sexta-feira, 11 de março de 2011

Crónica de um título anunciado - parte I


Com a derrota em Braga e a mais que certa conquista do título por parte do clube que mais tem sido referenciado por casos de corrupção e tráfico de influências no mundo do futebol, em particular na arbitragem, fica comprovado o prognóstico que fiz para este campeonato, logo após a 1ª jornada...

De facto, tenho um colega de trabalho que é adepto do FCP e com o qual falo regularmente porque trabalhamos paredes-meias. Após essa 1ª jornada em que o Benfica perdeu em casa com a Académica por 1-2 e o FCP ganhou na Naval por 1-0, a sorte do campeonato ficou decidia. E porquê? Como expliquei a essa minha testemunha, quem “rouba” como Cosme Machado “roubou” o Benfica e quem “ajuda” o FCP como “ajudou” Paulo Batista, tanto o faz à 1ª jornada, como à 3ª, 7ª, 19ª ou 27ª. Fá-lo quando for necessário porque não estamos perante erros enquadráveis no domínio da imperfeição humana, estamos perante erros de manual, programados e produzidos, com base numa lógica de “sistema”.

Por “sistema” entendo um conjunto de pessoas (jogadores, treinadores, empresários, dirigentes de clubes, associativos ou federativos) e instituições (sejam clubes, Liga, FPF, Olivedesportos, Bancos e outras com interesses na área económica do futebol), que se relacionam entre si com base no atropelamento ou manipulação das regras ou leis em vigor, de modo a serem reforçados os objectivos individuais e comuns de todos eles. Que nuns casos visam o sucesso desportivo, noutros casos visam a perfomance económica.

O Benfica é um clube que está fora do “sistema” porque não se relaciona nem pode relacionar-se com todos os elementos do mesmo, por incompatibilidade de objectivos. Isto é O Benfica luta para ser campeão e luta para ter bons resultados económicos. Logo é um concorrente desse “sistema”, onde apenas há 1 clube que se permite lutar para o título, facto implicitamente aceite por todos os outros, que em contrapartida negoceiam entre si as melhores classificações possíveis.

Por outro lado o Benfica não pode ter sucesso económico, porque se o tivesse deixava de precisar de alguns intervenientes, tais como Bancos ou empresas com interesses económicos no futebol (PT, Zon, etc), o que seria mau para eles e criaria alguma liberdade e independência para o Benfica definir o que entende serem as melhores estratégias para a sua realidade clubística e empresarial. O que seria duplamente mau. A emancipação é algo que não lhes interessa porque se reflecte nos lucros e porque pode por em causa o “equilíbrio” desportivo, com o FCP à cabeça.

Não interessa explicar como ao longo de 20 anos se chegou a este ponto. Interessa perceber que estamos neste contexto competitivo em que se sabe quem ganha por muita antecipação.

Os executores das tácticas que interessam ao “sistema” são, de baixo para cima, quem administra e gere a arbitragem: Vítor Pereira num 1º nível, Fernando Gomes pela via institucional num 2º nível, mas há outros. Os que conhecem os “esqueletos” que Vítor Pereira guarda no armário. E o têm bem amarrado.

Não pode surpreender toda a série de avaliações arbitrais, que mudam de critério de jogo para jogo, e num mesmo jogo, da 1ª para a 2ª parte, conforme a cor da camisola. Não podemos admirar que o mesmo Cosme que assinalou penalty inexistente contra o Benfica em Vila do Conde, na Taça da Liga da época passada, seja o mesmo que tendo 5 oportunidades para assinalar 1 penalty a favor do Benfica contra a Académica, não o tenha conseguido fazer.

Não surpreende que o mesmo Xistra que expulsou, por 2º amarelo, um adversário do SCP na Madeira (Anselmo) seja o mesmo que 8 dias poupou o amarelo ao jogador do Braga, Káká, que (1) derrubou Cardozo e discutiu com o árbitro no lance que acabou por dar golo do Benfica, (2) numa jogada posterior com, creio 55 mn e 1-1, onde corta a bola com o braço (nesta altura já tinha 1 cartão amarelo) e (3) mais tarde teve uma entrada à perna de Cardozo que se chama “tackle” e que o Sr.º Jorge Coroado só vê a cor de um cartão: vermelho. Ou seja, o jogador do Nacional é expulso à 1ª, o do Braga em 3 oportunidades, não foi.

Entendamo-nos porquê: num caso o SCP está a perder e jogando contra menos 1 aumentam as hipóteses de um bom resultado. No outro caso o jogo está empatado, em superioridade numérica o Braga pode fazer um bom resultado com o Benfica, mas em igualdade numérica essa vantagem dissipa-se. Em ambos os casos, o erro do árbitro está enquadrado numa matriz lógica de actuação bem definida e que ao mesmo tempo identifica quem está dentro e fora do “sistema”.

basta2002@gmail.com



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