Portugal, 31
de Janeiro de 2014
Ando há uns
tempos para escrever umas notas sobre os
famigerados “erros” de Jesus que foram responsáveis pelo total fracasso da
época passada, segundo a maioria dos entendidos do “futebolês”, incluindo muita
gente do Benfica, desde os notavelmente conhecidos da comunicação social, ao
simples adepto de blogue, fórum ou comentarista nos onlines desportivos.
Estiveram em
causa essencialmente 3 jogos: FCP-Benfica, Benfica-Guimarães e Chelsea-Benfica,
que não foram jogados por esta ordem.
No FCP 2 –
Benfica 1, as equipas alinharam, levaram amarelos e fizeram substituições, como
se segue:
Benfica: Artur (amarelo mn 85), Luisão, Maxi, Garay, André
Almeida, Salvio, Gaitan, Enzo Peres (amarelo mn 46), Matic (amarelo mn 59), Ola
Jonh, Lima.
FCP: Helton (amarelo mn
90+3), Danilo, Mangala, Otamendi, Alex Sandro, Varela, Fernando (amarelo mn
66), Moutinho, Lucho e James (amarelo mn 56), Jackson.
Substituições Benfica: (1) aos 66 mn sai Gaitan e entra
Roderick; (2) aos 73 mn sai Lima e entra Cardozo; (5) aos 84 mn sai Ola Jonh e
entra Aimar.
Substituições FCP: (2) aos
73 mn sai Fernando e entra Defour; (4) aos 78 mn sai Lucho e entra Kelvin; (5) aos
84 mn sai Danilo e entra Liedson.
A) como se pode ver, a
equipa que precisava de ganhar, o FCP, alinhou só com 1 ponta de lança. Mas
nos dias seguintes e ainda hoje, Jesus levou (e leva) com o rótulo de “ter medo
quando joga com o FCP”. B) o Benfica
foi a 1ª equipa a mexer, reordenando o meio campo com entrada de Roderick para
os processos defensivos e subida de Matic para processos ofensivos, compensando
saída Gaitan, mantendo Ola Jonh e Salvio nas alas. Gaitan estava a jogar atrás
do ponta de lança, Enzo deve ter ocupado esse lugar. C) Apesar de precisar de ganhar e estar empatado, na 1ª substituição,
o FCP trocou de médios, Fernando por Defour aos 73 mn. No Benfica isso seria entendido como uma troca com rótulo: “não arriscou”.
Jesus respondeu trocando de pontas de lança, substituindo o móvel Lima pelo
posicional Cardozo, de forma – pelo menos assim interpreto – a segurar as
movimentações ofensivas dos defesas centrais do FCP. Que por sua vez obrigou a
maior cuidado defensivo dos médios. D) a
12 mn do final, o FCP que precisava de ganhar, fez finalmente uma substituição
“arriscada”. Tirou um médio mais criativo Lucho e meteu um ala rápido
Kelvin. Objectivo: pressionar a defesa do Benfica pela frescura do substituto.
Mas ao perder um médio de qualidade, que pautava o seu jogo, o FCP corria o
risco de jogar atabalhoadamente, tanto mais que não tinha Fernando o único
trinco que sabe fazer bem de pêndulo defesa/ataque. E) a 6 mn do final do tempo
regulamentar, e com o Benfica com o jogo
claramente controlado, o FCP fez uma substituição de desespero,
tirando Danilo (defesa esquerdo) e metendo Liedson (avançado móvel). Em
simultâneo Jesus tirou Ola Jonh (médio ala) e meteu Aimar, médio criativo. 7 mn
depois, com a equipa do Benfica subida no terreno, há uma perda de bola, o FCP
faz um rápido contra ataque e mete o golo que tornou Kelvin famoso.
A explicação para mim,
é pois bastante simples. Não foi Roderick que falhou, pois ele apenas foi
“dobrar” um colega que estava mal posicionado (em movimento de ataque). O lance
acontece pelo balanceamento ofensivo que a entrada de Aimar provocou! Aimar não podia ter entrado naquele momento,
excepto se Jesus ainda quisesse ganhar o jogo, pois toda a gente sabe que
Aimar dá qualidade à posse de bola e é quase zero a defender sem bola. Com o
FCP a meter médios e avançados, por troca com médios e defesas, com o FCP a
refrescar o ataque e a ampliá-lo, o Benfica deveria ter apostado no músculo do
controlo e contenção, e não na técnica do ataque. JJ quis ganhar o jogo. Perdeu-o. Foi medroso, como disseram? Não! Foi atrevido, como é apanágio da cultura de
papagaio que faz moda recente no clube, privilegiando o jogar bem e marcar
muitos, em detrimento dos objectivos, que é empatar quando é preciso empatar, arriscar
quando for preciso ganhar.
Isto claro
está, se não se quiser perceber que antes disso, o FCP chegou ao jogo decisivo com demasiados pontos para o futebol que
praticava. E que sabemos, tal como agora no mn 94 da Taça da Liga, se deveu
a um conjunto de erros habituais e de manual, por parte da generalidade dos
árbitros. “Erros” tolerados e incentivados por quem manda na arbitragem, por quem
escolhe e avalia os árbitros, por quem lhes dá jogos ou não. Isto é, quem lhes
dá ou tira 1200 euros por uma tarde de domingo (fora as ajudas de custo)!
Não querendo
ir pela arbitragem, temos de olhar para dentro, para a nossa cultura, para quem
por actos e afirmações quer ser o que mais ninguém é. Temos um défice de humildade tremendo e frequentemente pagamos caro.
A época 2012/2013 ficará na história do clube/SAD pelas piores razões. Mas não podemos esquecer que também fizemos parte disso.