terça-feira, 26 de julho de 2011

A pré-temporada - fase 3

Portugal, 26 de Julho de 2011

Com a realização do jogo da 1ª mão da 3ª pré-eliminatória da Champions League, está terminada a pré-temporada do Benfica. Chamo-lhe a 3ª fase porque o plantel se vai consolidando após cada jogo ou torneio, e houve alguma compartimentação entre o estágio na Suíça, o torneio da Guadiana e a recta final até ao 1º jogo oficial (Trabzonspor), o que permitiu fazer avaliações e encaminhar alguns jogadores, entre cada uma destas fases ou etapas.
Neste defeso e a pensar na próxima época, contratamos 17 jogadores (7 na época passada sem incluir Janeiro): Mora, Wass, Artur Moraes, Nolito, Matic, Bruno César, Melgarejo, André Almeida, Nuno Coelho, Leó Kanu, Enzo Pérez, Mika Domingues, Ezequiel Garay, Axel Witsel, Emerson, Eduardo e Capdevila. Regressaram 6: Freddy Adu, Balboa, Urretavizcaya, Miguel Vítor, Oblak e Rodrigo. Da formação vieram David Simão, Nelson Oliveira, Ruben Lima e Miguel Rosa.
No total dos contratados, investiram-se cerca de 30 milhões de euros (valor idêntico à época passada) e somos detentores da totalidade dos passes com excepção de Garay de que apenas detemos 50%. A ver vamos se vamos vender ao Benfica Star Fund algumas percentagens dos passes destes jogadores.
Por outro lado das 27 caras novas (foram 13 no ano passado), 10 das quais regressos e formação, estão muito longe da quantidade de nomes que se tem falado como interessando ao Benfica, e que já deram azo às brincadeiras dos sportinguistas, como aquela da mesa de matraquilhos da ASAE ou o autocarro de 5 andares para levar todos os jogadores do Benfica. O SCP tem 14 nacionalidades, mas isso não é motivo de brincadeira, porque nós no Benfica não gostamos de brincar com o SCP.
Dos 27 jogadores da equipa do ano passado, 11 já foram colocados e possivelmente mais 4 deverão sair, César Peixoto, Roberto (a pedido da comunicação social) e Júlio César (arrastado pela polémica com Roberto) e Carole. Assim do ano passado transitam 12 jogadores para a próxima época. Ou seja, saíram 15, dos quais só 2 por motivos alheios à nossa vontade: Salvio e Coentrão, e 2 em fim de contrato: Nuno Gomes e Luís Filipe. Saíram 11 por vontade do clube, o que me parece um tiro no pé, pois são 41% do plantel. É muito.
Dos 27 novos jogadores, 5 já estão colocados: Miguel Rosa, Wass, André Almeida, Melgarejo e Léo Kanu. 3 são cartas fora do baralho, Balboa, Adu e Oblak. Ou seja, temos 19 jogadores para escolher 15, de modo a constituir um plantel de 27 jogadores. Na minha opinião, são candidatos a sair, Nuno Coelho, Ruben Lima, Rodrigo e Mora. São apenas palpites, não fico chateado se falhar.
Do jogo de apresentação aos sócios contra o Toulouse, que termina as experiências da pré temporada, resultou uma exibição mais sólida que as duas do torneio do Guadiana, dando já para perceber que os automatismos da equipa serão diferentes da época passada devido às diferentes características dos jogadores contratados, os tais que não passarão tanto tempo a comemorar o título. Cometemos apenas 2 erros que poderiam ter dado golo: uma má defesa de Artur Moraes que deu sapatada para a frente na 1ª parte, um contra ataque aos 85 mn em que Emerson se deixou levar, optando por não fazer falta. Penso que são poucos erros, um deles de natureza individual e outro colectivo.
Penso que a experiência com o Toulouse foi boa porque se trata de uma equipa parecida com o Trabzonspor, isto é, bem organizada, bem equilibrada e pragmática a trocar a bola. Por outro lado alguns vícios dos dois últimos anos, derivados da “pressão alta”, levam a que tenhamos sempre muitos jogadores na frente quando vamos para o ataque. O que gera percentagens de posse de bola elevadas mas sem grande expressão em golos, pois criamos maior densidade no último terço do campo defensivo do adversário, o que prejudica as linhas de passe. Neste aspecto nada irá mudar na próxima época, o que quer dizer que nem Jorge Jesus aprendeu nem Rui Costa e toda a extensão directiva ligada ao futebol.
O ano passado esta tríade de responsáveis pediu um guarda-redes que desse pontos. Esta época a escolha recaiu em Artur Moraes (0,94 golos por jogo no Braga) e Eduardo que leva 4 a 5 frangos por época, segundo o presidente do Génova (sofreram 1,24 golos por jogo), em detrimento de Roberto um dos obreiros da razoável época do ano passado (não vamos perder tempo a discutir, pois defendo que foram os árbitros que não deixaram fazer mais). Daquilo que já vi iremos ter uma época pior, defensivamente. Oxalá esteja enganado. Quero mesmo estar enganado.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Em defesa de Roberto II

Portugal, 25 de Julho de 2011

Na passada sexta-feira tentei colocar um comentário no Record online, a propósito da alarmante notícia “Luisão vira costas ao Benfica”. Apenas queria perguntar como é que tendo ele o telemóvel desligado, no Record se avançava que já não regressava ao Benfica. Claro que a minha pergunta não foi publicada, mas dezenas (centenas?) de outras foram. As que desancavam no jogador.
No fundo percebe-se como funciona esta comunicação social há muito conluiada entre as simpatias clubísticas de FCP e SCP dos jornalistas, a que se somam os interesses que a Olivedesportos defende e pratica contra o Benfica. Como não interessa um Benfica ganhador e de olhos bem abertos, há que criar casos no Benfica, casos que ponham as pessoas a pensar e a opinar, casos que dividam os adeptos do Benfica e que suscitem movimentos comportamentais contra este ou aquele jogador, treinador ou dirigente.
O que Luisão disse, “gostava de dar o lugar aos mais novos”, não é muito diferente do que disse Falcao em 10 de Junho, citado pelo Correio da Manhã: “gostava de jogar na Liga Espanhola”. Ou Hulk através do empresário, em 21 de Maio, citado pelo mesmo Record “Hulk sonha jogar no Milan”. Claro que estes assuntos no FCP não são sinal de querer “virar as costas ao FCP”, logo não há opiniões publicadas sobre o assunto. As televisões não aparecem a fazer perguntas incómodas. As rádios não passam nada. Com Luisão já é tudo diferente. Porque é jogador do Benfica. Publicam-se opiniões, fazem-se capas de jornais, enfim, há que dar “alpista aos pardais”.
Como se pode perceber, dificilmente o problema de Roberto foi dar “frangos”, ser espanhol ou ter custado 8,5 milhões de euros. O problema do Roberto foi ser contratado pelo Benfica! Como antes dele, outros, e como depois dele outros serão criticados enquanto forem jogadores do Benfica. Quando estiverem para sair, a perspectiva da comunicação social muda, e até César Peixoto deixa de ser o “patinho feio” para ser mais uma vitima da politica de contratações do Benfica (na época anterior era o tal que não acrescentava velocidade aos processos de jogo do Benfica e o tal que os sócios assobiavam).
Apesar da perseguição cruel e implacável que muita gente da comunicação social dedicou a Roberto, alguns assumidos adeptos do Benfica como João Querido Manha, a realidade é que Roberto sofreu a média de 0,92 golos por jogo da Liga, contra 0,94 de Artur Moraes e 1,04 de Rui Patrício. Melhor que ele, apenas Helton com a inalcançável média de 0,36 golos por jogo. Como se sabe o FCP é o clube que mais beneficia do truque de arbitragem que é não marcar faltas contra nas proximidades da área.
Para além de ser o 2º melhor guarda-redes da Liga, como sublinho, apesar da cruel perseguição que lhe foi movida, Roberto juntou outro feito à sua época, que foi voltarmos, após em 17 anos, às meias-finais da Liga Europa, antiga Taça UEFA.
Poder-se-á dizer que na época anterior, Quim sofreu menos golos (0,67 por jogo). Sim, é um facto. Mas o que mudou de um ano para o outro, para além do guarda-redes? (1) As equipas passaram a conhecer melhor a forma de jogar do Benfica, em pressão muito alta e com pouca compensação entre sectores, o que estimula e permite os chamados contra ataques. (2) Com o título de campeão no bolso, Jorge Jesus optou por arriscar ainda mais, buscando a perfeição no futebol de ataque, vertical e de velocidade. E pedindo um guarda-redes que desse pontos, pedido manifestamente desajustado do que é a dinâmica do futebol, pois não há “milagres” durante 30 jornadas seguidas. (3) As arbitragens selvagens das primeiras 4 jornadas que, utilizando os truques habituais, só nas grandes penalidades não assinaladas impediram que o Benfica vencesse os 4 jogos e não se falasse (tanto) do Roberto.
Ou seja, fosse qual fosse o guarda-redes, iríamos sempre sofrer mais golos que no ano do titulo. Isso era óbvio. Quer então dizer que o Benfica preparou mal o assunto “mudança de guarda-redes”? Sim, claramente. Quem sabe como funciona esta comunicação social enfeudada aos interesses do “sistema”, sempre pronta a criar casos por tudo e por nada (para além de Luisão, já foi tema o número de jogadores contratados e a seguir poderá ser – vamos aguardar - o numero de jogadores novos na equipa base do Benfica), sabendo que o Benfica iria sofrer mais golos pelos motivos que já expliquei e tendo sido campeões parece-me que a melhor estratégia seria ter dado mais 1 ano ao Quim.
Porque esta comunicação social percebe que se mude, quando não se ganha. Não percebe que se mude quando se ganha, mesmo que se queira e possa mudar para melhor. E quando eles não percebem, quem fica a perder é o Benfica ...

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Em defesa de Roberto I

Portugal, 20 de Julho de 2011

Telejornal RTP, hoje, 13h40: “o FCP contratou Danilo ao Santos por 13 milhões de euros, ganhando a contratação ao Benfica que também estava interessado no jogador. Vítor Pereira consegue assim o 7º reforço da temporada sem ter perdido qualquer das principais referências da equipa” e “o Benfica faz logo à noite o seu jogo de apresentação aos sócios, devendo ser apresentados os reforços Garay, Eduardo, Capdevilla e Emerson. Os sócios irão sentir a falta de 2 referências da equipa, Fábio Coentrão que foi transferido para o Real Madrid e Nuno Gomes que assinou pelo Braga. Para a presente temporada o Benfica já despendeu cerca de 26 milhões de euros”.
Que é que uma noticia da RTP tem a ver com a minha homenagem a Roberto? Há tempos atrás – 1 de Junho - colei aqui um texto intitulado “obesidade mental” no qual dava conta do que pensa um tal de Prof. Andrew Oitke de Harvard sobre as relações entre a comunicação social e o comportamento individual e colectivo das pessoas.
Escrevi também que “há muito que nas minhas cogitações de leigo, percebi que as mensagens da comunicação social não são iguais nem agressivas e geradoras de instabilidade para todos os clubes. E percebi que há uma modulação de conteúdos das mensagens em função dos poderes económicos que hoje tomaram conta dos órgãos de comunicação social (ocs), sejam jornais, rádios e televisões”.
Como se pode concluir, esta notícia RTP tem uma orientação que vai no sentido de esconder dos ouvintes que o FCP já gastou cerca de 30 milhões de euros com as suas contratações de Iturbe, Kelvin, Kléber, Alex Sandro e Danilo e que se hoje o FCP tem todas as suas principais referências futebolísticas é porque ninguém no mercado internacional, faz ofertas que lhes agradem porque Pinto da Costa já disse que 10 deles são substituíveis. Por outro lado, ao anunciar o jogo do Benfica e uma noite que se supõe de alegria, acrescentam logo de seguida algo para “cortar” essa alegria: a referência aos jogadores ídolos que já não estão. A indicação dos milhões que o Benfica gastou, vai na mesma linha de criar uma preocupação financeira e aumentar a pressão desportiva, pois quem gasta tanto quer ganhar desportivamente. E se os adeptos acharem que se gasta para ganhar, obviamente vão para o estádio cobrar mais da equipa. Aumentar a pressão cuja existência se conhece, mas que se teima em não perceber de onde vem a principal força que a aumenta: da comunicação social.
Foi também a comunicação social que “destruiu” as possibilidades de Roberto ter ambiente adequado a poder justificar as suas enormes qualidades. Como espero demonstrar com base na selecção de títulos, artigos de opinião, comentários, etc., que publicarei nos próximos textos, com os comentários que entender adequados.
Esta destruição contou uma vez mais, com a colaboração, por omissão, da Direcção do Benfica. Se falamos que o Benfica tem uma má política de comunicação social, o que é verdade, o caso de Roberto é dos que melhor exemplifica como se pode destruir um investimento elevado e inverter as regras da moral e da ética, em que os bons devem sair sempre a ganhar. Com o beneplácito da Direcção, onde uns pensam que ele é um bom guarda-redes e outros pensam que não. Onde o factor divisão de opiniões nunca resulta a favor do Benfica mas dos interesses e vaidades de quem lá está.
O interesse deste assunto é que não é virgem e repete-se ao longo dos anos. Sem que as pessoas, incluindo as da Direcção, se apercebam. Ou sem que percebam que têm de fazer algo porque estão em causa investimentos do Benfica e as expectativas de profissionais de futebol e respectivas famílias. Para além das expectativas dos sócios e adeptos do clube.
Termino este texto com o exemplo que vai marcar a directriz dos próximos: em 18 de Janeiro de 2004, o Benfica recebeu e venceu o Boavista por 3-2. Na Rádio Renascença, o relato foi conduzido por João Fonseca, com comentários de João Rosado e Pedro Sousa, este em estúdio. No 1º golo do Boavista disse João Rosado “concordo com o João Fonseca de que o Moreira tem alguma responsabilidade no golo”. Acrescenta o Pedro Sousa: “realmente Moreira não está isento de culpas”.

Se os adeptos nunca perceberam porque é que Quim foi contratado em Agosto de 2004, basta somarem muitos e muitos exemplos de comentários como este, sobre as alegadas insuficiências de Moreira na baliza. 7 anos depois nada mudou. Agora tocou a vez a Roberto!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A pré-temporada - fase 2

Portugal, 18 de Julho de 2011

Com a vitória no torneio de Guadiana, concluímos a 2ª fase da pré-temporada, marcada pelo evoluir das rotinas de jogo por parte dos jogadores e pelo acentuar de definições do plantel, embora de forma não definitiva devido a várias contingências (a Copa América e contratações de última hora).

Sobre as questões de natureza táctica, volto a sublinhar que não é nem nunca foi, meu propósito criticar o treinador do Benfica no sentido de por em causa a sua continuidade. Mas tenho a minha sensibilidade e conhecimentos que permitem criticar a insistência na adaptação de Fábio Faria a defesa esquerdo, deixando de lado um activo que faria seguramente melhor a posição, Schaffer, e obrigando ao recuo de Javi Garcia que é um trinco de excelência e, como já se verificou, não é substituível por Matic (bom jogador mas de fraca cultura defensiva).

Jorge Jesus voltou a alinhar o quarteto defensivo que tinha sido titular na derrota com o Dijon, pelo que concluo que não percebeu porque perdeu esse jogo. O papel de Javi no meio campo é essencial para filtrar jogadas dos adversários. Quanto menos poder de choque o Benfica tiver no meio campo, mais facilmente os adversários conseguem ganhar as segundas bolas e construir jogadas que passam por meter a bola em profundidade pelo meio dos centrais. E eventualmente obrigam o guarda-redes a jogar mais à frente da baliza (para as dobras).

Deste modo a nossa segurança para os próximos jogos não passa pelo regresso de Luisão e Garay, mas sim porque isso significa que Jorge Jesus terá de colocar Javi no papel de trinco. Quer também isto dizer que Javi terá de se entrosar jogando, uma vez que nos últimos 3 jogos adquiriu rotinas de defesa central. E o próximo jogo oficial vem já aí, e é de alta responsabilidade.

Quero com isto dizer que a gestão do plantel, no sector defensivo, está a ser feita de forma errada e pior: previsivelmente errada. Dizia ontem um comentador da Benfica TV, no pós-jogo, que o treinador tem de tomar decisões e arriscar. Deu o exemplo do Fábio Coentrão que foi adaptado com sucesso a defesa lateral, para explicar a insistência de JJ por Fábio Faria e depois da lesão de Miguel Vítor, por David Simão.

Claro que o treinador tem que tomar decisões e arriscar. Mas uma coisa é arriscar respeitando as características físicas e técnicas do jogador, outra coisa é arriscar tipo “fezada”, 1x2 totobola a ver se dá. Fábio Coentrão, tal como Miguel antes dele, tinha rotinas de médio-ala, pelo que a adaptação a defesa não foi de todo incompreensível. Nem original, como se comprova pelo caso do Miguel. Já não se pode dizer o mesmo de Fábio Faria que com mais de 1.90m nunca poderá ser um bom lateral, ou David Simão que nestes 2 jogos que jogou adaptado, brilhou nas jogadas de golo onde apareceu pelo meio. Como ele gosta e pelos vistos, sabe jogar.

Jorge Jesus após 2 anos de Benfica, continua a querer “re-inventar a roda” e a ser um profissional que denota pouca humildade na assunção dos lapsos que prejudicam o individual e o colectivo. Como resultado disto, o Benfica vai abordar o 1º jogo da 3ª pré-eliminatória com uma defesa que não dá garantias de garantir a inviolabilidade da nossa baliza, e este pensamento aplica-se às duas hipóteses, seja (1) pela inclusão de Garay e Luisão, com Javi a trinco, seja (2) pela manutenção da dupla Miguel Vítor Javi, com Matic a trinco. A primeira solução não dá garantias por falta de entrosamento, a segunda não dá garantias por falta de qualidade defensiva do meio campo.

Jorge Jesus é contudo acompanhado por um Director Desportivo, Rui Costa, que este ano se diz estar mais perto da equipa, e por uma Direcção onde pontifica o Sr.º Vieira que diz estarmos melhor que nunca em matéria de credibilidade, mas a realidade é que só contratamos depois de vendermos uma “pérola”. E depois de a vendermos não paramos enquanto não gastarmos o dinheiro todo.

Não me parece que seja este o caminho mais adequado para colocar o Benfica à prova da batota dos árbitros portugueses e da crítica dos analistas desportivos. Aliás a crítica sobre o futebol do Benfica já começou, embora o nível da mesma seja suave. Para já. Quando a bola rolar a sério, eles já têm muitos temas para desenvolver e tornar o Benfica naquilo que tem sido nos últimos anos: um clube de polémicas e intranquilidade.

Deste ponto de vista, esta 2ª fase da pré-temporada, foi um falhanço.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

A pré-temporada - fase 1

Portugal, 15 de Julho de 2011

Terminamos a 1º fase da pré-temporada com a derrota frente ao Dijon, recém promovido à Ligue 1 francesa. Uma derrota que confesso, me irritou de sobremaneira.

No Benfica há uma tendência para tornar complicado o que é simples, a Direcção não o impede, o Director Desportivo idem, enfim, parece que não se passa nada, que ninguém tem a ver ou pode fazer alguma coisa, e no fim os erros pagam-se caros, pois o Benfica é a única equipa portuguesa e no Mundo em que os resultados dos treinos são analisados com o maior requinte e pormenor. E não propriamente para sublinhar os aspectos positivos, que são regra geral completamente ignorados, mas sim para recalcar processos de desestabilização.

Se sabemos que cada mau resultado do Benfica, incluindo a pré temporada, é utilizado como arma de arremesso da comunicação social contra jogadores, técnicos e às vezes até Direcção, porque persistimos em “pormo-nos a jeito”?

Desta pré-temporada sobra a goleada esperada frente à Selecção de Friburgo e o expectável empate frente ao primodivisionário Servette. Expectável porque tínhamos jogado 24 horas antes e o Servette não.

A derrota frente ao Dijon, essa para mim não era esperada e não devia ter acontecido. Porque tínhamos tido um dia de intervalo, o que não sendo adequado, mas para equipas profissionais e nesta fase, é razoável porque os jogadores não fazem os 90 mn de cada partida. Contudo ao ver o alinhamento da equipa e os primeiros minutos, percebi que dificilmente faríamos um bom resultado.

Não gosto nem costumo criticar ninguém no futebol benfiquista, muito menos o treinador, mas desta vez tem de ser porque me parece que foram cometidos erros de principiante. E se estamos na 3ª época de Jesus no Benfica, isto parece-me inadmissível.

Não falo de esquemas tácticos nem analiso a bondade das ilações que o treinador pode ter querido tirar. Falo que para obtermos um bom resultado não podíamos utilizar uma dupla de centrais que não havia jogado junta, presos de mecanismos de conjunto e entendimento, sacrificando Javi como trinco para experimentar o Matic que já se tinha visto com os de Friburgo que é um jogador que gosta de subir e tem pouca capacidade de choque, característica necessária para um trinco.

Estas opções voltaram a sacrificar Fábio Faria que é central e voltou a jogar adaptado a lateral esquerdo, o que não é fácil para um jogador com mais de 1,90 m de altura e que como já tínhamos verificado com o David Luiz, no Dragão, em Liverpool ou mais atrás em Alvalade com Quique Flores, é claramente uma má opção, porque dá sempre maus resultados desportivos. E quando se tem no banco um defesa esquerdo, Schaffer, ainda se entende menos estas adaptações.

Foram adaptações que estavam condenadas ao insucesso desportivo em várias vertentes. (1) porque os jogadores sendo equiparados a matraquilhos que jogam em várias posições, não gostam nem dão o máximo porque sentem que é uma opção temporária, (2) porque percebem que algumas opções do treinador são mesmo para “queimar” outros colegas e a pergunta que lhes pode ocorrer é “quando será a minha vez?”, (3) ainda porque a movimentação colectiva não pode ser a melhor porque vários jogadores têm de compensar os colegas e assim perdem eficácia nas suas funções e cansam-se desnecessariamente. Exemplifico. Para cobrir as costas de Matic que sobe demais, alguém da defesa tinha de subir, logo desguarnecia a sua posição que devia ser assegurada por outro colega (ver posição de Miguel Vítor no 1º golo), para cobrir as perdas de bola de Fábio Faria, eram os centrais que tinham de estar “à coca”. Etc, etc. Qual a influência na movimentação colectiva? Muita e de má qualidade obviamente...

Ora quando um treinador experimentado não consegue ver coisas simples que uma pessoa minimamente atenta, consegue descortinar, a pergunta é “ a quem é que estamos entregues e que resultados podemos esperar?”.

Uma palavra também para a Direcção que mais uma vez optou por sacrificar os interesses desportivos aos económicos, sem sabermos sequer o que ganhamos com isso. Isto é. Ao ceder à Gamasports a organização do estágio, o que vimos foi um “pacote” de 3 jogos com adversários pouco convenientes e em datas menos convenientes ainda. Resultado: 1 empate e 1 derrota que já puseram os adeptos a pensar e a comunicação social a criticar vários jogadores.

Agora vêm aí Troféu do Guadiana com árbitros portugueses ...

sexta-feira, 8 de julho de 2011

O Caxinas

Portugal, 8 de Julho de 2011

Não foi há muito tempo que na Gala Anual do Benfica, o Sr.º Vieira fazia um apelo público patético ao “Caxinas”, para que ficasse para sempre no Benfica. Fábio Coentrão foi vendido anteontem ao Real Madrid num negócio cruzado com a aquisição de 50% do passe de Garay, que de acordo com a imprensa cor-de-rosa desportiva, rendeu aos cofres do Benfica cerca de 24,5 milhões (30-5,5).
Este tema sugere-me as seguintes reflexões:

1º A Benfica SAD vendeu porque precisa de vender e não porque o Real Madrid pagou a cláusula de rescisão do jogador. A Benfica SAD precisa de vender porque o negócio futebol não se compadece com sentimentalismos clubísticos e assim, sai o jogador que o mercado escolher e não os que a Benfica SAD quiser vender.

2º A prova que a Benfica SAD precisa de vender é que o negócio só foi possível porque o Real também alienou parte do passe de um jogador que considera excedentário no seu plantel. Se não precisássemos de vender, o Real só levava o jogador se batesse a cláusula, sem qualquer outra condição.

3º Fica pois evidente que a Benfica SAD está condicionada e em posição negocial mais frágil que o Real Madrid. O Benfica cedeu um activo que era importante do ponto de vista desportivo e na mística em que os adeptos se reviam, o Real vendeu um jogador excedentário. Parecem-me evidentes as diferenças.

4º O Sr.º Vieira e sua equipa tentaram dar a ideia de que o Benfica não tinha alternativa, porque o Real Madrid pagou a cláusula. A mensagem passou através da mesma comunicação social que tanto nos prejudica, porque as fontes de informação partiram do interior do próprio Benfica. Os meandros do negócio, as dicas que iam sendo publicadas, a alegada dificuldade do negócio e a alegada posição intransigente do Sr.º Vieira, os valores que o Real propunha e que o Benfica aceitava, etc, tudo programado para passar a ideia que o Benfica do Sr.º Vieira esteve irredutível até ao fim mas nada pôde fazer. Hipocrisia e mentiras, estas são algumas facetas das Direcções do Sr.º Vieira.

5º Vá lá que desta vez não tivemos que assistir à despedida emocionada de Coentrão, numa encenação como foi a saída de Simão para o Atlético de Madrid. Conhecedor da importância que Simão Sabrosa tinha no Benfica, Vieira que já na altura teve de vender, fez aquela cena que tocou os corações mais sensíveis dos benfiquistas (mas não o meu). O Simão sairia por 25 milhões, mas o Benfica ficava com um crédito de 5 milhões em futuras negociações com o Atlético de Madrid. Depois só inscrevemos nas Receitas da SAD a verba de 18 milhões. Os outros 2 milhões foram para o empresário, Jorge Mendes. Pagos pelo Benfica (isto não veio em letras gordas nas páginas dos jornais).

6º Do passe desportivo de Fábio Coentrão, 20% já tinham sido alienados ao Fundo de Jogadores por 3 milhões. O Benfica não recebeu os 24,5 milhões atrás referidos, mas menos de 21,5 milhões, porque a parte a receber pelo Rio Ave ainda terá de ser paga pelo Benfica, bem como a comissão do empresário Jorge Mendes (outra vez). E porque é o Benfica que paga? Porque a comunicação social teve o cuidado de esconder esses detalhes, para não fragilizar a posição do Sr.º Vieira, elemento amigo de todo este “sistema” que se alimenta do dinheiro do futebol (empresários, comunicação social, bancos, etc).

7º Claro que em contrapartida também obtivemos mais um jogador, tal como Matic no negócio David Luiz, e agora é fazer “figas” para que Garay tenha sucesso no Benfica.

8º Por último só quem anda distraído ou é muito mas muito ingénuo, pode continuar a acreditar no actual projecto desportivo do Benfica. Um projecto feito à medida dos Bancos, da Olivedesportos, da submissão aos interesses instalados no futebol. Podem-me dizer que não se vê outra alternativa melhor, e concedo que sim. Mas não me venham falar do “Benfica dos sócios” ou do “campeonato da credibilidade”, “tangas” com 10 anos e outros mais a seguir ...