quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Segredos de Justiça e Mediatismos...



Portugal 26 de Novembro de 2014

Nos últimos dias o País foi sacudido com a notícia choque da detenção de um ex-primeiro ministro para interrogatório com aplicação posterior da medida de prisão preventiva.
Num país habituado a falar “entre dentes” da corrupção a nível político/partidário, num país onde as pessoas – regra geral - se acovardam ao situacionismo e ao politicamente correcto, este tipo de situações chocam e agitam. Como tal, já fomos confrontados com um conjunto de reacções que não deixam de ser interessantes.
Um ex-presidente da República utilizou o seu espaço de opinião num jornal lisboeta de grande tiragem, para criticar o “anormal aparato fortemente lesivo do segredo de justiça”. E após ter conseguido visitar o novo ilustre presidiário, em dia que não previa a realização de visitas (até na prisão os políticos são tratados de forma diferente dos outros), este ex-presidente da República não se coibiu de criticar a “infame” campanha contra o ex-primeiro ministro, apontando o dedo à comunicação social e a “quem está por trás dela”.
Também tivemos a reacção do chefe do governo da Cuba portuguesa que num jornal local que sobrevive em boa parte, dos subsídios do seu governo, censurou o “mediatismo” da detenção.
A esta “procissão” que defende a “moral e os bons costumes” mas só para uns quantos privilegiados, não faltou o próprio MP que decidiu instaurar um inquérito a fuga de informação. Não sabemos a qual, pois pelos vistos, para além do CM e outros órgãos de comunicação social, até o próprio detido pelos vistos sabia que ia ser detido, de acordo com notícia da TSF de hoje.
Poderia também dar como exemplo a falência do BES e a cuidada negociação do principal acusado e herdeiro do fundador do Banco, que trocou a sua colaboração no processo pela prisão domiciliária. Estamos a falar apenas e só de um homem a quem acusam de ter falido o maior banco privado português, que acusam de ter desviado biliões de euros para off-shores e empresas de pessoas amigas, pondo em causa os interesses dos coitados dos depositantes que acreditam no sistema e não conhecem ninguém ilustre da política.
Naturalmente que todo este aparato reactivo ilustre mexe com a minha consciência benfiquista uma vez que infelizmente passamos por algo de semelhante com o ex-presidente, Dr.º João Vale e Azevedo, detido durante um almoço (em hora “prime-time” dos noticiários, que coincidência), em local público e curiosamente, com a presença de várias televisões!
Ora, não me recordo que o tal ex-presidente da República, o tal líder do governo da Cuba portuguesa, e porque não o Bastonário da Ordem dos Advogados, o ex- ministro da Cultura que ninguém queria no circulo eleitoral do Porto, e teve de vir “roubar” um lugar a um transmontano, tivessem pedido contenção à comunicação social e “a quem está por trás dela”! Ou que tivessem insistido na existência de uma “campanha infame” contra o homem que teve o desplante de atacar o “polvo” dos direitos televisivos”! Ou que tivessem questionado a violação do Segredo de Justiça!
Nada disso. A ideia que passou na altura é que tudo isso estava muito bem e até se podia enquadrar na ideia de “serviço público”. Que o interesse da notícia justificava uns “pequenos” atropelos aos direitos e garantias que o cidadão João Vale e Azevedo tinha, como têm qualquer um, de acordo com a Constituição da República. Que o Benfica era uma instituição demasiado importante para que não se soubesse toda a verdade, etc, etc.
Nessa altura tivemos televisões que filmavam os agentes da GNR que montavam vigilância à casa de JVA, enquanto os jornais especulavam sobre os custos que isso implicava para o orçamento geral do Estado. Tivemos “criteriosas” fugas de informação sobre a forma como JVA teria gasto o dinheiro que tinha tirado ao Clube (roupas da esposa e negócios familiares, entre outros), outras sobre a forma como JVA utilizava empresas em off-shores para que ninguém seguisse o rasto do dinheiro, etc, etc.
A preocupação de julgar JVA antes do Tribunal o fazer, foi tanta, que tivemos a RTP a colaborar com um debate entre um ex apoiante de JVA (o “nabo” António Sala) e um conjunto de pessoas que já tinham litigado contra ele (Proença de Carvalho, hoje CEO da NOS) no dia anterior ao inicio do julgamento do caso Ovtchinikov!
Nessa altura não havia uma infame campanha contra JVA, nem um mediatismo exagerado do assunto...
A detenção do ex-primeiro ministro e a falência do BES, e os diferentes tipos de reacções públicas, apenas vieram comprovar que existiu uma campanha concertada entre quem está por de trás da comunicação social e os poderes judiciais (PJ, MP e alguns Juízes) para destruir não só o cidadão João Vale e Azevedo, mas com a sua destruição proporcionar as condições objectivas para entregar o Clube e seus negócios, a uma cambada com ligações aos que estão por trás da comunicação social!

Sem comentários:

Enviar um comentário