Portugal, 2 de Maio de 2012
Como referi no texto anterior, há 18 anos que os
campeonatos de futebol profissional são organizados pela Liga de Clubes sedeada
no Porto. Os campeonatos da fraude. Também
referi que esta mudança de local e entidade organizativa, foi vista por gente
de responsabilidade no domínio da opinião mediática, como a entrada em vigor de
uma nova ordem no futebol nacional.
Os números de facto assim comprovam. Nestes 18 anos de Organismo Autónomo e Liga de Clubes, o FCP venceu 13 campeonatos (72%),
o Benfica e SCP venceram 2 cada um, e o Boavista ganhou 1. Por comparação, nos
anteriores 15 campeonatos organizados pela FPF (lamento não ter dados sobre os
anteriores 18 anos) o Benfica venceu 7, tantos como o FCP (47%), e o SCP venceu
1.
Se o algodão não
engana, os números também não: a mudança de entidade organizativa dos
campeonatos apenas favoreceu um clube, o FCP! Não por mera coincidência, o
clube da cidade onde se localiza a Liga de Clubes.
Importa colocar então uma questão. Se o Presidente do FCP e estrutura do clube continuaram as mesmas, como
é que a sua eficácia nos campeonatos ganhos, quase duplicou?
Para tornar a pergunta mais difícil, poderemos acrescentar
que os principais rivais do FCP, Benfica e SCP, até se reforçaram cada vez
mais, melhoraram vários aspectos da sua organização interna, endividaram-se
para sustentar uma estrutura futebolística mais competitiva, e contudo o FCP
passou de 47% de campeonatos ganhos num intervalo de 15 anos, para 72% num
intervalo de 18 anos.
A resposta terá de
ser encontrada no controlo da arbitragem.
Na altura criou-se a ideia de que o FCP ganhava mais
títulos porque as Associações de Futebol, com a do Porto à cabeça por ter maior
número de votos (função do número de clubes), controlavam a arbitragem e demais
lugares da FPF. Eu próprio vi com bons
olhos, a mudança da FPF para a Liga de Clubes, porque assim as Associações
deixavam de mandar na Arbitragem. Apenas achei um ponto frágil à instalação
da Liga no Porto, mas dei o benefício da dúvida essencialmente porque as jogadas
(também conhecidas por “chitos”) de Adriano Pinto, iam acabar.
Passados estes anos todos, tenho de reconhecer que era uma
análise errada. O controlo da arbitragem
deixou de ser negociado entre 4 das maiores Associações de Futebol do País,
Porto, Braga, Funchal e Aveiro, para passar
a ser controlada pela teia de interesses económico - desportivos que a nova
estrutura dos clubes / SAD passou a representar. Todos os clubes e SAD’s aumentaram
a dependência dos direitos televisivos, detidos em exclusividade pela
Olivedesportos, e do seu parceiro económico, o BES que viu no futebol um bom
nicho de mercado (que lhe tem proporcionado bons retornos financeiros, como
eles reconhecem).
Assim, se antes as Associações “cozinhavam” as listas para
as eleições e dividiam entre si os interesses, com a Liga quem “cozinha” as listas é o FCP através de outros clubes, com o
beneplácito da Olivedesportos e do BES. Obviamente que o FCP nunca apoiou qualquer lista para a Liga, nem mesmo a última
com Fernando Gomes um fanático adepto do FCP, que enquanto presidente da Liga
de Basquetebol nos anos 90 do século passado, conseguiu a proeza de “arrumar” a
equipa do Benfica que dava cartas na Euroliga (a Champions do Basket).
Na estrutura “Associações”,
os interesses eram divididos. Na estrutura “Liga”, os interesses são
concentrados e o FCP é o denominador comum. Terá pois de se estabelecer uma
relação de causa e efeito, entre esta nova ordem do futebol e os resultados do
FCP.
Em particular não nos podemos ficar apenas pelo número de
títulos conquistados, 13 em 18, mas na qualidade desses títulos. Se a Liga
ajudou o FCP a ganhar mais do que ganhava quando a FPF e as Associações
organizavam as provas, também a presença
de Fernando Gomes na Liga está a ser caracterizada por vitórias mais fáceis ou
menos previsíveis.
Nestes dois últimos títulos, o FCP conseguiu 93% de
pontos com Villas-Boas (o pior treinador da era Abramovitch) e se Vítor Pereira
conseguir ganhar os 2 jogos em falta, faz 83%. Estes 2 resultados estão entre os melhores 4 que o FCP fez no milénio, e obviamente
isto tem de fazer pensar como serão os campeonatos seguintes...
Até porque o Benfica fez 70% num caso (depois de perder o
título, Jesus optou por rodar a equipa para poupar titulares para a Taça de
Portugal e Liga Europa) e 77% neste ano se ganharmos os 2 jogos em falta. E 77% é apenas a 2ª melhor pontuação que o
Benfica conseguiu nestes 18 anos (a maior são os 84% de Jesus há 2 anos).
Não foi pois pelo treinador que o Benfica perdeu este título...
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