Portugal, 27
de Outubro de 2012
As eleições já
passaram e aquilo que se queria que fossem, eleições no sentido de escolher
duas soluções, duas visões distintas, para o clube , afinal
acabou por se tornar um referendo em torno da figura do Sr,º Filipe Vieira.
Muito por força do papel da comunicação social, tal como eu já avisara no texto
anterior (eleições II) mas também pela inépcia e incompetência da lista B
perceber o que é o Benfica hoje.
Para os que não
leram, respigo desse texto: “a proverbial crença dos românticos na tal
poção mágica que acham existir, levou-os a agruparem forças e vontades a pouco
mais de 20 dias das eleições.
Relaxados por incapacidade de perceberem aquilo em que o Benfica se
transformou, fruto das alterações empresariais que eles – inocentemente -
aprovaram no mandato de Vilarinho, estão condenados ao fracasso, mas ainda não
o sabem” e “os românticos, que apoio
na base de serem o mal menor, vão ser
trucidados eleitoralmente da mesma forma que foi Vale e Azevedo, que eles
na altura, como guardiões do templo, tanto combateram. Vão ser trucidados com a manipulação que a comunicação social tem
feito das actividades, posições, programas ou não programas, de uns e de
outros”.
Dito isto, devo
corrigir. Os românticos da lista B não anunciaram a candidatura às “eleições”
pouco mais de 20 dias das mesmas, mas sim dia 11 de Outubro, ou seja, a 15 dias
do acto! Nem no clube aqui da terra, que está na 2ª divisão B, tal situação
acontece! Mas acontece no nosso glorioso
Benfica...
Por outro lado,
não foi só a comunicação social a responsável por um resultado tão baixo e
preocupante, como o obtido pela lista B, que na inversa proporcionou a Vieira
mais uma aprovação referendária de 83%! Preocupante
porque a votação não espelhou a qualidade do(s) mandato(s) de Vieira!
Os sócios do Benfica não perceberam que
votando Vieira estavam a aprovar os 2 títulos de campeões em 11 anos da sua
gestão, estavam a aprovar os 232 milhões de dividas à Banca, estavam a aprovar
os contratos ruinosos com a Olivedesportos celebrados em 2003 por 8 milhões por
época para 12 anos, estavam a aprovar a politica de relacionamento do Benfica
com os órgãos federativos e Liga de Clubes que tanta humilhação têm trazido ao
Clube/SAD, estavam a aprovar o trajecto governativo de uma pessoa que mente
para beneficio da sua imagem de líder?
Pois parece que
não perceberam. Isto é: a comunicação social não os deixou perceber. Rangel
também não soube contrariar a vantagem que Vieira trazia de 11 anos de boa
comunicação social. Para cúmulo, ainda avaliou o mandato de Vieira à frente do
Benfica com um 14 de zero a 20! Os românticos são mesmo assim. Eu chamo-lhe “burrice”, eles chamarão “benfiquismo”...
O que Rangel tinha
de contrariar era mais ou menos simples: aos
que lhe lembravam a obra feita por Vieira, deveria contestar com a obra que
poderia ter sido feita com tão gigantesco endividamento do clube/SAD. Aos
que lhe acenavam com o que ainda falta
fazer a Vieira, deveria ter respondido com o que falta pagar do que Vieira já
fez. Para além claro, de explanar o seu projecto.
Ora nada disso
aconteceu e Rangel foi trucidado, confesso com números mais pesados, 13%, do
que os que previ (entre 25 a
30%). Perdeu ele, a sua lista e o Benfica. O
Benfica precisava de uma Direcção que se sentisse politicamente fiscalizada
pela oposição. Ora 13% é para continuar tudo como até aqui.
E para começar
mesmo “bem”, o mesmo Vieira que afirmou ao canal BOLA TV que no próximo
quadriénio pretendia ganhar 3 títulos de campeão nacional, estar numa final
europeia e ganhar 50 títulos nas modalidades, não é que pediu à lista derrotada que se tivesse o segredo para ganhar
o campeonato, que lho mostrasse. Esperem aí. A lista B não foi derrotada
porque os sócios não confiaram nela? Não era o contrário que devíamos esperar,
isto é, que fosse o Sr.º Vieira a explicar o que vai
fazer para ganhar os 3 campeonatos?
Ah, claro,
percebe-se: não há fórmula nenhuma. Simplesmente ele sabe que quem ganhou as eleições foi a sua imagem.
Não as suas ideias. Foi a imagem alicerçada em anos de boa comunicação
social, de analistas pouco ou nada incómodos ou assertivos, que criaram a ideia
que ele é o homem certo no lugar certo. Não foi a qualidade do seu trabalho, os
títulos de campeão no futebol, o rigor da gestão, a transparência da sua
estratégia...
O povo benfiquista
votou. Condicionado, mas votou. A democracia é assim. E por ser assim é que me
recuso a ser sócio deste presidente. Já tinha decidido, esperei pelo milagre,
mas não deu. Os 83% dos sócios que o
referendaram e validaram 11 anos de mediocridade, que continuem a pagar pois
sentem-se bem. Façam lá a democracia com
o dinheiro deles, com
o meu não....