quinta-feira, 31 de julho de 2014

Amadorismos...

Portugal 28 de Julho de 2014

Ao fim de 4 jogos ditos de preparação, a equipa principal do Benfica acumula 3 derrotas consecutivas, todas pela margem mínima, embora cada uma com a sua história própria, mas todas com uma consequência comum: o desânimo e a dúvida que se vai instalando.
As pré temporadas do Benfica de Vieira, em particular deste porque lidera os destinos do clube/SAD desde 2003 como Presidente, mais dois anos como Gestor do Futebol, 13 anos completos no total, caracterizam-se por alguma volatilidade nas entradas e saídas de jogadores. Como tal, é difícil estabilizar um padrão de jogo porque os jogadores à experiência, ou contratados para serem emprestados, ou que tendo transitado estão ainda à procura da melhor forma.
A sucessiva rotação de jogadores da equipa principal aliada à sujeição desde cedo a testes difíceis perante equipas de bom nível e que, regra geral, mantêm os seus núcleos base, torna mais difícil de conciliar-se com bons resultados e/ou boas exibições. Por vias disso, na época em curso já somamos 3 derrotas....
Espanta-me contudo, que devendo estas premissas ser conhecidas pelos tais que supostamente deviam pensar o futebol da equipa principal, ninguém relacione os modelos de jogo com a situação que a equipa atravessa. Ou seja, sabemos que devido aos condicionalismos da gestão desportiva, entram e saem jogadores como se metem e tiram matraquilhos. E vamos optar por um modelo de jogo, o tradicional 4-4-2 em losango, que privilegia o movimento ofensivo e expõe a defesa ao menor erro?
Vejamos. Derrota com o SCP com 1 golo nascido de uma bola mal endossada pelo nosso meio campo, o adversário fez um rápido contra ataque porque podia, já que a equipa do Benfica estava balanceada no ataque e como tal tinha poucas unidades em posição defensiva. Logo havia mais linhas de passe que foram aproveitadas pelo ataque do adversário. Na derrota com o Marselha, o 2º golo nasce de erro quase idêntico ao erro cometido no jogo com o SCP. A diferença foi que o adversário neste caso conduziu o ataque pelo centro, enquanto no caso do SCP, o ataque foi conduzida pela lateral direita.
Excepção no jogo como Ajax, mas num jogo onde tivemos a infelicidade de falhar um penalty, marcado por um jogador que não se sabe se vai ficar ou sair, sendo as probabilidades da saída mais elevadas.
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Por razões diversas não consegui concluir o texto no dia que comecei, e já temos mais dois jogos para incorporar nesta “análise”. Uma vitória sobre o Sion e uma derrota com o Athletic de Bilbau. Em ambos os jogos prevaleceu o 4-4-2, com os mesmos jogadores à experiência e outros que aparecem no plantel fruto da relação de interesses que existe entre o Sr.º Vieira e o Sr.º Jorge Mendes.
Se na vitória sobre o Sion ficou a ideia que a superioridade do Benfica permitiria ter marcado 4 ou 5 golos, também ficou evidente que o Benfica não tem jogadores para os marcar. Isto é, conseguimos gizar algumas boas jogadas, mas quando ficamos em frente ao guarda-redes, os nossos jogadores, portugueses ou não portugueses, não conseguem ter as melhores opções de remate.
Obviamente que a vitória sobre o Sion enganou uns quantos inteligentes que escrevem em blogues e facebook, mais os que comentam na BTV a favor da estratégia desportiva do patrão, mas na realidade ficou a ideia que contra uma equipa mais organizada, com melhores jogadores e habituada a outras andanças competitivas, os falhanços do Benfica poderiam provocar mossa. Sem grande surpresa para mim (mas com enorme tristeza) vamos coleccionar mais uma derrota com o Bilbau (a 1ª da época por 2 golos de diferença), fruto também do amadorismo dos inteligentes que mandam no nosso futebol.
Para além do que já referi sobre a quantidade de jogadores que o Sr.º Vieira trouxe esta época para o Benfica, para além das lesões que apoquentam uns 3 ou 4 jogadores da equipa do ano passado (a que verdadeiramente tem qualidade) ainda temos as habituais opções de quem planifica a pré época (Rui Costa? Vieira? Jesus?) a optar por jogos diários contra adversários que descansam entre cada jogo. Não bastavam os problemas da falta de qualidade do plantel, da manutenção do modelo de jogo suicida do 4-4-2 agravado pelas experiências, ainda temos jogos diários contra rivais de boa qualidade, competência, regularidade e... descansados.....
O amadorismo campeia no Benfica e não se pode estranhar que em 14 anos apenas tenhamos ganho 3 campeonatos... há um denominador comum a todos os falhanços, e não é o Jesus...

Mas há que manter a calma. Vem aí o torneio dos Emirates com Valência e Arsenal. Em 6 jogos vamos com 4 derrotas. Vamos ver com mais 2 jogos como fica a estatística...

quinta-feira, 24 de julho de 2014

A (des)Honra....

Portugal 24 de Julho de 2014

Apesar da derrota com o SCP na final da Taça de Honra da AF Lisboa, a que somou ontem nova derrota com o Marselha, não estou – para já – preocupado com o sucesso da próxima época desportiva.
A derrota na AFL foi igual à da época passada, uma época que acabou em glória para o Benfica e em frustração para o SCP. Não é que goste de perder mas constata-se que o SCP se apresenta nessa fase da pré-temporada com mais jogos e mais entrosamento, e como tal aproveita as sucessivas “revoluções” de plantel que o Benfica vai fazendo.
Quanto ao Marselha, para além de estarem mais avançados na preparação, há dias golearam o Bayer Leverkusen por 4-1, se considerarmos que jogamos 30 mn com 10 jogadores, e que se apostou em alguns jogadores da Formação que estão a anos-luz do que a equipa principal precisa, enfim, perder por 2-1 nem foi um mau resultado de todo. Note-se que enquadro sempre a valorização das derrotas com a fase da época em que estamos. Uma fase de experiências que no Benfica assume contornos regra geral de grande experimentalismo, onde o treinador, por opção ou por obrigação, tem de fazer um grande número de experiências com um grande número de jogadores que a Direcção lhe coloca à frente.
O que me leva a escrever sobre a Taça de Honra da AFL é a transmissão televisiva da Benfica TV, que originou protestos ligeiros do SCP através da comunicação social, e apenas na terça-feira. Desde logo percebe-se que a contestação foi ligeira uma vez que só passados dois dias da final é que apareceram na comunicação social, sem identificação da origem específica de onde saíram as reclamações. Se da Direcção, se da Mesa da AG, se das Claques, etc.
Mas já antes tinham publicado em “Abola” a marca de pitons nas pernas de um jogador sportinguista, o que não deixa de ser fantástico pela revelação de que se agarram a qualquer pormenor para se fazerem de vitimas. Não existem marcas de pitons nos jogadores do Benfica? Haverá seguramente, mas nós não somos iguais a eles. O que é pena. Porque no fundo o SCP conseguiu criar um caso mediático para esconder o óbvio: houve 1 penalty claríssimo sobre Gaitan, com 0-0, que a ser assinalado e convertido, alterava completamente o figurino do jogo.
Mas no Benfica, por instruções superiores, os treinadores não podem falar de penaltys, coisa que falam à vontade quando treinam FCP ou SCP. O exemplo de Fernando Santos ou Jesualdo Ferreira evidenciam que existe uma lógica de comando no Benfica que impede os treinadores de reclamarem. E percebe-se porquê. A gestão do Benfica está orientada para a criação de divida financeira e para darmos a ideia que somos um clube diferente, de boas maneiras, bem comportados.
O pior é quando temos de mostrar a entrega da Taça de Honra da AFL ao SCP e não conseguimos fazê-lo. E não se percebe. Se a BTV comprou os direitos do jogo, sabiam que uma das possibilidades seria a vitória do SCP. E outra das possibilidades seria a derrota do Benfica com o SCP, cenário que já tinha ocorrido no ano passado. Com justificar então o final abrupto da emissão? Com mais uma mentira. Disse o Director da BTV, Ricardo Palacin, que “o tempo de satélite tinha esgotado e que a programação da BTV tinha de seguir”. Falso. Se o Benfica tivesse ganho, a transmissão tinha sido interrompida? Claro que não! A programação teria sido a mesma? Claro que não.... e basta ver as épicas eliminatórias da Liga Europa, para perceber que quando o Benfica ganha há sempre sinal de satélite e que se lixe a programação.
Palacin mentiu, porque na realidade não quis difundir a cerimónia de entrega dos prémios ao SCP. Esquece-se que quando compramos direitos de jogos passamos a ser um operador televisivo como outro qualquer. Temos regras a cumprir. Não pode ser o vale tudo.
Mas neste Benfica, onde o presidente mente sobre os anos que leva de sócio, mente sobre os méritos da sua gestão, realiza uma estratégia escondida mas os outros de serem oportunistas, é natural que os funcionários do grupo Benfica também mintam, seguindo o exemplo do líder. Até porque a mentira neste Benfica não é passível de punição. O líder tem uma forma de se impor em que o que lhe interessa não são os valores ou a ética, mas a capacidade dos seus súbditos anularem a capacidade de pensarem e fixarem apenas o que ele diz.

Depois do triste episódio das luzes desligadas e rega no relvado, quando o FCP por incompetência do Sr.º Vieira e restante Direcção (será que existe?) comemorou o titulo na Nova Luz, ou do outro triste episódio com a cerimónia da entrega das medalhas aos derrotados na Taça de Portugal de 2013, mais este episódio da BTV, a conclusão que se tira é que este Benfica é uma enorme dor. 14 anos a fugir para a frente e ninguém vê a luz da glória ao fim do túnel....

sábado, 19 de julho de 2014

O rei vai nu...

Portugal 19 de Julho de 2014

Confirmaram-se alguns dos rumores que circulavam nas páginas dos jornais e restante comunicação social. Da equipa campeã que também venceu a Taça de Portugal e a Taça da Liga, e que foi finalista da Liga Europa, confirmam-se as saídas de Garay vendido por 6 milhões de euros, Siqueira com opção de compra de 7 milhões não exercida, Oblak vendido por 16 milhões (valor da cláusula) e Markovic por 25 milhões (cláusula de rescisão de 40 milhões).
Como se sabe, cada um destes jogadores nucleares (Markovic será o menos importante nesta perspectiva) teve uma história de saída distinta. (1) Garay que custava ao Benfica cerca de 3,5 milhões de euros anuais em salários e tinha contrato até Junho de 2015, foi vendido a preço de saldo naquilo que considero ser um “crime lesa futebol benfiquista”. (2) Siqueira, jogador que resolveu um problema com mais de 5 anos na lateral esquerda, não convenceu Vieira ou a Direcção do Benfica, a exercer a cláusula de compra de 7 milhões de euros, havendo duas versões antagónicas para justificar esta opção. O Sr.º Vieira disse que os salários pedidos por Siqueira eram incomportáveis para o clube/SAD (entrevista à RTP no Museu Cosme Damião), e o jogador desmentiu-o mais tarde dizendo que nem sequer chegaram a falar de salários. (3) Oblak tinha contrato até Junho de 2015, foi transaccionado pela cláusula de rescisão. (4) Markovic com contrato mais alongado, cujos direitos económicos repartíamos com um Fundo do empresário Pina Zahivi, foi vendido por 25 milhões, valor abaixo da cláusula de rescisão.
Pode-se concluir que existem diversos motivos para explicar cada uma das saídas, mas todos esses motivos afunilam numa só conclusão acerca da gestão económico - desportiva do Benfica e que se ilustra com a antítese da história do “rei nu”. Na realidade deste Benfica são os adeptos que vêm grande qualidade na roupa do rei, e o rei (mais um numero limitado de acólitos) é o único que sabe que não traz qualquer roupa vestida.
Para tirar estas conclusões baseio-me em dois vectores argumentativos que o Sr.º Vieira, aconselhado pelos seus acólitos, vai “vendendo” nas suas fugazes aparições televisivas: 1) sabemos para onde vamos, o caminho é longo e difícil, mas com a ajuda de todos seremos bem sucedidos, 2) este foi o último exercício em que tivemos de vender jogadores para equilibrar a situação financeira do Benfica.
Dando o crédito que estas mensagens não têm, como venho dizendo há anos, temos de concluir que a gestão do Benfica é uma farsa monstruosa. Uma farsa planeada, executada e publicitada com perversidade, na medida em que não é tido em conta a crença, sofrimento e paixão dos adeptos, mas todos os anos se inventa um qualquer novo argumento para continuar a planear e executar uma estratégia contra os interesses do Benfica, ou seja, contra a confiança, sentimentos e paixão dos sócios e adeptos.
Este tipo de gestão do vender rápido e na primeira oportunidade, só se explica pela mentira sobre a solidez das contas do Benfica e pela mentira sobre o benfiquismo do Sr.º Vieira. Não se pode entender de outra forma este tipo de gestão! O Benfica é campeão, tinha finalmente uma equipa estruturada a partir dos processos defensivos, tinha finalmente um defesa esquerdo consensual e competente, um guarda redes difícil de bater e com margem de progressão, defesas, médios, atacantes, enfim, poderíamos sonhar a passar à fase a eliminar na Champions League, e que faz o Sr.º Vieira? Isto que temos visto...
As perguntas que ficarão sem resposta são: se Enzo Peres renovou contrato antes de sair para o Mundial, como ele referiu, porque razão Oblak e Garay não tiveram igual tratamento quando se sabia que os seus contratos terminavam em 2015? Se a situação financeira do Benfica é equilibrada, o que leva o Benfica a vender Markovic, 19 anos e margem de progressão, por um valor muito inferior à sua cláusula de rescisão, que era de 40 milhões? Se no Benfica é tudo transparente, o que leva Vieira a fazer sucessivos negócios de aquisição de 50% do direitos económicos dos jogadores, sabendo-se que as comissões ganhas pelos empresários nas revendas são enormes e podem ser divididas com quem quiserem e com quem os ajuda a ganhar dinheiro tão fácil? O que leva Vieira a trocar um valor seguro como Siqueira, por um par de incógnitas como Benito e Djavan que custaram cerca de 5 milhões de euros, sendo que Djavan pertencia ao Corinthians Alagoano, clube do qual é proprietário o famoso Araújo da “fruta” e “café com leite”?

Mas para os Sr.ºs Gaspar Ramos e Joe Berardo, o Benfica está a fazer o que tem de fazer. O rei vai nu, mas os súbditos, entenda-se, os sócios e adeptos dizem que não...

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Acabou o Mundial...



Portugal 14 de Julho de 2014

Acabou o Mundial de 2014, com uma vitória merecida da Alemanha, como também seria merecida se fosse a Argentina a ganhar. Duas grandes Selecções, dois tipos de jogo que tiveram tanto de distinto na forma como procuraram a baliza adversária, como de igual na vontade de ganhar.
Esta final permite-nos tirar algumas conclusões que se adaptam às finais que o Benfica disputou na Liga Europa, uma perdida com 1 golo aos 92 mn, outra perdida nas grandes penalidades.
Uma grande realidade é que os jogadores estavam cansados pela sobrecarga de jogos efectuados durante a prova, acumulando com os jogos das equipas que representam. Mesmo considerando que tiveram um período sem competição, para estagiar e prepararem a prova, o cansaço foi sempre uma variável do rendimento desportivo das equipas.
Quando chegou às duas finais europeias, o Benfica também fez um enorme trabalho nesta matéria, conseguindo conciliar o rendimento desportivo nas restantes provas com as etapas vencidas no caminho para essa Final. De onde nunca se poderá deixar de sublinhar que chegar à Final é só para os melhores. Daí ninguém poder tirar mérito ao Benfica de Jesus.
Em relação à Final do Mundial, tivemos alguns dos melhores executantes do Mundo, e como se viu ganhou uma Selecção que não tem o “melhor do mundo”, o que vende mais champô Linic ou que muda mais vezes de visual. Mas foi a Selecção de uma Federação que soube estruturar-se para a prova, escolhendo a melhor equipa técnica (apesar dos falhanços no Mundial 2010 e Euro2012), os que consideraram ser os melhores jogadores, que adoptaram uma estratégia de abordagem da prova em função das suas especificidades (calor, temperatura, número de jogos), que pensou no que de facto iam fazer e que no final foram bem sucedidos porque pensaram, planearam e executaram melhor que todos os outros.
Justo será referir que também podia ter ganho a Argentina, se Higuain ou Messi tivessem marcado primeiro, quando dispuseram de oportunidades que não surgem muitas vezes neste tipo de jogos. Numa situação de desvantagem e perante uma Selecção que defende bem, que faz do processo defensivo a sua forma natural de jogar, não teria sido fácil à Alemanha dar a volta ao jogo. Contudo a especulação não leva a lado algum, ganhou quem marcou e quem marcou foi a Alemanha, naquele que para mim é o golo do torneio. Porque é um golo de execução difícil e porque valeu o título.
Voltando às Finais perdidas pelo Benfica, devemos notar que contra o Chelsea de 1 só ponta de lança, fomos uma equipa de propensão ofensiva com 2 pontas de lança (Cardozo e Lima) na táctica do 4-4-2 em losango. Contra o Sevilha também de 1 só ponta de lança, jogamos novamente em 4-4-2 em losango, mas a cobertura defensiva que dão Lima e Rodrigo foi superior à que deu o modelo do ano anterior.
E se podemos dizer que Di Maria fez muita falta à Argentina, porque é um jogador explosivo, que faz bem o um contra um, arrastando jogadores adversários e com isso libertando espaços para os colegas de equipa poderem atacar e rematar à baliza, que dizer da ausência de Sálvio e Enzo Peres da 2ª final do Benfica contra um adversário na máxima força? Pois é... Era muito mais difícil...
A final do Mundial teve poucos erros de arbitragem, e os poucos que existiram foram de natureza disciplinar. Mesmo assim, as duas grandes Selecções lutaram, correram, igualaram-se numa luta que só foi decidida a 7 mm do final do prolongamento. E se o árbitro tivesse perdoado dois penaltys claros contra a Alemanha como perdoou o árbitro alemão contra o Sevilha? Pois é... Seria ainda mais difícil conseguir ganhar...
Ganhou a Alemanha! Viva o futebol bem planeado...
Uma palavra final para os comentários de Rui Costa que roçaram a excelência, pela sobriedade, conhecimentos e respeito evidenciado pelo do futebol jogado pelas duas equipas... Um exemplo a seguir pelos pivots das televisões, muitas vezes mal informados daquilo que comentam, como se viu com Romero que não pertence aos quadros do Mónaco, como disse o jornalista RTP, mas sim Sampdória, como bem corrigiu Rui Costa.
Outra palavra para a eleição de melhor jogador do Mundial. Apesar de ser apreciador de Messi, discordo da sua eleição (não esquecer que falhou um golo “feito” ao mn 46 da 2ª parte). Na minha perspectiva fazia mais sentido eleger Mascherano por ter evitado o golo de Robben, na meia-final, em cima dos 90 mn, desarme esse que permitiu à Argentina seguir para a Final. E também pela excelente cobertura defensiva que deu à equipa, ajudando a que a Argentina tivesse uma das melhores defesas com 3 golos sofridos na fase de grupos e mais 1 no prolongamento da Final. Os argentinos irão sentir a sua falta,...
Por último, o Brasil. Limitar o insucesso brasileiro às opções de Scolari é redutor e vai continuar a manter o Brasil em plano secundário face às grandes Selecções europeias. É preciso não esquecer que este 4º lugar é a melhor classificação depois da conquista do Penta em 2002 com Scolari. Seja por 7-1 ou por meio a zero, o Brasil tem sido sempre afastado das fases finais das decisões dos últimos Mundiais. Se repararmos também na Copa Libertadores da América, metade das equipas brasileiras saiu na fase de grupos, e a outra metade saiu nos oitavos de final. O Brasil tem de mudar o paradigma do seu futebol, caso contrário irá continuar a perder protagonismo no futebol mundial. Devem procurar ter menos samba, mais rigor e mais pragmatismo no seu futebol... algo que no Benfica, com excepção do samba, também deveríamos procurar.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Acontece...



Portugal 10 de Julho de 2014

O cabaz de golos que o Brasil levou da Alemanha fez-me alterar o plano de não voltar a comentar sobre jogos do Mundial. Esse jogo foi uma efeméride e merece umas linhas de reflexão, mais não seja porque vi o jogo de forma diferente dos tais “analistas” de resultados que a comunicação social e os adeptos confundem com “especialistas” de futebol.
Mas antes de mais quero salientar que tem de se concluir que há muito burro no Benfica a escrever sobre Benfica, no que diz respeito à equipa de futebol. Esta goleada sofrida pelo Brasil é um exemplo claro que não se pode afirmar com a jactância e pedantismo que se vê em certos blogues, que “com estes jogadores qualquer um é campeão no Benfica”, numa critica explicita ao trabalho de Jorge Jesus. Não! Errado! Há que trabalhar muito e em muitas variáveis para que uma equipa não perca jogos, quanto mais, para que não seja humilhada, de modo a chegar ao final das provas em condições de as ganhar. E para isto é preciso muita competência, muito trabalho em campo e fora dele na vertente mentalização, muita componente técnica e muita capacidade de a interpretar satisfatoriamente. E Jesus faz isso há 5 anos, quase repetidamente, o que valoriza mais o seu trabalho.
Como se viu com duas equipas com 11 contra 11, com os melhores executantes do mundo, dos melhores treinadores do mundo, o resultado foi um cataclismo de tal ordem que não há explicação lógica ou científica para justificar o que aconteceu. Há sim explicações plausíveis ou exequíveis, que não deixam de ter a sua componente opinativa e como tal, serão sempre sujeitas a critica e discordância.
Não podendo buscar uma explicação para tal descalabro na superioridade numérica de uma equipa sobre a outra, na táctica suicida ou na escolha de maus jogadores, mesmo que se possa discordar de alguns nomes que foram seleccionados em detrimento de outros (como Fred ou Hulk), teremos de nos apoiar na envolvente do jogo e das Selecções em questão.
Como bem diz Van Gaal, perder 7-1 ou perder por grandes penalidades é a mesma coisa. De certa forma sim, porque sendo o objectivo a passagem à fase seguinte num só jogo, o que interessa é passar seja de que forma for. Ora um jogo a eliminar acarreta “nuances” competitivas que um jogo em fase de grupos não acarreta. Neste os jogadores sabem que há outros jogos para compensar um resultado menos bom, enquanto na fase de eliminação directa isso não é possível. Para ser bem sucedido na fase a eliminar é necessário (não só, mas também) que os jogadores tenham uma boa mentalidade, uma mentalidade que os mantenha competitivos mesmo que o adversário marque o primeiro golo.
Ora comparando Brasil com Alemanha, o que temos? De um lado uma Selecção muito pressionada por jogar em casa, por ser a que mais títulos tem na história do campeonato do mundo, por querer deitar para trás o famoso “maracanazo”, por querer dar alegrias ao povo brasileiro que é dos mais ligados ao futebol do seu país. Do outro lado temos uma Selecção onde o racionalismo é levado aos extremos, o sentimento passa ao lado das diversas componentes do jogo, onde o profissionalismo é levado a sério e só conta uma coisa: meter a bola na baliza.
Assim temos o Brasil com os seus treinos abertos ao povo porque o futebol da Selecção passa muito para além das 4 linhas, enquanto temos uma Alemanha com os treinos fechados ao público porque o futebol tem apenas uma função desportiva e como tal, quanto mais concentração existir, melhor. Temos um Brasil de samba e forró, e uma Alemanha de concentração e forte determinação.
Foi no cruzamento destes factores que aconteceu a catástrofe brasileira, convicção que reforço depois de ver o Argentina – Holanda. O azar do Brasil foi ter apanhado a Alemanha, naquele jogo da meia-final, naquelas condições psicológo-mentais, com uma equipa forçada a inovar no centro da defesa e com um público ansioso pela vitória. Se tivesse apanhado a Holanda ou a Argentina, nada disso teria acontecido, porque após o 1º golo, estas Selecções controlam mais o jogo, com menos balanceamento ofensivo e esperando pelos erros dos adversários. A Alemanha não é assim! É uma autêntica “predadora”: querem mais e mais golos.... Arriscam, atacam atrevem-se porque é a sua forma de ver o futebol... E foram premiados...
Contudo, essa goleada pode ter um efeito perverso. A Argentina gosta de jogar em contenção e transições rápidas, o que vai prejudicar o futebol alemão, agora favorito e como tal, com necessidade de maior balanceamento ofensivo. Ora quando uma equipa tem esse balanceamento ofensivo e do outro lado está uma equipa que gosta de jogar na contenção e no baixo risco, podemos ter algo que pode surpreender quem não percebe o futebol. Não me surpreenderia que a Argentina vencesse a final, com alguma facilidade embora por margem mínima ou quase. Em termos de dificuldade de jogo, a Alemanha pode vir a sofrer na pele, o que o Brasil sofreu no jogo com a Alemanha, embora por resultado de desnível aceitável.
Porque perco tempo a falar deste futebol mundial? Porque, embora noutra escala, o futebol que o Benfica joga e contra quem joga, não foge muito destes padrões. OS executantes podem ser diferentes, a temperatura e humidade também, mas os princípios do jogo são os mesmos. Não há milagres. Se não respeitarmos o jogo, nunca seremos grandes porque continuaremos a ganhar pouco.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Os Quartos de final...



Portugal 7 de Julho de 2014

Enquanto não estabilizam as informações e contra informações sobre compras e vendas de jogadores do Benfica, enquanto não se pode caracterizar com rigor as opções de gestão da Direcção, enquanto não se pode projectar com honestidade intelectual a componente futebol do Benfica, vamo-nos entretendo com o Campeonato Mundial. Escrevi sobre os oitavos, escrevo e termino este assunto do Mundial com os quartos de final.
Ao contrário dos jogos dos oitavos de final do Mundial, os jogos dos quartos de final foram menos palpitantes, menos intensos, talvez mais equilibrados. Apenas 1 jogo foi a prolongamento e foi decidido nas grandes penalidades, o que contrasta com a fase anterior onde 5 dos 8 jogos, decidiram-se depois dos 90 mn e respectivas compensações.
Para este cenário pode ter contribuído o factor “risco”, como se viu no Costa Rica – Holanda em que a equipa da América Central praticamente se limitou a não deixar jogar os holandeses, pouco ou nada arriscando no ataque, com excepção de 1 lance no prolongamento.
Também pode ter contribuído o factor “cansaço” físico associado aos muitos jogos já realizados e às condições de grande agressividade da temperatura e teor de humidade do ar, factores que para Paulo Bento não são de grande importância.
Pode também ter contribuído o factor “equilíbrio” associado ao grau de responsabilidade que as Selecções vão adquirindo, à medida que vão ultrapassando etapas.
O que quero dizer é que há múltiplas componentes antes dos jogos, mas a realidade é só uma e já aconteceu. Quero dizer que antes dos jogos é difícil teorizar sobre futebol, porque há N variáveis em questão. Depois dos jogos é fácil tirarmos conclusões, porque só temos que analisar os resultados. Em Portugal confunde-se frequentemente a análise de resultados com a definição de especialistas em futebol.
Nada de mais errado. Um especialista em futebol é alguém que já provou perceber de futebol. Um analista de resultados pode saber falar bem, mas isso não quer dizer que perceba de futebol. Ou que se por acaso pudesse treinar uma equipa de futebol, fizesse melhor do que o que alcançou o treinador que ele criticou.
Infelizmente são estes “analistas” de resultados que os adeptos tomam como “especialistas” em futebol. Com péssimas consequências no que diz respeito ao Benfica, clube mais sujeito à crítica barata deste tipo de ignorantes de fato e gravata.
Dois exemplos. A páginas tantas no Alemanha – Argélia, com o jogo bastante encaixado das duas equipas, sai-se o Vítor Pereira (como comentador) com a famosa frase “falta ali o Kelvin”. E não é que o Paulo Sérgio (como relatador) deu uma risada? Ora, qual o interesse em ir buscar um jogo entre FCP – Benfica, na época em que o FCP teve dois guarda-redes em vários jogos, para falar de um jogo do Mundial? O que é que isso acrescentou às explicações sobre as variáveis do jogo? Porque não foi sugerido que faltava ali um médio com a criatividade de André Gomes que marcou um golaço ao FCP e levou o Benfica à final da Taça de Portugal?
Outro exemplo aconteceu no Costa Rica – Holanda. Antes da substituição, o António Tadeia reconheceu que não sabia porque razão o Van Gaal mudava de guarda-redes “coisa nunca antes vista no futebol”. Ora na perspectiva da especialista em futebol, devia saber conjugar uns quantos factores tais como, a altura do guarda-redes e a habilidade para reagir ao remate adversário. Mas para além de dizer que não estava a ver qual a vantagem, ainda arriscou um tirada ridícula: “se a Holanda passasse adiante, o guarda-redes substituído não encararia bem a baliza por falta de confiança do Seleccionador....”
Mas pronto, são estes “especialistas” que ajudam os adeptos do Benfica a fazer a sua opinião sobre a nossa equipa de futebol, e a nossa equipa de gestão. Sempre para o lado errado, como se percebe...
Sem querer ser pretensioso, recordo o que escrevi antes dos jogos dos quartos de final, no texto “Oitavos” que aqui publiquei: Dito isto num cenário conservador talvez apostasse em Brasil, Argentina, Holanda e Alemanha para as meias-finais. Num cenário menos conservador talvez aposte no Brasil, Bélgica, Holanda e França.
Acertei 100% no cenário conservador, e 100% na passagem de Brasil e Holanda, apesar dos muitos adeptos que James, Guarin e Jackson têm entre os tais analistas da comunicação social...

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Os oitavos...

Portugal 2 de Julho de 2014

Terminaram ontem os últimos jogos dos oitavos de final, que proporcionaram um conjunto de jogos de enorme qualidade e intensidade futebolística, confirmando que a Selecção de Jorge Mendes, do BES, da GALP e dos outros patrocinadores, não tinha qualidade para estar nesta fase da prova.
Uma abordagem despretensiosa e ligeira indica-nos que nas 8 partidas, apenas houve golos na 1ª parte em 2 jogos (Brasil-Chile e Colômbia-Uruguai). Uma conclusão possível é que as Selecções abordaram os jogos maioritáriamente com preocupações defensivas ou tendencialmente defensivas, montando os seus esquemas tácticos para explorar o erro adversário, mais do que para o provocar. Faço notar que nessas Selecções jogam alguns dos considerados melhores do Mundo, do meio campo para a frente, e como tal depreende-se que também estes são “obrigados” a desempenhar tarefas que impedem o jogo adversário.
Também se verificou, e aqui pode mesmo ter sido uma coincidência, que todas as Selecções que se apuraram em 1º lugar na fase de grupos, passaram aos quartos de final. 3 delas conseguiram-no no prolongamento (Alemanha, Argentina e Bélgica) e 2 delas no desempate por grandes penalidades (Costa Rica e Brasil). Isto permite-nos concluir que só 3 jogos se decidiram nos 90 mn mais compensações (Holanda – México, Colômbia – Uruguai e França – Nigéria) o que demonstra o equilíbrio entre Selecções e respectivos processos de jogo.
Reforçando esta conclusão do equilíbrio entre as Selecções apuradas para os oitavos de final, dos 8 encontros apenas 2 terminaram com 2 golos de diferença, sendo que nestes jogos, um teve o 2º golo marcado em período de compensações.
Há também o caso do número de Selecções europeias apuradas, que a dada altura levou alguns filósofos a concluir por uma má prestação. Nada de mais errado. Por caprichos do sorteio ou não, das 8 quarto - finalistas, 4 são europeias: Holanda, França, Alemanha e Bélgica. Passaram sim as que tinham de passar, as que melhor se prepararam, as que melhor souberam resolver os problemas criados pelas Selecções adversárias.
Para concluir diria que as Selecções apuradas trabalharam com elevado profissionalismo e concentração no objectivo desportivo. Como a tradicional e difícil Alemanha que foi das primeiras Selecções a instalar-se, escolhendo um local com temperaturas e teores de humidade semelhantes às cidades onde iria jogar, e adoptando planos de treinos que privilegiavam as horas a que iria disputar os jogos. A Alemanha era o nosso concorrente directo para a disputa do 1º lugar e os nossos “estrategos” entenderam que podíamos ser a última Selecção a instalar-se. Viram-se os resultados...
Vêm aí os quartos de final. Há dois jogos que me chamam a atenção, por poderem produzir surpresas de vulto: o Brasil – Colômbia e o Argentina – Bélgica. E porquê? Porque são jogos com 2 claros favoritos, tomando como referência o histórico de participações de Brasil e Argentina, mas que do outro lado têm oponentes moralizados e muito competentes, que já mostraram saber marcar muitos golos e defender com qualidade. No ataque vejo a Colômbia melhor do que a Bélgica, mas nos processos defensivos (é redutor chamar-lhe “defesa”) vejo uma Bélgica mais eficaz. Como se irão sair Brasil, com a pressão de jogar em casa e alcançar o “hexa”, e Argentina que quer estar na final, como mínimo, onde pode encontrar os rivais de sempre, Brasil?
Contudo há um factor que pode pesar. A pressão! Isto é, este tipo de Selecções que partem como “outsiders”, a partir de certa altura sentem que afinal também podem ganhar o troféu. Que afinal mais um jogo e estão nas semifinais. E depois quem sabe? Ora este tipo de contexto pode ajudar a pressão a instalar-se na equipa, e esta ser derrotada pela melhor qualidade individual dos jogadores adversários, os quais por seu lado, no caso de Brasil e Argentina, estão mais habituados a jogar com pressão do público, da comunicação social e do... momento. Como será desta vez?
Quanto à Holanda apostaria na sua continuidade em prova, com todo o respeito pela Costa Rica. No jogo França – Alemanha aposto em tripla embora não me surpreenda que a forte mentalidade dos alemães se possa vir a sobrepor ao futebol mais apelativo da França. Mas também aqui há alguns “mas”. Esta Selecção francesa é constituída por bastantes jogadores que jogam fora do país, Itália e Inglaterra em particular, onde ganharam outra mentalidade e formas de se relacionarem com o futebol. Este facto pode fazer a diferença e dar uma boa desforra à França.
Dito isto num cenário conservador talvez apostasse em Brasil, Argentina, Holanda e Alemanha para as meias-finais. Num cenário menos conservador talvez aposte no Brasil, Bélgica, Holanda e França.