Portugal 30 de Dezembro de 2012
O fim do
ano aproxima-se. Confesso que nestes últimos tempos tenho andado confuso com vários tipos de acontecimentos que resumem este
ano a um conjunto de equívocos. Equívocos que perpassam por vários dos
últimos anos da nossa vida. Basicamente nada muda. Somos como somos, erramos
como erramos.
Não
pretendo fazer um balanço do ano, mas aproveito o momento para escrever sobre
coisas que se passaram e passam. Pegando na última edição do jornal Benfica, fiquei
estupefacto com o título do artigo de opinião de Pragal Colaço: “algum dia em 2013 poderemos afirmar que
foi transparente?”. Não foi este um dos que mais contestou a alegada “falta
de transparência” (fora o resto, eu sei) da gestão do Dr. Vale e Azevedo?
Afinal, ao fim destes anos todos, concluo que a transparência não qualifica a
nossa vida, porque muita gente recorre à falta dela para atingir os seus
objectivos. E outros entendem-na consoante as necessidades.
Neste âmbito
poderei abordar as contratações de Sálvio, Lima e Ola Jonh, contratações sem motivação transparente,
incompreensível para quem gosta do clube. Não compreendi que se contratassem 2
médios ala, despendendo cerca de 13 milhões de euros (num só temos 20%), quando
na época anterior, os jogadores dessas posições, Nolito, Bruno César e Gaitan, tinham cumprido com satisfação,
marcando golos, fazendo assistências e sendo, jogadores que, reconhecidamente, não
interferiram na perda do campeonato. Ou se troque Saviola por Lima, dando a Lima maior salário que a Cardozo.
E como
estas opções não são transparentes, compreendo que a comunicação social, com os
órgãos do Benfica em particular, não se
cansem de promover os desempenhos dos novos recrutas, de forma por vezes
patética. É o Lima “isto”, o Sálvio “aquilo”, o Ola Jonh “mais aquilo”, etc. Há que justificar, pela opinião, a má
decisão da contratação (os golos e assistências dos novos jogadores não
suplantam o dos outros que ficaram “tapados”) mas a boa decisão para os amigos do “sistema”: o Braga recebeu 5
milhões por um jogador que em Janeiro ficava livre, o FCP recebeu o dinheiro
que o Atlético de Madrid devia. Do Ola Jonh não percebi porque razão tendo apenas
20% do seu passe, se aposta nele para tapar jogadores cujos passes nos
pertencem a 100%.
O
responsável maior por estas decisões, Luís Filipe Vieira , entretanto
publicou um livro intitulado “Missão Benfica”. Escreve como se nada disto fosse
com ele, nada dos milhões de prejuízo que causou no imediato (o preço que se
pagou pelos jogadores em causa, e a desvalorização dos que cá estavam a jogar
bem) e nada do prejuízo desportivo que já provocou (eliminação da Champions e
primeiro empate na Taça da Liga, desde há 4 anos, com 1 penalty falhado por
Lima). A máquina de propaganda que está
por trás de Vieira, por vezes dá a sensação que o pretende equiparar, pelo “mérito
e génio empresarial”, a uma espécie de Steve Jobs do futebol. Estamos a
falar do mesmo Luís
Filipe Vieira que no Alverca, desceu de divisão. Como a
propaganda tudo faz esquecer …
Esse
livro de facto tem um título errado, pois devia chamar-se “Missão BES - endividar para existir”. Não compreendo que seja
escrito ao fim de 11 anos como gestor do futebol e presidente do Benfica, e com
várias ameaças de saída pelo meio. Quando se tem como missão reerguer o clube
que amamos, como ele diz, não esperamos
11 anos para escrevermos que é isso que andamos a fazer. Nem fazemos
ameaças pelo meio. Quando há uma
estratégia, ela tem que se impor pela qualidade. E pela clareza dos seus
objectivos.
Estupefacto
também fiquei com a sugestão, no SAPO online, de que a derrota do SCP em Vila
do Conde, ainda permitia alimentar
algumas hipóteses de qualificação. Matemáticas, eu sei, mas mesmo assim há
coisas que a matemática também prova: caso o Paços não vencesse o Marítimo, o
SCP precisaria de fazer um daqueles resultados que ainda não fez esta época,
para se poder apurar. Portanto…
E por
falar em SCP, aqui se vê o exemplo de um
clube que por mudar muito quando não ganha, se arrisca a cair no abismo. No
futebol, tal como às vezes na vida, deve procurar-se a solução na “contra
lógica”, nas opções que fogem aos lugares comuns: no bom senso de verificar se
era possível fazer melhor, com os outros treinadores e respectivos plantéis. Ou
seja, se tivessem o bom senso, a sageza
e a coragem de ficar como estavam, seguramente agora estariam melhor. Um
tema à atenção de alguns adeptos do Benfica que mudavam de jogadores e
treinador todas as semanas…
Falta de
transparência foi coisa que não faltou na eleição de Pedro Proença como “figura
do ano” para o jornal A BOLA. Qual o critério: ter sido escolhido para apitar a
final da Champions League, ou ter oferecido o título de campeão ao FCP? Se fosse por mérito desportivo, teria
de ser escolhida a equipa que ganhou a 1ª medalha (de prata) de sempre, para
Portugal, nas provas de remo dos Jogos Olímpicos. Se o critério foi a acção continuada, esta eleição de Proença
sugere conivência entre o jornal A BOLA,
patrocinador - no campo da opinião - da actual Direcção do SLB, e o “sistema” de arbitragens que dá títulos
ao FCP.
Porque
no futebol tudo se liga, ouvimos Maradona elogiar Mourinho, quando da eleição
de “melhor treinador do Mundo” (e não ganhou a Champions, que faria se tivesse
ganho). Seria sem dúvida um elogio inocente, se não fossem ambos representados por Jorge Mendes. Mas também
ouvimos Mourinho elogiar Luís Filipe Vieira antes das eleições e ouvimos Pepe e
Bruno Alves defenderem Meireles no caso da expulsão na Turquia. Onde há Jorge Mendes, as coisas nunca
acontecem por acaso.
Bom ano para todos e muitas vitórias do Benfica em
2013.