quarta-feira, 23 de maio de 2012

Um balanço do Campeonato


Portugal, 23 de Maio de 2012

Finda a época futebolística, esperei alguns dias para ver se alguém fazia de forma serena, um balanço do campeonato de futebol, mas como ninguém deu o passo em frente, decidi coligir alguns dados que na minha opinião, servem para ilustrar com objectividade como correu esta época.

Ficamos em 2º lugar com 69 pontos (77% de pontos ganhos, atrás dos 83% do FCP), com o 2º melhor ataque (66 golos atrás dos 69 do FCP) e com a 3ª melhor defesa (27 golos, atrás dos 26 do SCP e dos 19 do FCP). Comparando com a época anterior, melhoramos na percentagem de pontos (de 70% para 77%), reduzimos a distância pontual para o 1º lugar (de 21 para 6), melhoramos nos golos marcados (66 contra 61), melhoramos nos golos sofridos (27 contra 31), mas pioramos na série de vitórias consecutivas, 8 contra 11. Fomos também a equipa que virou mais vezes o resultado, 5 contra 4 do Paços, 3 do Braga e 2 do FCP.

Por curiosidade foi do Braga a melhor série de vitórias esta época, com 13 consecutivas que deram a ilusão de que poderiam lutar pelo título, sendo as 8 do Benfica, o 2º melhor registo neste aspecto.

Também por curiosidade e a propósito dos analistas desportivos, ou melhor, os avençados do sistema terem dito que este era o pior FCP dos últimos anos, se compararmos com o FCP da época anterior, o melhor FCP de sempre, verificamos que fizeram menos 10% de pontos (83% contra 93%), marcaram menos 4 golos e sofreram mais 3 golos. Diferenças mínimas como se pode constatar. 

Se compararmos este FCP com o de Jesualdo que venceu o “tetra”, verificamos que este “pior” FCP marcou mais 5 golos, sofreu mais 1 golo e fez mais 5 pontos! Onde está então o “pior” FCP? Vamos ser claros: o “pior” FCP foi uma cassete “comercial” que foi lançada, como noutros anos são lançadas outras, para confundir os adeptos do futebol. Neste caso do Benfica. Isto é, procurando desviar as atenções para cima do nosso treinador, com os supostos erros de táctica, invenções e teimosias, quando o título foi decidido por erros de arbitragem. Há que manter tudo como está nos últimos 18 anos, no mínimo. Também é melhor para os jornalistas, pois têm menos chatices...

A explicação para não sermos a melhor equipa nos golos marcados é simples. O FCP marcou 9 vezes de penalty (1 falhado), contra 6 do Benfica (2 falhados). Nos golos sofridos, o FCP uma vez mais foi a melhor defesa, não porque tenha bons defesas ou modelo de jogo, mas porque os árbitros defendem a forma de jogar do FCP. Irei desenvolver este tema em futuros artigos.

Nas restantes competições, a desilusão apenas aconteceu na Taça de Portugal, onde fomos eliminados pelo Marítimo depois de estarmos a vencer por 1-0 (o 2º golo foi um “frango” do Eduardo, mas como Eduardo soa melhor que Roberto, ninguém falou nisso). Se eliminássemos o Marítimo teríamos que nos deslocar a Alvalade, o que também não seria fácil, num cenário de gestão de equipa e arbitragem adversa.

Na Taça da Liga, defendemos bem o título e para certos adeptos do Benfica que pouco percebem de futebol, a vitória da Académica na Taça deveria servir para ensinar algo sobre o que é ganhar. Dá trabalho e requer talento e humildade em doses adequadas. Atributos raros entre esse tipo de adeptos. Contudo desta Taça pode-se extrair uma conclusão importante que permite perceber como insto funciona. Dado que eliminamos o FCP para chegar à final, percebe-se que sendo uma Taça que eles desvalorizam, não apostam tanto na arbitragem, ou em quem a comanda. Daí o Benfica, com regras mais ou menos iguais de arbitragem, ter conseguido ser superior ao FCP. No campeonato não, como se sabe.

Por último, na Champions ultrapassamos largamente as expectativas iniciais, que era passar aos oitavos de final. Chegamos aos quartos de final com vitória na fase de grupos, sem derrotas, o que é notável. Pela 2ª vez nas últimas 3 participações, fomos eliminados pela equipa que se sagrou campeã europeia. No ano passado o Shalke04, a tal equipa com que deveríamos ter disputado a passagem à fase seguinte, segundo os avençados, chegou às meias-finais, o que não deixa de ser sintomático...
No geral, tivemos um boa época futebolística que não podemos manchar pelo facto de não termos ganho o campeonato. No FCP qualquer um ganha o título desde que os árbitros arbitrem a seu favor e simultaneamente contra o Benfica. Só a favor do FCP já não chega ...

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Um projecto de continuidade


13 de Novembro de 2003

Considerando que Filipe Vieira ganhou as eleições numa base de “continuidade” com o mandato anterior – segundo o que os “media” defenderam nos últimos 15 dias de campanha eleitoral, digamos que este mandato começa “bem” com uma derrota caseira com o Beira Mar.

Depois de registar o pior recorde da história futebolística do Benfica ao serem eliminados em casa pelo Gondomar da 2ª divisão B, ficarem dois anos consecutivos em 6º e 4º lugar na Superliga nas que são as piores classificações dos últimos 60 anos, ficarem dois anos consecutivos arredados das competições europeias no que é feito inédito pela negativa na história do Benfica, o novo mandato da “consolidação” e “recuperação” financeira, começa com mais um recorde: a primeira derrota caseira com o Beira-Mar na história da vida do Benfica.

Não pode surpreender que isto aconteça. Só adeptos muito distraídos ainda não perceberam que este Benfica não é o “nosso” Benfica. Este Benfica é o Benfica da comunicação social, é o Benfica dos interesses económicos (com o BES à cabeça) e interesses desportivos e económicos (com a Olivedesportos à cabeça) instalados no futebol português. Este é pois um Benfica governado de fora para dentro, sem garantia que as forças exteriores que comandam o Benfica (como comandam parte do Sporting e FCP) queiram o melhor para o nosso Benfica.

E como é o Benfica desta cambada toda, ninguém se entende. Aqueles que acharam inoportuno falar de reforços na campanha eleitoral, são os mesmos que agora fazem apelos ao SOS reforços (1ª página de A BOLA). Ninguém se entende porque como temos repetidamente denunciado através do movimento BASTA (benfiquistas anónimos saturados de tanta aldrabice), o Srº Vieira é um verbo de encher neste projecto, já que toda a estratégia económica e desportiva do Benfica é desenhada nos escritórios do BES e nos da Olivedesportos. O Srº Vieira limita-se a executar ...

Talvez por isso é que em mais de 2 anos de mandato como Gestor e Presidente da SAD do Benfica, NUNCA um jornalista questionou o Srº Vieira sobre um mau resultado das suas equipas de futebol. Sobre a descida de divisão da equipa B. Sobre as derrotas das equipas da formação. Sobre a ausência de jogadores da formação na equipa principal.

E assim, sem ser pressionado pelos maus resultados (os piores da história do Benfica), o Srº Vieira – candidato do BES e da Olivedesportos, nunca viu a sua imagem de gestor beliscada (ao contrário de Vale e Azevedo) e até conseguiu a proeza de ver o seu nome ligado à construção do Estádio quando ele tinha defendido o Estádio Municipal. E conseguiu a proeza de ser referenciado por ter desbloqueado diversos aspectos do financiamento quando (soube-se agora) apenas se limitou a introduzir o BES no negócio já que não há qualquer aval pessoal dele sobre o financiamento concedido ao Benfica.

Este é o Benfica da mentira continuada. Sim, a única coisa que continua da anterior Direcção é a mentira, a omissão, a calúnia, a falta de respeito pelos sócios. Mas como tudo na vida, quando se pratica o mal recebe-se o troco mais depressa do que se pensa. Para já foi o Beira Mar. Seguem-se novos episódios ...

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Ainda a comunicação social


Quinta-feira, 16 de Setembro de 2004

O Benfica tem todos os jogadores disponíveis e não é por aí que haverá surpresas. Resta saber se Trapattoni jogará com 1 ou 2 pontas de lança contra uma equipa claramente inferior à do Benfica”. Foi assim com esta crítica sibilina – mais uma – ao treinador do Benfica, que Fernando Correia um “lagarto” incontornável, terminou a sua crónica de ontem para a TSF. Desde logo vieram-me várias coisas á cabeça.

Para começar, registo que a TSF é a rádio onde existem, por metro quadrado, mais jornalistas e comentadores adeptos do Sporting e anti benfiquistas. O Benfica tem sempre de levar ou com este Fernando Correia e Pedro Gomes (outro sportinguista) ou com o “ripa-na-rapa-keka”.

Por ser uma rádio de sportinguistas (e portistas, na redacção do Porto) é que a última jornada da Superliga foi vista por estes cavalheiros com os seguintes títulos: “Benfica vence mas não convence”, “Setúbal vence Sporting e reassume comando”, “FCP estreia-se com empate em Braga”. De facto daqui percebemos com alguma facilidade, que o Sporting não perdeu nem deixou de convencer e o FCP empatou e convenceu. O “piorzito” foi o Benfica que venceu sem convencer. Ou seja quem ganhou foi penalizado pela crítica... fantástico! São estes os critérios “lagartos” que tanta influência tem nas mentes desatentas dos adeptos dos benfiquistas.

A táctica de Fernando Correia, tal como a de Gabriel Alves e outros que agora não menciono é simples: identificando o responsável pela táctica – Trappatoni – cria-se um alvo de fácil alcance para a ilíteracia dos adeptos e a sua falta de cultura táctica. O objectivo é só um: destruir. O Benfica, pois claro...

Querem lá eles saber que o Real Madrid tenha perdido 3-0 com uma equipa que sendo forte, fica a milhas da qualidade individual dos jogadores do Real? Alguém se deu ao trabalho de referir quantos jogadores com características ofensivas o Real Madrid jogou? Raúl, Beckham, Ronaldo, Zidane e Figo? Se isso não bastou ao Real porque razão o Srº Fernando Correia coloca dúvidas que apenas conduzem os adeptos a criarem uma pressão nefasta sobre o numero de golos que vão exigir ao Benfica?

Tenho aqui a relação de adversários que o FCP defrontou na sua caminhada até à vitória na Taça UEFA: Polónia Warsaw, Áustria Viena, Lens, Denizlispor, Panatinaikos e Lázio. Destas pelo menos o Polónia e o Denizlispor estão ao nível do Dinamo de Bistrica. Alguém é capaz de apostar que um qualquer Fernando Correia se atreveria a enviar um recado desses (se joga com um ou dois pontas de lança) ao FCP?

Já agora, não me lembro como o FCP jogou esses dois jogos. Mas perdeu um e empatou o outro. E se fosse o Benfica?

sábado, 5 de maio de 2012

Campeonato da fraude - T18 parte IV (última)


Portugal, 5 de Maio de 2012


O campeão da fraude vai ser hoje entronizado e para que a festa seja mais irónica, o convidado de honra é o SCP. Os seus “compagnons de route” desde 1995 quando ambos optaram pelos mesmos modelos de SAD e grupo empresarial. Foi na época 1994/95 que o Organismo Autónomo organizou a partir do Porto o 1º campeonato, e o FCP de Bobby Robson venceu com 91% de pontos ganhos, o 2º melhor registo dos últimos 25 anos ... o maior foi Villas-Boas com 93%, ele que foi o pior treinador da era Abramovitch. Adiante.


O controlo que o FCP hoje dispõe no circuito que envolve tudo que é arbitragem, e que antes, com a FPF, tinha de dividir com clubes importantes das Associações que dividiam a influência com a AF Porto, esse controlo resulta de uma vontade, de uma estratégia, de um plano bem arquitectado e melhor executado.


Enquanto em Lisboa se privilegiou desde sempre a tese dos “erros próprios”, mudando-se de jogadores, mudando-se de treinadores e até de Presidentes, no Porto optou-se pelo controlo da arbitragem como forma de garantir melhores desempenhos em campo. E destes resultam mais facilmente vitorias, mais pontos, mais pressão sobre os adversários directos, mais títulos de campeão. Se em simultâneo os adversários directos fossem impedidos de ganhar com a facilidade que o seu futebol merecia, então essas conquistas podiam ser ainda maiores, mais “nítidas”, mais “convincentes”.


Alguém publicou os seguintes dados, referentes ao período 1984/2003, que na altura recolhi num site e que exemplificam o que mudou na arbitragem com esta estratégia do FCP: penalties a favor do FCP, 173, contra, 40. Penalties a favor do Benfica 130, contra, 55. Penalties a favor do SCP 123, contra, 41. Cartões amarelos FCP 1185, Benfica 1225, SCP 1291. Cartões vermelhos FCP 73, Benfica 98, SCP 88. Não por acaso o FCP ganhou 490 jogos, empatou 120 e perdeu 62. O Benfica também não por acaso ganhou 420, empatou 155 e perdeu 97. O SCP ganhou 383, empatou 168 e perdeu 120.


Tenho pena que não se possa fazer a destrinça entre as épocas 84/85 a 93/94 e 94/95 até 2002/03, para verificar a diferença destes dados, entre a arbitragem na FPF e a arbitragem na Liga. Desta maneira as conclusões ficam um pouco limitadas. Menos no essencial: o FCP é o clube que tem mais penalties a favor, menos penalties contra, menos cartões amarelos, menos cartões vermelhos. Como consequência é o clube que apresenta mais vitórias, menos empates e menos derrotas. Ou seja, por tabela é o clube que faz mais pontos. E que ganha mais campeonatos!


Não perceber isto é não perceber o futebol e não perceber porque razão Lisboa perdeu o protagonismo no futebol e se limitam a ser os maiores financiadores de uma “festa” (campeonato) de que estão condenados a ficar sempre á porta enquanto vêm os outros divertirem-se. Na presente temporada se mais exemplos fossem precisos, basta concentrarmos a nossa atenção na jornada 28, a que fez o FCP sagrar-se campeão uma vez mais.


Assim no Marítimo - FCP um árbitro que em tempos foi pressionado pelo FCP como ficou evidente nas escutas entre Pinto de Sousa e Pinto da Costa, (2003) esse desgraçado não podia assinalar penalti contra o FCP, quando Hulk agarrou Heldon de maneira mais evidente que Luisão sobre Wolswinkel. Porque estava 0-1 para o FCP e o título ficava mais longe. Até porque o Marítimo estava a jogar melhor. Então fez o que manda o “manual”: cartão amarelo para o atacante! De seguida na recta final, conseguiu ver penalty num lance em que Djalma se projecta contra o defesa do Marítimo que assim leva 2º amarelo e é expulso!


Ou seja, o FCP jogou mal e graças a 2 decisões invertidas do árbitro, ganhou 2-0. Se fosse o Benfica era assinalado o penalti contra, e o jogo se calhar era empatado ou perdido se o árbitro inventasse umas faltas contra o Benfica nas imediações da área e uma delas desse golo, como Xistra fez em Guimarães.


Em Vila do Conde, a nomeação de Olegário foi desde logo uma provocação após os erros da época passada no Guimarães - Benfica e após este árbitro ter sido retirado dos jogos do Benfica, numa aparente (só aparente) atitude de respeito pelo Benfica.


Olegário até arbitrou razoavelmente bem até aos últimos 10 mn, onde percebendo que o FCP estava quase a ser campeão, permitiu condutas ilegais aos defesas que resultaram em 2 penalties não assinalados a nosso favor. Teve “azar” pois o jogo estava-lhe a correr “bem”, o Benfica até estava empatado por mérito do Rio Ave e por desacerto nosso, quando entretanto os defesas do Rio Ave decidiram abusar da generosidade do árbitro e entalaram-no, obrigando a mostrar de que lado sempre esteve. É esta a história deste campeonato da fraude.

http://www.youtube.com/watch?v=Dg0FwoqTwfo&feature=youtu.be


quinta-feira, 3 de maio de 2012

Campeonato da fraude - T18 parte III


Portugal, 3 de Maio de 2012


Indubitavelmente o aumento do sucesso futebolístico do FCP está associado à transferência da organização dos campeonatos para a Liga de Clubes, e a concentração dos interesses em torno da arbitragem, num único clube beneficiário: o FCP.


A arbitragem é a explicação para o sucesso do FCP e insucesso do Benfica (e SCP também), embora uma larga maioria de adeptos discorde sem perceber que em nenhum clube do mundo há um treinador que seja perfeito e não cometa erros. E sem perceber que falar de treinadores e jogadores no Benfica é uma boa estratégia da comunicação social para não se falar dos erros de arbitragem que valem pontos. Critério diferente quando acontecem a FCP e SCP.


Erros de árbitros sempre existiram e irão existir. Não é destes erros associados à limitação humana ou contingência dos lances, que estou a falar. Estamos a falar dos erros direccionados de acordo com uma lógica. Uma lógica de poder: favorecer quem manda, prejudicar quem pode disputar o sucesso de quem manda. Favorecer o FCP. Prejudicar o Benfica. E isto pode ser feito de muitas maneiras, no próprio jogo, e em muitos patamares distintos, envolvendo interesses de outras equipas.


Alguém se lembra da última vez que o FCP sofreu um golo em fora de jogo? Alguém se lembra da última vez que um jogador do FCP fez 2 faltas e foi expulso com 2 cartões amarelos? Alguém se lembra da última vez que o Benfica marcou 1 golo em fora de jogo de metro ao FCP? E no Benfica?


O controlo da arbitragem foi um objectivo de sempre da estratégia de Pinto da Costa e José Maria Pedroto. Consta-se que Pedroto esteve para assinar pelo SCP de João Rocha e foi travado por uma exigência de última hora: exigiu dinheiro para comprar árbitros. Na altura o presidente do FCP não alinhava com Pedroto e Pinto da Costa estava “exilado” em Guimarães como Director Desportivo...


Passando à frente deste período que levou o FCP ao controlo da organização dos campeonatos, a Liga de Clubes, a prova que eles levam isto a sério foi quando Manuel Damásio, como presidente (figura decorativa) da Liga de Clubes, introduziu o sorteio dos árbitros para terminar com as suspeitas. Ora que fez de imediato Guilherme Aguiar, como Director Executivo da Liga? Um regulamento que acabou por "matar" o sorteio ao fim de 2 ou 3 épocas, já que as regras eram tantas e restritivas, que em muitos jogos acabava por existir apenas 1 árbitro para ser sorteado. E voltou-se às nomeações. Tinham ganho outra vez...


Mas não foi só isto. Tudo isto (sorteio ou nomeações) era tão bem feito que Paulo Paraty arbitrou os 4 últimos jogos que o Chaves fez com o Benfica em sua casa: 2 por sorteio e 2 por nomeação! (e lembro-me bem como vencemos lá 1-0 em 1995 terminando o jogo com 9). Já na Luz pelo menos os últimos 2 jogos foram arbitrados por João Mesquita, curiosamente também árbitro da AF Porto! 


Nada disto acontecia por acaso assim como quando Laureano Gonçalves se demitiu da presidência da Comissão de Arbitragem, as gentes da AF Porto ficaram em relativo alvoroço, como deram conta no JN. Diziam eles que “não queriam perder o que tinha dado tanto trabalho a alcançar”. 


Assim enquanto as gentes de Lisboa se afundavam na teoria dos “erros próprios”, mudando de treinadores, de jogadores e até de Presidentes, as gentes do Porto burilavam o seu sistema de controlo da arbitragem até roçar um nível de perfeição. Como na actualidade!


Hoje o FCP controla por via directa ou indirecta, todo o aparelho que começa no presidente da Comissão de Arbitragem, os seus 2 vogais, o gabinete de apoio técnico, os observadores dos árbitros. O controlo é quase TOTAL...


Este controlo permite que se criem circuitos de procedimentos entre todos estes “agentes”, de modo a que as leis de jogo sejam “re-interpretadas” conforme os interesses a proteger. Assim surgem as regras do “manual de arbitragem” que tanto tenho referido, que não sendo um documento escrito e de distribuição (não se pode deixar provas), mas que vemos em praticamente todos os jogos e que se baseiam na dualidade de critérios...

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Campeonato da fraude - T18 parte II


Portugal, 2 de Maio de 2012

Como referi no texto anterior, há 18 anos que os campeonatos de futebol profissional são organizados pela Liga de Clubes sedeada no Porto. Os campeonatos da fraude. Também referi que esta mudança de local e entidade organizativa, foi vista por gente de responsabilidade no domínio da opinião mediática, como a entrada em vigor de uma nova ordem no futebol nacional.

Os números de facto assim comprovam. Nestes 18 anos de Organismo Autónomo e Liga de Clubes, o FCP venceu 13 campeonatos (72%), o Benfica e SCP venceram 2 cada um, e o Boavista ganhou 1. Por comparação, nos anteriores 15 campeonatos organizados pela FPF (lamento não ter dados sobre os anteriores 18 anos) o Benfica venceu 7, tantos como o FCP (47%), e o SCP venceu 1.

Se o algodão não engana, os números também não: a mudança de entidade organizativa dos campeonatos apenas favoreceu um clube, o FCP! Não por mera coincidência, o clube da cidade onde se localiza a Liga de Clubes.

Importa colocar então uma questão. Se o Presidente do FCP e estrutura do clube continuaram as mesmas, como é que a sua eficácia nos campeonatos ganhos, quase duplicou?

Para tornar a pergunta mais difícil, poderemos acrescentar que os principais rivais do FCP, Benfica e SCP, até se reforçaram cada vez mais, melhoraram vários aspectos da sua organização interna, endividaram-se para sustentar uma estrutura futebolística mais competitiva, e contudo o FCP passou de 47% de campeonatos ganhos num intervalo de 15 anos, para 72% num intervalo de 18 anos.

A resposta terá de ser encontrada no controlo da arbitragem.

Na altura criou-se a ideia de que o FCP ganhava mais títulos porque as Associações de Futebol, com a do Porto à cabeça por ter maior número de votos (função do número de clubes), controlavam a arbitragem e demais lugares da FPF. Eu próprio vi com bons olhos, a mudança da FPF para a Liga de Clubes, porque assim as Associações deixavam de mandar na Arbitragem. Apenas achei um ponto frágil à instalação da Liga no Porto, mas dei o benefício da dúvida essencialmente porque as jogadas (também conhecidas por “chitos”) de Adriano Pinto, iam acabar.

Passados estes anos todos, tenho de reconhecer que era uma análise errada. O controlo da arbitragem deixou de ser negociado entre 4 das maiores Associações de Futebol do País, Porto, Braga, Funchal e Aveiro, para passar a ser controlada pela teia de interesses económico - desportivos que a nova estrutura dos clubes / SAD passou a representar. Todos os clubes e SAD’s aumentaram a dependência dos direitos televisivos, detidos em exclusividade pela Olivedesportos, e do seu parceiro económico, o BES que viu no futebol um bom nicho de mercado (que lhe tem proporcionado bons retornos financeiros, como eles reconhecem).

Assim, se antes as Associações “cozinhavam” as listas para as eleições e dividiam entre si os interesses, com a Liga quem “cozinha” as listas é o FCP através de outros clubes, com o beneplácito da Olivedesportos e do BES. Obviamente que o FCP nunca apoiou qualquer lista para a Liga, nem mesmo a última com Fernando Gomes um fanático adepto do FCP, que enquanto presidente da Liga de Basquetebol nos anos 90 do século passado, conseguiu a proeza de “arrumar” a equipa do Benfica que dava cartas na Euroliga (a Champions do Basket).

Na estrutura “Associações”, os interesses eram divididos. Na estrutura “Liga”, os interesses são concentrados e o FCP é o denominador comum. Terá pois de se estabelecer uma relação de causa e efeito, entre esta nova ordem do futebol e os resultados do FCP.

Em particular não nos podemos ficar apenas pelo número de títulos conquistados, 13 em 18, mas na qualidade desses títulos. Se a Liga ajudou o FCP a ganhar mais do que ganhava quando a FPF e as Associações organizavam as provas, também a presença de Fernando Gomes na Liga está a ser caracterizada por vitórias mais fáceis ou menos previsíveis

Nestes dois últimos títulos, o FCP conseguiu 93% de pontos com Villas-Boas (o pior treinador da era Abramovitch) e se Vítor Pereira conseguir ganhar os 2 jogos em falta, faz 83%. Estes 2 resultados estão entre os melhores 4 que o FCP fez no milénio, e obviamente isto tem de fazer pensar como serão os campeonatos seguintes...

Até porque o Benfica fez 70% num caso (depois de perder o título, Jesus optou por rodar a equipa para poupar titulares para a Taça de Portugal e Liga Europa) e 77% neste ano se ganharmos os 2 jogos em falta. E 77% é apenas a 2ª melhor pontuação que o Benfica conseguiu nestes 18 anos (a maior são os 84% de Jesus há 2 anos). Não foi pois pelo treinador que o Benfica perdeu este título...