segunda-feira, 13 de junho de 2011

Futsal "à rasca"

Portugal, 13 de Junho de 2011

Com a 2ª derrota em outros tantos jogos em casa, a nossa equipa de Futsal está “à rasca” para reconquistar o campeonato e dedicá-lo ao Sr.º Vieira. Infelizmente parece que cada vez que se ganha alguma coisa nas modalidades de pavilhão, têm de se dedicar ao “grande líder”, não vá ele fechar a torneira do investimento na época seguinte. Assim vai o nosso Benfica dos “sócios”.
Quanto ao 2º jogo, a primeira coisa que me ocorre é que nem se pode falar da ausência do Ricardinho, nem da competência do treinador Paulo Fernandes. E não se pode meter estes dois elementos na análise às 2 derrotas pela simples razão que na época passada, o SCP de Paulo Fernandes ganhou o título 3-1 ao Benfica de André Lima (campeão europeu) e Ricardinho.
Note-se que nessa época, em ambos os jogos que o SCP venceu o Benfica na Luz, um nos penaltys e outro no prolongamento, também o Benfica esteve em vantagem até escassos 5 minutos do final do jogo, creio que por 1 e 2 golos. Em ambos os jogos, e com uma ajuda aqui e ali da arbitragem, o SCP empatou e forçou o prolongamento, onde acabou por nos vencer.
Se analisarmos golo a golo, podemos perceber o que está a falhar no Benfica. No 1º golo, erro individual grosseiro de David que quer organizar jogo com um adversário por perto, demora tempo a soltar a bola, fica sem ela, e os dois avançados do SCP constroem o golo, a menos de 2 mn do intervalo. Depois de empatarmos, voltamos a dominar em posse de bola e melhores situações de golo, mas os postes existem, os guarda-redes estão lá para defender, o que não pode acontecer é um 2º golo devido a mais um erro de marcação defensiva de Diego Sol. O SCP conseguiu uma jogada de contra ataque, a bola caiu nas costas de Diego Sol e este não soube marcar o adversário que estava meio metro à sua frente. Macio e sem rasgo, esqueceu de tentar o “carrinho” que mandasse a bola para fora. Mais uma vez 2 jogadores do SCP construíram um golo com aparente facilidade.
A cerca de 2 mn do final, obviamente que o treinador teve optar pelo guarda-redes avançado, para não lhe chamarem medroso. Primeiro ataque, 3-1 para o SCP. Aqui creio que falhou o posicionamento do guarda-redes avançado, pois parece-me que não deve passar muito da linha de meio campo e deve procurar situar-se no eixo que une o meio das duas balizas. Diego Sol contudo atreveu-se a ir lá à frente, ao lado direito do nosso ataque, ficou sem a bola e pronto 3-1.
Mais uma vez o Benfica com muita inspiração e talento faz o 3-2, mais uma vez entra o guarda-redes avançado, mais um erro e 4-2. Em resumo, 4 golos do SCP devido a erros individuais de jogadores do Benfica, uns que provocam os outros, e 2 golos do Benfica resultantes de muito trabalho, inspiração, criatividade, talento. Ou seja, os golos do Benfica dão sempre mais trabalho a alcançar.
A minha conclusão é pois simples. O Benfica não sabe defender e não precisei de ver o 1º jogo para perceber isso (como aliás no ano passado também). O Benfica não sabe defender porque no clube a filosofia é o ataque. O modelo de jogo 1-2-1 permite ter mais atacantes do meio do campo para a frente, mas também obriga ao alargamento das linhas entre cada jogador. O que facilita o contra ataque e o pouco aproveitamento dos erros defensivos do adversário (que também os teve). E porquê? Porque o SCP jogando em 2-2, tem mais apoio na linha defensiva como na linha ofensiva. Regra geral permite-lhe ter 2 atacantes a atacar o organizador de jogo, e 2 defesas para o pivot de ataque do Benfica. O resto é esperar pelo erro adversário.
Sabemos que é assim, mas persistimos no erro táctico. Se com o talento de Ricardinho perdíamos, sem esse talento é um erro colossal continuarmos a insistir num modelo de jogo ofensivo, contra um rival que tem um plantel da mesma qualidade global do Benfica. Alguma semelhança com o futebol de 11 não será mera coincidência...
Os comentários ao jogo na Benfica TV e as peças jornalísticas que hoje li, falavam de alguma sorte do SCP e das boas defesas do Benedito. Discordo. Logo durante o jogo, ao contrário dos comentadores da Benfica TV, percebi que o SCP estava com mais equipa, sabiam ao que vinham e espremiam ao máximo a sua estratégia de jogo. Nós não. Atacávamos com tudo, contra um quadrado muito fechado, à espera que uma inspiração desse um golo. Nem que fosse de sorte. Por outro lado, dizerem que o SCP não estava a conseguir sair do seu meio campo, é não perceber nada do jogo que estava a decorrer. O SCP deu a iniciativa ao Benfica para poder explorar o erro. Não foi dada à toa, havia uma estratégia determinada. Que funcionou ...


Por último, a preparação mental dos nossos jogadores verifica-se em algumas afirmações que transcrevo. Pedro Costa, o capitão, disse que “Tem sido muito mais fácil alcançar as vitórias com o apoio dos nossos adeptos e eles não nos vão virar as costas e com certeza vão encher todas estas bancadas. Vamos brindá-los com duas vitórias. É isso que todos queremos. Diego Sol afirmou “somos melhores e temos de entrar concentrados no encontro, algo que penso que faltou no último jogo”. David disse que “queria ser campeão no Pavilhão de Loures porque assim já saberíamos que não haveria quarto ou quinto jogo”.

A fronteira entre o discurso da auto-confiança e o da basófia tem uma linha muito ténue a separá-los. E nós caímos para a basófia. Ridículo.



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