Portugal 14 de Julho de 2017
A bola já rola
para gáudio
dos adeptos e sócios, Nélson Semedo foi vendido por 30 milhões, podendo render
mais 5 milhões por objectivos, mas o tema hoje é, pegando nas palavras de Bruno
de Carvalho de dia 3 de Julho “é fácil roubar os clubes”.
Segundo ele “É muito fácil roubar dinheiro a um clube. Nem é preciso uma conta bancária", disse Bruno
de Carvalho em entrevista ao site norte-americano de economia Bloomberg. O
presidente do Sporting referia-se à forma como
os clubes são geridos e ficam à mercê da fraude dos seus dirigentes,
referindo-se à forma "pouco ética e ilegal de alguns comportamentos comuns
em Portugal".
Vou “colar” mais coisas que tenho recolhido das publicações na comunicação social.
21 de Setembro de 2016, fonte BOLA: “O
administrador-executivo da SAD do Benfica, Domingos Soares Oliveira,
esclareceu, esta quarta-feira, que os
encarnados não têm prevista a venda de jogadores no próximo mercado de Janeiro”.
7 de Setembro de 2016, fonte TVI: “(Vieira) «Para nós, o empresário é uma
parceria. Temos uma parceria com a Gestifute e Jorge Mendes. É uma relação
aberta. Nós dizemos o que queremos gastar e ele cobra uma percentagem que pode
chegar a 10 por cento. O Benfica não tem segredos nem tabus, temos uma
mentalidade empresarial e não temos problema algum em dizer o que se passa. Tem
havido muita demagogia nas últimas semanas».
31 de Outubro de 2016, fonte CM: “Luís
Filipe Vieira projecta fazer um encaixe
financeiro de 90 milhões de euros no próximo mercado de inverno (Janeiro)...”
(nota: notícia não desmentida).
26 de Janeiro, fonte DN: “Os 30 milhões
encaixados com a venda de Gonçalo Guedes para o Paris Saint-Germain - assinou
ontem contrato válido até 2021 e fica com a camisola 15 dos parisienses - fazem
a SAD encarnada superar a barreira das
seis centenas de milhões. Ainda durante este período, os encarnados
investiram cerca de 380 milhões de euros no reforço do plantel principal, o que
corresponde a um saldo positivo superior
a 225 milhões de euros em transacções com futebolistas”.
25 de Março, fonte CM: “De acordo com
aquele relatório (nota: publicado no site da FPF), que apresenta verbas
referentes às comissões envolvidas tanto em transferências como
em renovações contratuais, houve 26
negócios com pagamento de comissões por parte do clube da Luz, com um montante
total envolvido de 30,105 milhões de euros”.
31 de Maio, fonte JOGO: “Tal como O JOGO noticiou atempadamente, André Moreira já não foge ao Benfica. O atleta aguarda apenas a
oficialização da transferência de Ederson para o Manchester City para receber a
ordem de fazer exames médicos e assinar contrato na Luz, o que pode acontecer
ainda esta semana. O guarda-redes
português do Atlético de Madrid tem há semanas um acordo encaminhado com as
águias, numa operação que contou com a participação do empresário Jorge Mendes,
curiosamente também responsável pela negociação do atual dono da baliza das
águias com os citizens”.
Podia colar mais coisas mas penso ter aqui matéria suficiente para tirar conclusões pouco simpáticas para os
benfiquistas que acreditam neste projecto empresarial do Benfica, nas
pessoas que o lideram, na propaganda que envolve este Benfica das parcerias com
Joaquim Oliveira, o dono da comunicação social ou Jorge Mendes, o super agente
que controla muito do que Oliveira não controla no que diz respeito à
comunicação social.
O Benfica está a ser “roubado”. É certo que está a ser “roubado” com esquemas “legais”, porque existem contratos
onde as partes acordam de boa fé, termos de compra e venda que ambos reconhecem
e aceitam. A questão é que, parte do que o Benfica paga a mais aos
agentes dos jogadores, com Jorge Mendes à cabeça, é distribuído, por detrás da “cortina”,
a muita gente dos clubes, e no caso do Benfica, da dita “estrutura”, com
(naturalmente) Vieira à cabeça.
Se o que Vieira disse na TVI fosse verdade, e Mendes (tal como os outros
empresários) cobrassem apenas 10% por intermediação, para o Benfica pagar 30
milhões de comissões teria de ter negociado,
entre compras e vendas, 300 milhões de euros em jogadores. Ora isso manifestamente
não aconteceu entre 1 de Abril de 2015 e 31 de Março de 2016.
O que acontece é que os famosos “direitos
económicos” que os empresários “arrastam” nos passes dos jogadores, sem se
perceber como os adquiriram ou quanto pagaram para os ter, são ao fim e ao cabo, comissões que os clubes pagam. São comissões
encapotadas para o público em geral, mas não para quem como a FPF, sistematiza
as contas dos clubes/SAD. E quando os clubes, como o Benfica, pagam essas comissões
a sociedades off-shore, é óbvio que a primeira conclusão que se tira é que se
pretende esconder o destino do dinheiro, para além de fugir ao pagamento de impostos.
E como tal todas as leituras são
possíveis.
(continua)