Portugal, 5
de Junho de 2013
Após vários
episódios perfeitamente reveladores da falta de rumo, falta de estratégia ou o
que de equivalente se lhe queira chamar, o Benfica finalmente comunicou à CMVM
a renovação de contrato com
Jorge Jesus. Não foi um processo simples, muito menos foi
fácil de concluir em particular após a derrota nas 3 grandes provas em que
estivemos empenhados até ao final.
Esta demora no
processo era perfeitamente escusada, mas adivinhava-se que assim seria.
Recordando o que foi sendo dito na imprensa, que como sabemos, funciona também
como receptáculo de “recados” e outras mensagens com conteúdo ambíguo, que ao
contrário do que pensam os seus mentores, costumam ter custos desportivos
imprevistos:
Título
principal “Renovação de Jesus fora dos
planos”, titulo secundário “Vieira
recusa abordar assunto”, RECORD on-line, quarta-feira, 31 outubro de 2012 | 06:40.
“O treinador
do Benfica, Jorge Jesus, não sabe ainda
qual vai ser o seu futuro no clube, uma vez que o contrato que os liga aos
encarnados acaba no final da temporada” – BOLA online, 15-12-2012
Este tipo de
mensagens, resultantes da habitual
inépcia da Direcção em saber utilizar a comunicação como ferramenta ao serviço
dos interesses do clube, conduziu os midia a debates opinativos com alguma
regularidade, sobre os méritos e deméritos do treinador, ora elogiando, ora
apontando lacunas e criticas, que no final da época se transformaram apenas em
lacunas e criticas pelo falhanço dos objectivos que legitimamente esperávamos
alcançar.
Passar o
debate dos midia para os adeptos é muito fácil, uma vez que vivemos em
autênticas sociedades de informação, e como tal as pessoas falam do que se fala e não do que lhes apetece falar.
Porque estão condicionadas e a grande maioria dos adeptos não consegue fugir
aos temas que os midia criam.
Ou seja,
percebe-se com facilidade que a figura
do treinador estava fragilizada nas últimas semanas devido ao acumular de
inêxitos, apesar de nem todos esses inêxitos se deverem a factores de
incompetência própria. E com naturalidade, o resultado final da articulação
das vontades dos midia com a influência nos adeptos, tornou a renovação de
Jesus muito mais difícil do que seria desejável. Com consequências para a próxima época.
Como se vê o
problema da falta de estratégia do Benfica para a comunicação, tem consequências
várias e acarreta sistemáticos ónus para
quem tenta fazer o melhor, em competições viciadas, como bem se viu nas
“performances” dos árbitros nas ultimas jornadas do campeonato, culminando na
indicação de Jorge Sousa
(o árbitro que nos impediu de ganhar a Taça de Portugal), como n.º 1 dos
árbitros portugueses. “Feito” que já havia alcançado na época 2008/2009 quando,
por mera coincidência seguramente,
arbitrou 4 jogos ao Benfica e conseguiu que tivéssemos 3 derrotas, quando os
demais árbitros nos restantes 26 jogos apenas tinham “conseguido” 2. O “sistema” da arbitragem é muito claro nas
suas opções e não é também por acaso que Bruno Paixão, o ultimo árbitro que
esteve numa derrota justa do FCP, ainda hoje não arbitra jogos desse clube,
para além de ter perdido as insignias de internacional.
A renovação de Jesus veio tarde. Envolvida
numa penumbra sebastianista e com declarações de princípios demagógicas por
parte do mesmo Presidente que despediu Fernando Santos na 1ª
jornada do 2º ano de contrato, a renovação deveria ter acontecido por avaliação
global positiva dos 3 anos de contratos integralmente decorridos, bem como dos
meses já vencidos neste 4º ano de contrato. Jesus, como qualquer treinador do Benfica, não deve ser avaliado pelo
número de títulos conquistados, mas pelo dinheiro e prestígio gerado. E
porquê? Porque o paradigma dos clubes mudou.
Hoje um bom treinador é um treinador que gera
dinheiro para sustentar uma boa equipa sem perder nunca a ilusão da conquista. Se ganhar
títulos tanto melhor. Mas esta não pode ser a condição necessária para definir
a renovação. A independência dos Bancos deve ser conseguida à custa do dinheiro
gerado pelo futebol. E não da conquista de títulos, para os quais se gastam
recursos que muitas vezes não se têm, que depois custam caro na gestão das
épocas seguintes. O exemplo do SCP é elucidativo: durante os últimos 3 anos
buscaram uma equipa e hoje não têm dinheiro para nada.
Por ultimo
quem sabe porque razão não conquistamos o titulo de campeão esta época e de
vencedores da Taça, bem como porque razão fomos impedidos no ano passado de lutar
pelo título, óbviamente sabe que só as
percentagens de Jesus poderão, com alguma sorte (já que o Sr.º Vieira só fala de
arbitragens quando estes forem profissionais, ou seja, nunca) vir a dar títulos. Porque nos últimos
27 anos foi o treinador que com consistência conseguiu obter as maiores
percentagens de pontos conquistados no campeonato, condição necessária para
ganhar o título.
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