sexta-feira, 5 de julho de 2013

Os direitos televisivos I



Portugal, 5 de Julho de 2013

Se há tema que nos últimos anos condicionou a evolução do Benfica como clube e grupo empresarial, seguramente os direitos televisivos estão na 1ª fila de importância. Neste particular aspecto, vou mais longe e não duvido que as eleições de 2000 foram claramente uma escolha entre o projecto “Benfica Independente” e o projecto “Benfica Sporttv”.

Suporto esta opinião nas várias declarações do “muito que o Benfica lhe deve”, que o Sr.º Luís Filipe Ferreira Vieira fez em favor do seu amigo e ex co-accionista da Alverca SAD, Joaquim Oliveira. Tenho também como referência o valor ruinoso que a Olivedesportos pagou ao Benfica por 12 anos de contrato, valor só possível para honrar um qualquer tipo de acordo pré eleitoral. Temos também o silêncio macabro do Presidente do Benfica acerca dos sucessivos vexames e mentiras mediáticas que a Sporttv criou durante a totalidade de vigência desse contrato, como recentemente o caso Capela.

Quanto ao valor do contrato celebrado com a Olivedesportos, o aspecto mais mensurável deste “Benfica Sporttv” e bem revelador da falta de respeito que o anterior e actual Presidente têm pela instituição, sócios e adeptos, foi negociado por um período de 12 anos, na base de 8 milhões de euros anuais, incluindo publicidade estática e qualquer transmissão futura em novas tecnologias que viessem a ser descobertas. 

Pata termos uma comparação de com esse montante foi baixo, basta compararmos com o valor realizado no último ano da gestão de Vale e Azevedo, o qual, contra tudo e contra todos, conseguiu encaixar 6 milhões 125 mil euros na época 1999/ 2000! Para não restarem dúvidas sobre a credibilidade deste número, consultem o Prospecto de Aumento de Capital da SAD, Maio de 2001.

Ou seja. Quando em 2003 (3 anos depois) a Direcção de Vilarinho, com Filipe Vieira a gestor de futebol e candidato em campanha eleitoral para o seu 1º mandato, assinou por 8 milhões por época, por 12 épocas, apenas estava a cobrar o mais que certo valor auferido no primeiro ano de contrato, caso Vale e Azevedo tivesse continuado o seu projecto mediático! O resto foi oferecido ao Sr.º Joaquim Oliveira, apesar da difícil situação financeira que o clube/SAD atravessavam, em particular agravadas por 3 anos de más decisões no futebol, desportivas e económicas, dos tais que iam “ensinar Vale e Azevedo a ganhar no futebol”.

Quanto se perdeu com esta decisão? Para além de não sabermos quantos milhões tivemos de pagar à SIC pelo rasgar dos contratos (sim, Vilarinho e Vieira rasgaram os contratos, rescindiram unilateralmente e sem justa causa os contratos com a SIC, para assinarem com a Olivedesportos), sabemos que o FCP recebeu cerca de 20 milhões por época nos últimos 2/3 anos. Se os nossos contratos começassem em 8 milhões e terminassem em 20 milhões (para ser simpático), obviamente que o valor anualizado para 12 anos seria sempre muito superior aos 8 milhões. Numa média aritmética, esse valor seria de 14 milhões, mas admitindo que o crescimento do valor dos contratos seria maior na segunda metade do período de vigência, pensar em 12 milhões não é descabido. Ou seja, 48 milhões no mínimo foram perdidos neste período pela decisão de “dar” à Olivedesportos a primazia nos contratos, mais a rescisão com a SIC (que tinha contratos para 8 anos).

Assim sendo, é legítimo especular sobre quais os verdadeiros interesses que estiveram por trás da assinatura de tão ruinoso contrato. O pagamento do favor eleitoral? É uma das hipóteses. Bem sabemos como o Sr.º Joaquim “abre umas portas aqui, umas portas ali”, para utilizar uma expressão usada na sua mini biografia publicada no Expresso em 2005. E de acordo com Vieira, “o Benfica deve-lhe muito”. O Benfica não deve nada, pelo contrário, como demonstrei.. Mas se calhar ele próprio Vieira é que lhe deve muito, pois se Vale e Azevedo ganhasse as eleições, Vieira era apenas um empreiteiro de Alverca e não uma figura nacional. 

Para além disso, toda a gente sabe o que são as comissões nos negócios. Alguém, no seu perfeito juízo, admite que este contrato selado por valores muito abaixo do potencial do Benfica, não gerou comissões para alguém? Eu não tenho dúvidas... Isto de fazer fortuna a partir do zero não é para qualquer um...

12 anos depois, com perda de muito dinheiro com os contratos televisivos, depois de termos pago seguramente uma indemnização monstruosa ao anterior operador de imagem que detinha esses direitos televisivos, chegamos ao dia 1 de Julho, o dia da libertação. Será?

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