sábado, 31 de março de 2012

Os quartos de final da Champions - 1ª mão II


Portugal, 31 de Março de 2012

No texto anterior salientei que apesar do nosso passado glorioso de conquistas desportivas, somos a equipa com o 2º orçamento mais baixo nesta fase da Champions. Para chegar aqui eliminamos pelo menos 2 orçamentos superiores, o Manchester United e o Zenit, já que se desconhece o orçamento do Basileia e o do Otelul é seguramente inferior ao nosso. Apesar do povo costumar dizer que “não há duas sem três”, também se diz que “à terceira foi de vez”.

Nesta 1ª mão, fizemos um bom conjunto de indicadores estatísticos apesar da eliminatória ser desequilibrada em termos orçamentais: tivemos o 2º melhor registo de remates à baliza (17), tivemos o melhor registo de remates enquadrados com a baliza (8), a par do Real Madrid, fomos a equipa que a par do Barcelona fez menos faltas (9) e fomos a única equipa que actuando em casa, teve posse de bola de 50%. Milan, Marselha e APOEL tiveram menos.

Onde foi afinal que falhamos? Bem, se optarmos pela lógica de La Palisse, falhamos porque o adversário meteu um golo e nós não. Se optarmos pela lógica do “primo” do La Palisse podemos pegar nas questões técnico - tácticas, apontando para cima do treinador, ou podemos reparar que o golo nasceu do lado esquerdo, apontando para cima do Emerson e admitindo que o Benfica joga com 9 jogadores do lado direito e 1 do lado esquerdo.

Creio que se perde demasiado tempo a falar de banalidades no futebol, com a perversidade de muitos ditos analistas profissionais e outros amadores não quererem perceber que depois do jogo acabar é fácil ser treinador ou jogador.

A jogada que dá o golo ao Chelsea é uma jogada recorrente que o Benfica permite (em particular) nas provas europeias, ao longo dos anos. Não foi uma jogada diferente da que deu o golo da vitória do Manchester United na Luz, quando éramos treinados pelo Fernando Santos e o Emerson ainda estava no Brasil à espera de ser contratado pelo Lille. Ou a jogada que dá o 2º golo da Fiorentina na Luz em 1996/97. O defesa direito era o Calado e depois do 0-1, para tentar ganhar o jogo, Manuel José trocou Calado por um avançado, descendo Panduru para essa posição. E foi por aí que nasceu esse tal 2º golo em cima do mn 90. Ou o 1º golo do Halmstad quando Mourinho descobriu que Uribe era um defesa direito. Ou o 2º golo do FCP no jogo da Liga, que nasce de um roubo de bola (em falta não assinalada), desenvolvendo-se a jogada de contra ataque pelo centro do terreno (e não pelo lado esquerdo). Ou o 1º golo do Bayern em Marselha, com a diferença que nasce de um roubo de bola sem falta (embora os do Marselha tenham ficado a pedi-la).

Mais exemplos poderiam ser dados, mas estes creio serem suficientes para concluir que o problema não é de um jogador mas de uma forma de jogar. O Benfica infelizmente continua a querer ganhar aos grandes orçamentos do futebol, jogando olhos nos olhos, com lealdade e sentido positivo de tentar ganhar, sem qualquer malícia...

E penso que é aqui que está o problema. Sabendo que em todos os jogos existem roubos ou perdas de bola que originam contra ataques devido ao posicionamento ofensivo (veja-se a semelhança com o 1º golo do SCP ao Metalyst), os jogadores do Benfica devem saber que têm de fazer falta mesmo que isso signifique levar cartão amarelo. E o Jardel devia tê-lo feito para parar a jogada e permitir o reagrupamento defensivo da equipa...

Para mim foi, é e continua a ser este o maior problema do futebol do Benfica ao longo dos anos: o nosso maior inimigo é a nossa lealdade e positividade como encaramos os jogos de coeficiente de dificuldade elevado. Mudar de jogador ou de treinador não é o caminho correcto, mas sim mudar a nossa forma de abordar o jogo em determinadas partes do mesmo.

Por último verifico que vencemos fase de grupos com uma média de 16 faltas feitas por jogo, que passou para 13,5 na eliminatória com o Zenit, e que neste jogo com o Chelsea foram 9 (contra 17 do adversário). Estranho talvez ... E se considerarmos que o Manchester saiu da fase de grupos com uma média de 9 faltas feitas por jogo, se calhar teremos de repensar muita coisa no nosso futebol ...

quinta-feira, 29 de março de 2012

Os quartos da Champions - 1ª mão I


Portugal, 29 de Março de 2012

Não começamos bem esta fase da Champions, pois ao perdermos o 1º jogo com o Chelsea complicamos, e de que maneira, as hipótese de passarmos às meias de final da prova, objectivo que os mais realistas sonham há 22 anos.

Entre adeptos há naturalmente as mais díspares opiniões, há infelizmente uma maioria que continua enfeudada na “teoria da culpa”, há infelizmente demasiada gente com mais ou menos responsabilidade no mundo de opinião benfiquista, que opta pelo lamento ou pela acusação gratuita e não pela procura das razões do inêxito. Que, faço notar também, não deve ser uma procura exagerada pois o futebol tem 3 resultados possíveis e se não fosse assim o Barcelona não empatava com Milan e o Marselha não perdia em casa com Bayern.

Antes desta fase da prova começar sabíamos que o Benfica era apenas o 2º orçamento mais elevado (entre 8 equipas), com menos de 40 milhões de euros apenas à frente do APOEL com 10 milhões. O 3º orçamento deverá ser o do Marselha, no mínimo o dobro do orçamento do Benfica, ou seja perto de 80 milhões. Os orçamentos não ganham jogos é certo, mas por alguma razão não podemos contratar Lampard ou Terry, já para não falar porque tivemos de deixar sair David Luiz ou Ramires

Saiu-nos em sorte uma equipa que terá orçamento superior a 100 milhões ou seja, mais do dobro do Benfica. E que era a equipa preferida do nosso treinador, embora toda a gente se recorde que esse desejo foi expresso quando o Chelsea era treinado por Villas Boas. E de facto era uma equipa mais acessível como comprovavam os resultados. Hoje infelizmente o Chelsea mudou para melhor, tem um treinador que conseguiu mostrar em 6/7 jogos que o problema não era do vedetismo dos jogadores mas da falta de qualidade (de árbitros e boa comunicação social) do embuste Villas Boas (que tantos benfiquistas elogiaram).

Analisando os jogos dos quartos de final, verificamos que nenhuma das 4 equipas que jogaram na condição de visitados conseguiram marcar 1 golo, o que creio ser inédito na história da prova. Cumulativamente ficamos a zero, o que nos anos mais próximos, em todas os jogos europeus disputados na Luz, apenas tinha acontecido nos quartos de final da época de 2005/2006 com o Barcelona, onde por coincidência, também ficou 1 penalty claríssimo por assinalar a nosso favor.
 
Das equipas que jogaram em casa, o Benfica foi a única que conseguiu ter a mesma posse de bola que o adversário 50%. Milan com 32% e Marselha com 42% ficaram abaixo. O APOEL nem se fala: 30% frente ao Real Madrid. Isto é, apesar da nossa eliminatória ser o 2º emparelhamento mais desequilibrado em termos de orçamentos, o que se verificou é que o Benfica conseguiu ter uma boa posse de bola. Um ponto a nosso favor. Mas há mais...

Verificamos também que o Benfica foi a 2ª equipa a conseguir mais remates à baliza do adversário, 17, só atrás do Real Madrid frente ao “poderoso” APOEL com 20. Barcelona (15), Chelsea (10) e Marselha (8) são as equipas que se seguiram. Se considerarmos apenas os remates enquadrados com a baliza, passamos para 1º lugar a par do Real Madrid ambos com 8 remates. A seguir vêm Barcelona com 5, Marselha com 4, Bayern e Chelsea com 3.
Se considerarmos a variável faltas efectuadas, continuamos em 1º lugar a par do Barcelona com apenas 9 faltas assinaladas. Real Madrid com 11 e Milan com 14 vêm a seguir.

Ou seja, apesar do critério “orçamento” nos ser desfavorável, verificamos que a nossa equipa bem apoiada pelo (às vezes) magnífico público da Luz, conseguiu um impensável conjunto de bons registos que atesta a qualidade da equipa e do jogo que efectuamos.

E apesar disto tudo, perdemos. Algo que doeu mas que não pode surpreender nesta fase da prova em que os jogos se resolvem por detalhes. E quando o árbitro, com grosseria, também contribui para os detalhes, torna-se muito mais difícil para uma equipa de pequeno orçamento que acumula o facto de ser a 3ª equipa menos experiente nesta fase da prova (à frente de Marselha e APOEL).

Como benfiquista, sinto-me orgulhoso da equipa. Como analista amador, avanço com as minhas explicações para a derrota no próximo texto.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Bloqueios ....

Portugal, 26 de Março de 2012

Tal como havia vaticinado aqui no texto “primeiros na primeira volta” publicado em finais de Janeiro, a tarefa “que se avizinha é pois dura e difícil. Será necessário continuar como até aqui, pondo o resultado à frente da exibição, porque o que conta são os 3 pontos (embora para certos benfiquistas de “barriga cheia”, por vezes isso não chegue). Acreditar nos profissionais que já obtiveram tantas e tão boas marcas, como estas e todas as que foram obtidas nas últimas 2 épocas e meia. Cerrar fileiras em torno da equipa, encher o estádio, apoiar os nossos e assobiar os adversários. O Benfica vai precisar desse Inferno da Luz para reconquistar um título que merece e que já podia estar mais bem encaminhado se o FCP tivesse obtido os resultados condizentes com o seu futebol e não com as decisões dos árbitros: Guimarães, Gil Vicente e Feirense entre outros”.

Há uma espécie de lei do futebol, básica eu diria, que é: “uma equipa pode lutar contra as adversidades e ganhar, mas não consegue ganhar sempre quando as adversidades se mantém ou aumentam de intensidade”. Nós no Benfica andamos há quase 20 anos a debater tácticas de jogo, métodos de treino, qualidade do plantel e até estratégias directivas, mas não percebemos os outros factores, alguns que se jogam fora das 4 linhas, e são tão ou mais importantes para decidir os jogos e como tal, os títulos de campeões. Tenho para mim que há 2 factores determinantes: a comunicação social e sua capacidade de fazer opiniões entre os adeptos, e a arbitragem e a sua capacidade de fazer resultados dentro do campo.

Hoje vou pegar na estratégia que o FCP montou, com o beneplácito da comunicação social, acerca dos bloqueios. O treinador e responsáveis do FCP (de acordo com o jornal o JOGO) terão alertado o árbitro Soares Dias para esta forma de proceder dos jogadores do Benfica quer no ataque quer na defesa, minutos antes do jogo da Taça da Liga que vencemos com justiça por 3-2. Por curiosidade refiro que acabamos com 11 e não sofremos golos em fora de jogo. E ganhamos. Coincidências ...

Ora esta questão dos bloqueios colocada em grande destaque pela comunicação social, naquilo que interpreto como prova de servilismo ao poder do FCP através do Sr. Joaquim Oliveira no mundo da comunicação social, foi amplamente desmentida nesse jogo. De facto não se viu um único bloqueio de jogadores do Benfica, considerando “bloqueio” algo parecido com o que fazem os jogadores de basquetebol e que podemos considerar como obstrução passiva, mas vimos os jogadores do FCP praticarem vários tipos de bloqueio activo, alguns não penalizados pelo árbitro, como sejam os de Sapunaru (não punido no lance que nos deu o 2º golo), ou os de Mangala sobre Nelson Oliveira (que lhe originou um cartão amarelo à 3ª falta por agarrão).

Se isto bastava para desmontar a tese do treinador e responsáveis do FCP, o que fez a comunicação social? Zero! Deu ênfase à reacção mais do que justa, do treinador Jesus. Ou seja, a comunicação social não teve opinião, deixando falar os envolvidos nesta polémica criada para condicionar os poucos árbitros que ainda não estão condicionados. Não ter opinião é uma táctica passiva para agradar a todos, mas que serve fundamentalmente quem teve a acção de criar o caso!

E eles podiam ter tido opinião. Bastava lembrar que Jesus treina o Benfica há quase 3 épocas e nunca antes alguém tinha falado de tal estratégia! Mas isto seria uma táctica activa que afrontaria quem levantou a questão...
O que é certo é que a teoria do bloqueio passou e em Olhão tivemos o árbitro que expulsou o Cardozo no jogo com o SCP, a verificar a inexistência de bloqueios enquanto em Paços de Ferreira tivemos outro que não teve igual cuidado (porque a acusação apontou o Benfica) e assim não viu o bloqueio activo que Spaunaru fez com o cotovelo no pescoço do adversário dentro da grande área, ficando mais 1 penalty por assinalar contra o FCP (ter a melhor defesa do campeonato assim é mais fácil).

Claro que atrás dos bloqueios vêm sempre outras coisas: o árbitro de Olhão que expulsou Cardozo e agora Aimar, ficou ele próprio bloqueado quando na 1ª parte o Toy teve entrada dura sobre Javi, nem falta assinalando. Os árbitros assistentes do Paços - FCP ficaram bloqueados, talvez de terror, e com 0-0 apitaram 2 foras de jogo ao ataque do Paços esquecendo que o critério da FIFA ainda está em vigor. E que os jogadores estavam em posição legal ...

No final do jogo de Olhão enquanto Maxi deu voz à sua (nossa) revolta dizendo que “com o Benfica é sempre a mesma coisa” e “assim à vezes nem dá vontade de jogar”.

É só bloqueios ...

quarta-feira, 7 de março de 2012

Benfica > Zenit > FCP

Portugal, 7 de Março de 2012

O Benfica eliminou o futuro campeão russo Zenit nos oitavos de final da Champions League e está ao fim de 6 anos novamente entre as 8 melhores equipas da Europa. Ou se quisermos, nos últimos 18 anos apenas estivemos numa fase tão adiantada da prova mais difícil da UEFA por 3 ocasiões, com esta incluída. Curiosamente nessas épocas não fomos campeões e a presente vai pelo mesmo caminho.

Se considerarmos o actual modelo de competição, ficamos por duas presenças em mais de 15 anos. Eu acho que é muito pouco para um clube com os nossos pergaminhos na história do futebol europeu.

A vitória sobre o Zenit tem outro condimento especial porque encerra um mini ciclo de resultados negativos, que começou precisamente na Rússia com derrota por 3-2, e se prolongou por cá com outras duas derrotas, frente a Guimarães e FCP, e empate em Coimbra. Destas 4 equipas, o Zenit é precisamente a que apresenta maior orçamento, de onde resulta que será seguramente melhor equipa do que qualquer uma das outras 3 portuguesas e por ironia, até eliminou o FCP da Champions o que confirma que de facto é a melhor equipa destas 4 referidas.

E contudo foi com o Zenit que o Benfica deu a volta ao ciclo negativo. A este facto não pode ser alheia a circunstância do árbitro ser estrangeiro e não actuar de acordo com o manual que por cá, estamos – os mais atentos – cansados de ver.

Basta pensar na 1ª grande decisão do árbitro, uma falta dura que Javi fez ao mn 32, que de acordo com o “manual português” daria 2º amarelo e expulsão, toda a gente aceitaria esta decisão do árbitro como natural, e com 10 em campo e a precisar de ganhar por 1 golo, o Benfica dificilmente eliminaria o Zenit. No final todos iríamos criticar o Javi por ter sido demasiado agressivo, o Jesus porque não conseguiu prever a impetuosidade do Javi, os jornais falariam de mais uma vitória de Bruno Alves em casa do Benfica e todos (uns mais que outros) ficaríamos tristes por termos falhado o objectivo.

Assim estamos felizes (uns mais que outros) e como tal não podemos esquecer que em boa parte isso se deveu a uma arbitragem que não mostrou intenção de prejudicar ou beneficiar nenhuma das equipas. Deste modo as equipas valeram por si próprias e o Benfica pôde ser superior.

Naturalmente não podemos esquecer que este Zenit eliminou o FCP com vitória 3-1 na Rússia e empate 0-0 no estádio da Galinha. Também com árbitros estrangeiros pois claro. Podem ser demasiadas coincidências para certos adeptos, eu sei, mas para quem já percebeu que um jogo é disputado por 3 equipas, nada disto espanta.

Para além do exemplo já dado sobre Javi Garcia, há muitos mais lances no jogo que de acordo com o “manual” seriam decididos de forma diferente, ou seja, seriam dadas faltas ao Zenit que não foram dadas, provocando que a bola deixasse de seguir para a sua baliza e passasse a ser dirigida para a nossa baliza. A temática das faltas e faltinhas tem esta consequência: alterar o sentido do jogo. E às vezes contribuir para o aparecimento de golos.
Como não foi uma arbitragem à portuguesa, contra o Benfica foram assinaladas 13 faltas contra o Benfica na Rússia e 11 ontem. 24 em 2 jogos. Só no jogo com o FCP foram assinaladas 27 faltas contra nós ... Contra o Zenit foram assinaladas 14+13 nos dois jogos. Contra o FCP foram 24 que de acordo com o critério do árbitro que foi aplicado ao Benfica, deveriam ser mais de 30 ...

Com a fluidez de jogo assim conseguida, por não serem assinaladas tantas faltas, o Benfica pôde jogar e criar 14 remates enquadrados com a baliza (nos 2 jogos) contra 7 do Zenit! Mais 13 remates não enquadrados com a baliza, contra 7 do Zenit. Quem mais remata, mais golos deve conseguir e foi isso que aconteceu: graças a arbitragens à europeia.

Estamos nos melhores 8 equipas europeias pela nossa maior competência e pela arbitragem não viciada. Os dados que apresentei são da UEFA, de onde podemos concluir que, tal como na aritmética, se Benfica > Zenit e Zenit > FCP, então Benfica > FCP ... com árbitros europeus!

sábado, 3 de março de 2012

A procissão lá continua pelo mesmo caminho

Portugal, 3 de Março de 2012

Infelizmente os meus piores receios confirmaram-se, valeu a matemática e o Benfica voltou a perder um jogo contra o FCP (o SCP também está incluído neste pacote) arbitrado por Pedro Proença. E com casos. Há quem continue ingenuamente a pensar que tudo acontece por acaso, mas recordo que nesta série incluem-se treinadores como Camacho (derrota 1-3 frente a SCP), Fernando Santos (empate 1-1 com FCP) e Quique Flores (empate 1-1 em casa do FCP). Agora é a vez de Jesus!

Os jogos do Benfica no campeonato há anos que são condicionados por truques de arbitragem, que decidem regra geral, da mesma maneira, sendo os resultados assim obtidos motivo de especulação jornalística, interpretando de todas as maneiras e feitios, excepto pelo prisma da arbitragem. Há uma estratégia óbvia de afastar as considerações mais negativas, do lado da arbitragem.

Disse um ex-1º Ministro que nunca quis controlar jornalistas quando podia ser amigo dos seus patrões. Aqui está uma “gaffe” que explica muita coisa que se passa nesta comunicação social moralmente corrupta. Porque quem manda na comunicação social é, regra geral, o sustento dessa comunicação social (através da publicidade) ou é mesmo o seu patrão, como o grupo Controlinvest dominado pela Olivedesportos e que tem títulos como o DN, JN, JOGO, TSF e Sporttv, ou o próprio BES como entidade financiadora a que todos recorrem.

Como disse Marinho Neves na entrevista que circulou no blogue “o cabelo do Aimar”, quem quer trabalhar como jornalista independente e isento, tem as portas fechadas. Deu o seu próprio caso, em que esteve para trabalhar em A BOLA e na última da hora, este jornal deu-lhe o dito pelo não dito.
Há muitas maneiras de maquilhar uma roubalheira de arbitragem. A solução escolhida por A BOLA de hoje (escolho este por ter ido mais “longe” do que os outros desportivos) foi “FORA DE JOGO” em título principal, mas com títulos menores dizendo “erros de arbitragem, de Jesus, de Emerson e de Artur não retiram mérito à vitória do FCP”. Fácil ...

Se pensam que os erros de arbitragem que são sugeridos, são aqueles que sabemos e que prejudicaram o Benfica, estão enganados. O jornal A BOLA vai buscar para a mesma 1ª página um pretenso penalty que ficou por assinalar contar o Benfica, antes do 3-2 para assim branquearem o erro que valeu a derrota do Benfica. Todos os outros erros ficam ao critério de cada um dos leitores. A opinião de A BOLA só se expressa em lances que beneficiaram o Benfica e não (curiosamente) nos muitos mais que nos prejudicaram!

O Pravda como lhe chama Pinto da Costa, tinha que arranjar um lance para branquear outro, muito mais grave. Há anos que fazem isto ...

Ora esse tal penalty que a BOLA acha que foi contra o Benfica, só tem a anuência de 1 dos 3 ex-árbitros do painel do jornal o JOGO! Coroado diz “grande penalidade por assinalar. Com o braço direito, embalou a menina, com o esquerdo, sem querer, deu-lhe aconchego”. Já Pedro Henriques diz “é a bola que vai ao encontro dos braços de Cardozo, não havendo ação deliberada por parte do jogador do Benfica” e Paraty “a bola atinge os braços de Cardozo. Na sequência de uma carambola, a bola bate-lhe na face e cai sobre os braços que ocupam uma posição natural”.

O resto já sabemos. É fácil passarem como música aos ouvidos dos adeptos: os erros de Jesus e os de Emerson, havendo a novidade de Artur Moraes também ser contemplado com um erro de 1ª página, quando antes dele errar, o árbitro assistente errou grosseiramente provocando o erro dele. Cá está mais uma variante do branqueamento: culpar um inocente do erro que fez, provocado pelo erro do malfeitor mais importante nesta escala de valores, e que assim passa incólume à critica.

Sobre Emerson injustamente expulso e injustamente tratado (uma vez mais) pelos críticos de “faca e alguidar”, quando ao mn 57 pelo mesmo critério, o árbitro deveria ter expulso o Djalma, com Benfica em vantagem por 2-1.

Socorrendo-me das estatísticas oficiais da Liga de Clubes verifico que, o Benfica fez mais ataques pelo lado esquerdo 19 do que pelo direito 15, que fez as mesmas faltas no sector do defesa esquerdo e no direito, jogamos 6% de todas as bolas jogadas, na esquerda da defesa e 5% na direita, e que pasme-se, Emerson foi o 3º melhor recuperador de bolas do Benfica, com 17 em apenas 77 mn (Maxi com 21 e Luisão com 22 ambos em 95 mn estiveram acima).

Sobre Jesus, um alvo cómodo para poupar a estratégia de subserviência ao “sistema” por parte de Vieira, as estatísticas dizem que o Benfica jogou 43% para a frente contra 39% do FCP! O Benfica jogou 9% para trás, o FCP 14%! Não foi por aqui que perdemos...

sexta-feira, 2 de março de 2012

Cinco e mais do mesmo II

Portugal, 2 de Março de 2012

Há tempos publiquei aqui um texto com o mesmo título, parte I, que terminava da seguinte maneira:

Com 5 pontos à maior, a tarefa do Benfica ficou apenas mais aliviada da pressão semanal, mas não ficou mais facilitada. Os obstáculos continuarão a ser enormes. E as arbitragens continuarão a ser a arma principal deste “sistema” que não desistiu de oferecer o título ao FCP.

Quem não sabe o que é o manual de arbitrar tem aqui sobejos exemplos: o árbitro não se engana a favor da equipa que está determinado a prejudicar, nem que seja num lançamento de linha lateral, o árbitro decide casos difíceis de acordo com as regras de favorecimento e não de acordo com as regras do jogo, o árbitro varia de critério de jogo para jogo consoante a equipa que se quer beneficiar ou prejudicar mais uma vez sem olhar para as leis de jogo mas para o estatuto das equipas dentro deste sistema. Isto é, marca-se penalty e expulsam-se jogadores quando se tem interesse em favorecer ou prejudicar uma das 2 equipas, e não quando os lances são enquadráveis com esse tipo de decisões pelas Leis de jogo.

Não podemos pensar em facilidades até ao fim do campeonato...

Não foi preciso muito para perdermos os 5 pontos de avanço e estarmos agora numa posição mais difícil do que há 3 jornadas atrás. Dá-se a coincidência de tudo isto ter acontecido após uma entrevista que o Sr.º Vieira deu à RTP e na qual, a dado passo, defendeu que a arbitragem tinha melhorado bastante!

No jogo seguinte a esta entrevista, o Benfica foi penalizado com 1 penalty a favor do Nacional, num lance em que o avançado caiu sozinho! Mais as faltas e faltinhas e a dualidade no critério disciplinar ... Se nos lembrarmos que este árbitro tinha feito algo idêntico quando o Benfica de Trappatoni foi a Guimarães, ao marcar 1 penalty por corrente de ar, sobre Romeu, não podemos deixar de nos interrogar: será que o presidente do Benfica não vê isto?

Isto é um pouco como o carteirista. Se mete a mão no bolso do incauto e este está a ver e não faz nada, o que acontece a seguir? O carteirista mete a mão no outro bolso ...

Ora como no Benfica parece haver ordens para se proibir a reclamação das más arbitragens, proibição que se parece estender a uma parte significativa dos adeptos, no jogo seguinte em Guimarães, Carlos Xistra cometeu a proeza de obter a 3ª derrota consecutiva do SLB em jogos por si arbitrados! E 1ª no campeonato. No ano passado em Braga, ao fim de 18 vitórias consecutivas, conseguiu a derrota que nem Estugarda, PSG ou o próprio FCP em sua casa, tinham conseguido...

E como mais uma vez não protestamos a dualidade dos erros grosseiros de arbitragem de Xistra, e tem sido assim ao longo destes quase 11 épocas do “novo ciclo” benfiquista, como lhe chama Luís Fialho no jornal Benfica, em Coimbra assistimos à 2ª versão da arbitragem de Benquerença em Guimarães na época passada! Um escândalo que culminou num pontapé em Aimar transformado em falta de ... Aimar. Convenhamos que nem Benquerença se atreveu a tanto, em lance igual, pelo que se pode concluir que este Hugo Miguel (de Lisboa ...) é um bom exemplo de como o “subsistema” da arbitragem se vai regenerando ...

Tendo o jogo de Coimbra sido antes do clássico com o FCP (de logo à noite), poderia pensar-se que a Direcção finalmente faria uma intervenção pública no sentido de defender os artistas da bola, os que custam milhões e que são impedidos, à porrada, de dar o seu contributo ao espectáculo em que tantos querem transformar os jogos de futebol! Nada de mais errado! Em vez disso, o Sr.º Vieira foi ao 108º aniversário do Benfica, ler mais um discurso escrito por outros, se calhar por gente paga pelos Bancos que mandam no clube e SAD, com os blá-blás que conhecemos: pedindo aos benfiquistas que apoiem a equipa no jogo, falando que não vira a cara às dificuldades, que não mexe um milímetro na linha traçada, etc, etc.

Como resultado desta inacção, o “sistema” nomeou o Sr.º Pedro Proença para arbitrar este jogo. Alguns lembrar-se-ão de erros monstruosos cometidos por este árbitro contra o Benfica. O que poucos saberão, é que com ele o Benfica nunca ganhou um clássico. Ou um derby. E com ele já perdemos alguns ...

Claro que logo à noite todos esperamos poder contrariar esta tendência. Será preciso toda a competência e uma boa dose de sorte. Só competência não chegou em Coimbra ...