Portugal, 4
de Novembro de 2013
Na última
jornada, conseguimos uma robusta vitória sem sofrer golos, sobre um adversário
que se moralizara por ter ganho em Braga, mais uma vitoria com o selo de Jorge
Jesus e Cardozo, mas para variar a comunicação social haveria de referir “um jogo que teve nota artística mínima” e “no segundo período, a qualidade do espetáculo
piorou” BOLA online.
Já para o empate do FCP
“foi um FC Porto sem chama, a viver
essencialmente de os impulsos de alguns jogadores” mas “onde o relvado também não facilitou o trabalho
da equipa de Paulo Fonseca”, BOLA online. Para a vitória do SCP reservaram
“não foi fácil, nada fácil a vitória do
Sporting” e “nem com mais um jogador
o Sporting conseguiu ser mais tranquilo”, BOLA online.
Para o RECORD online, tivemos
“uma exibição q.b. valeu ao Benfica
para vencer a Académica, por 3-0”, tivemos “enorme surpresa no Restelo! Mangala acaba o jogo como protagonista, por
boas e más razões” e ainda para o SCP “Três
pontos importantes na luta pelo título”.
Numa
interpretação livre, diria que nem BOLA
nem RECORD conseguiram criticar a qualidade do jogo do FCP, apondo sempre um
factor de distracção (o estado do campo, para um, o Mangala para outro).
Diria que tanto BOLA como RECORD deram
conta, quer da dificuldade do jogo do SCP, quer da importância dos 3 pontos
conquistados. E diria também que o
Benfica, por ter simplificado as dificuldades do seu jogo, devido à competência
do treinador e qualidade do grupo, por ter ganho com clarividência e por margem
confortável, foi o que dos 3 “grandes” o que saiu mais penalizado pelas
apreciações sobre “notas artísticas” e “exibições qb”.
Esta é a matriz cultural dos “mídia” lisboetas, dominados
por adeptos do SCP ou pelos que não sendo adeptos do SCP se encaixam bem na sua
forma de ver e pensar o futebol. Por exemplo aqueles adeptos do Benfica que sonham com “jogos vibrantes”, “goleadas das
antigas”, dos que facilmente embarcam na treta do “jogar bem”, da “nota
artística”, da “pressão alta”, disto e daquilo, e quando perdemos jogando
dessa maneira, dizem que Jorge Jesus devia deixar o romantismo de lado.
A idiotice pode-se
apresentar sob a forma de muitos tipos de disfarces...
O que é certo
é que os 3 pontos importantes para o SCP, mais
importantes para eles do que para o Benfica segundo a comunicação social,
permitiram recuperar 2 pontos de atraso nesta escalada difícil ao 1º lugar do
campeonato. São tantas as dificuldades que a equipa do Benfica tem de
ultrapassar, muitas mais do que o SCP por exemplo, que poderemos bem dizer que subir ao Olimpo é capaz de ser mais fácil, do
que subir ao 1º lugar do nosso campeonato.
Ao contrário
de qualquer outra equipa, o Benfica vê-se sucessivamente confrontado na
comunicação social com debates sobre a táctica (o losango, o quadrado, os trincos,
o 6, o 8, o meio, as alas, o 10, etc.), sobre o número de avançados, sobre a
marca da pastilha elástica do treinador, sobre o defesa lateral esquerdo, sobre
o número de meses que o Cardozo leva sem marcar um golo de livre directo, sobre
o número de jogos que levamos a sofrer golos consecutivamente, sobre a falta de
eficácia da equipa nas bolas paradas, sobre a marca de gasóleo do Benficão,
sobre o excesso de confiança ou o discurso pouco mobilizador do treinador
(conforme dá jeito), sobre a nota artística ou sobre a falta de brilhantismo
num determinado jogo ganho, sobre o número de lesões (musculares ou
traumáticas, tanto lhes dá), sobre os milhões que se gastaram em jogadores que
não saem do banco, sobre o número de nacionalidades dos jogadores num determinado
jogo, sobre as duas opções para cada posição, sobre o ordenado do treinador,
etc, etc.
Nós no
Benfica, não temos a “sorte” de, e ao contrário dos rivais, sermos presenteados
com comentários da RTP, quando da vitória tangencial (golo de Tonel, de canto)
de um rival contra o extinto Estrela da Amadora, “sem deslumbrar mas com a
eficácia que se exige a um candidato ao título”, assim como não temos a
“sorte” de nos desculparem com “o estado do terreno”, como aconteceu
recentemente no jogo da 1ª mão com o Olympiakos. Porque nestas alturas de mau
tempo, a bola só não rola bem para o FCP. Para o Benfica isso já não é
relevante...
Enquanto não
se perceber a importância que este tipo de mensagem tem na moldagem do carácter
do “12º jogador”, nuns casos para o bem,
noutros para o mal, vamos continuar divididos sobre o valor, o respeito, o apoio que a nossa equipa, treinador e jogadores
em particular, tem e merece...
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