Portugal 30 de Julho de 2013
Estava longe de imaginar que o meu
anterior texto “Roberto, Pizzi e
Aldrabices” ia bater o meu recorde de leituras no blogue NovaGeracaoBenfica,
1612, e de comentários, 35. Confesso que apesar do tema ser polémico, sendo
para mim apenas mais um dos muitos temas polémicos que preenchem a história do
Benfica desde Novembro de 2000, nunca pensei que fosse ter o “sucesso” que
teve.
Infelizmente não pude responder
aos comentários, porque tive cá a visita de um meio-sobrinho que me fez sentir
o que é estar ao pé do Luisão. E também porque tenho uma vida pessoal e
profissional ocupadíssima. Para além que, sinceramente, não pensava que ia ter
tanto comentário. Se soubesse, ter-me-ia
esforçado um pouco mais. Como espero fazer neste texto.
Talvez tocado pelo tom
politicamente incorrecto do meu texto, o colega Geração decidiu contrapor outro
texto intitulado “Roberto, Pizzi e Suposições”, texto que teve 655 leituras e
20 comentários. Na comparação com o meu, ficou a perder. Vá lá que consegui ganhar-lhe uma...
Os dias decorreram e fez-me mais
alguma luz, a qual veio provar que afinal
a minha leitura imediata dos factos estava correcta, e as suposições que o
Geração pretendia que fossem as minhas, afinal é que estavam erradas. Mas
compreendo: o Geração é um crente e apesar de dar umas alfinetadas à gestão
Vieira, nunca consegue manter a coerência da crítica por longos períodos.
Porque isto de criticar tem que se lhe diga. Temos de saber observar, pensar, comparar, formular um modelo,
defendê-lo e melhora-lo. Não é fácil....
Os dados que viemos a saber então
são: 1) a CMVM obrigou o Benfica a esclarecer o negócio, sinal que afinal eu não estava a laborar numa critica
destrutiva como alguns terão concluído, 2) o Benfica esclareceu que teve de
executar as garantias bancárias do negócio para reaver os direitos desportivos
sobre Roberto, 3) que após ter executado as garantias vendeu Roberto ao
Atlético de Madrid por 6 milhões de euros, adquirindo em simultâneo os direitos
do jogador Pizzi, com a contrapartida de 50% nas mais valias de uma futura
transferência, 4) Roberto entretanto vem dizer que esteve ligado sempre ao Benfica, o que vem por em causa a transparência e idoneidade do comunicado colocado no
sitio do Benfica que dava conta no ponto 2 que, “as afirmações do Jornal Marca conferem violação dos regulamentos da
FIFA, podendo o mesmo incorrer em sanções disciplinares, são falsidades”.
O que não foi mediatizado, mas de
acordo com alguns comentários ao texto do Geração, o fundo de investimento que
contratou Roberto, do amigo Jorge Mendes, pagou
cerca de 800 mil euros dos 8 milhões contratados. Sempre ouvi dizer que
Vieira era um excelente negociador (nos jornais e do...). Aqui fica a prova que não passa de propaganda. Uma propaganda que
custa dinheiro. Neste país, e em particular em Lisboa, ninguém faz nada de
graça.
Aqui deixem-me abrir um
parêntesis, pois posso fazer a comparação com a altura em que Vale e Azevedo
contratou Poborsky por 900 mil contos (4,5 milhões de euros), estando o clube
falido e sem dinheiro para pagar as despesas básicas. Ora a mesma comunicação
social que telefonava para Manchester a saber se o cheque tinha ido a nado ou de avião, querendo que o Benfica
pagasse “a pronto”, agora aceitou com naturalidade que 8 milhões fossem pagos
quando o comprador quisesse. Ou quase... E aqui se vê como os critérios da
comunicação social são função de quem dá as ordens. Ou de quem “alimenta” a “máquina”. Nada se faz à borla, regra n.º
24.
Conjugando os diversos tipos de informação disponibilizados a bem ou a mal,
constatamos que hipoteticamente, 1) Roberto foi vendido em condições
preferenciais a um empresário amigo, com condições de pagamento dilatadas no
tempo e equivalentes ao pagamento do empréstimo do clube (isto é o Fundo pagava
ao SLB, o Saragoça pagava ao Fundo), 2) que Roberto realmente nunca foi do
Fundo porque o Fundo contratou contra a apresentação de garantias bancárias, e
só após liquidação total da venda é que se anulariam as garantias e os direitos
desportivos do jogador passavam para a posse do Fundo, 3) o que também pode ser
interpretado como uma forma do Benfica simular
a venda de um activo e ludibriar as contas da SAD, já que a receita
contabilística entrou mas o dinheiro da venda não entrou na tesouraria, como se
sabia que só perante uma boa campanha do Saragoça poderia haver hipótese de
vender Roberto e pagar ao Benfica, distribuindo os lucros pelos titulares do
Fundo de Investimento (que ainda hoje não se sabe quem são) o que era uma
hipótese remota, 4) que o Benfica comprou
Pizzi não sabemos por quanto, seguramente mais do que os 6 milhões vendeu
Roberto, uma vez que o Atlético tinha comprado Pizzi ao Braga por 13,5 milhões em
Janeiro, o que se estranha, pois o Atlético emprestou o jogador e não contava
com ele, 5) que o Benfica não precisava
do jogador pois emprestou-o ao Espanyol (juntamente com Sidnei), mas gastou
dinheiro na sua contratação o que contraria os sucessivos discursos de Vieira
apelando à compreensão dos adeptos, pois “o
Benfica vai ter de gastar menos e adaptar-se à situação do país”, 6) Vieira
utilizou mais uma vez o site do Benfica para publicar um comunicado ameaçador,
mas confrontado com a reacção da CMVM meteu o rabo entre as pernas e permanece
calado. Tal e qual como faz quando vê o Benfica ser escandalosamente
prejudicado por erros de arbitragem.
Quem foi o empresário sortudo a
quem o Benfica de Vieira vendeu Roberto em condições altamente vantajosas?
Graças ao Pedro S., posso dizer-vos que foi este:
Que conclusões se podem tirar deste imbróglio negocial e relações
preferenciais?
Fica para o próximo texto, que este já vai longo...