sábado, 26 de novembro de 2011

O derby da caixa

Portugal, 26 de Novembro de 2011

Vai começar dentro de minutos o jogo Benfica - SCP, que após alguns anos de interregno, ficou marcado pela polémica criada em conjunto por certos sectores da comunicação social e por ex e dirigentes do SCP, relativamente à implementação de uma caixa de segurança para adeptos dos dois lados.

Um jornal avançou há cerca de 15 dias com a ideia que o Benfica ia montar uma “jaula” para os adeptos do SCP, e a partir daí sucederam-se as atitudes tacanhas da envolvente sportinguista. A comunicação social, que nos últimos anos parece caminhar para uma tez esverdeada em Lisboa, não se limitou a escutar as opiniões dos actuais dirigentes do SCP, como foi escutar as opiniões de ex dirigentes, como Miguel Salema (BOLA) e Dias da Cunha (CM).

Estrategicamente, esta comunicação social deixou a PSP para o fim e aí percebeu-se que, uma vez mais, a “montanha” sportinguista tinha parido um rato: a caixa está prevista na lei e a PSP aprova-a. Qual o drama então?
Ficaremos sem saber que outras razões teve o SCP para faltar ao almoço de Direcções, mas aposto que quando visitarmos Alvalade, lá teremos a caixa de segurança do SCP para os adeptos do Benfica. Adiante.

Sobre o jogo, muita análise foi feita, muita conjectura se plasmou em comentários e opiniões, escritas e faladas. Creio haver espaço para mais uma.

Da parte do Benfica, penso, ao contrário do que muitos disseram, que o jogo a meio da semana com o Manchester, teve mais pontos positivos do que negativos. Porque manteve a equipa em competição a alto nível, beneficiando de acréscimo de ritmo competitivo, e porque o bom resultado – histórico – de lá trazido, funciona como injecção de moral e motivação para os jogadores que jogaram, e os que não alinharam mas sentem que fazem parte de um grupo forte, em que não é fácil entrar. Pena a lesão de Luisão, mas Jardel ou Miguel Vítor darão conta do recado. Já o SCP não pode dizer o mesmo, e o facto de ter tido uma semana para preparar este jogo do ponto de vista físico não creio que lhe traga muitas vantagens, porque o Benfica teve 4 dias para descansar o que é superior ao mínimo que se considera adequado para a recuperação muscular (72 horas).

Sobre o SCP, penso que o facto de ter bastantes jogadores jovens, em idade e no clube, poderá ser negativo quanto à capacidade para reagirem a um ambiente adverso e em clima de grande rivalidade. Neste aspecto o Benfica tem vantagem, porque tem menos jogadores nessas condições. E os que temos já passaram pelo campo do FCP, pelo que já adquiriam alguma experiência.

Relativamente às consequências do jogo, parece-me que o SCP tem mais a perder do que o Benfica, pelo que deverá entrar mais pressionado. Embora durante toda esta semana, a comunicação social tenha dado uma ideia diferente, como que se o jogo fosse decisivo apenas para o Benfica ...
É evidente que ninguém quer perder e que uma vitória será sempre positiva para a equipa que a alcançar, e para os seus jogadores. Mas numa perspectiva puramente matemática, o Benfica se ganhar deixa o SCP a 4 pontos e com um calendário final nesta 1ª volta, de dificuldade superior ao nosso. Se acontecer o contrário, ficamos a 2 pontos do SCP e eventualmente 3 do FCP. Que também tem um calendário um pouco mais difícil que o nosso. Digamos que um eventual mau resultado terá consequências mais negativas para o SCP do que para o Benfica.

Quanto ao jogo em si, que neste momento que concluo este texto já decorre, ainda com 0-0, para mim há ainda o interesse de saber como reage o SCP ao defrontar o adversário mais difícil da época, fora de casa (a Lázio jogou em casa do SCP), assim como tenho interesse em saber se o nosso Benfica, neste 2º jogo mais difícil da época em nossa casa, conseguirá fazer melhor do que com o Manchester e Basileia. O árbitro é português, adepto do FCP (apesar de lisboeta), e isso também acrescenta algumas nuances ao jogo. Que ganhe o Benfica.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A Champions e o jogo de Manchester

Portugal, 16 de Novembro de 2011

Após o empate com o Basileia voltaram as carpideiras do costume, manifestando-se por tudo quanto era sitio, fosse na Internet (os adeptos), fosse na comunicação social (os jornalistas, analistas e notáveis do clube). Li um desabafo num blogue, de alguém que esteve lá e chorou (!?) por não termos conseguido ganhar e apurarmo-nos para a fase seguinte, logo seguido de um apelo à coragem que “vamos conseguir”. Noutros lados li sobre as dúvidas e incertezas que se instalaram nas cabeças e corações dos adeptos e percebi que 10 anos depois, apesar do tal projecto empresarial “ganhador”, tudo continua igual na descrença e tudo continua igual na falta de fair-play de sócios e adeptos.

Posso parecer um benfiquista “anormal” porque não sinto o Benfica da maneira que a maioria sente, mas isso não quer dizer que não me importe ou que não queira ganhar mais. Este tipo de sentimento nada tem que ver com a minha antipatia pelos actuais “donos” do clube e SAD, porque já era assim antes. Lembro-me de ir a Espanha no dia seguinte aos 7-0 (não podemos esquecer) de Vigo e levar um boné do Benfica pendurado no lado de dentro do vidro do carro. Tal como nos dias seguintes, pois não o tirei. Podemos escorregar, mas nunca caímos. É assim que penso, mesmo que durma mal após cada resultado menos bom.

O caso do empate com o Basileia nem é nada disso, pois é um resultado positivo. Por resultado positivo entendo todo o que contribui para a obtenção do objectivo final, que neste caso, é passar à fase seguinte. Ora se empatamos, tiramos 2 pontos ao nosso concorrente directo e ficamos com vantagem no goal-average. Podia ter sido melhor? Claro que sim, mas o Manchester não terá pensado o mesmo quando empataram 3-3?

No futebol há que saber ganhar, saber perder e saber empatar. Nós no Benfica, queremos ganhar sempre e parece que não percebemos que às vezes isso pode não acontecer, porque os outros também estão ali para jogar. O Basileia tem menos “nome” que o Benfica? Sem sombra de dúvida. Mas não são os nomes que ganham jogos, mas sim as equipas. E o Basileia terá seguramente um bom orçamento, ou não viesse de um país desenvolvido. Ora com bons orçamentos contratam-se bons jogadores, e com bons jogadores é mais fácil ganhar jogos.

Virando o disco para a estatística, com base nos dados da UEFA podemos avaliar a carreira do Benfica nesta Champions de forma mais cerebral, tentando prever os próximos jogos. Assim estamos com uma média de 47% de posse de bola (só em 1 dos 4 jogos, temos mais que o adversário), fazemos 16 faltas e sofremos 11 faltas por jogo, rematamos 12 vezes por jogo (5,5 enquadrados com a baliza), permitimos 8 remates dos adversários por jogo (3 enquadrados com a baliza), obtemos 7,5 cantos e concedemos 3 por jogo, somos apanhados em fora de jogo 2 vezes por jogo contra 5 do adversário. Na disciplina temos 10 cartões amarelos, tantos como os adversários, e 1 vermelho contra 0 dos adversários.

Os números valem o que valem, mas o jogo que tivemos menos posse de bola (39%), em casa com Manchester, foi o que rematamos mais (14). No jogo que fizemos menos remates (7), ganhamos 2-0 ao Basileia, que também foi o jogo em que concedemos mais remates ao adversário (13) e o que fizemos mais faltas (19). No jogo com mais posse de bola (61%), no Otelul, fizemos 13 remates e 14 faltas. O pior desempenho no capítulo dos remates foi em casa com o Basileia, sendo que dos 13 remates, apenas 3 foram enquadrados com a baliza.

Posso salientar que o Basileia em Manchester rematou 13 vezes, tantas como o MU, sendo que 5 remates foram enquadrados com a baliza, contra 7 do MU. A posse de bola e os cantos foram iguais para cada equipa! Nada mau para os suíços.

Dito isto, que Benfica se pode esperar em Manchester? Desde logo um Benfica vencedor, acreditando no potencial da equipa e na sua capacidade de inventar jogo perante circunstâncias adversas que podemos estimar com base nos dados do Manchester. Assim prevejo um MU com muita posse de bola, entre 58% e 63%, com poucas faltas cometidas, entre 8 e 11, obrigando-nos a fazer mais faltas que eles (o que tem sido hábito), entre as 14 e as 18, com muitos remates à baliza, entre 11 e 15 (nós deveremos obter entre 7 e 10), sendo enquadrados com a baliza 5 a 8 (nós 3 a 6), entre 3 a 5 cantos contra nós, 1 a 4 a nosso favor.

Uma vitória em Manchester significa o 1º lugar e o coroar da melhor Champions que já fizemos no actual modelo de prova. Assim o espero.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

As contas? Um prodígio!

Portugal, 14 de Novembro de 2011

“A Benfica SAD apresentou as contas consolidadas da época 2010/2011. Com todo o respeito e sem qualquer laivo de subserviência, são um prodígio”. Pragal Colaço, jornal O BENFICA de 4 de Novembro.

As contas do Benfica, como as contas do País, como as contas do que nos é querido, interessam-nos de sobremaneira. No Benfica acresce um interesse redobrado porque a criação do Grupo Empresarial Benfica abriu profundas “brechas” na democracia do clube, com a rejeição (por via de providência cautelar somada às eleições do trunfo Jardel e abraço do Eusébio), da votação do modelo de SAD aprovado na maior Assembleia-geral de que há registo num clube de futebol, em Fevereiro de 2000. E porque o novo Grupo Empresarial foi promovido como a solução mais correcta e adequada à exploração da marca Benfica.

Como alguns devem estar lembrados, nessa Assembleia-geral de, creio, 21 de Fevereiro de 2001, os protagonistas não foram a Direcção do Clube, mas sim os representantes do BES, Banco Espírito Santo. Começava aí a dependência do Clube aos interesses exteriores, e começava aí uma antipatia natural que tenho com o BES e que hoje ainda dura, pois nunca investi um cêntimo nas suas campanhas disto e daquilo.

Mais difícil será lembrarem-se que a equipa de futebol, já sob comando de Toni, fez uma série de 6 vitórias consecutivas, situando-se nessa data em 2º lugar a 2 pontos do Boavista. Aprovado o Grupo Empresarial num sábado, o Benfica empatou 0-0 com o Boavista no domingo e daí até ao fim, foi sempre a cair. Nas jornadas em falta passamos de um 2º lugar a 2 pontos do 1º para 6º lugar a mais de 20 pontos do 1º lugar. As coincidências do nosso futebol...

Ora a problemática das contas do Benfica é por todas estas razões, demasiado importante para lermos o que pessoas “não subservientes” têm para nos dizer. Até porque também sabemos ler e analisar alguns aspectos das Contas do Clube.

Pegando nos quadros que o Dr.º Colaço entendeu dar destaque, verifica-se o seguinte nos últimos 3 exercícios: os resultados líquidos, os que de facto interessam, foram de –34,856 milhões, -18,998 milhões e –7,663 milhões! Ou seja, as virtudes deste Grupo Empresarial estão aqui bem expressas: ao fim de 10 anos, obtivemos um conjunto de 3 resultados negativos que no total somam mais 61 milhões de euros! Imagine-se que era a gestão do Dr.º Vale e Azevedo a registar estes prejuízos assustadores e seguramente que, sem qualquer laivo de subserviência, o Dr.º Pragal Colaço tiraria outras conclusões. Não no jornal O BENFICA, mas talvez no jornal O JOGO.

Haverá alguma probabilidade do próximo exercício ser positivo? Não tenho muitos conhecimentos de contabilidade, mas afigura-se-me que não. E porquê? Porque as receitas operacionais estão estabilizadas e só podem crescer com uma “super época” do Benfica na Champions, os critérios de natureza contabilística se mantém e os custos financeiros que foram de 11 milhões no exercício anterior (antes da inclusão da Benfica Estádio), também. Note-se que apenas estou a analisar a questão da SAD (só futebol) e não a do Consolidado da SAD (que inclui entre outras, a Benfica Estádio). O que quer dizer que no próximo exercício, se o futebol não chegar às meias-finais da Champions, mais milhão menos milhão, o Benfica SAD vai voltar a ter resultados líquidos negativos.

O único prodígio que vejo nisto tudo, é a mediocridade prodigiosa que reina no nosso clube, e a facilidade como se criam cenários de engano para sócios e adeptos, com o clube a afundar-se a todos os níveis: mais endividamento bancário, menos títulos desportivos.

A esta irracional e errática fuga para a frente, quer da Direcção quer dos analistas seus apoiantes, os Bancos fecharam a “torneira”. E finalmente o Sr.º Vieira, forçado pelas circunstâncias, já fala (pudera) em ter mais jogadores portugueses na equipa principal. 10 anos depois, com apenas 2 títulos de campeões nacionais de futebol e uma divida bancária, que só na SAD atinge os 157 milhões de euros, estamos prestes a regressar ao ponto de origem. Só que com menos património, e mais instituições e firmas (Bancos e Olivedesportos) a lucrarem com o dinheiro que os sócios e adeptos metem no clube.

Valha-nos que já esgotaram a cassete “Vale e Azevedo”. Agora a cassete é a “crise mundial”.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Estamos no bom caminho

Portugal, 9 de Novembro de 2011

O futebol é como um pão com manteiga, só que nem sempre a manteiga está do lado que pensamos.

Empatamos em Braga e lembrei-me de uma frase muitas vezes repetida pelo Presidente do Benfica, “estamos no bom caminho”. Esta frase consubstancia uma ideia positiva para o clube e sua principal empresa, a SAD do futebol. Mas será que estamos no bom caminho? Depende onde quisermos por a manteiga ...

Se quisermos ir pelo lado da ironia, teremos de concluir que pelo 3º ano consecutivo, a equipa do Benfica (não o Sr.º Vieira) foi maltratada em Braga. Esgotadas as bolas de golfe do 2º ano, que agora dão penalização grave, desta vez optaram pela interrupção da energia eléctrica e avaria na caldeira de aquecimento da água apenas no balneário da equipa visitante. Estamos no bom caminho.

Vários jogadores voltaram a ser provocados em campo, outros foram agredidos sem correspondente sanção disciplinar: pés juntos de João Pereira contra Di Maria na grande área, no 1º ano, cotovelada de Alan em Javi no 2º ano, bofetão de Djalma em Gaitan no 3º ano. Estamos no bom caminho.

Continuaram a existir erros técnicos grosseiros de arbitragem contra a nossa equipa, com possível interferência no resultado final: golo de Luisão mal invalidado e penalty não assinalado por corte de bola com braço de frente para a bola, no 1º ano, falta a favor do Benfica por agressão/empurrão a Javi transformada em falta a favor do Braga com expulsão de Javi, de que resulta o 1º golo do Braga, e falta a favor do Benfica transformada num lançamento de linha lateral a favor do Braga de onde resulta o 2º golo do Braga, no 2º ano, penalty não assinalado sobre Luisão, penalty assinalado contra o Benfica por bola no braço (sem intencionalidade), no 3º ano. Estamos no bom caminho.

Humilhados e roubados pela arbitragem, pelo 3º ano consecutivo, valeu que desta vez não perdemos. Estamos no bom caminho.

Também podemos ver as coisas de outra forma. De facto o Benfica conseguiu pela primeira vez, em 4 jogos na era Jesus, trazer um ponto de Braga. O que quer dizer que lhes tiramos 2, mantendo-os a 5 pontos de distância. Estamos no bom caminho.

A equipa do Benfica jogou sem 2 avançados de área, como nos jogos anteriores, onde alinharam sempre Saviola e Cardozo no tal 4-4-2 em losango. Apostamos num flanqueador nato, Gaitan, e num adaptado, Maxi, cobrimos a retaguarda deste com Ruben Amorin, Aimar no papel de n.º 10, Witsel e Javi no papel de filtrar o jogo adversário, dizem que jogamos mal, eu concluo que trouxemos 1 ponto. Estamos no bom caminho.

A equipa do Benfica fez o 19º jogo sem derrotas nesta época apesar dos jornais salientarem o falhanço da liderança. Na derrota do SCP com o Vaslui optaram por destacar a lesão do Rinaudo em vez do falhanço da 11ª vitória consecutiva ou do 11º jogo consecutivo sem derrotas. Estamos no bom caminho.

Perdemos 6 pontos ao fim de 10 jogos, o que poderá indicar que se projecta perder no máximo, 18 pontos em todo o campeonato. Se isto acontecer alcançaremos a bonita percentagem de 80%, igual à que deu o 2º título de campeão a Mourinho no FCP, com os tais “grandes” jogadores e ajudas de arbitragem. Ficaremos ainda assim abaixo dos 84% de JJ no 1º título (tal como o 1º título de Mourinho no FCP). Estamos no bom caminho.

Pomos a “manteiga” em que lado?

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Em terra de cegos...

Portugal, 2 de Novembro de 2011

O Benfica joga mais logo uma cartada importante no apuramento para os oitavos de final da Champions, um dos objectivos da época, mas não é sobre esse jogo que tenho motivação para escrever. Pode parecer estranho, mas para mim é apenas um jogo, que ganhe-se ou perca-se não tem influência na essência do nosso clube. É algo que se esgota pouco depois e a seguir já estamos a pensar no próximo. Há outras coisas que sim, têm influência porque produzem efeitos que vão para além da data em que são praticados e que podem por em causa a essência do nosso clube e a liberdade para escolhermos o nosso caminho.

Vem isto a propósito da campanha que já se está a desenvolver na comunicação social a favor da reeleição do Sr.º Luís Filipe Vieira como presidente do SLBenfica. O jornal A BOLA, também referenciado por “Pravda” pelo Sr.º Pinto da Costa, publicou em 31/10 uma peça sobre os 8 anos de mandato do Sr.º Vieira e os “mais que se podem seguir”. A mensagem é clara e objectiva, sem qualquer tipo de subterfúgios linguísticos ou outros.

Nos textos que aqui publiquei versando a mini biografia do Sr.º Joaquim Oliveira, publicada no Expresso em Março de 2005, creio que ficou claro que a comunicação social é algo de extremamente poderoso e ao dispor dos patrões dos negócios do futebol, com o Sr.º Joaquim (através da Sportinvest), o BES e a PT como vectores principais deste poder económico que se prolonga para o meio desportivo.

Todos os órgãos de comunicação social escrita, falada ou televisionada, estão dependentes de uma forma ou de outra, destas três instituições, do poder que elas representam, da teia de interesses que controlam pela via da publicidade que pagam, dos financiamentos que disponibilizam, do acesso ao poder político e outros mais obscuros da nossa sociedade. A BOLA faz parte deste grupo.

Ao longo dos últimos 10 anos, lemos, ouvimos e vimos muita gente ligada à comunicação social, criticarem o desempenho dos nossos treinadores, dos nossos jogadores, mas nunca dos árbitros. Nem do Sr.º Filipe Vieira. Os 10 anos de insucessos desportivos são como se nada tivessem a ver com ele. Mas sim com a sorte, o azar, a incompetência de treinadores e jogadores, etc.

O actual mandato do Sr.º Vieira iniciou-se com umas eleições “polémicas” pela antecipação em face da data estatutariamente prevista, o que a mim sinceramente não incomodou, porque as alternativas não mereciam outro tratamento. Mas guardei a orientação principal da sua campanha: resolvidas as principais questões económicas, este (que estamos) seria o mandato desportivo.

Foram agora publicadas as contas da SAD relativas ao exercício 2010/2011. Dos vários itens que podemos analisar, e no que toca apenas à SAD (só futebol) e não ao consolidado da SAD (Estádio, Clínica, Viagens, Benfica TV), verificamos que os custos financeiros foram de cerca de 18,455 milhões de euros (!?) tendo aumentado só neste exercício em cerca de 8 milhões (!?). Houve um aumento de empréstimos obtidos (correntes e não correntes) de mais 21 milhões de euros que no exercício anterior, que são (e só para a SAD) de 157,5 milhões de euros! Para o Consolidado temos empréstimos no valor de 233 milhões de euros, mais 17 milhões que no exercício anterior!

Ou seja, sem querer tirar grandes conclusões constato que o Sr.º Vieira neste mandato voltou a agravar os indicadores económicos, ao contrário do que a sua propaganda oficial (comunicação social) e outros apoiantes cegos e burros, mais notáveis ou menos, fizeram crer. Desportivamente o mandato tem 2 épocas decorridas e não sendo correcto tirar conclusões, pode-se sublinhar que a estratégia voltou a andar ao sabor do acaso e de decisões mal pensadas e pior defendidas (como a contratação de Roberto).

Perante a evidência do fracasso económico e reticências ao mandato desportivo, o Sr.º Vieira, bem assessorado pelos tentáculos do BES e do Sr.º Joaquim, já encontrou uma fuga que poderá vir a utilizar caso as coisas piorem desportivamente: quer mais jogadores portugueses no plantel! E mais uma vez disto isto como se não tivesse nada a ver com a situação que implicitamente, criticou: foi ele que assinou contratos com todos os jogadores estrangeiros!

Em terra de cegos, quem tem um olho é rei. Que Benfica é o nosso?

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

233 milhões

A análise superficial às contas do Clube e da SAD do Benfica, põe a nu a mentira em que temos vivido e de como se tem manipulado os sócios para passar a estratégia que mais interessa aos actuais parceiros desta Direcção, o Sr.º Joaquim e o B ES.

É possível fazer algumas comparações entre a actualidade e a época 99/2000, a última sob liderança do Dr.º Vale e Azevedo. E volto a sublinhar que não me interessa defender o Dr.º Vale e Azevedo mas apenas encontrar a verdade que norteia o meu benfiquismo.

Hoje a SAD, como realidade empresarial individual, tem dividas a Bancos no valor de 170 milhões de euros. Com o Consolidado, incluindo a Benfica TV, a Clínica Benfica, as Viagens Benfica e a Benfica Estádio, a SAD tem dívidas de 233 milhões a Bancos! Os custos bancários foram de 18 milhões de euros (!?) (mais do que ganha Messi).

Pode-se fazer uma comparação com os dados da SAD como realidade empresarial individual em Novembro de 2000, publicadas no prospecto de aumento de capital da SAD em Abril de 2001. As dívidas aos bancos na altura, era inferior a 6,5 milhões de euros e os custos bancários associados foram de 350 mil euros!

Como não havia Consolidado, não se pode comparar esta variável.

Quanto ao Clube, também é relevante concluir que se, na actualidade temos de facto Zero de dividas a instituições bancárias, contra 2,45 milhões de euros nos resultados da época 1999/2000, o que significa um avanço, em contrapartida as dividas ao Estado e outros credores eram de 16,5 milhões em 99/2000 contra os actuais 23,5 milhões!

O que quero daqui retirar, com alguma ligeireza é certo, mas alguma aproximação à realidade, é que andamos a ser enganados há 10 anos sobre os méritos e virtudes do actual Grupo Empresarial e sobre o caminho que foi seguido depois do “linchamento” desportivo do Dr.º Vale e Azevedo. Estamos hoje pior do que na altura, porque temos mais dividas a particulares, Estado ou Banca, em matéria patrimonial está quase tudo hipotecado à Banca e perdemos 10 anos, onde o FCP nos retirou a supremacia no futebol.

Ando há 10 anos a defender outro Benfica e apraz-me registar que as minhas dúvidas estavam correctas. Este Benfica é do BES, do Sr.º Joaquim e da PT. Nosso é que não é ... fdp!