Portugal, 18
de Junho de 2014
Portugal, ou
melhor, a Selecção de Jorge Mendes teve
uma estreia fantástica no Mundial com a pior derrota de sempre em fases finais,
e como é habitual as criticas incidiram no resultado e não na forma como foi
concedido. Os adeptos e os tais analistas desportivos (nos quais se incluem
Fernando Seara e o Juiz Rangel que não sabem fazer uma lista para as eleições
da Liga de Clubes) criticaram o óbvio, a
má qualidade do futebol praticado, e não o importante, o processo de selecção
dos jogadores que representam a dita Selecção Nacional.
Adiante.
Perante as más reacções
dos adeptos, o desânimo instalado e o perigo de haver uma catástrofe caso
Portugal perca com o Estados Unidos, logo vieram alguns com supostas boas
intenções, como Scolari lamentar mas lembrar que em 2004 também se começou com
uma derrota e depois chegou-se à Final do Euro.
As analogias são algo de natural em futebol,
como em tudo na vida, mas
tem de se ter cuidado quando se fazem. Nem tudo é análogo apesar de poder parecer
que é. E neste caso Scolari e todos os que lembram episódios de Selecções, de
Portugal ou não, que começaram mal e acabaram bem ou “assim-assim”, não estão
apenas a tentar confortar os adeptos portugueses, mas estão a enganar os
adeptos. Porque a analogia neste caso não pode ser aplicada.
Não pode ser
aplicada porque em 2004 tínhamos uma
verdadeira Selecção, onde os melhores foram chamados e entre os quais se
encontravam Luís Figo e Rui Costa. Scolari, contratado para por ordem na
Selecção depois do fiasco da Coreia em 2002, deu um murro na mesa e terminou ou
reduziu a influência do FCP na escolha dos jogadores, seleccionou quem lhe
pareceu serem os melhores, e apesar da derrota no estádio do FCP com a Grécia
por 2-1, conseguiu tirar proveito da equipa que tinha ao seu dispor e chegou à
Final.
Ora em 2014
estamos muito longe desses tempos. Jorge Mendes é quem controla (muito por
culpa da comunicação social controlada), os jogadores escolhidos não são os
melhores e como tal não há espírito de
equipa mas sim de turma de liceu: são sempre os mesmos! Acresce que também
Paulo Bento e Scolari hoje são representados por Jorge Mendes...
Também não temos
Luís Figo que deixou a Selecção após o Mundial de 2006 (4º lugar), que a par de
Rui Costa, que deixou a Selecção em 2004 (vice campeões da Europa), foram os
dois últimos grandes jogadores da Selecção. Jogadores que pensavam o jogo e que não se limitavam a fazer uns
arranques e a rematar à baliza, a maior parte das vezes à toa, como faz
Ronaldo.
A única analogia que
se poderá estabelecer é entre a saída
destes dois grandes jogadores e os resultados subsequentes com Ronaldo e
patrocinadores como charneira: no Europeu de 2008 ficamos nos quartos de
final com 3-0 da Alemanha, no Mundial de 2010 ficamos nos oitavos de final com 1-0
da Espanha, e no Europeu de 2012 ficamos nas meias finais após empate a zero
com a Espanha e derrota nas grandes penalidades.
Ou seja, estivemos
sempre abaixo dos resultados conquistados com Luís Figo e Rui Costa, e os que,
ao serviço do “sistema”, quiserem lembrar as duas vezes que cruzamos com a
poderosa Espanha, esquecerão de lembrar
que foi na fase de grupos que cavamos essa “sentença”, ao não nos apurarmos em
1º lugar.
Outra analogia que
podemos fazer é sobre que Benfica teríamos se prevalecesse a obsessão de uns
quantos adeptos do tudo que “é nacional, é forçosamente bom”?
Quando vemos jogar
tão mal uma Selecção formada por jogadores que jogam em grandes e médios clubes
europeus, jogadores com passes económicos e desportivos de montante exorbitante
para as possibilidades do Benfica, jogadores com maturidade competitiva
elevada, a pergunta que podemos fazer é “que
Benfica teríamos se incorporássemos na equipa, naquela lógica de matraquilho
que uns quantos defendem como infalível, uns jogadores da Formação e outros de
qualidade que conseguíssemos ir buscar ao Estoril, Guimarães, etc.”?
Fazendo uma
analogia entre esse eventual Benfica e a actual Selecção, entre o palco da
Champions e a fase final do Mundial, eu
diria que teríamos um pior Benfica, menos competitivo, menos mediático, menos
valorizado... Se com os jogadores considerados de top, mas que nem todos
são, vemos um futebol de Selecção pobre e que só convence os patrocinadores e
os adeptos mais fanáticos, imagine-se um Benfica com jogadores da Formação e
uma base nacional... É melhor nem
imaginar...
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