quarta-feira, 27 de março de 2013

O mau exemplo do Futsal



Portugal, 27 de Março de 2013



O Benfica despediu recentemente o treinador do Futsal, Paulo Fernandes. Ao cabo de 2 épocas completas e a caminho da terceira época, Paulo Fernandes conquistou um campeonato, duas taças de Portugal e duas supertaças. Não me parece mau.


Disputou apenas uma champions, tendo falhado o apuramento para a ronda final, por um conjunto de aspectos que não se ultrapassaram, como seja termos jogado em casa da equipa que acabou por se apurar e termos sofrido (Bebé) 1 golo no último segundo do 1º jogo, golo esse que impediu a vitória e outra confiança para os jogos seguintes, bem como melhoria no eventual factor de desempate.


Disputou os dois play-offs do título, ambos contra o SCP, tendo perdido o primeiro e ganho o segundo. Da mesma maneira que, como treinador do SCP venceu o Benfica de André Lima e Ricardinho por 2 vezes, nos mesmos play-offs do título. Um deles ficou célebre (para mim) porque após ter obtido o empate na final com uma vitória no pavilhão do SCP, André Lima proferiu a frase “não estou a ver o SCP ganhar duas vezes em nossa casa”. O que é certo é que ganharam, um no prolongamento, outro nos penaltys. E André Lima saiu derrotado.


Despedido André Lima, que havia conquistado a inédita Champions League para as vitrinas do futuro museu, foi-se contratar o treinador que havia derrotado o campeão André Lima: Paulo Fernandes. Agora despede-se Paulo Fernandes e vai-se buscar outro treinador, a quem desejo a maior das sortes, mas que está condenado ao insucesso. Mas se se reconheceu algum tipo de fracasso a Paulo fernandes, porque não se foi buscar então o André Lima, anteriormente derrotado por Paulo Fernandes pelo reconhecimento da sua carreira ou pelo reconhecimento dos títulos que nos ajudou a alcançar?


A fuga para a frente não costuma dar bons resultados. E não me parece ser estratégia compatível com um clube que apregoa ser diferente. De facto somos diferentes: praticamos a integração social de jovens através da Fundação Benfica, ajudamos antigos atletas que por razões de saúde viram os seus planos de vida fracassarem ou que simplesmente tinham caído no esquecimento, mas quando se trata de dar exemplos concretos na gestão do futebol ou das modalidades, é isto que vemos: ingratidão atrás de ingratidão.


Mas bem, já fomos buscar Alípio Matos, o primeiro treinador campeão no Benfica. Pode ser que ainda calhe a vez a outros. Quem sabe no futuro, possamos ter de volta o André Lima ou o Paulo Fernandes...

O caricato nestes processos de despedimentos nas modalidades, é que costuma haver umas cortinas de silêncios que nos impedem de saber quem é que toma as decisões, quem é que propõe e porque propõe as rescisões, etc.

Vem isto a propósito da entrevista que Paulo Fernandes em 25 de Março deu à Bola TV, na qual afirma que “na sexta-feira tive uma reunião com Luís Filipe Vieira, a quem agradeço o apoio que me deu. Três semanas antes foi o vice-presidente que me defendeu...”.


Ora estas afirmações adensam mais esta problemática. Se o Presidente e o Vice-presidente dão apoio ao treinador e este logo a seguir é despedido, quem manda afinal nas modalidades? Ou será que a hipocrisia já chegou à forma como o Sr.º Vieira e o Vice para as Modalidades exercem a função?


Não vou pela tese da hipocrisia mas sim pela tese de que o Presidente e o Vice-presidente se estão a marimbar para o que se passa nas modalidades. Isso é questão para os amigos seccionistas tratarem à sua maneira. Depois, se despedimos mais um treinador ou não, se mostramos a nossa ingratidão e falta de inteligência, isso já não interessa. Interessa manter a estrutura de poder que começa no seccionista. É o seccionista que conta. Não o treinador.


O que fica claro é que a treta que a máquina de propaganda do Sr.º Vieira anda a vender aos adeptos, de que o Sr.º Vieira aposta nas modalidades, é apenas isso: treta. Os factos mostram que o Presidente não se interessa com os princípios de grandeza que deviam nortear a gestão do clube. Ele apenas se interessa pelo Futebol, na componente contratação de jogadores e mais e mais empréstimos bancários. Não é por acaso que os empresários são sempre os mesmos e o Banco que financia também.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Sol na eira, chuva no nabal...



Portugal, 20 de Março de 2013



Aqui na minha terra quando queremos ilustrar duas situações impossíveis de realizar em simultâneo, dizemos “queres sol na eira e chuva no nabal”. De facto, o sol fazia falta no verão, quando se batia o trigo nas eiras para depois transformar em farinha nos antigos moinhos, a chuva faz falta no Outono e Inverno quando o naval dos tubérculos dos nabos cresce para originar os saborosos grelos que acompanham os enchidos grelhados que se fazem por aqui.


Vem isto a propósito da actual situação desportiva da equipa de futebol, onde a propósito dos 4 pontos de avanço (algo que era impensável para muitos teóricos do nosso futebol, incluindo bloguistas), já se desenvolvem algumas teses sobre como escalar a equipa daqui em diante, de modo a maximizar a colheita, ou seja, de modo a ganhar todas as competições em que ainda estamos envolvidos.


Vou ilustrar esta questão, e uma vez mais, com José Augusto que na Benfica TV já disse como é que Jesus tem de fazer. Não foi bem assim, mas ao concordar efusivamente com Jesus quando este afirmou “meter a carne toda no assador”, José Augusto comprometeu-se com a opção de meter sempre o que é considerado o melhor 11 base da equipa. 


Deixem-me abrir um parêntesis para explicar que nada me move contra José Augusto, bem pelo contrário. Mais do que ser uma velha glória do Benfica, símbolo vivo de outros tempos gloriosos a nível europeu, José Augusto apoiou, tal como eu, a candidatura de João Vale e Azevedo na derrota de Novembro de 2000. Foi corajoso e coerente com o que sabia do clube e do que valia a lista rival. Hoje foi cooptado para transmitir a mística desses tempos, e eu acho bem, todos somos poucos para construir um Benfica melhor.


A minha insistência com o seu nome, quando faço certas criticas a uma certa forma de ver futebol, prende-se com o facto de ele ser uma referência e porque está sempre na Benfica TV nos pós jogos. Se fosse outro, certamente falaria de outra pessoa, caso essa pessoa pensasse de forma igual (já não cito o Pedro Valido, e não é por acaso).


Ora porque razão estou aqui a falar de sol na eira e chuva no nabal? Porque nesta fase crítica da época desportiva, tenho lido muita gente a defender que Jesus está a fazer má gestão, quando ganha sem nota artística (casos recentes de Aveiro e Bordéus na Luz), e tenho lido também muita gente a defender a utilização sistemática do onze base que melhores espectáculos tem garantido, com vitórias seguras (por regra) e com alguma nota artística (casos recentes de Gil Vicente na Luz, Bordéus e Guimarães fora de portas).


Vamos por partes. No ano passado, por estas alturas o Benfica estava a perder 5 pontos em Guimarães e Coimbra, para logo de seguida perdia mais 3 no confronto directo com o FCP. De uma situação de + 5 pontos, passamos para uma situação de – 3 pontos. Qual foi a leitura que os teóricos amnésicos fizeram na altura, para explicar essa “súbita” queda de produção? Lembram-se? Eu lembro: 1) Jesus arrasa com os jogadores nos treinos, 2) o modelo de jogo de Jesus obriga a um vaivém permanente o que desgasta os jogadores, facto acentuado com o progredir da época, 3) Jesus não sabe gerir o plantel.


Mais coisa, menos coisa, andava à volta disto.


Ora passado um simples aninho, e quando vemos JJ dar mais minutos a alguns jogadores, sempre na perspectiva de minimizar os minutos jogados até final da época, o que vemos? “Ah e tal, a equipa não está a jogar nada”. Ou seja, agora que vamos ganhando, o que conta é a nota artística. No ano passado que tivemos nota artística, pelo menos em Coimbra (massacre total) e em casa com o FCP, já o problema era de falta de gestão.


Isto também defendeu José Augusto nos pós jogos do Benfica, nessa época, ao passo que esta época defende a utilização do mesmo onze base nas três frentes que estamos a disputar. José Augusto não é uma pessoa qualquer, por isso para mim, vejo através dele, uma situação grave de falta de cultura desportiva. E de falta de memória, que só agrava ainda mais o problema da falta de cultura.


Vamos ser francos. JJ utiliza os mesmos modelos de jogo que utilizou no ano passado. O 4-4-2 em losango nos jogos em casa e na maior parte dos jogos fora. O 4-2-3-1 em alguns jogos mais difíceis como foram os jogos da Champions (Celtic fora e Barcelona duas vezes) e na Liga Europa (Leverkusen duas vezes, Bordéus fora). Os treinos seguramente serão dados da mesma maneira. O desgaste dos jogadores será pois o mesmo.


Mas esta época em alguns jogos, JJ quis proteger alguns jogadores, a equipa perdeu nota artística mas ganhamos. E que vimos? Criticas e assobios. 

Há alguma coisa de errado aqui. E seguramente não sou eu. Nem JJ.

segunda-feira, 18 de março de 2013

"Partanto" eu "acardito"...



Portugal, 18 de Março de 2013

O Benfica eliminou o Bordéus com mais uma vitória, passando assim a ser a única equipa com 4 vitórias na Liga Europa (totalidade dos jogos disputados), desde os dezasseis avos de final. Este é um facto que não ajuda muito, porque passamos a ser favoritos à conquista da Taça. E ser favorito no Benfica tem sido contraproducente ao longo dos anos. Os adeptos tomam o expectável como certo, pressionam condicionando os jogadores, e depois cobram por falharmos, como falhamos, quase sempre à beira do fim.

A eliminação do Bordéus para mim nunca foi uma dúvida, seja porque acredito no potencial do futebol do Benfica de Jesus, seja porque a história nos tem colocado várias situações iguais, com vitórias por 1-0 na 1ª mão em exibições fracas, e contra o pessimismo instalado, a seguir vamos lá e ganhamos. Aconteceu tantas vezes que me surpreende a falta de memória dos tipos que pagam bilhete para ir ao estádio assobiar a equipa na parte final do jogo. 

Assim de cabeça lembro-me de um mau jogo para a antiga Taça dos Campeões frente ao campeão russo (época 90/91? Treinador Eriksson) e outro mau jogo contra o Lokomotiv de Moscovo (época 96/97, treinador Autuori). A seguir formos lá ganhar 3-0 num caso, e 3-2 no outro. 

A eliminação do Bordéus foi alicerçada no que eu já esperava. Alteração de sistema de jogo para o 4-2-3-1 que controla mais a bola no meio campo (igual ao que os franceses tinham feito na Luz) e eficácia elevada pela clareza de oportunidades. Coisa que não existe no 4-4-2 em que as oportunidades conseguidas estão associadas a enorme densidade de jogadores na área adversária, havendo sempre algo que atrapalha. O resto do meu “feeling” para a vitória, é a qualidade da equipa do Benfica, produzida por este treinador que causa tanta micose em certos intelectuais que não gostam de mascar pastilha elástica.

Entretanto vamos jogar com o Newcastle (já agora, 4ª presença consecutiva do Benfica nos quartos de final de uma prova europeia – e viva a pastilha elástica) e do meu ponto de vista, é um adversário que iremos ultrapassar. O futebol inglês é caracterizado por futebol directo, o nosso é mais rendilhado e do confronto dos dois estilos, vai sair a ganhar quem sabe marcar o ritmo do jogo, quem sabe acelerar o jogo quando o adversário está dominado tacticamente, quem tem mais experiência nestas fases avançadas da prova, quem tem jogadores tecnicamente mais dotados. Ou seja: o Benfica.

Contudo não devemos descurar a boa carreira que o Newcastle fez até agora, só com uma derrota no campo da tal equipa que não jogava nada, o Bordéus. A quem também ganhou por 3-0 na 1ª volta. O Newcastle chegou até esta fase com 2 golos marcados e zero sofridos. 1-0 em casa do Metallist, 1-0 em casa ao Anzhi. Empates 0-0 em casa com o Metallist e fora com o Anzhi. Estes foram dois bons adversários que se classificaram em 1º e 2º lugar respectivamente na fase de grupos. De notar que o Metallist ficou à frente do Bayer Leverkusen, e o Anzhi atrás do Liverpool.

Tendo obtido resultados de qualidade e acrescendo a confiança natural de quem galga etapas, o Newcastle pode tornar-se um adversário difícil se nós perdermos a concentração e objectividade que tem caracterizado o futebol europeu do Benfica desta época. 

Entretanto, e porque hoje em dia com futebol de 3 em 3 dias há sempre coisas para comentar, eis que o Jackson Martinez, o tal avançado que meio mundo anda atrás, decidiu falhar novo penalty (o 3º da época, 2º com implicação no resultado) e com isso, somado ao bom desempenho do Benfica em Guimarães, eis que a difícil jornada do Benfica se transformou num bom impulso para o que resta de campeonato. Surpresa? Sim, alguma. Com Capela (sócio do FCP) não pensei que o FCP perdesse pontos no Funchal.

Mas perderam, enquanto o Benfica ultrapassou com distinção o difícil obstáculo chamado Guimarães, orientado pelo treinador que alguns falam, por aqui e por ali, que gostariam de ver treinar o Benfica (os do SCP diziam o mesmo do Paulo Sérgio). Em boa altura o campeonato deu um salto para o nosso lado.

Se acredito no titulo? Sim, e não é só num título. Em homenagem ao nosso treinador, o responsável maior (não único) destes 4 anos de sucessos, é caso para dizer: partanto eu acardito!

quinta-feira, 14 de março de 2013

Amor e preconceito...



Portugal, 14 de Março de 2013



Todos nós, sócios ou não sócios, gostamos do Benfica. Uns com mais romantismo, outros com mais racionalidade, mas seguramente todos queremos o melhor para o clube. Como fazemos, como nos dedicamos, como queremos que seja o Benfica, isso é que nos divide. O que é natural. Somos um clube democrático, há diversidade de opiniões. E quando maior se é, mais diversidade existe. Nem todos a compreendem, mas as coisas são assim mesmo.


Vem isto a propósito dos modelos de jogo, ou melhor dizendo, dos preconceitos existentes na história do Benfica sobre alguns aspectos da forma de jogar do Benfica. Peguei na última entrevista que Mozer deu ao jornal Benfica (edição de 8 de Março) e tirei algumas conclusões. Mozer jogou no Benfica em dois períodos distintos: entre 1987 e 89 e mais tarde entre 92 e 95. Ao todo 5 épocas de águia ao peito. Ganhou 1 campeonato e 1 Taça de Portugal. Foi um dos grandes defesas centrais que jogou no Benfica, mas vejamos como ele traduz o pensamento benfiquista que faz escola na nossa cultura:


“Enquanto não marcássemos golo não parávamos, não sei se jogávamos bem, mas enquanto não marcávamos golo o adversário nunca respirava”.


“Os jogadores sempre me disseram “aqui nós temos de começar a ganhar nos primeiros 15 mn, se não estivermos a ganhar em 15 mn está tudo estragado”. Eram os 15 mn à Benfica”.


Mozer dixit. Mas que ganhou Mozer no Benfica com os 15 mn à Benfica e o não parávamos enquanto não marcávamos um golo? Em 5 épocas, ganhou 1 campeonato e 1 Taça. Ou seja, pouco mais que zero numa altura em que a arbitragem não estava tão controlada como passou a estar depois da Liga sedeada no Porto, passar a organizar a principal prova do nosso calendário.


Se há exemplo que reflecte bem o profundo erro em que assenta a visão dos benfiquistas espalhados pelo mundo fora, e reflectidas nas análises que fazem nos mídia ou em espaços de opinião na Internet, aqui está um dos exemplos mais paradigmáticos. E se pensarmos bem o futebol como ele é, e não como já foi, com facilidade concluímos que quem joga 15 mn à Benfica, nos tempos que correm, sujeita-se a levar com 1 golo e a ter de correr atrás do prejuízo.


Os 15 mn à Benfica fizeram história nas campanhas europeias de 61 e 62, onde aproveitando-nos do factor surpresa (ninguém dava nada pelo Benfica) e da pouca cotação que o futebol português tinha no panorama europeu, um conjunto de dirigentes, técnicos e jogadores, dando o máximo que sabiam e com base no valor do conjunto (e pluribus unum), souberam tirar partido do favoritismo dos adversários para ganhar alguns (não todos) os jogos, com essa entrada de rompante. De que o jogo com o Nuremberga é fiel exemplo.

Mas nas finais com Barcelona e Real Madrid, não houve 15 mn à Benfica! Ninguém reparou, mas ganhamos! O mito dos 15 mn ficou e ainda hoje pagamos factura (na opinião), por esse facto. Que como referi aconteceu num contexto muito particular. Desde que o Benfica ganhou títulos e passou a ser favorito, acabaram-se os grandes títulos europeus. E quando assim acontece, há-de vir um José Augusto qualquer a dizer “bem, no meu tempo com os 15 mn à Benfica, era difícil parar-nos”. Tretas...


Devemos combater estes preconceitos se quisermos voltar à ribalta europeia. Porque temos equipa para andar pelo alto, mas para ganhar falta-nos saber ter paciência e esperar pelo erro do adversário.


Tal como o Benfica em casa do Shalke04, há 2 anos, ou em casa do Liverpool há 3 anos, onde entramos de rompante querendo recuperar a velha teoria dos 15 mn à Benfica (e saindo vergados a derrotas algo dolorosas), parece que o FCP ontem quis fazer o mesmo, a fazer fé nos relatos de alguns mídia: “Depois de 25 minutos muito fortes, o FC Porto baixou o bloco (fisicamente não havia outra solução)” – BOLA online 14-03, “A equipa de Manuel Pellegrini nem parecia que estava a jogar em casa ao ser totalmente dominada pelo conjunto de Vítor Pereira nos primeiros 15 minutos de jogo” – SAPO Desporto.


O resultado para o FCP foi exactamente o mesmo que o Benfica alcançou nesses 2 jogos: derrota. Com a diferença que tendo jogadores de muito menor valia técnica, acabou subjugado, individual e colectivamente, ao poder do adversário. 


Se gostamos do Benfica, devemos fazer tudo que pudermos para ajudar o futebol a ser melhor. E para isso, defender os 15 mn à Benfica é dar um tiro no pé.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Eu não estive lá...



Portugal, 13 de Março de 2013

Ao contrário do jogo com o Bordéus de 1986, desta vez eu não estive lá a apoiar a equipa. Desta vez não estavam 100 mil de pé ao frio a puxar pelo Benfica, desta vez eram pouco mais de 36 mil comodamente refastelados em boas cadeiras e abrigados da chuva que eventualmente pudesse cair. 

Sinais dos tempos, ou novo exemplo de que quantas mais comodidades se dão aos adeptos, mais os adeptos exigem. Por isso tenho simpatia pelo Barcelona e basta comparar a qualidade e comodidade dos dois estádios para perceber o que é ser adepto de um clube. Em Barcelona chove em 4/5 do campo, os acessos são feios, as galerias interiores idem e labirínticas, o elevador parece saído de uma mina, mas costumam estar 80 mil a apoiar o Barcelona. E o Barcelona é o que é, e o Benfica também. Nós trabalhamos para pagar as comodidades aos Bancos, o Barcelona apostou numa equipa de futebol e não deve nem metade do que nós devemos aos Bancos. E mesmo assim acham muito...

O Benfica sempre foi um clube de visionários, uns com bons propósitos, como Cosme Damião outros como se tem visto, nem tanto. Os milhões das comissões são um apelo irresistível para muita gente medíocre...
Ora o Benfica venceu 1-0, ao contrário de 1986, e as perspectivas de apuramento para a fase seguinte da prova são também muito maiores do que as que tinha nessa altura de Magnussons, Álvaros, Bentos, etc. 

O jogo ficou contudo marcado, para a comunicação social, por uns quantos assobios que aquela minoria exigente e ranhosa que marca sempre presença (e pagam como os outros, é certo) brindou a equipa no final do jogo. Em vez de vermos sublinhado na comunicação social, a vitória sem sofrer golos e o acerto da gestão feita pelo treinador que poupou algumas unidades (excepto Matic que estava castigado) para o exigente calendário que temos pela frente (só saímos da Taça da Liga, em Braga e nas grandes penalidades), não! Fomos confrontados com notícias e dezenas de opiniões dos tais analistas sobre a reacção de uma minoria de adeptos. Ruidosa, mas claramente minoritária. 

A comunicação social tem este poder de colocar minorias à frente das maiorias. De destacar a minudência e ocultar a magnificência. E com isso dar corpo e importância a quem não o tem! Mas vamos ao jogo.

Foi um jogo que, para quem está atento, foi difícil como se esperava. Para a minoria dos assobios contudo devíamos ter ganho por “uns quantos” a zero. Somos Benfica. Como em 1986.

A ideia de JJ de colocar Roderick e Carlos Martins no meio campo, ladeados por Ola Jonh e Gaitan, no já habitual 4-4-2 em losango, estava condenada ao insucesso (pela falta de rotinas de conjunto e pela falta de aptidões individuais, tal como se havia visto na 1ª parte de Braga) pelo que foi muito positivo conseguirmos marcar um golo sem sofrer nenhum. JJ teve alguma “estrelinha” mas como diz o outro, a sorte dá muito trabalho. 

O jogo feito pelo Bordéus foi marcado pela maciça presença de jogadores no meio campo, onde tiveram quase sempre superioridade numérica, não por falta de trabalho do nosso lado mas pelas características tácticas do modelo de jogo. O nosso privilegia 2 avançados, o dos adversários normalmente prima por apenas um avançado e médios ala muito rápidos que apoiam bem o seu ataque. Assim o adversário tem sempre no mínimo mais uma unidade no meio campo (já falei disso no resumo dos jogos contra o FCP, por isso estou a repetir-me).

A dificuldade do nosso jogo contra o Bordéus, também já é característica. Ao longo dos anos vi muitas exibições deste género, com mais ou com menos adaptações, porque o problema maior é a táctica do 4-4-2. É uma táctica que funciona com equipas pequenas, mas ao nível de competições europeias, contra equipas muito mais experientes e caras, normalmente dá nisto que vimos. E que já havíamos visto no tal jogo de 1992 com o Arsenal (1-1), em 1994 com o Bayer Leverkusen (1-1) ou em 1996 com o Bayern de Munique (1-3). Entre outros.

Amanhã será apenas mais do mesmo, mais um jogo onde temos de trabalhar muito e onde a comunicação social, fazendo o seu papel habitual, já mandou vários recados... para o adversário. Quer a BOLA quer o RECORD de hoje, falam do esquema de jogo do Benfica que poderá alterar-se para o 4-2-3-1 com Rodrigo como único avançado. Curiosamente a imprensa de Lisboa não conseguiu fazer algo de semelhante para o FCP e seu esquema de jogo para Málaga. Não é por acaso...

Como também não é por acaso que não tenham reparado nos assobios que parte do público do FCP, brindou a equipa após o empate com o Olhanense.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Estive lá ...


Portugal, 7 de Março de 2013

O Benfica já está a jogar e a ganhar ao Bordéus. Por razões profissionais que nos últimos tempos me têm condicionado bastante, só agora consegui arranjar um tempinho para falar deste jogo. Ou melhor, do último jogo que fizemos com o Bordéus na Luz, no longínquo ano de 1986, algures entre Outubro e Novembro.

Porque eu estive lá.

Estive lá, junto com camaradas de tropa da EPE de Tancos, aproveitando para fugir um bocado da rotina do serviço militar obrigatório.

Estive lá, junto com 100 mil almas que de pé, foram incansáveis no apoio à equipa do Benfica. Velhos tempos. Hoje sobram os NoName e os Diabos Vermelhos. Na altura eram apenas benfiquistas, desorganizados mas crentes e com paixão clubista.

O Bordéus teria uma equipa melhor que a actual? Talvez. E a nossa como se poderia comparar com a actual?

Empatamos 1-1. Fiquei triste... não muito... eram outros tempos. Sabia-se que o Benfica, como qualquer equipa portuguesa, tinha (quase) sempre dificuldades nas provas europeias. Falta de cultura desportiva? Falta de qualidade do modelo de jogo? Mais tarde, ainda nessa época, perdemos 7-1 em Alvalade e eles ficaram todos felizes. Até hoje na antecâmara da pior época de sempre...

100 mil de pé... isso seria lá possível hoje? Tempos de comodismo e critica fácil. Ou sinais dos tempos...

Tantos anos depois, é só de Benfica que falamos. Independentemente de quem os serviu e serve, é o Benfica que continua para além de todos nós ...

Que hoje possa ser mais um episódio de grandeza da nossa equipa...

segunda-feira, 4 de março de 2013

Enfim, sós ...



Portugal, 4 de Março de 2013



“Enfim, sós” é o título que o jornal A BOLA escolheu para resumir a jornada 21. Inspirou-me a escrever algumas linhas sobre a novidade que não tem sido destacada, e que é vermos o Benfica como líder isolado. Até aqui, a única equipa que havia estado isolada na liderança, tinha sido apenas o FCP. Vale o que vale, mas é uma correcção que se justifica.


Costumo ver a Benfica TV após o jogo, sendo perceptível uma clara dualidade no sentido de análise, com vantagem de Pedro Valido sobre José Augusto. Não se trata de exprimirem meras diferenças de opinião, trata-se de transmitir mensagens que se apoiem no futebol real, no futebol de hoje, e não no passado ou na perfeição. Daqui se percebe que quando o canal for codificado, deverá haver muito cuidado na forma como forem escolhidos os futuros comentadores. A bem do negócio e do Benfica, como é evidente.


É também necessário mudar de atitude em relação à arbitragem, porque um dos pilares das vitórias o FCP não são “apenas” os erros de arbitragem programados em função de um “manual de operações” (aqui marca-se, ali, para a outra camisola, não se marca), mas a análise que depois esses erros não tem nas televisões. Isto é: os árbitros erram porque sabem que todos os operadores televisivos, enfeudados à lógica de “sistema” comandado pelo Sr.º Joaquim Oliveira (accionista de referência da FCP e SCP SAD’s), os irão poupar nas análises e nas imagens. Excepto se errarem contra o FCP. E em menor escala, contra o SCP. Aí é que é um problema. Que o diga Bruno Paixão.


Ou seja, caso os entendidos não tenham ainda entendido, passe o pleonasmo, os erros de arbitragem só por si não são um problema. Problema são sim, as lavagens mediáticas desses erros e das consequências dos mesmos, no normal desenrolar do jogo.

E isso voltou a acontecer em Aveiro, com destaque para a equipa de comentadores da Benfica TV. Se sabemos que a restante comunicação social, intencionalmente desvirtua a actuação dos árbitros, é mais difícil de perceber a continuada inépcia dos representantes benfiquistas e em particular da nossa televisão, quando têm de falar do tema.


Ganhamos com 1 golo de penalty, num lance que me pareceu mal decidido. O defesa não teve intenção de cortar a bola com o braço porque estava de costas para a bola. Mas cortou uma situação de golo eminente (o guarda redes moveu-se em direcção contrária à bola cabeceada por Cardozo), pelo que me parece que de acordo com a lei 12, a decisão correcta seria a marcação de um livre indirecto com expulsão do defesa que ilegalmente impediu o golo. Mas este não foi o erro maior, até porque é consensual entre os analistas que o penalty foi bem assinalado. Os erros maiores foram duas grandes penalidades sobre Lima, uma delas bem à vista do árbitro. A primeira, no seguimento de um canto: Lima foi agarrado pelo defesa com o pormenor do braço estar bem visível por cima do tronco de Lima que assim foi impedido de saltar. Na sequência da jogada, Luisão rematou, a bola saiu na direcção de Lima e este voltou a ser puxado para baixo pelo mesmo defesa. 2 penaltys na mesma jogada, nem viu o árbitro, nem viu a comunicação social. O segundo penalty foi num lance em que Lima foi emparedado por dois defesas, mas um deles contactou com a anca e também pisou o pé de Lima provocando-lhe desequilíbrio e queda. Penalty que contudo o árbitro não podia ter avaliado dada a sua posição em relação à jogada, mas que deve ser contabilizado na conta do “deve e haver” como fazem os portistas com os seus penaltys televisivos.


Por último e para os que criticaram a exibição menos fulgurante do Benfica, ainda há a tal situação de golo que o Beira-Mar teve aos 80 mn, que resultou de um canto inexistente. Mais uma má decisão do árbitro, de manual, tal como Xistra no ano passado em Guimarães, onde por nosso azar, resultou a 1ª derrota do campeonato e aquela lenga-lenga sobre os “erros de Jesus”.

Portanto não vi nenhuma boa arbitragem, como António Rola avaliou na Benfica TV, vi sim mais do mesmo, embora com menos intensidade de um árbitro que não tem (ainda) o “traquejo” de Proença, Benquerença ou Xistra. Se a futura codificada Benfica TV avaliar desta forma ingénua este tipo de arbitragens, não iremos tirar partido da independência que teremos quando os jogos do Benfica forem filmados pelas nossas câmaras de televisão.


Remato com o que me pareceu a exibição do Benfica. Várias situações de golo “cantado”, quer por Lima quer por Cardozo. Pareceu-me que o problema da não concretização foi mais de ordem mental do que física ou técnica. Contudo deixo um reparo para os críticos de Jesus: no ano passado, defenderam que ele “arrebentava” com os jogadores, porque insistia sempre nos mesmos. Leio por aqui e por ali, algumas criticas ao facto de esta época, estar a mudar jogadores demasiadas vezes, e perder alguns automatismos. 


Ora meus amigos, deixem-me dizer-vos como naquela anedota: “organizem-se”!