Sexta-feira, 15 de Outubro
de 2004
Com aquele providencial sentido de oportunidade que
Pinto da Costa tanto agradece, a TSF mandou hoje para o ar um Fórum de opiniões
sobre a possibilidade do FCP não se deslocar ao Estádio da Luz. Este tipo de
Fórum é um espaço dito de opinião, na esmagadora maioria, de opinião
irresponsável, ignorante e sem interesse. Mas
que produz efeitos importantes no que diz respeito ao passar de um certo tipo
de mensagem, e que neste caso foi a que mais interessou ao FCP e não a quem
precisava de ser esclarecido sobre o assunto.
A TSF tem estes critérios estranhos de dar valor ao que interessa aos editores e não ao
interesse que a própria natureza dos assuntos encerra. Por exemplo, quando
Del Neri foi despedido pela gestão “competente” do FCP isso não foi considerado
interessante, mas o despedimento de Toni do Benfica por exemplo já foi e deu
lugar a um Fórum. Quando João
Pinto foi dispensado por Vale e Azevedo houve 2 horas de
Fórum especial num domingo à tarde, mas quando recentemente a equipa de
gestores do Sporting não renovou com João Pinto isso já não foi considerado relevante.
Isto tem uma explicação relativamente simples e que
se prende com a cor e cultura clubista dos editores e jornalistas da TSF :
esmagadoramente Sporting em
Lisboa e FCP no Porto. Quando se vê o Sporting lutar contra
uma classificação impensável tendo em conta o apoio recebido da generalidade
dos “media”, percebe-se a frustração dos jornalista da TSF que vêm neste tipo
de Fórum o melhor sitio para derrotar o seu arqui-rival, o Benfica.
A derrota dos interesses do Benfica, começa com a discussão de assuntos sem fornecerem todas
as explicações técnicas e/ou factuais aos ouvintes e continua no processo de
selecção das chamadas telefónicas. Quando cerca de 90% dos participantes do
Fórum telefonam de Paredes, Porto, Espinho e por aí, não se pense que em Lisboa
as pessoas trabalham e os do Porto (ou Norte como gostam de se intitular) ouvem
rádio. Não! Há um critério de selecção de
ouvintes, o que é um acto discriminatório e de censura.
De todas as vezes que tentei entrar na TSF nunca
consegui. Uma delas, quando o Benfica perdeu 7-0 com o Celta, tentei duas vezes
antes das 10h30mn, hora de início desse Fórum, tendo-me sido dito que era cedo e para ligar apenas quando ouvisse
o spot de anúncio do Fórum. Quando isso aconteceu, disseram-me que a lista já estava
cheia e não podia inscrever-me. Protestei e enquanto falava com a
recepcionista entrou logo um adepto do FC Porto da zona do Marco de Canavezes...
Ou seja, os jornalistas gostam de falar de liberdade de opinião, mas como é óbvio apenas para
eles e para quem eles querem, neste caso uma selecção de telefones de
pessoas que têm livre-trânsito consoante as opiniões que expressam. Eu próprio entrei uma única vez no Fórum da noite
porque me deram um contacto de alguém da TSF que fez o favor de me telefonar
quando se iniciou programa. E lá consegui dizer o que pensava, mas com o
Srº Fernando Correia a cortar-me o pio ao fim dos 3 minutos, uma vez que contestei a intenção da Direcção do SLB em
avançar para um grupo empresarial de tesos e falidos.
Voltando aos bilhetes, nenhuma das intervenções
incluindo a dos jornalistas, mencionou o
discurso de Fernando Gomes
e os termos inaceitáveis que dirigiu ao SLB após ter terminado o prazo
regulamentar para requisitar os bilhetes. Nessa intervenção que cito do jornal
o JOGO, FG afirmou “compete à
Liga, como entidade reguladora da actividade do futebol, fazer respeitar os
regulamentos. Se a Liga não o faz, naturalmente que o FC Porto no estrito
desempenho daquilo que a si lhe cabe, tentará fazer o que está ao seu alcance
de modo a que os regulamentos sejam cumpridos”. O
jornal O JOGO acrescentou a estas declarações o título “Repulsa pela atitude do Benfica e recurso para a
Liga”.
Ora já ficou claro que o FCP não cumpriu os requisitos legais e como tal não pôde recorrer –
como não recorreu – para a Liga. Quer dizer que FG mentiu e que o JOGO promoveu
uma mentira sem antes se esclarecer junto do Benfica, o que viola o código
deontológico dos jornalistas.
Este
imbróglio nasce portanto de uma intenção declarada do FCP criar um cenário de
guerra (4 pontos a menos e
deslocação a casa do adversário é um mau cenário) e a TSF mais uma vez serve-lhes a estratégia numa bandeja. Porque
não foi o Benfica que se recusou a ceder os bilhetes, foi o FCP que se recusou
a pedi-los optando antes disso pela censura pública ao Benfica.
No fim disto tudo a TSF e outros “media” fizeram
bem o seu papel: distorcer os factos,
aligeirando a carga dos responsáveis portistas e aumentando-a para cima dos
benfiquistas. É o SISTEMA.
Nota de 11-01-2014: 1) o cenário de guerra criado
pelo FCP (táctica habitual) conseguiu criar uma cortina de distracção sobre a
nomeação do árbitro Olegário Benquerença que decidiu o jogo (derrota do Benfica
de Trappatoni por 1-0) ao não assinalar 2 grandes penalidades contra o FCP,
sobre Karadas (Ricardo
Costa ) e mão na bola (Jorge Costa ), para além do golo não validado a Petit
(responsabilidade do árbitro assistente), 2) Filipe Vieira apoiou
inequivocamente o mentiroso do Fernando Gomes para a presidência da Liga e da FPF,
depois de ter ido à Sala de Imprensa, atrás de José Veiga, aos gritos e berros
contra a arbitragem, 3) a TSF bem como o JOGO pertencem à Lusomundo Media,
empresa que mais tarde foi adquirida por Joaquim Oliveira, que por acaso também
estava no funeral de Eusébio, em lugar VIP, 4) referi neste texto de Outubro
2004 que fui contra o modelo empresarial de “tesos e falidos”. Como
provinciano, segundo alguma terminologia lisboeta, apraz-me registar que vi à
distância o que ainda hoje alguns intelectuais de pacotilha benfiquista não
conseguem ver.
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