sábado, 27 de outubro de 2012

As eleições III


Portugal, 27 de Outubro de 2012

As eleições já passaram e aquilo que se queria que fossem, eleições no sentido de escolher duas soluções, duas visões distintas, para o clube, afinal acabou por se tornar um referendo em torno da figura do Sr,º Filipe Vieira. Muito por força do papel da comunicação social, tal como eu já avisara no texto anterior (eleições II) mas também pela inépcia e incompetência da lista B perceber o que é o Benfica hoje.

Para os que não leram, respigo desse texto: “a proverbial crença dos românticos na tal poção mágica que acham existir, levou-os a agruparem forças e vontades a pouco mais de 20 dias das eleições. Relaxados por incapacidade de perceberem aquilo em que o Benfica se transformou, fruto das alterações empresariais que eles – inocentemente - aprovaram no mandato de Vilarinho, estão condenados ao fracasso, mas ainda não o sabem” e “os românticos, que apoio na base de serem o mal menor, vão ser trucidados eleitoralmente da mesma forma que foi Vale e Azevedo, que eles na altura, como guardiões do templo, tanto combateram. Vão ser trucidados com a manipulação que a comunicação social tem feito das actividades, posições, programas ou não programas, de uns e de outros”.

Dito isto, devo corrigir. Os românticos da lista B não anunciaram a candidatura às “eleições” pouco mais de 20 dias das mesmas, mas sim dia 11 de Outubro, ou seja, a 15 dias do acto! Nem no clube aqui da terra, que está na 2ª divisão B, tal situação acontece! Mas acontece no nosso glorioso Benfica...

Por outro lado, não foi só a comunicação social a responsável por um resultado tão baixo e preocupante, como o obtido pela lista B, que na inversa proporcionou a Vieira mais uma aprovação referendária de 83%! Preocupante porque a votação não espelhou a qualidade do(s) mandato(s) de Vieira! 

Os sócios do Benfica não perceberam que votando Vieira estavam a aprovar os 2 títulos de campeões em 11 anos da sua gestão, estavam a aprovar os 232 milhões de dividas à Banca, estavam a aprovar os contratos ruinosos com a Olivedesportos celebrados em 2003 por 8 milhões por época para 12 anos, estavam a aprovar a politica de relacionamento do Benfica com os órgãos federativos e Liga de Clubes que tanta humilhação têm trazido ao Clube/SAD, estavam a aprovar o trajecto governativo de uma pessoa que mente para beneficio da sua imagem de líder?

Pois parece que não perceberam. Isto é: a comunicação social não os deixou perceber. Rangel também não soube contrariar a vantagem que Vieira trazia de 11 anos de boa comunicação social. Para cúmulo, ainda avaliou o mandato de Vieira à frente do Benfica com um 14 de zero a 20! Os românticos são mesmo assim. Eu chamo-lhe “burrice”, eles chamarão “benfiquismo”...

O que Rangel tinha de contrariar era mais ou menos simples: aos que lhe lembravam a obra feita por Vieira, deveria contestar com a obra que poderia ter sido feita com tão gigantesco endividamento do clube/SAD. Aos que lhe acenavam com o que ainda falta fazer a Vieira, deveria ter respondido com o que falta pagar do que Vieira já fez. Para além claro, de explanar o seu projecto.

Ora nada disso aconteceu e Rangel foi trucidado, confesso com números mais pesados, 13%, do que os que previ (entre 25 a 30%). Perdeu ele, a sua lista e o Benfica. O Benfica precisava de uma Direcção que se sentisse politicamente fiscalizada pela oposição. Ora 13% é para continuar tudo como até aqui.

E para começar mesmo “bem”, o mesmo Vieira que afirmou ao canal BOLA TV que no próximo quadriénio pretendia ganhar 3 títulos de campeão nacional, estar numa final europeia e ganhar 50 títulos nas modalidades, não é que pediu à lista derrotada que se tivesse o segredo para ganhar o campeonato, que lho mostrasse. Esperem aí. A lista B não foi derrotada porque os sócios não confiaram nela? Não era o contrário que devíamos esperar, isto é, que fosse o Sr.º Vieira a explicar o que vai fazer para ganhar os 3 campeonatos?

Ah, claro, percebe-se: não há fórmula nenhuma. Simplesmente ele sabe que quem ganhou as eleições foi a sua imagem. Não as suas ideias. Foi a imagem alicerçada em anos de boa comunicação social, de analistas pouco ou nada incómodos ou assertivos, que criaram a ideia que ele é o homem certo no lugar certo. Não foi a qualidade do seu trabalho, os títulos de campeão no futebol, o rigor da gestão, a transparência da sua estratégia...

O povo benfiquista votou. Condicionado, mas votou. A democracia é assim. E por ser assim é que me recuso a ser sócio deste presidente. Já tinha decidido, esperei pelo milagre, mas não deu. Os 83% dos sócios que o referendaram e validaram 11 anos de mediocridade, que continuem a pagar pois sentem-se bem. Façam lá a democracia com o dinheiro deles, com o meu não....

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Vota-se ...


Portugal 26 de Outubro de 2012

Hoje o Benfica vai a votos para o primeiro mandato de 4 anos dos órgãos sociais. Tenho 20 votos, mas como seria obrigado a deslocar-me a Famalicão para os dar ao Juiz Rangel, e como infelizmente tenho de trabalhar para manter o nível de vida, optei por não fazer uma viagem que me ocupava a tarde toda.

Mas quem mora no estrangeiro ou ilhas pode votar electronicamente. Eis um exemplo:


Perceberam? Pois, dá-se o caso de estarmos perante uma evidência de mau funcionamento do sistema de votação, curiosamente (Vieira é um tipo cheio de “sorte”) a favor da lista “A”.

Um amigo meu colocou a pergunta na blogoesfera e recebeu a resposta do “benfica anonymous”:

benficaanonymous em 
26 de Outubro de 2012 ás 16:31 disse:
Simples! Um sócio que reside no estrangeiro recebeu o Pin em casa para votar. Hoje foi ao site inseriu os dados e preparou-se para votar, quando, para espanto dele o que lhe apareceu foi o que esta na imagem. Ele não tem direito a 20 votos e aparece 20 votos, a opção da lista B não aparece e a foto que aparece na lista A não é a correcta.”

Agora sim, o Benfica vive tempos de democracia tranquila, isenta, os esquemas eram ao tempo de Vale e Azevedo que curiosamente perdeu as eleições que ele próprio organizou. Se calhar ao pé de Vieira, Vale era um principiante...

Viva o Benfica...

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O meu querido 4-4-2


Portugal, 24 de Outubro de 2012

O Benfica perdeu 2-1 com o Spartak para a 3ª jornada da Champions, e os blogues voltaram ao habitual: a contestação sem explicação, a contestação a partir da fotografia final dos factos, a raiva ou frustração transformada em palavras ligadas em frases, que nada acrescentam, apenas são fotocópias de outras já gastas em derrotas anteriores.

O irónico disto é que os mesmos que há uns tempos criticavam a falta de ambição do treinador, porque em Glasgow não arriscou mais, jogando com 1 ponta de lança (no 4-2-3-1 de sucesso da época passada), agora lamentam o mau jogo do Benfica que relativamente a esse jogo apenas teve 3 alterações: Maxi em vez de André Almeida, Bruno César em vez de Gáitan e Lima no lugar de Aimar.

Isto claro, já para não falar que, nem jogaram Roberto nem Emerson, os tais que de acordo com os supra sumos, explicavam todos os insucessos da equipa. Agora toda essa gente assobia para o lado ou esconde-se através de pensamentos escritos mais gastos do que pneu de camião na sucata.

Afinal agora não temos os “patinhos feios”, mas parece que estamos já a colocar outros jogadores – que nessa altura eram craques – na posição de “patinhos feitos”... no Benfica, falar de aprender com erros do passado, é perder tempo e arranjar mais umas discussões com ingratos e burros que acham que assim é que está bem...

Como várias vezes tenho referido, o problema do Benfica está na filosofia de jogo. No modelo de jogo. Está no 4-4-2 seja a versão tradicional (catastrófica com Quique na Liga Europa e Koeman na Liga Portuguesa), seja a versão em losango também descrita como 4-1-3-2 que foi implementada por Fernando Santos sem grandes resultados como nos lembramos.

A diferença entre os dois modelos é pequena mas fundamental, como o fermento na massa dos bolos: 1 tem mais um avançado, outro tem mais 1 médio. Faz toda a diferença.

Ter mais um jogador na intermediária do campo, permite dificultar a manobra atacante do adversário permitindo ganhar tempo para um correcto posicionamento defensivo do sector mais recuado. Permite também roubar mais bolas ao adversário, pela redução de linhas de passe (mais 1 jogador = menos espaço livre). Permite ao adversário subir as suas linhas de modo a equilibrar essa superioridade, o que origina mais espaço livre na sua retaguarda por onde se podem fazer contra ataques mais eficazes, sempre que se lhes rouba uma bola. Estes contra ataques podem ser mais eficazes porque os avançados têm mais espaço para se posicionar e o nosso jogador que tem a bola, tem mais linhas de passe para escolher.

A diferença entre modelos de jogo, como se percebe, é uma diferença clara entre estruturas de jogo. Mais compacta a do 4-2-3-1, mais permeável a estrutura do 4-1-3-2. É como se um edifício tivesse mais um pilar e menos um andar: será seguramente mais sólido.

Ou seja, mudamos de jogadores, de treinadores e até de presidentes, mas continuamos a apostar no modelo de jogo errado. Esperar que um treinador consiga o milagre de inventar uma variação do 4-4-2 que seja ganhadora, é como ficar á espera de Godot.

Agora querem crucificar Matic (que de facto não é um trinco, para mim nunca foi) como antes crucificaram Roberto ou Emerson. Se jogássemos com dois trincos provavelmente Matic não arriscava um passe em frente, ou se o fizesse e fosse desarmado, tínhamos relativamente perto, o segundo trinco para tentar atrapalhar o jogador que ficou com a bola, e com isso ganhávamos tempo para nos posicionarmos melhor na defensiva. Por alguma razão sofremos menos golos com dois trincos ...

Uma palavra para Jesus. Sempre o defendi e continuo a defender não só porque está a treinar o Benfica mas porque é o melhor treinador português. Mas desta vez tenho de dizer algo desagradável. Pois se ele sabe que não tem Witsel nem Javi, por razões relacionadas com o tal “milagre económico” para otário “comprar”. Se não temos Aimar e Carlos Martins porque estão lesionados, e assim só ficamos com Enzo para essa posição, se depois do jogo reconhece que há jogadores – como Matic – que não têm experiência europeia, e mesmo assim opta pelo modelo de jogo mais permeável, das duas uma, ou deixou-se levar pelo folclore da campanha ou continua a não perceber nada sobre modelos e estruturas de jogo. O que estranho... 

domingo, 21 de outubro de 2012

Eleições II


Portugal, 21 de Outubro de 2012

Na continuação do tema, escrevi – parcialmente – o que penso do candidato e actual presidente, Filipe Vieira. Hoje, e com a mesma inconveniente sinceridade, escrevei sobre o candidato da lista B, a lista que apoio e a quem, se puder, entregarei os meus 20 votos (ainda não entreguei o cartão de sócio).

Como já referi, incluo o Dr.º Rangel na categoria dos “românticos” e vejo a sua lista formada por outros tantos como ele, mais um certo número de lunáticos. Românticos, porque vêem o futebol e toda sua organização, como nos anos 60, quando se fizeram homens e mulheres adultos, e viam o Benfica ganhar mais do que os outros dois rivais juntos. Lunáticos os que dentro destes, se acham donos dos direitos clubísticos gerados pela força, presença e dedicação permanente dos milhares de adeptos e sócios. Acham-se uma espécie de “guardiões do templo”, o que lhes permite actuar em público com total desrespeito pela diversidade do pensamento da nação benfiquista e total desrespeito pelos interesses mediáticos do clube.

Os românticos são uma espécie de adeptos que pensam ter existência, uma espécie de poção mágica na mística do Benfica, uma poção que mais nenhum clube tem, e que nos permite ultrapassar todos os obstáculos, mesmo os que parecem impossíveis de ultrapassar. E claro, uma poção que só eles conhecem, só eles podem utilizar. Só a eles está confiada. Aos guardiões do templo ...

Os românticos e os lunáticos andam frequentemente de mãos dadas, sendo por vezes difícil distinguir o pensamento de uns e de outros.

Mas desta vez o problema que têm para resolver, Filipe Vieira e todo o “sistema” que este trouxe para dentro do Benfica, ou que, na inversa, o empurrou para dentro do Benfica, “amarrando” o clube e promovendo o presidente “marioneta” à categoria de supra sumo em todas as áreas, é um problema muito complexo e de dimensão gigantesca.

A proverbial crença dos românticos na tal poção mágica que acham existir, levou-os a agruparem forças e vontades a pouco mais de 20 dias das eleições. Relaxados por incapacidade de perceberem aquilo em que o Benfica se transformou, fruto das alterações empresariais que eles – inocentemente - aprovaram no mandato de Vilarinho, estão condenados ao fracasso, mas ainda não o sabem. Confiam na sua poção mágica...

O irónico disto tudo. é que os românticos, que apoio na base de serem o mal menor, vão ser trucidados eleitoralmente da mesma forma que foi Vale e Azevedo, que eles na altura, como guardiões do templo, tanto combateram. Vão ser trucidados com a manipulação que a comunicação social tem feito das actividades, posições, programas ou não programas, de uns e de outros.

São as 1ªs páginas e as televisões que ganham eleições. Há um jornal em particular que tem uma ascendência enorme entre os benfiquistas, a BOLA, que não esconde através do critério que escolhe para as suas 1ªs páginas, de que lado está “a competência”, “a credibilidade”, “o rumo”, etc. Tal como fez na campanha que elegeu Manuel Vilarinho, o cavalo de Tróia, para a presidência do Benfica, salientando-se a foto a toda a 1ª página do “TRUNFO JARDEL”, a dois dias das eleições e quando as sondagens do próprio jornal, davam vantagem segura a Vale e Azevedo. Ora, nesta campanha, ainda não conseguiram compor uma 1ª página com fotos de Rangel em posição de destaque. Não é por acaso.

Quanto às televisões, e dado que – seguramente bem instruído – o candidato Vieira recusou debater as ideias que tem para o próximo mandato, assim como o falhanço desportivo do mandato que agora termina, Rangel não tem possibilidade de evidenciar as fragilidades do actual presidente, que nessa qualidade lá continua a fazer campanha, com os meios do clube ao seu dispor: Benfica TV e jornal o Benfica. Como a atribuição do número 1 ao sócio mais antigo...

Não tendo possibilidade de tirar a máscara a Vieira, Rangel ficar-se-á pelos tempos de antena de alguns programas televisivos, mas que os eleitores não costumam tomar como determinantes, mas sim como propaganda. Falta-lhe e faltará, o debate, o contraditório entre os dois candidatos. É esse que faz a diferença.

Concluo com outra particularidade. Vale e Azevedo que tão criticado foi pelas principais figuras da lista B, por querer ficar com a SAD, por estar a destruir o Benfica, por isto e aquilo, aceitou um debate televisionado com Manuel Vilarinho, no qual este aproveitou para levantar um papel com a palavra “MENTIROSO” de cada vez que Vale e Azevedo falava. Teve algum sucesso com esta acção de marketing da mensagem. Hoje, os herdeiros do mandato de Vilarinho, não passam cartão a quem teve mais responsabilidade pela queda de Vale e Azevedo: aos românticos que agora se reúnem na lista B! Curioso ...

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Eleições I


Portugal, 17 de Outubro de 2012

Consumada que está a apresentação de duas listas para o acto eleitoral do próximo dia 26, vou escrevinhar alguns apontamentos sobre as mesmas, pedindo desde já desculpas pela minha inconveniente sinceridade (ou frontalidade, como preferem alguns poetas).

Vão a eleições duas listas. Uma, encabeçada por um oportunista rodeado de uns tantos iguais a ele e outros tantos imbecis. Outra encabeçada por um romântico, rodeado por uns tantos iguais e outros tantos lunáticos. Vou apoiar a lista B, não por ser de “B” de Benfica, mas porque é a lista menos má, na perspectiva do futuro imediato do Clube e grupo empresarial.
De cada uma das listas tenho a dizer o seguinte.

Da lista “A” pouco de novo há para dizer. Perspectivam-se mais 4 anos de gestão ruinosa, intencionalmente ruinosa, de modo a que os capitais próprios consolidados continuem a ser negativos, forçando um novo aumento de capital em espécie, para que o clube, por ter a maioria do capital da SAD, terá a maior entrega. Como não há dinheiro, entrega-se património. A Benfica Estádio já se foi, mas os terrenos do Seixal podem ser uma das opções (Vale e Azevedo é que queria “roubar” um Benfica que nada tinha...).

De Vieira, que já recebeu palavras de apreço por parte de Guilherme Aguiar e do super empresário Jorge Mendes, também pouco de novo há a dizer. 11 anos a enganar os adeptos, com o apoio da bem orquestrada comunicação social do amigo Joaquim e financeiramente dependente do BES, apenas se pode dizer que é o candidato do “sistema”. Com uma empresa de comunicação por trás, tem sempre o discurso do “sabemos para onde vamos” e “recuperamos a credibilidade” e quando a coisa aperta, como agora, há ainda o “papão” Vale e Azevedo para acenar aos adeptos, incautos uns, imbecis outros.

De facto Vale e Azevedo é benfiquista. E seguramente ficou triste por perdermos 5-0 com o FCP, ao contrário do Sr.º Vieira que chegou a aplaudir os 2 golos do FCP ao Benfica de Heynckes, naquela altura em que era um pequeno empresário da construção civil à procura de um lugar ao sol, no rentável (para alguns) mundo do futebol. Foi por ser benfiquista e presidente do Benfica que Vale e Azevedo impediu que o Alverca descesse de divisão, em ano que a gestão do Sr.º Vieira não deu para mais. Como aliás continua a não dar...

De Vieira o que podemos esperar é pois mais do mesmo. Insucesso desportivo, investimento económico sem retorno desportivo por erros de arbitragem mais do que por erros próprios, vitórias nas modalidades à custa de fenomenais injecções de dinheiro que o BES amavelmente empresta, de modo a que no final os fabulosos proveitos (os maiores da nossa história) nunca consigam cobrir a parte dos juros que todos os anos pagamos. Este ano, apesar da comunicação social se ter esforçado em tapar esse aspecto, sabe-se que pagamos mais de 20 milhões! Uma boa renda para o BES.

Também Joaquim não se pode queixar. Vieira “deu-lhe” 12 anos de contrato em 2003, a 8 milhões de euros por ano, quando JVA contra tudo e contra todos, conseguiu facturar 6,125 milhões em 2000 (3 anos antes, contas da Direcção de Vilarinho, prospecto do aumento de capital da SAD, Maio 2001).

Mas o adepto do Benfica lê jornais, vê televisão, ouve rádios, e para esses está tudo bem. E para o adepto também. A orquestração funciona na perfeição e só por distracção, é que os apoiantes da lista “B” não repararam nas 1ªs páginas dos jornais desportivos no dia seguinte ao anúncio de cada candidatura: para Vieira a metade superior da 1ª página, em ponto grande, para Rangel pequenas referências dispersas nessa 1ª página. Isto conta, isto influencia, e nesse aspecto Vieira parte com larguíssima vantagem. Suficiente para vencer? Acho que só um assomo geral de rebeldia positiva do universo benfiquista pode impedir que a vontade da comunicação social, imponha as suas leis.

Por último, partilho uma dúvida que se me assomou ao espírito nos últimos dias, ao mesmo tempo que percebi que o Sr.º Vieira usurpou um número de sócio que não é seu (será por acaso que não fez parte da lista do Dr.º Vilarinho? Teria condições de elegibilidade nessa altura?). A dúvida é a seguinte. Vieira no início dos anos 90 tinha um pequeno negócio de pneus em Braga. Vendeu a sua parte na empresa (que entretanto faliu) e dedicou-se quase em exclusivo à construção civil, em Alverca. Até Manuel Ribeiro lhe dar a mão para a Direcção do Alverca. Ora entre o início dos anos 90 e 2001 quando entrou na SAD do Benfica, passaram cerca de 10 anos. Será crível que neste período de tempo, o Sr.º Vieira empreiteiro, tenha economizado tanto dinheiro que lhe permitiu entrar com 850 mil contos (4,250 milhões de euros) para o capital social da SAD do Benfica?

A não ter havido trapaça com o BES (que tanto tem lucrado com esta “gestão”), qual será hoje – a declaração de rendimentos do Sr.º Vieira?

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O sistema II


Portugal, 16 de Outubro de 2012

Na continuação do tema do texto anterior, que abordou as diferentes facetas do “sistema” que está implantado no futebol, tema que neste momento será menos apetecível do que o tema “eleições” (lá irei também), vou ilustrar mais alguns aspectos desse conjunto de regras e procedimentos que estão implantados e orientados para favorecer, de forma mais ou menos evidente, o FCP e um grupo de clubes que se inter-relacionam segundo determinada hierarquia.

Após o jogo, o treinador do Beira-Mar sugeriu explicitamente que teriam havido erros de arbitragem que favoreceram o Benfica. A expressão “desejo um futebol limpo”, logo aproveitada pela comunicação social (também parte deste “sistema”) faz parte de um modus operandi dos treinadores derrotados pelo Benfica. Até já o “nosso” JJ fez esse papel quando perdeu com Quique Flores na Luz. Ou seja, trazer para o debate a arbitragem com sentido de a condicionar negativamente para os jogos seguintes do Benfica e até justificar os erros que o “sistema” programa nesses jogos do Benfica (não vos diz nada isto: “ah, e tal, vocês foram prejudicados aqui mas foram beneficiados com o Beira-Mar”). Mais uma regra do “sistema” que, obviamente, não se aplica ao FCP (se não, não era regra do “sistema”).

Ora o argumento do treinador do Beira-Mar é uma falácia, tal como a esmagadora maior parte das vezes que eles se queixam. Revendo o jogo, o que vemos é bem distinto do que foi apregoado. Há 2 lances para marcação de penalty a favor do Benfica, que este Rui Costa já assim interpretou em jogos do FCP. Um ao mn 6 (logo após o golo do Beira-Mar) por agarrão a Maxi Pereira que as imagens da Sporttv desta vez não ampliaram e repetiram 3 e 4 vezes como fazem com os jogos o FCP, outro ao mn 68 por corte com o braço de remate de Enzo Pérez (recordar penalty assinalado contra o Leixões e a favor do FCP quando Quique Flores esteve aí, recordar primeiro golo da Itália na Arménia na ultima jornada de apuramento para o Mundial 2014).

Houve 2 erros nos foras de jogo. Isto é, os árbitros assistentes assinalaram mal 2 foras de jogo ao ataque do Beira-Mar, mas também deixaram passar 2 lances, num dos quais o jogador estava – sem exagero - 3 metros deslocado!
No resto, o árbitro perdoou 3 ou 4 cartões amarelos a jogadores aveirenses (a mais evidente foi uma entrada a pés juntos sobre Gaitán para desviar uma bola para canto), e 1 ou 2 aos jogadores do Benfica. Resulta daqui que a arbitragem não foi limpa, sim, mas contra o Benfica e não contra o Beira-Mar!

Mas o “sistema” é complexo e não facilita e assim o árbitro Bruno Paixão ficou fora da lista de internacionais. E porquê? Dos jornais, porque SCP e FCP contestaram a sua nota nos jogos que ambos perderam em Barcelos. De acordo com os mesmos jornais, a reclamação do SCP originou um abaixamento da nota dada pelo observador (que assim também ficou em maus lençóis), acto este praticado pelo Presidente do CA da FPF que por acaso é sócio de mérito do SCP. E decidiu sozinho.

Ora Bruno Paixão contestou a decisão de Vítor Pereira para o CJ da FPF. Que no mesmo dia em que aprovou o recurso do Benfica sobre a decisão da Liga em proibir o empréstimo de jogadores a clubes da mesma divisão, adiou o recurso de Bruno Paixão, que era mais antigo do que o do Benfica! E assim se vê como todo o aparelho federativo presidido por Fernando Gomes (apoiado por Filipe Vieira) trabalha, dentro de uma suposta “legalidade”, para intimidar e punir árbitros que têm o “azar” de apitar jogos que o FCP perde.

Ou seja, quem quiser chegar a internacional e arbitrar jogos muito bem pagos (não será por acaso que a nossa comunicação social “esconde” os prémios por arbitragem na UEFA, Champions, apuramentos e fases finais das Selecções), não pode, não deve deixar que o FCP perca pontos.

Lembro que Bruno Paixão não inventou 2 penaltys contra o FCP ou contra o SCP, como fez Xistra em Coimbra contra o Benfica (obtendo nota 3,9 que é nota de excelência!). Num caso, o FCP ficou a reclamar 2 penaltys que nem para o painel do JOGO foram consensuais, noutro caso o SCP reclamou dos 2 penaltys assinalados na mesma jogada, um dos quais, por corte de braço de Schaars, pode ter sido feito fora da grande área, foi de facto um lance duvidoso. Motivo para nota negativa num jogo perdido 3-1 num caso e 2-0 noutro?

A arbitragem de Bruno Paixão não foi escandalosa. Mas o FCP não ganhou. E o SCP também não. Regra do “sistema”: temos de “encostar” os árbitros que dão “azar” ao FCP. Para Xistra não houve igual critério. E percebe-se porquê: porque o Benfica perdeu pontos... para o FCP!

A coisa funciona tão bem, que já esta semana o presidente do Leixões veio dizer para os jornais que “Bruno Paixão não pode apitar”. E tudo porque expulsou 2 jogadores ao Leixões. Não se interessa se foram bem ou mal expulsos (e aqui mais uma vez a comunicação social, concorda, pelo silêncio), mas sim associar a arbitragem à derrota do Leixões. Os que ganharam, Santa Clara, ficam calados. Não se pode contrariar a lógica do “sistema” sob pena de futuramente serem penalizados, em campo, por decisões de arbitragem estranhas.

Perante este “sistema” bem oleado e estruturado, queremos ser campeões com super investimentos em jogadores que elevam o passivo bancário acima dos 250 milhões de euros? Perante estas evidências, a quem interessa o endividamento galopante do Benfica?

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O sistema


Portugal, 8 de Outubro de 2012

Na matemática, sistema é um conjunto de "n" equações, a "m" incógnitas. Nos sistemas, as incógnitas ou variáveis, têm relações entre si que são estabelecidas pelos coeficientes que têm em cada uma das equações. A resolução de um sistema com solução diferente de zero, apresenta valores únicos para cada variável.

Também no futebol há um sistema, como há muitos anos se sabe. Também no “sistema futebol” há variáveis, como sejam os árbitros, os que mandam nos árbitros, os que observam os árbitros, os jornalistas que apreciam o trabalho dos árbitros, os jornalistas que apreciam o futebol, as televisões que analisam o trabalho dos árbitros, os elementos da disciplina da liga e da FPF, os da justiça da FPF, os dirigentes dos clubes, as toupeiras, os detentores dos direitos televisivos, etc, etc.

Também este sistema é diferente de zero e todos os anos, ou quase (a excepção confirma a regra) a solução apresenta o mesmo resultado: o FCP é campeão e muita gente (variáveis) enche os bolsos enquanto outros se ficam pelas “febras”. Ou “fêveras” (escrevendo à moda do Porto ou à moda de Lisboa).

Pelo segundo ano consecutivo o FCP venceu o SCP com 1 expulsão quando estavam a ganhar 1-0, e 2 penaltys (na época passada foi “só” um), pela segunda época consecutiva a esmagadora maior parte dos erros grosseiros de avaliação dos árbitros favoreceram o FCP. Possivelmente, Jorge Sousa irá ter nota 3,9 como Xistra em Coimbra. Ou talvez uma décima a menos, uma vez que o Vítor Pereira dos árbitros é sócio do SCP. E aqui está a equação 1: na dúvida os árbitros têm instruções para decidir a favor do FCP, mesmo que errando, de modo a verificar-se FCP > adversário.

Penso que ninguém reparou, mas o Rui Moreira intitulou a sua crónica semanal em A BOLA da seguinte maneira “e vão 4 penaltys”. Quais? Os tirados ao FCP, na sua obtusa forma de ver, apoiada na Sporttv que repetem os lances na área do adversário do FCP e escondem os lances na área do FCP (como Otamendi em Barcelos, em lance igual a Emerson em Braga na época passada). E aqui está outra equação: a pressão da comunicação social, via analista convidado.

Entretanto o Benfica venceu o Beira-Mar - último classificado - mais dificilmente do que o esperado. E isso caiu mal entre uma parte dos adeptos (minoritária mas mais ruidosa). Alegadamente porque jogamos “mal”. E eu continuo sem saber o que é jogar “mal”. Vejamos, o FCP venceu outro Beira-Mar por 4-0. De acordo com as estatísticas da Liga, o FCP teve 65% de posse de bola, contra 35%, teve 9 oportunidades de golo contra 1, teve 18 remates contra 10, destes 12 foram enquadrados com a baliza contra apenas 2 do Beira-Mar, e foram-lhe assinaladas 12 faltas contra 10 do Beira-Mar. Passando ao jogo do Benfica, com os mesmos 65%/35% de posse de bola, tivemos 5 oportunidades de golo contra 1, 21 remates contra 5, destes 5 foram enquadrados à baliza contra 3, e foram assinaladas 15 faltas contra o Benfica e 15 contra o Beira-Mar.

Ou seja, comparando o FCP e o Benfica, via Beira-Mar, concluímos que estivemos iguais na posse de bola, rematamos mais vezes do que o FCP, sofremos menos remates que o FCP, mas por outro lado, a nossa pontaria foi pior do que a do FCP (5 remates à baliza em 21 remates, contra 12 em 18 do FCP) e a do Beira-Mar melhor neste jogo (3 em 5 foram à baliza, contra 2 em 10 no FCP). Podia explicar isto – estatisticamente - com a ausência do Cardozo, mas deixo para outro texto.

Daqui resulta outra equação: o adepto contestatário do Benfica não avalia parâmetros, mas sim resultados. Faz uma abordagem preconceituosa e simples do futebol (se eles são últimos, temos de golear) que só favorece as outras equações.

Obviamente que chegado a este ponto, nem falo se Artur Moraes foi ou não tocado na pequena área, não falo do penalty tirado na 1ª parte por empurrão creio que a Rodrigo, e outro tirado por andebol na parte final da 2ª parte após remate de Carlos Martins. Num caso o Benfica estava a perder, e não é de bom-tom (na perspectiva dos árbitros da equação 1) marcar um primeiro lance de penalty (para dilatar o tempo e esperar que o adversário marque um 2º golo), se lembrar que o 2º penalty sonegado acontece quando parte do público da Luz está a assobiar a equipa e isso favorece o adversário (que “morreria” se o árbitro o assinalasse), enfim, lembrando isto, creio que ninguém iria perceber que estamos perante outra equação: o manual de arbitrar.

Mas o Rui Moreira percebe. Esses percebem. O FCP nunca joga “mal”. Os árbitros é que não assinalam os penaltys a seu favor, mesmo quando não são.

Para terminar, o jogo Barcelona – Real Madrid deu razão ao meu texto anterior e acrescentou mais umas “orelhas de burro” a uma enorme legião de benfiquistas bloguistas (fora os analistas profissionais). A enorme posse de bola do Barca, 69% versus Real, contra 71% no jogo com o Benfica (estatísticas UEFA) prova que de facto, não é fácil jogar com eles. A diferença entre o Benfica e o Real, é que nós temos o Lima e eles têm o Ronaldo. Se trocarmos os dois, se calhar hoje estávamos mais felizes ...

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Dia B II



Portugal, 3 de Outubro de 2012

Ao contrário do que desejávamos, o Barcelona ganhou-nos (sem grande surpresa) e ontem acabou por não ser dia B, de Benfica. Foi sim dia B, de BATE Borisov, que venceu os milionários do Bayern de Munique! Sinceramente, não consigo imaginar o “reboliço” que seria, se em vez do Bayern fosse o Benfica. E o plantel do Benfica como se sabe, é várias vezes mais barato do que o dos alemães.

Temos uma crónica falta de cultura desportiva que a comunicação social exacerba através da crítica agressiva e leviana, que os responsáveis directivos não contrariam por dependência desta comunicação social que os promove ou protege e também por não terem qualidade argumentativa para contraporem.

Assim, há 15 dias a generalidade das peças desportivas referia que o Benfica tinha perdido 2 pontos em Glasgow por falta de ambição, e houve pelo menos um desses analistas de pacotilha (adepto do Benfica por sinal) que chegou a “profetizar” que dificilmente o Celtic iria pontuar em casa com as outras duas equipas (“táctica” da opinião, para afundar mais o Benfica, equipa e treinador). Ora o Celtic ganhou na Rússia, chamando “burros” a todos os que os avaliaram mal.

E ontem os “burros” lá estavam outra vez nos mesmos programas, fazendo de conta que não se tinham enganado, mas continuando a enganar os telespectadores com as suas observações de “manual”: para o Benfica, o copo está sempre meio vazio.

Sem surpresa verifico que parte significativa dos textos publicados hoje nos blogues, são de uma pobreza desportiva inadequada a um clube com a grandeza do Benfica. Um grande clube deve ter grandes adeptos. E os grandes adeptos sabem perder e reconhecer a superioridade do adversário. Porque há uma regra que é básica: se uma equipa ganha é porque jogou e foi melhor do que a outra (este principio só é contrariado se o jogo for arbitrado por Benquerença, Proença ou Xistra, que depois de roubarem o Benfica, têm notas de 3,9 em 5).

Se recuarmos à épica vitória em Liverpool, na época 2005/2006, recordamos que os adeptos do Liverpool se despediram do Benfica com enorme salva de palmas e da sua equipa cantando “we’’ll never walk alone”. Está bom de ver que isso não seria bem visto por essa franja de opinadores bloguistas para os quais o Benfica não pode perder. Ou pode perder se jogar bem, o que é, por regra, uma impossibilidade. Dito de outra forma, esses adeptos socorrem-se de uma virtualidade para esconder o seu fraco desportivismo.

Está bom de ver que não vejo as coisas assim e até acho que esta é uma “doença” que mina as possibilidades de sermos melhores no futuro. Quando a contestação é improdutiva e não larga arraiais do clube, obviamente que só se podem continuar a tomar más decisões directivas. O SCP com 7 treinadores nos últimos 3 anos e picos, é um bom exemplo, mas há gente que pensa que estas coisas “só acontecem aos outros”, esquecendo o que se passou entre Julho de 94 e Outubro de 97.

Adiante. O Barcelona mostrou na Luz porque provoca debates sobre se é a melhor equipa da história do futebol. Tem um sistema de jogo invulgar e que foge à lógica do futebol (não tem avançado fixo nem joga em modelo táctico rígido tipo 4-4-2, 4-2-3-1, etc), e até hoje poucas equipas encontraram “antídoto” fiável. Se lhes ganham uma vez, a seguir perdem 3 ou 4. O chamado “tika-taka” mais não é que um futebol com liberdade criativa quase total, realizado por jogadores de grandíssima qualidade. Alguns que até provocam crises existenciais ao milionário Cristiano Ronaldo. Não é por acaso.

É para mim injusto, inconsequente e até perigoso, avaliar a qualidade da nossa equipa nas provas internacionais ou de dois ou três jogadores com desempenhos menos bem sucedidos, num jogo com esta equipa que é provavelmente a melhor de todos os tempos. Porque este Barcelona é incomparável (para já).

Também me parece que a conjugação de resultados verificados na jornada de ontem, não retira qualquer possibilidade de apuramento para os oitavos de final, embora agora seja vital que o Barcelona cumpra a sua parte e ganhe os dois jogos ao Celtic (empatando 1 pode também não ser mau). Se o Benfica vencer os dois jogos que faltam em casa, não perder na Rússia (como vaticinei no texto anterior), e o Barcelona vencer o Celtic duas vezes, estamos nos oitavos de final!

terça-feira, 2 de outubro de 2012

O dia B



Portugal, 2 de Outubro de 2012

O dia anunciado após o sorteio da fase de grupos da Champions chegou, e logo mais vamos defrontar o Barcelona que é provavelmente a melhor equipa do mundo.

São dois históricos do futebol mundial, um mais do que o outro, sendo o Benfica a equipa com mais história, e o Barcelona a equipa com mais títulos europeus e mundiais dos últimos anos. Mais história o Benfica, que venceu a sua primeira Taça dos Clubes Campeões Europeus em 1961 frente ao Barcelona, mais títulos nos anos recentes o Barcelona que venceu 3 das últimas 6 Ligas dos Campeões, 2 Campeonatos do Mundo e várias Supertaças Europeias (sinceramente não sei quantas, para além da última conquistada frente ao FCP).

Curiosamente, ou talvez não, em matéria de qualidade das suas infra-estruturas, do lado superior temos o Benfica e do lado inferior o Barcelona. É algo que nos devia fazer pensar pois de facto quem visitou já o Camp Nou, pode assegurar que o estádio da Luz é muito superior em qualidade estética, funcional e global, excepto na lotação. Por exemplo, 4/5 do Camp Nou são descobertos, os interiores do estádio e em particular escadarias de acesso aos vários andares do estádio são cinzentos e até lúgubres por serem mal iluminados, o lugar dos jogadores não utilizados está semi enterrado e é propicio à acumulação de poeiras e verdetes das humidades, o aspecto geral das bancadas é de muita idade, as cadeiras do público não são “último modelo”, etc, etc. De positivo regista-se a sua enorme lotação, 85 mil espectadores que regra geral, está ocupada a mais de 90%.

Já o nosso Benfica preferiu investir num estádio novo, muito moderno e funcional, com condições de altíssima qualidade para os espectadores que no máximo serão pouco mais de 64 mil, óptimas condições para as equipas e seus jogadores, inúmeros pontos de comida e 2 restaurantes de enorme qualidade, enfim, o novo estádio da Luz é algo que envaidece o clube perante o Mundo. Mas que neste caso do confronto com o Barcelona põe a nu a pobreza da cultura desportiva que nos levou a gastar algumas dezenas de milhões de euros num equipamento, quando já tínhamos outro, em detrimento do investimento na equipa de futebol. E hoje isso faz toda a diferença em termos de resultados desportivos, sendo o Barcelona um colosso mundial, sendo o Benfica um “heterónimo” da grande equipa que fomos nos anos 60. Mas temos um estádio novo ...

No Benfica verifica-se que, não frequentemente, se opta pelo acessório em detrimento do produtivo. Opta-se pela aparência em detrimento da substância. Bem, não era para este caminho que queria conduzir o texto, mas já que foi, assim fica. Cada um tire as conclusões que entender.

Voltando à componente desportiva, o Barcelona é mais parecido com o Benfica, embora historicamente seja o Real Madrid o clube “irmão” de Espanha. E porquê? Porque o Barcelona pratica o ecletismo (não tão pronunciado) como o Benfica. Ao contrário do Real Madrid que aposta praticamente apenas no futebol e basquetebol. E Madrid não tem mar, como Barcelona...

Nos últimos anos, apenas jogamos por duas vezes contra o Barcelona na competição que sucedeu à antiga Taça dos Campeões Europeus: nas meias-finais da época 91/92, disputada em fase de grupo com 4 equipas, da qual saiu um finalista (que foi o Barcelona, vencedor na final por 1-0 à Sampdória), nos quartos de final da época 2005/2006. Perdemos os 2 jogos em Espanha por 2-1 e 2-0, empatamos a zero os dois jogos em Portugal.

Em 91/92 lembro-me que o jogo foi o último da fase de grupos, e quem vencesse apurava-se para a final, embora ao Barcelona bastasse o empate. O Benfica conseguiu empatar não só o jogo como ameaçar várias vezes a baliza adversária, tendo tido algumas situações de golo que não foram concretizadas. Como sempre é o nosso triste fado, foi o Barcelona que conseguiu marcar o 2º golo e resolveu – com alguma naturalidade – a contenda a seu favor.

Em 2005/06 fui à Luz ver o jogo e do 2º anel consegui ver um penalty a nosso favor, que o árbitro assistente, no meu enfiamento – e no da jogada – não conseguiu ver. Mais ou menos como o Chelsea no ano passado. E também me recordo que o meu filho, com 11 anos na altura, que ficou sentado noutro lugar mais atrás, me disse “ó papá, o homem que estava trás de mim só estava a dizer asneiras”. A inocência das crianças...

Bom, hoje é o dia B. Espero que seja o dia em que o Benfica consiga ganhar ao colosso Barcelona nem que seja com um golo marcado com a mão na própria baliza. Um dia em que a cultura da aparência consiga ser superior à cultura da substância. Um dia feliz para mim e milhões de adeptos do Benfica...

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O petardo



Portugal, 1 de Outubro de 2012

Na última Assembleia-geral para aprovação das contas do clube, rebentou um petardo que marcou, a já de si “quentinha”, reunião magna dos sócios benfiquistas. Não bastou a reprovação das contas - pela primeira vez no consulado Vilarinho/Vieira - como o evento haveria de ficar marcado por um inédito “estourote”...

Como é óbvio, a comunicação social, seus jornalistas e em particular os tais analistas que falam de tudo e não sabem de nada, utilizaram esse incidente para exagerar o clima de crispação que se vive no Benfica, entre a Direcção, e em particular o presidente, e os sócios do Benfica. O costume... tudo serve para desestabilizar e os que já se esqueceram como foram empolados alguns incidentes nas AG’s ao tempo do Dr.º Vale e Azevedo, deviam meditar mais no papel dos “media” no agravar das tensões e criação de divisões.

Devo dizer que, apesar de ser anti-vierista da 1ª hora, não me parece que o petardo possa beliscar o voto de protesto que os sócios do Benfica registaram por votação, minutos depois. Basta comparar com o que se passou no ultimo Conselho de Estado realizado no Palácio de Belém, ou comparar com a manifestação nas cercanias da Assembleia da República, onde democraticamente se exprimiu um protesto pela actual situação económico-financeira do país, e onde pouco civilizadamente, se rebentaram não um, mas vários petardos e bombas de fumo, acompanhadas por apedrejamento das forças policiais que, felizmente para os manifestantes, comeram e calaram.

Ora os benfiquistas comportaram-se incomparavelmente melhor. Sinal que apesar das profundas divergências, ainda têm pelo Sr.º Vieira mais consideração, do que alguns portugueses têm pelos políticos da nossa praça. O rebentamento do petardo na AG do Benfica, não veio pois por em causa a democraticidade e resultados da votação, antes veio abalar profundamente os alicerces do edifício construído em torno da imagem do Sr.º Vieira e que os poderes instalados no futebol, querem que se confunda com a centenária instituição que é o Sport Lisboa e Benfica.

De facto, rejeitando as Contas referentes ao exercício fiscal de 2011/2012 os sócios quiseram registar o seu desagrado pelo falhanço do “mandato desportivo” (que a propaganda Vieira construiu nas últimas eleições), pelo não entendível aumento do Passivo consolidado e por mais uma situação de falência técnica (contrariando a propaganda Vieira sobre a “estabilidade financeira”).

O petardo veio sublinhar o veto político dos sócios à gestão mentirosa da Direcção, e por isso este veto irá perpetuar-se no tempo de forma mais eficaz. As conclusões desta AG serão lembradas e sem o petardo possivelmente seriam varridas para debaixo do tapete, pela mesma comunicação social que exige ao treinador que faça “milagres” para compensar os erros da Direcção. Não tem sido assim nos últimos 11 anos, desde a “equipa maravilha” da época 2001/2002?

Na história do Benfica, nenhum outro presidente teve tão boa comunicação social como Vieira, fruto da sua relação de amizade com Joaquim Oliveira e dos interesses do BES que defende no Benfica. Nunca há uma fotografia mal tirada, nunca há notícias sobre a situação das suas empresas (comparar com Vale e Azevedo), raramente sai um artigo de opinião que relacione a gestão financeira com o insucesso desportivo (já que não gostam de explicar com arbitragens), etc. E assim o seu projecto de subalternidade para o Benfica, que aliás já vinha do mandato de Vilarinho, consegue passar como bom, no futuro... 

Mudando de “petardos”, os analistas afectos ao SCP foram dos que mais pegaram no tema, para exemplificarem - uma vez mais - que no SCP tudo é diferente. Seguramente já esqueceram o que se passou em 29 de Setembro de 2005 e relatado em vários órgãos de comunicação social, sendo esta a versão do RECORD:


A Assembleia-geral (AG) do Sporting ficou ontem marcada por enorme contestação à actual direcção e uma tentativa de agressão aos elementos da mesa por um grupo aparentemente organizado de 20/25 sócios. Num ambiente de enorme agitação, os sócios leoninos aprovaram o Relatório e Contas”. “A dada altura, vice-presidente da mesa, Carlos Sequeira, não se conteve: “Vocês envergonham o Sporting!” Uma reacção surgida depois do presidente da mesa, Galvão-Telles, ter ameaçado expulsar o conjunto de sócios. O grupo insultou então os dirigentes, dirigindo-se à mesa. Só a intervenção de um corpo de segurança privado evitou que algo de pior sucedesse”.

O SCP é de facto um clube diferente... batem recordes de amnésia...