de Vale e Azevedo, 6,125 milhões de euros facturados contra tudo e contra todos. Também ninguém soube adiantar quanto custou ao Benfica, a rescisão (amigável ou não) com a SIC.

Alguns repisaram algo que eu também tinha referido, que Vieira não era presidente do Benfica quando se deu a assinatura e como tal a sua posição não o vinculava a esse negócio ruinoso que custou dezenas de milhões de euros ao Clube e SAD. Contudo esqueceram-se de um pormenor. Sendo Vieira candidato à Presidência do Benfica, e o mais forte concorrente à sucessão de Vilarinho, até que ponto a decisão de Vilarinho em assinar esses contratos ruinosos foi contra a opinião de Vieira? Até que ponto Vieira não podia dizer que não, caso assim o entendesse, para não ter de arcar com as consequências económico-financeiras (os milhões a pagar à SIC e os milhões que deixavam de ser encaixados) no seu mandato?

É minha convicção que Vieira estava interessado nesses contratos e é minha convicção que muita gente dentro do Benfica ganhou com esquemas de comissionamento e outro tipo de prendas que Joaquim Oliveira costuma dar a quem o faz mais rico. Vieira nunca se pode por de lado nesta matéria, tanto mais que já tinha negócios com Joaquim Oliveira desde a SAD do Alverca e tanto mais que a sua riqueza aumentou desde que veio para o Benfica – é um facto, o que não pode ser desconsiderado do debate.

E porque nada acontece por acaso neste pobre país, voltando à temática dos direitos televisivos vs Vale e Azevedo, recordo aos mais esquecidos que foi a Olivedesportos que litigou contra o Benfica na questão da declaração de nulidade dos contratos, tendo ganho na 1ª estância, mas perdendo na Relação a favor do Benfica. Dá-se a coincidência (mais uma) que a sentença que dava uma estrondosa vitória a JVA e ao Benfica, apenas ter sido conhecida 1 semana depois das eleições. E se o acórdão tem sido conhecido antes? Quem ganharia? O abraço do Eusébio a Vilarinho bem propagandeado nas televisões, mais o trunfo Jardel propagandeado pela BOLA, ou o Benfica Independente de JVA que a 3 dias das eleições tinha a vitória certa de acordo com uma sondagem publicada na BOLA?

Quanto à nossa obrigação “moral” para com Joaquim Oliveira, ao contrário do que diz LFV, o Benfica não ficou a dever nada ao seu amigo, o tal que já “ajudou muito o Benfica”. O Benfica pagou, bem pago o acerto de contas devido à declaração de nulidade de JVA. O Benfica trocou os 10 milhões de euros que Damásio havia recebido, adiantado, por um contrato que só se iniciava em 1999, por 49% da Benfica Multimédia. O Benfica pagou de juros ou lucros cessantes (não posso precisar, a actual transparência nada esclarece) 3 milhões de euros em acções da SAD, que passaram para a posse de Joaquim Oliveira.

Se o Benfica pagou tudo que era devido ao Sr.º Oliveira do que devia pela indemnização dos lucros cessantes e dinheiro que ele adiantara, porque razão foram celebrar um contrato ruinoso com esse operador, quando até tinham em vigor um melhor contrato com a SIC, por 8 anos? Para pagar os favores que o Sr.º Joaquim fez nas eleições que derrubaram JVA e implantaram o actual modelo de gestão? Não estou a ver muitas outras hipóteses, para além, claro, das comissões...

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Os direitos televisivos I



Portugal, 5 de Julho de 2013

Se há tema que nos últimos anos condicionou a evolução do Benfica como clube e grupo empresarial, seguramente os direitos televisivos estão na 1ª fila de importância. Neste particular aspecto, vou mais longe e não duvido que as eleições de 2000 foram claramente uma escolha entre o projecto “Benfica Independente” e o projecto “Benfica Sporttv”.

Suporto esta opinião nas várias declarações do “muito que o Benfica lhe deve”, que o Sr.º Luís Filipe Ferreira Vieira fez em favor do seu amigo e ex co-accionista da Alverca SAD, Joaquim Oliveira. Tenho também como referência o valor ruinoso que a Olivedesportos pagou ao Benfica por 12 anos de contrato, valor só possível para honrar um qualquer tipo de acordo pré eleitoral. Temos também o silêncio macabro do Presidente do Benfica acerca dos sucessivos vexames e mentiras mediáticas que a Sporttv criou durante a totalidade de vigência desse contrato, como recentemente o caso Capela.

Quanto ao valor do contrato celebrado com a Olivedesportos, o aspecto mais mensurável deste “Benfica Sporttv” e bem revelador da falta de respeito que o anterior e actual Presidente têm pela instituição, sócios e adeptos, foi negociado por um período de 12 anos, na base de 8 milhões de euros anuais, incluindo publicidade estática e qualquer transmissão futura em novas tecnologias que viessem a ser descobertas. 

Pata termos uma comparação de com esse montante foi baixo, basta compararmos com o valor realizado no último ano da gestão de Vale e Azevedo, o qual, contra tudo e contra todos, conseguiu encaixar 6 milhões 125 mil euros na época 1999/ 2000! Para não restarem dúvidas sobre a credibilidade deste número, consultem o Prospecto de Aumento de Capital da SAD, Maio de 2001.

Ou seja. Quando em 2003 (3 anos depois) a Direcção de Vilarinho, com Filipe Vieira a gestor de futebol e candidato em campanha eleitoral para o seu 1º mandato, assinou por 8 milhões por época, por 12 épocas, apenas estava a cobrar o mais que certo valor auferido no primeiro ano de contrato, caso Vale e Azevedo tivesse continuado o seu projecto mediático! O resto foi oferecido ao Sr.º Joaquim Oliveira, apesar da difícil situação financeira que o clube/SAD atravessavam, em particular agravadas por 3 anos de más decisões no futebol, desportivas e económicas, dos tais que iam “ensinar Vale e Azevedo a ganhar no futebol”.

Quanto se perdeu com esta decisão? Para além de não sabermos quantos milhões tivemos de pagar à SIC pelo rasgar dos contratos (sim, Vilarinho e Vieira rasgaram os contratos, rescindiram unilateralmente e sem justa causa os contratos com a SIC, para assinarem com a Olivedesportos), sabemos que o FCP recebeu cerca de 20 milhões por época nos últimos 2/3 anos. Se os nossos contratos começassem em 8 milhões e terminassem em 20 milhões (para ser simpático), obviamente que o valor anualizado para 12 anos seria sempre muito superior aos 8 milhões. Numa média aritmética, esse valor seria de 14 milhões, mas admitindo que o crescimento do valor dos contratos seria maior na segunda metade do período de vigência, pensar em 12 milhões não é descabido. Ou seja, 48 milhões no mínimo foram perdidos neste período pela decisão de “dar” à Olivedesportos a primazia nos contratos, mais a rescisão com a SIC (que tinha contratos para 8 anos).

Assim sendo, é legítimo especular sobre quais os verdadeiros interesses que estiveram por trás da assinatura de tão ruinoso contrato. O pagamento do favor eleitoral? É uma das hipóteses. Bem sabemos como o Sr.º Joaquim “abre umas portas aqui, umas portas ali”, para utilizar uma expressão usada na sua mini biografia publicada no Expresso em 2005. E de acordo com Vieira, “o Benfica deve-lhe muito”. O Benfica não deve nada, pelo contrário, como demonstrei.. Mas se calhar ele próprio Vieira é que lhe deve muito, pois se Vale e Azevedo ganhasse as eleições, Vieira era apenas um empreiteiro de Alverca e não uma figura nacional. 

Para além disso, toda a gente sabe o que são as comissões nos negócios. Alguém, no seu perfeito juízo, admite que este contrato selado por valores muito abaixo do potencial do Benfica, não gerou comissões para alguém? Eu não tenho dúvidas... Isto de fazer fortuna a partir do zero não é para qualquer um...

12 anos depois, com perda de muito dinheiro com os contratos televisivos, depois de termos pago seguramente uma indemnização monstruosa ao anterior operador de imagem que detinha esses direitos televisivos, chegamos ao dia 1 de Julho, o dia da libertação. Será?

segunda-feira, 1 de julho de 2013

O mau exemplo do Futsal III



Portugal, 1 de Julho de 2013



O dia seria mais apropriado para escrever sobre os direitos televisivos cujo contrato de 12 anos, por negócio (ou negociata) de Vilarinho e Vieira com a Olivedesportos, terminou ontem dia 30 de Junho. Mas dado que os direitos televisivos justificam um bom texto com alguma pesquisa, e o tempo que tenho infelizmente não é muito, por razões de excepcionalidade profissional, volto ao tema do Futsal, onde os erros se sucedem a velocidade estonteante.


No texto I, escrito em Março vaticinei que o novo treinador João Pinto, que vinha substituir o despedido Paulo Fernandes, iria falhar os objectivos com toda a certeza, por razões que detalhei. No texto II sugeri qual deveria ter sido a postura da Secção na gestão dos resultados menos bons que a dada altura da época aconteceram, devendo ter sido privilegiada a defesa da liderança de Paulo Fernandes e criticados os desempenhos de algumas arbitragens, grosseiramente evidentes na sua má qualidade e prejuízo da equipa do Benfica.

No texto II escrevi também que a opção pela mudança de treinador trazia já um problema antes da época ter sequer chegado ao final: se a equipa falhasse, como tudo apontava pela superioridade do SCP e pelos erros de arbitragem que aconteciam na proporção de 2 para o Benfica e 8 para o SCP, o que iria acontecer é que a Secção teria mais um problema para resolver. Escrevi: A pergunta que se impõe é: e agora? Alguém consegue imaginar a nova época ser iniciada com o actual treinador, que estava condenado à partida, e que ao longo da prova apenas confirmou que o problema do Futsal, não era de treinador? Alguém consegue imaginar a Direcção reconstruir uma equipa de Futsal para salvar “a pele” deste treinador (e da Secção), sem serem confrontados com a pergunta “se o problema era de plantel, porque despediram Paulo Fernandes?”?


Com a idade que tenho não me surpreendo com qualquer coisa. Mas reconheço que a Secção me surpreendeu novamente. Deixando a inteligência no cacifo, a Secção optou por manter o novo treinador e não renovar contrato com 3 jogadores que foram preponderantes ao longo da época, salvando um pouco a nossa face ao contribuírem decisivamente para estarmos na final dos Play-offs: César Paulo, Davide e Diego Sol. 


De certa forma isto é apenas a continuação do “filme” que se iniciou com a descabida despedida do treinador Paulo Fernandes. Um “filme” que irá acabar numa época pior que a anterior (onde vencemos a Supertaça), com nova revolução no final, que - finalmente - poderá incluir a própria Secção. Um “filme” sem "happy end" e que significará a injecção de mais dinheiro para restaurar os índices de competição perdidos por este conjunto de “decisões de manual” que a Secção tem tomado, em claro prejuízo dos superiores interesses do Benfica e dos seus sócios e adeptos.


Ora bem. Persistindo no erro, já que também a opção por João Pinto se revelou errada pela falta de carisma facilmente detectada (e sem carisma não há liderança forte por mais competências que se tenham), a Secção continua a sua “fuga para a frente”: agora são os jogadores a pagar a factura da má época.  


E chegados aqui, isto de facto era uma opção que estava em cima da mesa (reconstruir a equipa para salvar a “pele” do treinador e da Secção), as opções já feitas mostram um certo carácter persecutório para com os atletas brasileiros, querendo passar a ideia que haverá um lobbye de brasileiros que “comem muito feijão e jogam pouco”. A somar aos 3 que terminavam contrato, fala-se que estão a tentar rescindir com Diece porque ao fim de 4 anos, descobriram que tem salário elevado (versão BOLA). Pensei que só via estes disparates nos outros clubes, mas o Benfica afinal não é assim tão diferente...


A tese do lobbye ganha alguma expressão porquanto em simultâneo, renovaram contrato mais um ano, com Gonçalo Alves e mais 2 anos com Bruno Coelho. Ambos portugueses por mero acaso.


Ora este tipo de opções, ao contrário do que pensam os intelectuais de pacotilha que estão a planear a próxima época do Futsal do Benfica, vão acrescentar pressão sobre os “eleitos”, os “meninos bonitos” que ficarem. Pois estes sentir-se-ão sempre na obrigação de mostrar que têm capacidade para dar a volta ao “texto”, têm qualidade para justificar as opções que foram feitas em seu favor, etc. Ora jogadores de alguma forma pressionados, rendem menos. E a equipa ganha menos.


A sorte da próxima época do Benfica dependerá mais do SCP e dos cortes orçamentais que venham a fazer na modalidade, do que própriamente das virtudes das opções da Secção do Benfica, que só sabem fazer algo que estamos fartos de conhecer: primeiro sai o treinador porque não ganha, depois sai parte do plantel porque afinal estavam acomodados (imaginem se Jesus sai da equipa principal de futebol)...


Por último, consta-se que o Benfica vai reduzir aos custos do Futsal. Ora, considerando que a redução de custos no Basquetebol se deveu a não precisarmos de uma equipa tão forte, perante um panorama competitivo mediano, a pergunta é: porque se reduz então no Futsal? Que dizem os adeptos da teoria do “milagre económico”? Li, num comentário na BOLA online que o SLB clube, tem um activo de 15,500 milhões de euros, e um passivo de 99,300 milhões de euros. Alguém me pode esclarecer se estes números são verdade? É que João Vale Azevedo, o “papão”, já não está cá vai para 13 anos...