quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Na órbitra dos milhões....



Portugal 31 de Dezembro de 2014

A saída de Enzo (anunciada desde o Verão passado) por valor abaixo da cláusula de rescisão, permite-nos brincar um pouco com tantos milhões que entram nas contas do clube/SAD, de acordo com a comunicação social, mas que não vemos a necessária correspondência nos balanços contabilísticos.
Antes de mais, não fui eu que disse na última campanha eleitoral que a partir do próximo mandato “nenhum jogador do Benfica sairá abaixo do valor da cláusula”. Contudo vemos sair todas as épocas, desde aí, jogadores abaixo do valor da cláusula.
Depois há quem, entre os benfiquistas, não perceba porque se rotula o Sr.º Vieira de Sr.º PresiMente...
De facto muito dinheiro tem entrado no Benfica de acordo com a comunicação social. A transferência de Enzo tem contudo um toque de estranheza, pois quando deveria ser o Valência a anunciar que a sua proposta de 25 milhões era irrevogável, foi o Benfica que comunicou à CMVM que aceitava a venda do jogador porque a proposta do Valência era irrevogável. É estranho parece-me... O Benfica poderia eventualmente referir que vendia porque a proposta era “irrecusável”. Agora assumir que vendemos porque o Valência não dá mais, parece-me estranho e até pindérico...
Aliás fala-se sempre nestas alturas, em particular os avençados da comunicação social, que “todos os clubes têm de vender para equilibrar as contas”, mas não creio que a SCP SAD, em falência técnica desde há pelo menos 5 anos, tenha de vender alguém este mês de Janeiro, enfraquecendo ainda mais a sua equipa.
Se recordarmos, em Janeiro do ano passado e após gloriosa vitória sobre o FCP que nos lançou para a conquista do campeonato, o Sr.º PresiMente aceitou vender o Matic também por 25 milhões. Se puxarmos a memória mais atrás constatamos que o Sr.º PresiMente vendeu o David Luiz em Janeiro de 2012 para o Chelsea, abaixo da cláusula de rescisão, David Luiz que na altura era visto como o esteio da defesa do Benfica e alvo de muitas demonstrações de carinho dos adeptos, para que não fosse vendido.
Cá está outra coisa estranha. Aquele que se supõe defender os interesses do clube/SAD, vende todos os jogadores que pode, nas alturas cruciais do campeonato, sempre com o beneplácito dos avençados da comunicação social (“todos os clubes têm de vender para equilibrar as contas”) mesmo que não vejamos FCP e SCP a fazer igual tipo de opção.
Com tanto dinheiro recebido, segundo a comunicação social, como estão as contas do Benfica? Vejamos as últimas que findaram em 30 de Junho de 2014. Retirei do RECORD online: “A SAD "encarnada" informa também que aumentou o passivo em perto de nove milhões de euros, em comparação com junho de 2013, passando de 440,4 para 449 milhões de euros. Em contrapartida, o ativo também cresce, de 416,6 milhões para 440 milhões, o que faz com que o capital próprio seja negativo em apenas 8,4 milhões (há um ano era também negativo, mas de 23,8 milhões).”
Ou seja, num ano em que se bateram recordes de vendas, com Matic, André Gomes e Rodrigo a renderem cerca de 70 milhões de euros, ainda segundo «os avençados da comunicação social, o Benfica da “gestão rigorosa” e do “sabemos para onde vamos” aumentou em cerca de 9 milhões de euros o valor do passivo, o valor das dividas exigíveis e não exigíveis. Também se aumentou o activo em cerca de 25 milhões de euros, mas como não se sabe a que se deveu esse aumento (valorização de passes de jogadores? reavaliação do património imobiliário?) devemos reter isto: as dívidas globais do grupo empresarial Benfica, subiram. Perdemos os melhores jogadores mas as dívidas aumentaram...
Claro que para o ramalhete ficar completo, só faltava virem dizer que estão a pagar uma factura elevada da gestão de Vale e Azevedo”! Estou certo, que haveria muito adepto e sócio que tomaria isso com uma credibilidade bíblica....
Com tanto milhão por aí espalhado, não me surpreende que o Sr.º Vieira tivesse um crédito no BES com um tecto de 600 milhões, ou que seja notícia que uma das empresas do Sr.º Vieira tenha lesado o BPN em cerca de 17 milhões.
É que há milhões e milhões. Os do Benfica são de uma cor. Os do Sr.º Vieira são de outra cor...

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

A oportuna pausa natalícia...

Portugal 23 de Dezembro de 2014

Confirmando o que por aqui tenho escrito e tentado extrapolar, a nossa principal equipa de futebol teve uma fraca exibição contra o Gil Vicente, vencendo por 1-0 na sequência de uma irregularidade posicional no início da jogada. Pior que isso foi a sensação de impotência que me pareceu ver em alguns jogadores, incapazes de produzirem jogo suficiente para dobrar o último classificado, seja porque a habitual táctica dos dois avançados não funciona com as actuais opções (Lima em particular, foi quase inexistente em jogo), seja pela falta de qualidade no centro do terreno onde a “cooptação” de Talisca para numero 8 (posição habitual de Enzo Péres), não funcionou (como era expectável), seja porque a falta de Luisão ainda faz diferença na definição dos posicionamentos dos jogadores da defesa, seja porque o “limão está demasiado espremido” o que é certo é que foi uma vitória que ficou aquém do que os adeptos que se deslocaram ao estádio, queriam, em particular depois da vitória contra o FCP.
Antes de mais, não valorizo muito a falta de golos contra o último classificado. Até porque o Gil Vicente nem é a pior defesa do campeonato mas sim a 4ª pior. O maior problema do Gil Vicente é a falta de golos marcados (pior ataque da prova), e ainda bem, pois em algumas situações de jogo, com outros executantes teríamos sofrido um ou mais golos.
No fundo o que me parece, e espero estar redondamente enganado, é que esta equipa do Benfica é como um castelo de cartas à beira de se desmoronar. Fomos disfarçando as deficiências da reconstrução do plantel com esse verdadeiro “achado” que é o Talisca. Um “achado” porque ninguém no seu perfeito juízo iria palpitar que um jovem de 20 anos, que joga a médio de ataque, pudesse com os golos que marcou (e que nalguns casos valeram 3 pontos), contribuir para as vitórias que colocam o Benfica no 1º lugar do campeonato... Esperar-se-ia que fossem outros jogadores do plantel, pela sua qualidade, que assumissem o papel de marcadores de golos, de “abre latas”... mas não! Foi o novato Talisca a segurar o Benfica....
Nesta perspectiva é interessante colocar a questão: e se o Talisca não marcar? Que acontece à equipa do Benfica, se o Talisca não marca pelo menos um golo?
Para mim começa a ser angustiante ter de colocar esta hipótese, porque na maior parte dos jogos em que Talisca não marcou golo, o Benfica não ganhou. Desde a Champions ao campeonato ou Taça de Portugal, os exemplos estão aí para confirmar esta realidade.
Mas será que toda a época que falta, vai ser assim como até aqui? Não sei. Temos o Jonas que já mostrou poder inverter este estado de coisas, ou até Lima que poderá surpreender-nos (não sei como, mas admito que possa). Derley é que não deve ter hipótese pois joga pouco e um jogador que não jogue, é mais difícil ter a “forma” adequada a uma equipa como a nossa que joga sempre sob muita pressão.
Valha-nos pois esta pausa natalícia. Para recarregar baterias e repensar o futebol que praticamos. É uma pausa oportuna como nunca nos anos anteriores foi. A somar à falta global de qualidade do plantel, fruto da desgraçada gestão que Vieira continua a fazer, com o beneplácito do silêncio dos sócios e adeptos, ainda temos que somar algumas lesões e castigos completamente inoportunos. A equipa que já era pouco fiável, passou a ser ainda menos.
A seguir vai sair o Enzo, que só não saiu em Agosto porque parecia mal a venda por atacado de mais de 2/3 da equipa. Quando os principais apoiantes de Vieira começaram a questionar na comunicação social a catadupa de vendas, a venda de Enzo foi metida na “gaveta”. Aqui sim, Vieira é inteligente. Pena que só o seja para delinear estratégias para salvam a sua imagem, quando enfraquece o Benfica...

Os próximos jogos até à dobragem do campeonato, são fundamentais para avaliar até que ponto a nossa equipa se aguenta e quais são as reais probabilidades de ganhar o campeonato. Esperemos que a Quadra natalícia inspire os responsáveis e ilumine as suas ideias para o futebol do Benfica.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

A todos um Bom Natal (parte II)



Portugal 19 de Dezembro de 2014

A eliminação da Taça de Portugal pelo Braga é apenas mais um murro no nosso estômago, é apenas mais uma marca negativa do projecto Vilarinho/Vieira/BES/empresários/PT/outros, alicerçado no “círculo virtuoso” como foi amplamente difundido na altura das eleições de 2000. A ideia era ter uma boa equipa de futebol, com isso chamar mais sócios e adeptos ao estádio, ganhar mais, e ganhando mais poder contratar melhores jogadores, para jogarmos melhor e trazermos ainda mais adeptos ao estádio.
É um facto que nestes 14 anos tivemos muitos e bons momentos de glória, embora limitados, se não me falha a memória, a 3 campeonatos, 2 taças de Portugal, 4 taças da Liga e 2 supertaças. Muito pouco para os milhões investidos em contratações que dão milhões em comissões, e num estádio que pode ser bonito mas sorve os recursos financeiros que deveriam ser destinados aos reforços da equipa de futebol.
Mas o povo é quem mais ordena, e quis assim. Opções feitas democraticamente não se contestam embora não estejam acima da critica.
O projecto “círculo virtuoso” explica em grande parte porque razão, ao longo destes 14 anos, os treinadores do Benfica são estimulados a jogar em pressão alta, a jogar bem e ganhar bem. Os sócios e adeptos pagam bilhete e querem ver um bom espectáculo, dizem os mentores do projecto, ou mandam dizer pelos avençados jornalistas, seja da BTV seja de outros órgãos de comunicação social.
E assim, pelos tentáculos do “círculo virtuoso” na comunicação social, o Benfica é dos 3 grandes, o único que é avaliado pela qualidade do jogo, e não pelos resultados. Por exemplo, ao passo que FCP e SCP “sofrem mas ganham”, no Benfica “ganha-se sem brilho”. É um pouco diferente, e provoca emoções diferentes nos receptores adeptos.
Vem esta longa introdução a propósito de considerar que JJ é mais vitima do que réu, nestas más alturas de maus resultados alicerçados por más opções tácticas recorrentes com o 4-4-2 em losango. Porque sendo este modelo de jogo (também utilizado por Fernando Santos) um modelo que prevê a utilização de 2 avançados, mesmo considerando que é ligeiramente mais compacto no meio campo do que o 4-4-2 clássico (usado por quase todos os demais treinadores, com relevo para Koeman e Quique Flores), é ainda assim um modelo de propensão atacante e de reacção fraca ao contra ataque adversário.
Ora se as teorias reinantes sobre o “círculo virtuoso” é que mandam, JJ apenas cumpre com o que lhe pedem para fazer. O Benfica joga em pressão alta, cria situações de golo que falha e acaba por perder quando encontra equipas com bons jogadores ou equipas com culturas reactivas e habituadas a sofrer a pressão dos adversários mais fortes.
Não é muito difícil perceber porque razão falhamos tantas vezes na Champions (equipas com bons jogadores e bons treinadores), menos vezes na Liga Europa e raras vezes cá em Portugal. Mas acontece às vezes, e quando acontece é uma enorme dificuldade para aceitarmos que o modelo é que está errado.
Para além disto, devo referir que os dados pós jogo com o FCP indicavam que algo podia correr mal. Vejamos. O Sr.º Vieira, no seu habitual estilo populista e demagógico, voltou a aparecer em público para se colar a essa grande vitória. Disse ele que “esta equipa enche de orgulho os benfiquistas”. A seguir marcou o jantar de Natal entre estes dois jogos. Ou seja: deu valor extraordinário aquilo que deve ser considerado uma “obrigação” desportiva (ganhar ao FCP) e para piorar os níveis de concentração agendou o jantar de Natal para 2 dias antes do jogo com o Braga. Quem não se recorda da semana após Trappatoni ter ganho o campeonato, em 2005? Entre o domingo do título e o domingo da final da Taça com o Setúbal, também houve festa da entrega de prémios na Liga de Clubes, onde esteve toda a equipa e não apenas os premiados, também houve jantares, e a seguir perdemos a final da Taça por 2-1, onde também estivemos a ganhar. Não são meras coincidências, mas há alguém que se recusa a aprender, pois a demagogia e o folclore mediático são necessárias para este projecto do “círculo virtuoso”.
A JJ aponto uma crítica que podia ter evitado. Este é o plantel mais fraco de todos os anos que já leva no Benfica, e um dos mais fracos nestes 14 anos de “círculo virtuoso” (nos último 6 anos, nunca tínhamos estado fora das provas europeias e da Taça, em Dezembro). Apostar no 4-4-2 em losango sabendo que não tem as opções de jogadores que já teve, é um risco enorme contra equipas como o Braga (ou o Guimarães) que defendem bem e para quem qualquer resultado serve. Criamos situações de golo, mas o FCP também as criou quando jogou contra nós. O FCP não as concretizou pelas mesmas razões que nós não as concretizamos. Isto era expectável e nem preciso recorrer aos últimos jogos com o Braga para lembrar que na Luz temos ganho por 1 golo, com muitas dificuldades, mesmo quando tivemos grandes jogadores.
JJ devia saber isso. Querer fazer destes jogadores, o que foram os que já treinou, ou é um enorme frete que está a fazer aos teóricos da Direcção que defendem o futebol espectáculo, ou é de uma presunção gigantesca. Milagres só fez o Jesus que por cá andou há mais de 2 mil anos!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

A todos um Bom Natal, a todos um Bom Natal...



Portugal 17 de Dezembro de 2014

Terminei o texto anterior com o parágrafo: “E depois do adeus (à Champions)? Há um jogo para ganhar no estádio da Galinha. Não sei como, mas é para ganhar...”
Pois acabei(mos) de descobrir mais uma maneira para ser superiores aos que são apontados como sendo os “melhores”: com 1 ponta de lança móvel (Lima) e meio campo reforçado com mais 1 unidade (Talisca). Não jogamos no 4-2-3-1 que Jesus idealizou para a Champions na época 2011/2012 e para alguns jogos difíceis do campeonato (por exemplo, o fatídico jogo no FCP que perdemos no último minuto), mas sim numa espécie de 4-1-4-1 ou 4-5-1 quando não tínhamos a posse de bola, e num 4-4-1-1 a derivar para um 4-4-2 em losango, quando tínhamos a posse de bola.
No futebol como na vida, estamos sempre a aprender.
Para explicar a minha posição relativamente a Lima (que tenho apontado como não tendo qualidade para os objectivos porque luta o Benfica) vou colocar umas palavras que troquei com um amigo benfiquista, minutos antes do jogo. Ele ligou-me para me perguntar se eu já sabia qual era a equipa, disse-lhe que não, e ele lá foi dizendo qual era. Ao chegar ao avançado fez um pouco de “suspense” e perguntou se eu atirava um palpite. Respondi que não me atrevia, mas que entre Lima e Jonas, um deveria ser. Então ele disse que era o Lima e começou a “malhar” em Jorge Jesus, dizendo que não o percebia pois parecia-lhe que “não queria ganhar o jogo”. Respondi que não podia ver as coisas assim, e que se JJ o tinha colocado lá saberia as razões tácticas ou outras, para o fazer. E até lhe dei o exemplo que se Lima jogasse os primeiros 60 mn e não marcássemos, JJ ficava com um trunfo na mão, que era o Jonas, uma vez que sendo um jogador de grande qualidade e visão de jogo, iria aproveitar-se do desgaste dos adversários para tentar marcar no mínimo 1 golo.
Isto das “armas secretas” que entram em jogo e marcam golos tem uma explicação “científica”: aos 60 mn os adversários já correram cerca de 6 km, enquanto as “armas secretas” estão “frescas” e movimentam-se mais rapidamente podendo tirar partido da sua qualidade técnica. Comparemos a diferença de rendimento de Nuno Gomes quando jogava a titular ou entrava como suplente. Idem com Mantorras, o homem dos golos no último minuto. Entre muitos outros bons exemplos.
Bom, o meu amigo lá ficou mais calmo e no final lá teve de reconhecer o grande erro de avaliação que cometera.
Acerca da importância do Lima na equipa não vou alterar a minha opinião porque marcou estes dois golos, pelos quais lhe ficarei eternamente grato, uma vez que para mim ganhar em casa do FCP é quase como ganhar o campeonato. Se repararmos na forma como foram obtidos, se calhar não empolávamos tanto este assunto. O primeiro golo nasceu de um erro de marcação dos defesas centrais do FCP (uma dupla que não jogava junta há uns tempos) também provocado por outro jogador do Benfica que se faz à bola lançada por Maxi e os arrasta com ele. Sobrou assim espaço para Lima entrar no local onde a bola saltou no relvado. O segundo golo nasce de uma defesa incompleta de Fabiano a um remate de Talisca e Lima estava no sítio certo.
Também César Brito ou Nuno Gomes marcaram os dois golos das vitórias do Benfica em casa do FCP e nem por isso passaram a ser jogadores mais imporantes.
O que importa reter desta grande vitória que nos dá uma boa (mas não decisiva) “almofada” de 6 pontos para o que resta do campeonato, é que não precisamos da nota artística para ganhar jogos, e que uma mistura da táctica adequada, sempre em torno do 4-2-3-1 ou 4-1-4-1, que pressupõe uma atitude humilde perante o adversário, mais uma boa dose de concentração e alguma sorte à mistura, e temos os condimentos para uma grande vitória. Das difíceis.
Deveríamos aproveitar esta vitória para pensar melhor o que queremos para o futebol da nossa equipa pois é possível que as “teorias” reinantes no clube/SAD, nas últimas décadas, estejam erradas e desligadas da realidade do futebol actual.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

E depois do adeus...



Portugal 12 de Dezembro de 2014

Da eliminação do Benfica da Champions e da Liga Europa já disse o que tinha a dizer, salientando a maior responsabilidade da Direcção que empobreceu o plantel e programou pessimamente a pré temporada, com um conjunto de desafios que mais não foram que um engodo para obter “cachets”.
Este é o Benfica do “sabemos para onde vamos, é difícil mas vamos chegar lá com a ajuda de todos”.
Restam algumas curiosidades, sempre interessantes. O Benfica fez 4 pontos com a equipa que se classificou em 1º lugar do grupo, o que reforça a tese do mau planeamento, pois os jogos com o Mónaco foram os 3 e 4 ou seja, quando a equipa já tinha algumas rotinas de jogo e partia para esses dois jogos sem grandes responsabilidades devido às duas derrotas nas primeiras duas jornadas.
Para os que me podem apontar incoerência na argumentação, antecipo e explico: se tivéssemos o plantel da época passada, admitindo-se a venda de um ou dois jogadores fundamentais, a qualidade da pré-temporada já não era determinante porque as rotinas de jogo eram de todos conhecidas.
Outra conclusão que reforça a tese do mau planeamento é a constatação que o Zenit apenas ganhou 1 jogo fora de casa e foi na Luz, no primeiro jogo da fase de grupos. Enquanto o Zenit se apresentou com a equipa base da época passada reforçada com o Garay e o Javi Garcia, e com mais jogos oficiais realizados, o Benfica apresentou-se com uma equipa reconstruída e sem rotinas de jogo em alguns sectores, o que explica o erro do penalty e expulsão de Artur, erros que impediram a equipa de lutar pelo resultado.
Os 3 pontos perdidos frente ao Zenit na 1ª jornada foram determinantes para o desfecho que conhecemos: 5 pontos em 6 jogos que nas últimas épocas apenas é suplantado negativamente por Quique Flores com 1 ponto em 4 jogos, na fase de grupos da Liga Europa (modelo anterior). Ou seja, retrocedemos 6 anos com as últimas opções de gestão da equipa do Srº Vieira.
Mas há mais curiosidades. O Mónaco saindo do pote 4, ficou em 1º lugar. O Bayer saiu do pote 3 e ficou em 2º lugar. O Zenit saiu do pote 2 mas ficou em 3º lugar e o Benfica saindo do pote 1 ficou em 4º lugar. Classificação completamente invertida face à qualidade dos potes que não se confirmou, mas que confirma de certo modo, a lógica dos orçamentos.
Destas 4 equipas apenas o Benfica, clube/SAD com menor orçamento, se apresentou com uma profunda reestruturação na equipa. O Zenit apresentou-se reforçado, o Mónaco perdendo dois jogadores nucleares como Falcao e James, teve ainda assim Berbatov, e o Leverkusen apresentou grosso modo a equipa da época passada. Ter o menor orçamento e alterar meia equipa (incluindo as alternativas do banco), foi um suicídio futebolístico. “Sabemos para onde vamos...” diz o Sr.º Vieira...
Em 6 jogos marcamos 2 golos (!) e sofremos 6, sendo que 5 (!) dos golos sofridos foram-no nos primeiros dois jogos (falta de entrosamento mais alteração da equipa). Quem continua na BTV, rádios e jornais a defender as opções da Direcção, ou recebe dinheiro para estar nesses programas/colunas de opinião e defende quem lhe paga, ou sofre de autismo em grau acentuado...
No ataque ficou evidente que Lima não é avançado para as responsabilidades de uma Champions, e que Derley por ser o 2º melhor marcador do campeonato passado, não encaixa numa equipa que joga no máximo. São esforçados, dão (assim-assim) para as necessidades internas, mas estão longe do que precisamos para fazer provas na Champions ao nível dos nossos pergaminhos. Quem não percebeu o que quis dizer quando escrevi o texto “Fim de uma era”, dedicado a Cardozo, agora já percebe, pela crueza dos resultados.
Aliás Lima é o paradigma da cultura de 2ª divisão reinante no Benfica de opinadores e adeptos que sabem tudo, mas afinal não sabem nada! Cardozo pelo seu jogo posicional e alta eficácia era desconsiderado por ser lento e falhar muitos golos. Diziam esses entendidos! Lima pela sua velocidade era mais elogiado. E marcava mais golos, esquecendo como eram marcados: com auxílio dos posicionamentos de Cardozo que segurava um ou dois defesas e com isso abria linhas de passe para outros rematarem.
Lima tal como Nuno Gomes ou Mantorras, eram jogadores muito queridos dos adeptos. Porque também eram queridos da comunicação social (há sempre uma relação entre o que se escreve e diz, e o que os adeptos pensam e sentem). Jogadores que se caracterizam pela mobilidade. Não pelos golos! Cardozo nem tanto. Porque será que num clube que quer ser o “maior”, o jogo pensado é menos apreciado que o jogo corrido?
E depois do adeus? Há um jogo para ganhar no estádio da Galinha. Não sei como, mas é para ganhar...