Portugal 4
de Agosto de 2014
Terminada a participação na
Emirates Cup, com mais duas derrotas, 8 golos sofridos e apenas 2 marcados,
constato que os receios que transcrevi na parte final do último texto
intitulado “amadorismo” tinham plena razão de ser. O Benfica é gerido na base de um amadorismo confrangedor seja na
componente técnica, seja na componente planeamento e quando assim é, ganhar
3 campeonatos em 14 possíveis não é obra do acaso e de facto, não é só por
erros de arbitragem. Até porque a própria postura do Benfica face aos
sucessivos e sistemáticos erros grosseiros de arbitragem nestes 14 anos, ou indica
amadorismo ou autismo ou estratégia de subjugação ao “sistema”. Qualquer das
opções é má porque custa milhões de euros na tentativa do Benfica reparar esses
erros a partir da qualidade interna da equipa.
Vamos por partes.
Como referi no texto anterior,
estando o Benfica a reformular a equipa principal com novos jogadores, que por
acaso não oferecem garantias de suceder com sucesso aos que estão a ser
vendidos, uns ao desbarato outros com base nas cláusulas (diz-se na comunicação
social, mas nós já tivemos um Roberto), não
se compreende que o nosso treinador continue a apostar no 4-4-2 em losango,
um modelo de jogo de propensão ofensiva que intrinsecamente provoca situações
de risco defensivo, já que ao criar uma dinâmica de ataque planeado, permite
contra ataques perigosos quando se perde a bola, porque a nossa equipa
balanceada no ataque, tem poucos jogadores na zona defensiva da equipa. Ontem
com o Valência, todos os 3 golos foram
obtidos quase a papel químico e resultaram de perdas de bola na intermediária,
que o Valência aproveitou para transformar em boas jogadas de ataque, uma vez
que tinha espaço com fartura.
Será fácil bater no defesa direito
Luis Felipe, ou até no Artur Moraes, que mais uma vez mostrou ser
psicologicamente frágil e deu um frango monumental no 3º golo para além de ter
sido mal batido no 1º golo, o sempre importante golo do empate. Mas não devemos
ir por aí, pois já o fizemos com Roberto, com Emerson, etc., e o que acontece é
que mudamos de jogadores, mantemos o
modelo de jogo, e continuamos a perder jogos.
Não se percebe pois como JJ aposta sempre, e da mesma forma, num
modelo de jogo de qualidade e para o qual não tem jogadores. Será só uma questão de
“fezadas”, como o Paulo Bento com o Postiga? Ou será que alguém de dentro impõe esse modelo de jogo, a partir das
supostas tradições do Benfica dos anos 60 e dos 15 m à Benfica?
Parece que JJ está sozinho nestas
matérias e que ninguém da estrutura do
futebol o ajuda a perceber o que acontece quando jogamos desta maneira,
numa fase tão particular da época. E estando sozinho, tem de se desculpar com a
treta que na pré temporada é que se fazem experiências e outros blá-blás do
género.
Mas não é assim porque o Benfica quando vai para torneios
distintos, é para ganhar. Seja a Eusébio Cup, seja o Emirates. O Benfica
tem um prestígio a defender e se tiver de fazer experiências, tem de as fazer
de forma limitada como fazem as outras equipas. É inconcebível que uma equipa
com a nossa exposição mediática, uma equipa com a paixão que desperta entre
sócios e adeptos, em particular no estrangeiro, vá para esses jogos com uma organização amadora, sem rotinas de jogo e
com jogadores que não farão parte do grupo que irá ficar para o resto da época.
Como alguns portugueses.
Se a isto somarmos os jogos diários, então a catástrofe desportiva torna-se
previsível. E aqui a culpa vai inteirinha para a Direcção que ao contrário
do que o tal “milagre económico” que a máquina de propaganda de Vieira deixava
antever, precisa de facturar os prémios de presença nestes jogos. Só assim se
compreendem estes jogos em catadupa, porque de outra maneira teríamos de
guindar a opinião para o campo da burrice.
Esta foi possivelmente a pior pré temporada de sempre, uma das que teve mais jogos
contra equipas a sério e que teve maior
percentagem de derrotas: 75%! Nem Souness e os ingleses conseguiram fazer
perto disso, bem pelo contrário. Mas Manuel José em 1997, com administração de
Damásio e António Figueiredo, grandes apoiantes de Vieira, estiveram lá perto.
Dir-me-ão que “o que conta não é
como se começa, mas sim como se acaba”. Direi que isso é filosofia de pacotilha
de quem não percebe como é importante que antes do campeonato começar, os
jogadores apresentem níveis de auto confiança elevados que lhes permitam
resistir às dificuldades próprias da competição. Em particular os jogadores que acabaram de chegar e já estão associados
à pior pré temporada do Benfica, o que lhes fará pensar se vieram melhorar ou
piorar o Benfica, se estão à altura do desafio ou não...
Com todo este amadorismo, o
Benfica hipotecou boa parte do prestígio que tinha granjeado em anos recentes,
em Inglaterra. E hipotecou um bom
arranque do campeonato e hipotecou a adaptação de alguns jogadores. A somar
aos jogadores vendidos pelo tal “faz-que-é” Presidente do Benfica e que
propagandeia a história do “milagre económico” e do “sabemos para onde vamos”,
a somar ás lesões dos poucos que sobraram da última época, mais a venda de Enzo
Peres que se adivinha para depois da Supertaça, ou seja, somando o azar com a intencionalidade, a próxima época que se avizinha
corre o risco de se transformar num flop de proporções gigantescas.
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