sábado, 30 de novembro de 2013

Chocolate belga

Portugal, 30 de Novembro de 2013

O tempo passa depressa e os afazeres profissionais impediram-me de escrever umas linhas a propósito da fantástica primeira vitória em casa do Anderlecht, nosso carrasco na única final da Taça UEFA que disputamos ao longo de todo o nosso historial.
Para os “canucos” que na década de 80 ainda brincavam ao pião e ao berlinde, é natural que esta vitória seja sentida como apenas mais uma. Para os que como eu, nessa década já tinham plena consciência desportiva, é uma vitória especial, 30 e tal anos atrasada, mas que ainda veio a tempo para quem não esqueceu a derrota nessa Taça UEFA de 1982.
Na altura, primeira metade da década de 80, o Anderlecht era uma equipa de grande dimensão europeia, ligeiramente atrás de Real Madrid, Bayern, AC Milan, Liverpool (na época a melhor equipa inglesa) e Juventus. Mas acima de outras como por exemplo o Barcelona.
As eliminatórias com equipas portuguesas tinham o FCP como maior vítima, sempre eliminado com alguma facilidade. Numa das visitas à Bélgica foram goleados por 4-0. O Benfica apenas teve um cruzamento nessa fatídica final a duas mãos em 1982, em que Diamantino falhou um golo de baliza aberta, na Bélgica (derrota por 1-0), e depois cá, Lozano (depois contratado pelo Real Madrid) empatou o jogo (o golo de Shéu empatara a final), obrigando o Benfica a ter de marcar mais dois golos para vencer a Taça. O que não sucedeu.
Essa derrota foi difícil de encaixar (mais do que a recente derrota com o Chelsea), porque tínhamos feito um excelente percurso até à final, sem derrotas, com Filipovic como maior goleador da prova, e porque eu achava que o Benfica era melhor e merecia ganhar. Adiante.
Infelizmente hoje, e ao contrário de há 30 anos atrás, o grau de exigência dos adeptos é maior, a cultura futebolística está desvirtuada por acenos de perfeição ao virar da esquina, vindos da bancada dos jornalistas (alguns pançudos), analistas e outros auto proclamados entendidos de futebol, que mais não são do que peões de influência, num jogo que é de outros. De quem lhes paga e quer que as coisa sejam assim.
Fiquei pois algo perplexo por umas quantas criticas que li e ouvi ao jogo do Benfica, assim como com os 56% de votos no CM de adeptos que não gostaram da exibição do Benfica. Mas no CM temos de compreender, porque o público leitor é de tendência sportinguista e não gostam nada destas vitórias do Benfica.
Já na Benfica TV captei uma parte do debate em que estavam Calado, Mantorras, Rogério Matias, Pedro Ferreira e o Hélder Conduto como condutor do programa. A dado passo, Calado exprimiu uns quantos comentários à forma de jogar do Benfica, em particular após termos conseguido dar a volta ao resultado, sendo que segundo ele, “o Benfica não controlou bem o jogo depois disso, não foi coeso a defender a vantagem, não foi organizado a explorar o contra ataque” etc, etc. No que foi corroborado pelo Matias.
Tenho muita simpatia pelo Calado. Já o ouvi falar algumas vezes e reconheço-lhe conhecimento de causa. Fala do que acontece, fala de aspectos técnicos, fala com proactividade na busca do conhecimento resultante do jogo que foi observado. Contudo desta vez, não posso estar mais em desacordo com ele. Porque quando se ganha um jogo, não se comenta como é que se podia ter evitado um golo ou como se podia ter marcado mais um golo. Isso faz-se quando não se ganha. Quando se ganha e em particular quando se ganha onde nunca se havia ganho, não há como reter a importâncias desse facto e sublinhá-lo, porque, seguramente, nos próximos anos não vai voltar a acontecer.
Até porque quando estava a ouvir Calado falar dos “metros que Enzo tinha que correr sem que tivesse ninguém à sua frente”, dei por mim a pensar “mas Calado, tu foste titular na derrota por 7-0 em Vigo. O que é que falhou nessa altura e porque não viste logo isso dentro do campo?”.
Teve de ser o Hélder Conduto a salvar o tema quando constatou “mas na Grécia o Benfica fez um jogo mais organizado, mais equilibrado, teve várias situações de golo e perdeu”. Foi o clique necessário para todos se rirem e constatarem que é bem melhor jogar mal e ganhar, do que jogar bem e perder. Assim já nos entendemos.
Não penso que o Anderlecht tenha sido um chocolate doce e fácil de trincar. Longe disso. Ao contrário do RECORD que salientou a diferença de qualidade e meios das duas equipas (aspecto que não lhes ocorreu quando perdemos 3-0 com o PSG), o Anderlcht teve momentos que mostrou ser uma equipa compacta, culta tácticamente, esperando o erro do Benfica, mas teve pela frente um Benfica de fé, crença, raça e ambição. Pode não parecer aos simplistas que só gostam de jogar a bola no meio campo do adversário, mas este Benfica está a jogar muito. E não é o erro táctico aqui com os gregos que altera isto.

O minuto 90 desta vez não foi destacado, pelos mesmos que o fazem quando a situação é ao contrário. Mas foram dois minutos 90: o do nosso golo da vitória, e o do golo da derrota dos gregos em Paris. Pode ser premonitório...

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

1.10

Portugal, 25 de Novembro de 2013

Numa jornada em que os 3 primeiros classificados marcaram 1 golo, Benfica e SCP aproximaram-se do 1º lugar, estando agora a 1 ponto e tudo porque o FCP sofreu 1 golo.
Uma jornada que decorreu sob o signo do 1, pelo menos para os três clubes “grandes”.
Mudando a agulha para a análise técnica (permitam-me a presunção), a exibição do Benfica foi marcada pela organização caótica do seu jogo! Tacticamente a presença de 1 ponta de lança indicaria que iríamos jogar num equilibrado 4-2-3-1, mas, por causa das características dos jogadores escolhidos ou por causa das orientações dadas a esses jogadores, o que é certo que quando tínhamos a posse da bola, a táctica mais parecia um desequilibrado 4-2-4.
Quando da 1ª bola que levamos no ferro, podem-se ver 4 defesas do Benfica a tentar contrariar o contra ataque do Braga mas nenhum centro campista! Nem Matic que há tempos atrás foi utilizado num estéril debate se deve jogar a 8, como JJ este ano em alguns jogos o colocou, ou a 6 como a critica, analistas e pseudo entendidos de bancada defendiam, de modo a resgatar a qualidade exibicional da época passada (não perceberam a importância de Sálvio nessa outra “máquina”).
Sempre que tínhamos a bola, via-se muitas vezes Lima descair para o lado esquerdo, Djuricic cair para o lado direito, o que a somar a Gaitan e Markovic faziam uma linha de 4 avançados, os quais, pela tese da aproximação de linhas posicionais, “puxavam” os médios e estes “puxavam” os defesas. Ou seja, devido às características dos jogadores ou das instruções que tinham, a equipa assumiu uma dinâmica de pressão alta, a tal que estamos fartos de criticar por não dar em nada. E deste modo, a maior parte da nossa posse de bola foi no meio campo defensivo do Braga, que por sua vez e de forma natural, se “encostou” atrás, à espera de um erro do Benfica. Foram as bolas nos postes que noutras situações poderiam ter dado golo e agora estávamos aqui a “desancar” no Raul José...
Deste jogo resultou a lição que os nomes não jogam, se a organização que produzem ou que lhes dizem para produzir, não for uma organização de jogo adequada, com equilíbrio posicional e distribuição equitativa ao longo do campo, entre balizas. Todos lá à frente, está provado que não dá. Todos atrás não vai com o nosso ADN. A solução é o equilíbrio ao longo do terreno de jogo.
Daí a importância de Cardozo na disciplina dessa organização, porque se trata de um jogador posicional de amplitude de movimentos relativamente reduzida, que capta a marcação de 1 ou 2 defesas adversários e dessa forma – por redução dos efectivos da defesa - contribui para que os nossos “médios ala” tenham o seu espaço de actuação perfeitamente definido. E como uma equipa é um conjunto, também os “centro campistas” têm o seu domínio mais bem definido, em posições mais recuadas no terreno de jogo, o que traz a vantagem de obrigar o adversário a subir um pouco as suas linhas, para pressionaram o erro do nossos centro campistas.
Dito isto, sobre a importância de Cardozo no futebol do Benfica (que muitos não percebem), está-se a ver a minha confiança num bom resultado em casa do Anderlecht se, como tudo indica, Cardozo não jogar...
Por último, atingiu-se a jornada 10, que faz um terço do campeonato. Analisando a posição classificativa, verificamos que conseguimos obter 76,7% de pontos, o que não dando para o primeiro lugar, ainda assim deu para muitas equipas serem campeãs nacionais antes de Fernando Gomes chegar à Liga e FPF. Estamos aquém dos 85,6% da fantástica época passada, mas como a nossa pré temporada apenas começou aos 60 mn do jogo em Alvalade, quando entrou Cardozo, as minhas expectativas é que a percentagem de pontos vai subir, embora seja muito difícil alcançar os 85,6%.
Quanto ao goal-average, e voltando à referência Cardozo, verificamos que até aos 60 mn do 3º jogo do campeonato (em Alvalade), tínhamos 4 golos encaixados. Depois dos 60 mn deste 3º jogo e até ao 10º jogo, apenas sofremos 3 golos, 1 dos quais, quase 3 metros em fora de jogo (Belenenses). O que é que um avançado tem que ver com os processo defensivos de uma equipa? Se calhar tem... é só puxarmos um pouco pela cabeça que iremos descobrir.
Nos golos marcados e tomando como referência esses tais 60 mn do 3º jogo, constatamos que até aí tínhamos 3 golos marcados e depois desse momento, nos restantes 7 jogos e mais 30 mn, marcamos mais 14 golos. O total vai em 17 golos, atrás do FCP com 20 (com mais 3 penaltys do que nós) e a 7 golos do SCP (também com mais 3 penaltys). No capítulo dos golos marcados, curiosamente a entrada de Cardozo no se tornou tão rentável como no capítulo dos golos sofridos.

Próximo balanço? Final da 1ª volta, quando todos tiverem jogado contra todos.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

'Deus' e a Selecção de Jorge Mendes

Portugal, 20 de Novembro de 2013

Confesso que fui dos que pensou que a Selecção de Jorge Mendes, também conhecida como Selecção Nacional, iria assistir ao Mundial de 2014, no sofá. As exibições medianas e medíocres dos dois últimos jogos, não auguravam nada de positivo perante o 2º adversário mais difícil (a seguir à França), que estava disponível para os jogos do play-off.
Acontece que o futebol é como é, e de facto cada jogo tem uma história diferente, mesmo que jogado pelas mesmas equipas. Como há temos atrás se viu nos dois jogos do Benfica contra o Olympiakos para a Champions League. Quem visse a exibição do 1º jogo não podia imaginar a exibição que o Benfica fez no 2º jogo.
O que sobra da vitória de ontem, não é a exibição de Ronaldo mas o cínico e natural aproveitamento de 3 jogadas de contra ataque, criadas a partir da errada movimentação ofensiva da Suécia que ao optar por privilegiar o numero de atacantes, subiu as linhas, incluindo as linhas defensivas, o que permitiu vários “desenhos” de contra ataques límpidos e eficazes, onde se destacou Ronaldo como concretizador.
O que eu distinguiria do jogo de ontem, foi a movimentação de conjunto, de um lado e de outro, em que os que quiseram atacar mais, foram penalizados pelas consequências da dinâmica do seu sistema de jogo, pois a sua linha defensiva estando quase no meio campo, deixou uma grande distância na retaguarda, para o seu guarda redes. Essa distância foi aproveitada pela Selecção de Jorge Mendes que tendo espaço e clareza de opções, conseguiu aproveitar 3 lances de transição rápida (contra ataque) em que Ronaldo se destacou pela qualidade da execução e quantidade de concretização.
Serve isto para dizer que no Benfica há muitos teóricos que defendem este tipo de jogo que a Suécia praticou, com muitos atacantes o que leva a equipa a ter uma dinâmica ofensiva com consequências inevitáveis no posicionamento da linha defensiva, provocando o seu adiantamento. Recordo o golo da derrota em Belém, na época em que Camacho substituiu Fernando Santos (que também não servia, diziam os teóricos e críticos), em que a linha que unia o defesa esquerdo Léo e o defesa direito Nelson, era a própria linha do meio campo! Já depois de Camacho fazer a substituição clássica de tirar um médio (Maxi) para meter um avançado (Nuno Gomes), com 0-0, o Belém mandou uma bola para as costas da nossa defesa (tipo ontem), o Weldon fez de Ronaldo (com um remate difícil e bonito, convenhamos) e as culpas caíram em cima de Luisão (para variar). Recentemente contra o Olympiakos lá tivemos dois pontas de lança quando jogamos na Luz, com resultados nulos mais uma vez...
Quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga e isso aplica-se inteiramente ao nosso Benfica e a esta “catrafilada” de gente que fala, fala, e não diz nada que se aproveite. Mas incomodam e prejudicam a equipa....
Voltando à Selecção de Jorge Mendes, houve mais dois factos a ajudar ao seu sucesso: 1) a vitória por 1-0 no estádio talismã da Luz, e isso é um facto que registo com agrado, 2) o excesso de confiança dos suecos traduzidos na campanha de mau gosto (mesmo para mim) da Pepsi, nas afirmações patéticas de um jogador que pediu aos seus adeptos que gritassem por Messi quando Ronaldo tivesse a bola e acabando no pateta do Ibrahimovic que tem tanto de talento futebolístico como de estúpido, quando se equiparou a “Deus”. Esta malta da Suécia no que toca a “mind games” está atrasada uns bons 10 anos relativamente a nós...
Este apuramento difícil e tremido quer dizer que mudou alguma coisa, para melhor na Selecção? Obviamente que não... quando tivermos de empurrar o adversário para a sua baliza, porque o adversário nos reconhece superioridade, o Ronaldo não marca três – como não tem marcado - e ficaremos dependentes das demais incidências de jogo. Como por exemplo, não encaixar um golo com 0-0...

No Benfica devíamos aproveitar estas “lições” que o futebol de Selecção nos dá. E deixarmos os preconceitos e lugares comuns de lado...

terça-feira, 12 de novembro de 2013

To be or not to be, to talk or not to talk...



Portugal, 12 de Novembro de 2013

No sábado à noite logo após a épica vitoria sobre o SCP, comentei com um amigo benfiquista com quem partilho muitos momentos de benfiquismo (bons e maus), que “foi um bom jogo, com muitos golos e muita emoção, mas amanhã o que vamos ver e ler nos jornais será bem diferente”.
Também foi nesse sentido que ao falar na sexta-feira, com um cliente adepto do SCP, quando ele desejou que “fosse um bom jogo, que ganhe o melhor e que não haja casos de arbitragem”, eu respondi que também esperava o mesmo, mas que quanto á arbitragem, ficasse “descansado” que a comunicação social iria desenterrar os casos que fosse possível.
Não estou portanto, surpreendido com o caminho que as “coisas” tomaram após a vitória do Benfica sobre o SCP, justa, sem grandes penalidades e sem golos em fora de jogo. O Benfica, como JJ tem vindo a frisar (apesar de muitos adeptos do Benfica não perceberem), está a subir de forma e apresenta um colectivo mais forte do que há um mês atrás. Seguramente daqui a um mês estaremos ainda melhor.
O SCP bateu-se bem, trabalhou muito e acabou por ser “beneficiado” por um 2º golo que raramente marcam, na sequência de um canto. À primeira vista, diria que a defesa do Benfica, em particular Luisão, foi lenta a abordar o lance. Mas no dia seguinte vi que o Manchester ganhou 1-0 ao Arsenal (líder do campeonato) com um golo praticamente igual, e fiquei mais descansado.
Este 2º golo do SCP aconteceu pouco mais de 15 mn na segunda parte, ou seja, relativamente pouco tempo para que o esquema táctico do Benfica (4-2-3-1 com um único avançado) desse os seus frutos, o tal 4º golo da tranquilidade. Pelo contrário, ao cair para o lado do SCP, o golo complicou tudo para o nosso lado. Cenário normal nos jogos com resultado de 2 golos de diferença...
O 3º golo do SCP, que alguns irão mais uma vez atribuir ao mau posicionamento da defesa (que “azar” já não termos o Roberto) ou ao misticismo dos descontos, é um golo que na minha opinião, nasce mais de um erro de Ivan Cavaleiro que não soube pensar o jogo naquela fase crucial e fez falta escusada em zona complicada. Uma característica dos jovens que se vão afirmando na equipa principal, é não pensarem bem o jogo, não tomarem as melhores decisões. Falta de maturidade. E numa equipa constantemente pressionada como o Benfica, a margem de erro dos jovens jogadores é muitíssimo menor.
No final, e apesar deste erro de Ivan Cavaleiro, ganhamos com a ajuda de Patrício, o SCP – estranhamente - não teve andamento para o Benfica nos últimos 30 mn, e acabou por cair, como se costuma dizer, de “cabeça erguida”. Parabéns a todos os intervenientes que proporcionaram esse grande espectáculo a quem pôde assistir, em particular aos que foram ao estádio, com grandes golos, grandes jogadas e muita entrega física sem maldade.
Ora já sabemos que o futebol português, ao contrário do futebol de outros países, tem 3 fases bem distintas, com impactos geridos de formas muito variadas e com distintos objectivos. Temos o antes do jogo, os 90 e tal minutos do jogo, e o pós jogo. Normalmente o pós jogo é a fase que dura mais e onde se revela a baixa qualidade ética e moral dos outros protagonistas: dirigentes, comentadores e jornalistas.
A actual Direcção do SCP surpreendeu-me pela negativa. Não esperava a traulitada verbal de um Presidente que tem dado exemplos de inteligência na gestão financeira do seu clube/SAD e que tem sabido agregar a cultura leonina em torno de um objectivo futebolístico de médio – longo prazo.
Bruno de Carvalho não podia agarrar-se desesperadamente às ampliações e repetições da Sporttv, para julgar o trabalho do árbitro. Porque sabe que as ampliações e repetições são escolhidas por critério, e naquela estação raramente têm algum paralelo com a proporcionalidade dos erros dos árbitros em relação aos dois clubes. Como já se tinha visto no caso Capela.
Falar de “erros sempre para o mesmo lado” não é de pessoa séria, idónea, justa, mas sim de um adepto tendencioso a quem chegaram informações distorcidas (pela Sporttv) porque no campo não viu nada daquilo que depois criticou. Não viu porque não existiu. Não existiu fora de jogo de Cardozo no 3º golo, como não existiu fora de jogo de Capel no 1º golo (na dúvida favorece-se quem ataca), não existiu penalty de Luisão porque este abordou a bola antes do jogador do SCP, pode existir penalty de André Almeida porque já se viu que em Portugal os critérios nesta matéria são muito distintos de árbitro para árbitro, e de camisola para camisola, pode ter existido um fora de jogo mal assinalado a Sílvio aos 50 mn, que na sequência podia ter dado o 4-1, mas que não mereceu da Sporttv o destaque que mereceram outros lances de centímetros. No lance do 4º golo existiu penalty sobre Luisão, e a sermos tão rigorosos teríamos de falar num penalty e numa expulsão não assinalada (mais a imagem de Patrício poupada). Existiu falta, no lançamento de linha lateral que o precede? Já se viram tantos lances iguais, nuns marca-se, noutros não se marca, porque razão teria de existir premeditação contra o SCP?
Bruno de Carvalho sabe que os homens do apito não têm televisão em campo e têm de decidir com base no que vêem, com base no bom ou mau posicionamento no terreno de jogo, com base na boa ou má capacidade de interpretar lances mais fáceis ou mais difíceis. Se Bruno de Carvalho quer que na dúvida os árbitros apitem a favor do SCP, então é apenas mais um desqualificado que veste a roupa do Sr.º Doutor mas que tem as cuecas sujas, como tantos outros que por aí andam, seguindo aquela velha afirmação de Pimenta Machado.
Não quero reduzir este tópico do debate a um “falar ou não falar” das arbitragens. Os que falam demais como o SCP. Os que falam de menos como o Benfica. A solução estará sempre no meio. Porque os clubes têm de saber defender os seus interesses, num determinado contexto competitivo manobrado por diversos “actores”. E há actores que prejudicam o espectáculo subvertendo as leis do jogo. Não foi o caso de Duarte Gomes, o árbitro que ficou ligado ao famoso penalty que só ele viu sobre Jardel em 2001/2002, e ao título que o FCP comemorou no estádio da Luz, em que aos 5 mn parou uma jogada de contra ataque perigoso do Benfica, para marcar falta contra o FCP...

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Quando a cabeça não tem juizo...



Portugal, 7 de Novembro de 2013

São tantas as dificuldades que a equipa do Benfica tem de ultrapassar, muitas mais do que o SCP por exemplo, que poderemos bem dizer que subir ao Olimpo é capaz de ser mais fácil, do que subir ao 1º lugar do nosso campeonato.”
Recupero este parágrafo do último texto que aqui publiquei (com título “Subir ao Olimpo...”) para explicar o que quis dizer. A exibição do Benfica na Grécia confirmou esta minha previsão: subimos ao Olimpo à Benfica, ou seja, dominamos o adversário com a qualidade e competência de uma equipa com um modelo de jogo de avançado único, e ao contrário do campeonato português, fizemo-lo de forma inequívoca. O problema foi que perdemos.... mas isso é outra história.
Ao contrário de muitos adeptos que desde a 1ª jornada acrescentam criticas e mais criticas, como se a equipa tivesse de piorar todas as semanas fruto das grandes razões que eles se esfalfam em repetir até à exaustão (o treinador, a pastilha elástica, o projecto, o Vieira, a falta de confiança, etc.), eu penso o futebol de forma diferente. Após cada jogo, começa-se outro completamente diferente. Se a equipa tiver qualidade e competência, irá perceber o que fez de menos positivo, irá corrigir, e irá fazer melhor. Portanto, o jogo da Luz com os gregos não teria nada a ver com o jogo de lá. E a nossa exibição provou, uma vez mais, que esta é a forma acertada de ver o futebol e em particular, a nossa equipa.
O Olimpo esteve ali tão perto, mas infelizmente tinha um bom “guarda” à “porta”: um bom guarda-redes entenda-se, que para mim foi o melhor guarda-redes que passou no Benfica depois de Preud’homme. Um jogador que por acaso fomos forçados a esbanjar no final da 1ª época. Não houve lugar a novas oportunidades. A Direcção da demagogia, apoiando-se nas criticas dos analistas decidiu “empandeirar” Roberto na 1ª oportunidade. O negócio com o Artur Moraes estava feito, com base nas mesmas premissas dessa comunicação social: era um guarda-redes seguríssimo, carismático, fazia defesas enormes, ajudou a levar o Braga à final da Liga Europa... E vinha a “custo zero”. Essa mesma comunicação social que hoje releva todo e qualquer erro de Artur...
O “esquema” da comunicação social está bem montado há anos e resulta. Vejamos este exemplo que dei no texto “Em defesa de Roberto I” publicado em Julho de 2011: “em 18 de Janeiro de 2004, o Benfica recebeu e venceu o Boavista por 3-2. Na Rádio Renascença, o relato foi conduzido por João Fonseca, com comentários de João Rosado e Pedro Sousa, este em estúdio. No 1º golo do Boavista disse João Rosado “concordo com o João Fonseca de que o Moreira tem alguma responsabilidade no golo”. Acrescenta o Pedro Sousa: “realmente Moreira não está isento de culpas””.
Se foi por este motivo que Vieira “aproveitou” para ir contratar o Yannick ao Alverca, na semana anterior à final da Taça de Portugal ganha ao FCP, em Maio de 2004, não sei. O que sei é que a “fórmula” é a mesma e há sempre uns otários que caem. Alguns têm blogues até, como na altura tinham fóruns, etc.
Como caiu Roberto? Simples. 1º jogo na Suíça, defesa remendada devido ao Mundial de 2010, jogadores vendidos (Di Maria e Ramires), sol em contra e Roberto tem uma má saída quando a defesa do Benfica estava no meio campo adversário (!) Qual foi o erro? A defesa mal posicionada ou o Roberto? Adivinharam: o Roberto. Vejamos:
Frango à espanhola, título principal da 1ª página de RECORD, 11 de Julho
Roberto "oferece" vitória ao Sion – páginas interiores de RECORD, 11 de Julho 2010
O Benfica perdeu este domingo com a formação suíça do Sion por 1-2, e em ambos os golos sofridos as culpas recaem em Roberto. O guardião encarnado falhou duas saídas e os jogadores da equipa helvética aproveitaram o "presente" – idem.
Basta compararmos as capas deste mesmo RECORD e BOLA, com o “presente” de Rui Patrício no jogo Portugal – Israel, para percebermos que há guarda-redes e guarda-redes. Se trocarmos os clubes, apostaria que Roberto ainda hoje seria guarda-redes do SCP e que Patrício há muito que tinha sido despachado do Benfica...
Entretanto o Benfica continua a sofrer golos por ter a defesa mal posicionada, mas felizmente já não temos o Roberto para explicar...
Uma das críticas mais contundentes feitas na sequência desta derrota na Grécia foi: (Roberto) vingou-se do jogo na Luz, quando falhou no lance que deu o empate ao Benfica, mas vingou-se, sobretudo, de toda uma temporada de críticas por parte dos adeptos benfiquistas” – Nuno Peralta, BOLA online 05-11
Ora este Peralta foi exactamente o mesmo que escreveu em 13 de Julho de 2010 (2 dias depois do jogo com o Sion!) “E ao terceiro jogo, inesperadamente, a maior preocupação no Benfica é saber como vai reagir Roberto a uma exibição comprometedora. Contra o Aris, Jorge Jesus deve dar ao guarda-redes espanhol uma oportunidade para limpar a imagem. Roberto terá sempre sobre si o cutelo dos 8,5 milhões que custou a sua transferência. Jesus procurou aliviar a pressão, afirmando que jogam os melhores e que sabe quem eles são. Mas a verdade é que nasceu a dúvida sobre o real valor de Roberto.
Daqui podemos tirar outra conclusão: os jornalistas ou são parvos, ou sofrem de amnésia ou pior, são mal intencionados. Não lhes fica bem terem criado o problema “Roberto”, terem escrito sobre as aptidões de Roberto sempre pelos piores motivos, terem destacado em 1ªs páginas um erro ou outro de Roberto mas nunca as suas defesas impossíveis, e no final, perante uma exibição que pode custar muitos milhões na presente época ao Benfica, virem atirar com esse odioso para os adeptos do Benfica. É um truque muito baixo...
Termino recordando que na época 2010/2011, o melhor guarda-redes foi Helton com a inalcançável média de 0.36 golos sofridos por jogo, a seguir veio o “frangueiro” Roberto com 0.92, o “experiente” Artur Moraes com 0.94, o “seguríssimo” Patrício com 1.03 e o “talentoso Beto (titular em 6 jogos do FCP) com 1.17.
Há gajos que acreditam em tudo que lhe metem à frente e acham que não temos sorte nenhuma com os guarda-redes (e com os defesas esquerdos).

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Subir o Olimpo ...



Portugal, 4 de Novembro de 2013

Na última jornada, conseguimos uma robusta vitória sem sofrer golos, sobre um adversário que se moralizara por ter ganho em Braga, mais uma vitoria com o selo de Jorge Jesus e Cardozo, mas para variar a comunicação social haveria de referir “um jogo que teve nota artística mínima” e “no segundo período, a qualidade do espetáculo piorou” BOLA online.
Já para o empate do FCP “foi um FC Porto sem chama, a viver essencialmente de os impulsos de alguns jogadores” mas “onde o relvado também não facilitou o trabalho da equipa de Paulo Fonseca”, BOLA online. Para a vitória do SCP reservaram “não foi fácil, nada fácil a vitória do Sporting” e “nem com mais um jogador o Sporting conseguiu ser mais tranquilo”, BOLA online.
Para o RECORD online, tivemos “uma exibição q.b. valeu ao Benfica para vencer a Académica, por 3-0”, tivemos “enorme surpresa no Restelo! Mangala acaba o jogo como protagonista, por boas e más razões” e ainda para o SCP “Três pontos importantes na luta pelo título”.
Numa interpretação livre, diria que nem BOLA nem RECORD conseguiram criticar a qualidade do jogo do FCP, apondo sempre um factor de distracção (o estado do campo, para um, o Mangala para outro). Diria que tanto BOLA como RECORD deram conta, quer da dificuldade do jogo do SCP, quer da importância dos 3 pontos conquistados. E diria também que o Benfica, por ter simplificado as dificuldades do seu jogo, devido à competência do treinador e qualidade do grupo, por ter ganho com clarividência e por margem confortável, foi o que dos 3 “grandes” o que saiu mais penalizado pelas apreciações sobre “notas artísticas” e “exibições qb”.
Esta é a matriz cultural dos “mídia” lisboetas, dominados por adeptos do SCP ou pelos que não sendo adeptos do SCP se encaixam bem na sua forma de ver e pensar o futebol. Por exemplo aqueles adeptos do Benfica que sonham com “jogos vibrantes”, “goleadas das antigas”, dos que facilmente embarcam na treta do “jogar bem”, da “nota artística”, da “pressão alta”, disto e daquilo, e quando perdemos jogando dessa maneira, dizem que Jorge Jesus devia deixar o romantismo de lado.
A idiotice pode-se apresentar sob a forma de muitos tipos de disfarces...
O que é certo é que os 3 pontos importantes para o SCP, mais importantes para eles do que para o Benfica segundo a comunicação social, permitiram recuperar 2 pontos de atraso nesta escalada difícil ao 1º lugar do campeonato. São tantas as dificuldades que a equipa do Benfica tem de ultrapassar, muitas mais do que o SCP por exemplo, que poderemos bem dizer que subir ao Olimpo é capaz de ser mais fácil, do que subir ao 1º lugar do nosso campeonato.
Ao contrário de qualquer outra equipa, o Benfica vê-se sucessivamente confrontado na comunicação social com debates sobre a táctica (o losango, o quadrado, os trincos, o 6, o 8, o meio, as alas, o 10, etc.), sobre o número de avançados, sobre a marca da pastilha elástica do treinador, sobre o defesa lateral esquerdo, sobre o número de meses que o Cardozo leva sem marcar um golo de livre directo, sobre o número de jogos que levamos a sofrer golos consecutivamente, sobre a falta de eficácia da equipa nas bolas paradas, sobre a marca de gasóleo do Benficão, sobre o excesso de confiança ou o discurso pouco mobilizador do treinador (conforme dá jeito), sobre a nota artística ou sobre a falta de brilhantismo num determinado jogo ganho, sobre o número de lesões (musculares ou traumáticas, tanto lhes dá), sobre os milhões que se gastaram em jogadores que não saem do banco, sobre o número de nacionalidades dos jogadores num determinado jogo, sobre as duas opções para cada posição, sobre o ordenado do treinador, etc, etc.
Nós no Benfica, não temos a “sorte” de, e ao contrário dos rivais, sermos presenteados com comentários da RTP, quando da vitória tangencial (golo de Tonel, de canto) de um rival contra o extinto Estrela da Amadora, “sem deslumbrar mas com a eficácia que se exige a um candidato ao título, assim como não temos a “sorte” de nos desculparem com “o estado do terreno”, como aconteceu recentemente no jogo da 1ª mão com o Olympiakos. Porque nestas alturas de mau tempo, a bola só não rola bem para o FCP. Para o Benfica isso já não é relevante...
Enquanto não se perceber a importância que este tipo de mensagem tem na moldagem do carácter do “12º jogador”, nuns casos para o bem, noutros para o mal, vamos continuar divididos sobre o valor, o respeito, o apoio que a nossa equipa, treinador e jogadores em particular, tem e merece...

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

"Anda Pacheco..."

Portugal, 1 de Novembro de 2013

Sem tempo para abordar para já, os 10 anos do novo Estádio e os 10 anos da presidência Vieira, neste futebol português em que tudo acontece muito depressa excepto a evolução no sentido da transparência e verdade desportiva, vou dedicar algumas linhas à 3ª nomeação de um árbitro do CA Porto em 10 jogos de provas oficiais (incluindo o jogo da Taça). Convenhamos que num passado recente, esta percentagem de árbitros do Porto era superior.
Já agora, no total foram mais 2 nomeações de Setúbal, 2 nomeações de Braga, 1 de Lisboa, 1 de Aveiro e 1 de Portalegre.
O árbitro Hugo Pacheco arbitra-nos pela 1ª vez esta época, facto que alguma comunicação social decidiu enfatizar não sei porquê, dado que o campeonato vai no seu início, e num quadro com mais de 20 árbitros esta situação é perfeitamente normal.
O que não é normal, são os erros deste árbitro, erros que não se podem enquadrar no âmbito do “erro humano”, do erro por limitação de visão, do erro por indevida colocação, do erro por má leitura e interpretação dos regulamentos.
Por manifesta falta de tempo para pesquisar os jogos de épocas anteriores, vou recordar apenas o jogo de apresentação do FCP contra o Celta de Vigo, que o FCP ganhou com 1 golo em que Jackson não estava fora de jogo. Estava quase fora do campo, tal era a sua deslocação relativamente ao último defensor dos espanhóis. Se compararmos com o golo do Belenenses na Luz, Jackson conseguiu estar ainda mais deslocado.
Este exemplo acaba por ser perfeito para calar a boca de painelistas, paineleiros, opinadores profissionais desbocados e outros idiotas, quando concluem que um erro de um árbitro não pode servir de desculpa a uma “má” exibição, ou quando concluem que no geral os árbitros erram em favor dos clubes “grandes”.
É que este exemplo demonstra precisamente que o erro do fora de jogo no jogo do FCP validou uma vitória ilegal por 1-0, e no caso do Benfica o mesmo tipo de erro impediu uma vitória legal por 1-0. No final os jogadores e adeptos do FCP ficaram contentes, embora reconhecendo que ganharam com um erro do árbitro, e os jogadores e adeptos do Benfica ficaram chateados, sendo que os adeptos pediram aos seus jogadores mais entrega, mais qualidade, mais raça, mais “qualquer coisa” que desse uma vitória folgada e uma boa exibição (ou que fosse superior ao erro do árbitro).
Claro que no meio disto tudo, para explicar esse empate, sempre há uns “inteligentes” que se lembraram que o Cortez também jogou contra o Belenenses...
Ora o árbitro Hugo Pacheco que validou 1 golo em fora de jogo visto do “espaço”, também cometeu um erro grave de natureza disciplinar na parte final do encontro, quando permitiu que Kelvin pontapeasse por várias vezes Nolito, antes deste responder com uma cotovelada. Pacheco deu então o jogo por terminado, opção inteligente dado que o encontro de facto caminhava para o final, e assim, e mais uma vez, um jogador do FCP não era expulso, o que sempre dá confiança aos colegas por sentirem ali, um exemplo prático de como eles estão “acima de todos”.
Logo à noite como será? Sinceramente não tenho reservas morais relativamente ao árbitro, mesmo depois do exemplo que me permite rotular Hugo Pacheco, de ser pró FCP. Mas não sou ingénuo ao ponto de pensar que ele nos vai deixar marcar 1 golo em fora de jogo, ou que vai sancionar disciplinarmente o jogo duro de 1 ou 2 academistas, “truque” habitual em equipas treinadas por ex-jogadores do FCP para intimidar os jogadores do Benfica. O critério do fora de jogo será precisamente o “habitual”: apertadíssimo para o Benfica, mais largo para o adversário. O critério disciplinar será largo para o adversário, e para o Benfica logo se verá em função das “compensações” que são geridas pelo árbitro, para dar a ilusão que está a ter o mesmo critério para as duas equipas.
Mais logo veremos...