quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O Monstro Sagrado



Portugal, 26 de Fevereiro de 2014

O ano de 2014 está a ser madrasto para o Benfica, com o desaparecimento das nossas antigas glórias campeãs europeias, Eusébio, ou bicampeãs europeias, Coluna.
Tal como muitos, não vi jogar Mário Coluna. O que sei dele hoje resulta de conhecimentos adquiridos na última dezena de anos. E apenas na última dezena de anos porque Coluna para mim sempre esteve “distante” do Clube e da sua vida associativa, talvez porque sempre tenha vivido na penumbra da fama de outros, aceitando esse lugar com a humildade e carácter que o caracterizavam.
Coluna foi um exemplo dentro e fora de campo. O eterno capitão, como assim foi chamado (uma vez capitão, para sempre capitão, escrevia-se à época), foi um acidental centro campista, dotado de invulgar inteligência e habilidade técnica, qualidades que marcaram todo o seu percurso na equipa. Coluna era o seu “motor” e o seu “esteio”.
Fomos bicampeões com Coluna. Na terceira final, contra o AC Milan, uma entrada assassina (não sancionada pelo árbitro) partiu-lhe o pé. Como não havia substituições, Coluna aguentou estoicamente até ao final do jogo. Estávamos a ganhar 1-0 e acabamos por perder 2-1. A primeira derrota na final dos Campeões das 3 que tivemos na década de 60 (as outras foram contra Inter, onde acabamos com 10 por lesão de Costa Pereira, e Manchester, ambos jogando nos seus estádios, e uma delas no prolongamento).
A história recente do Benfica não lhe fez a devida justiça, apesar de homenagens mediáticas, com o seu quê de oportunismo, nas Galas do Benfica. Seria bom que se pensasse melhor no que se passou nessa gloriosa década de 60 e se avaliasse de outra forma a simplicidade e a importância de Mário Coluna nos dois títulos de campeões europeus que conquistamos.
A este propósito, não sei porque razão nunca se pensou em perpetuar Mário Coluna com uma estátua no recinto desportivo do Benfica, como possivelmente mais 1 ou 2 grandes jogadores do passado também merecem. Reduzir o Benfica a Eusébio é limitar os horizontes e grandiosidade da nossa história.
É (mais) um momento triste que estamos a viver, mas infelizmente não poderia deixar passar dois apontamentos politicamente incorrectos, mas que devem ser colocados para fazer reflectir que caminho estamos a trilhar:
1) Se o Sr.º Presidente do Benfica vai pagar uma pensão vitalícia de 15 mil euros mensais à viúva de Eusébio, qual vai ser o valor da pensão a pagar à viúva de Mário Coluna (se é que lhe vai pagar alguma coisa)? Esta última não tem os direitos que tem a viúva de Eusébio, por estar longe, ou por Mário Coluna não se ter metido na vida associativa do Clube com abraços que valeram votos?
2) Em 10 de Abril de 2002 foi inaugurada a Academia de Futebol da Namacha, localizada 70 km a sul de Maputo, e que foi baptizada de Academia Mário Coluna. Nessa cerimónia estiveram presentes Joseph Blatter, presidente da FIFA, bem como representantes do governo moçambicano. Porque razão o Benfica não se fez representar nessa cerimónia à qual a própria FIFA conseguiu arranjar um tempinho para estar presente?
A hipocrisia de uns quantos devia ter limites...
Obrigado Mário Coluna. Um dia a história do Benfica encontrará a forma adequada para enaltecer tudo que deste para que a história do Benfica fosse tão bonita como hoje é. RIP.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Lição n.º 2



Portugal, 24 de Fevereiro de 2014

A poucas horas de um jogo que pode ser decisivo no definir das condições com que vamos atacar o último terço da prova (10 jogos), importa reter algumas conclusões da jornada que se vai encerrar com o Benfica - Guimarães.
O facto indiscutivelmente mais marcante da jornada foi a 4ª derrota do FCP, algo que só estranham os crentes na teoria do “super balneário” do FCP. E como se vê nas rádios, jornais, blogues e televisões, estão em larga maioria.
A derrota do FCP tem uma explicação mais “terra a terra”, mais própria da gente simples que percebe que o futebol é um desporto com 3 equipas. E basta que uma dessas equipas esteja ao nível que as leis de jogo impõem, e lá se vai a teoria do “super balneário” do FCP. O FCP sofreu a 2º derrota consecutiva porque sofreu 1 penalty numa fase em que o jogo estava empatado 0-0! Tal como na Madeira contra o Marítimo!
Por muito que não queiram os “filósofos da bola”, os “analistas que nunca treinaram” e todos aqueles “especialistas nas tácticas depois dos jogos terminarem”, o FCP é uma equipa como as “outras”: se forem assinaladas as infracções às leis de jogo, como são às outras equipas, também o FCP se transforma numa equipa igual a elas.
2º penalty com 0-0 2ª derrota, 6 pontos a voar.
Ora, e porque a história é que nos faz perceber o que fomos para projectar para o que vamos ser, o que aconteceu na época passada? Pela 2ª vez volto a enfatizar que aconteceu um conjunto de 3 jogos em que o FCP não sofreu o penalty que de facto os seus jogadores tinham cometido com resultados de 0-0. Sendo que o jogo em Braga foi aquele onde com mais probabilidade o FCP perderia pontos, caso isso tivesse acontecido (e claro, o penaly tivesse sido convertido).
Mas, podem perguntar, se o FCP continua a controlar as arbitragens porque razão este ano se marcam penaltys contra o FCP (e pasme-se, em sua própria casa) e no ano passado não? Deixo este tema para os tais filósofos especularem. A minha explicação é que quando a equipa não joga bem, e disso dá conta a comunicação social a toda a gente, é possível que os árbitros, mesmo que condicionados, estejam mais à vontade para analisar os lances difíceis e decidi-los de acordo com aquilo que de facto vêem, e não de acordo com os interesses do FCP. Terá sido o caso do árbitro Vasco Santos (CA Porto), depois de ter passado70 mn a prejudicar o Estoril sem que o FCP conseguisse marcar? É possível que somado ao factor da “má qualidade de jogo”, se tenha somado uma espécie de “compensação”. Do tipo: prejudiquei-vos até aqui, agora vou ser correcto... (na Luz contra o FCP, aconteceu algo semelhante, indo até mais longe pois o FCP foi prejudicado, para “compensar” os erros anteriores).
A marcação dos penaltys é que está a marcar este campeonato. O FCP sofreu 3 penaltys, e em todos os jogos que os sofreu (Estoril é o feliz contemplado com 2), perdeu pontos: 1 empate e 2 derrotas. O Benfica sofreu 1 penalty, fora na Madeira e também perdeu. O SCP sofreu 2 penaltys, em casa com Marítimo e fora no Dragão, ganhou 1 (no jogo em que também teve 1 penalty a favor) e perdeu 1.
Dizer-se que os penaltys “ah e tal podem não ser convertidos, etc.” não é pois um argumento que possa ser levado em conta. Todos os 3 ditos “grandes” em 6 jogos esta época, onde sofreram penaltys contra, apenas ganharam 1 e se calhar por pouca coincidência, porque também tiveram 1 penalty a favor.
Ficando assim provada a importância que tem o penalty no definir do resultado de um jogo, na classificação geral e no campeão como na época passada, podem-se colocar questões tais como: será que os 3 grandes sofreram os penaltys que fizeram? Não vou entrar em grandes detalhes, mas a mim parece-me que o Benfica é a equipa mais prejudicada neste critério.
Adiante porque o que quero sublinhar é que no ano passado o FCP apenas sofreu 1 penalty, dos vários que aconteceram em campo, e foi na recta final, estádio do nacional da Madeira, quando ganhavam por 3-0 e já tinham sido beneficiados com 1 penalty a favor.
Há 2 anos, se não me falha a memória, o FCP apenas sofreu 2 penaltys, ambos contra o Gil Vicente, 1 em casa e 1 fora, perderam 1 jogo e ganharam outro, onde por coincidência tiveram 1 penalty a favor. Há 3 anos, o primeiro penalty que sofreram foi na 2ª volta quando estavam a ganhar ao Leiria 4-0. Como é que o Villas-Boas não havia de ser um grande treinador?

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

"Paços" firmes e decididos...



Portugal, 20 de Fevereiro de 2014

O último jogo em Paços de Ferreira comprovou a minha “tese” relativamente à forma como se ganhou o jogo com o SCP. Escrevi no texto intitulado “5 pontos”:
O Benfica ontem ganhou apenas 3 pontos, ganhou apenas um jogo. O próximo será forçosamente distinto. Porque é o próximo, e porque o adversário não irá expor-se como fez o SCP. É muito diferente jogar para ser campeão, e o SCP optou por escalonar uma equipa para ganhar os 3 pontos, ou jogar para não descer em que 1 ponto ganho pode ser positivo e factor de motivação. O Paços de Ferreira não irá jogar com uma estrutura táctica de ataque, mas sim de reacção ao erro do Benfica. Como aliás 99% das equipas portuguesas fazem. Como resultado podemos esperar uma coisa: o jogo do Benfica será muito diferente, e não será garantidamente para melhor, do que foi ontem. Além de que a suspensão de Enzo Peres vai tirar da equipa o único médio criativo de categoria extra, que temos”.
Basta pois estar atento ao futebol que se joga cá em Portugal, para perceber que a postura táctica e atitude competitiva do Paços de Ferreira seria a que se viu, em particular na 1ª parte. Uma equipa que arriscou pouco (linha defensiva baixa), defendendo o pontinho quase com “unhas e dentes” e apostando no erro do Benfica (nos passes errados ou transviados) para desenvolver transições defesa/ataque rápidas (contra ataques).
Perante este cenário previsível e confirmado no campo, o que se viu no Benfica foi uma equipa solidária, lutadora e focada no objectivo de ganhar, mais do que no jogar “bem” ou “bonito”. Até ao mn 94 se fosse preciso. Felizmente para quem assistiu ao jogo e em particular para os milhares de benfiquistas que uma vez mais trocaram muitos euros, pelo apoio à equipa, o jogo correu-nos bem e ganhamos. Em terras dominadas pela simpatia clubística do FCP, estas vitórias sabem sempre muito bem e dão aos adeptos “moral” para os dias seguintes.
Por esta ordem de razões, a nós – cá em cima - o que interessa é ganhar, e deixar as considerações sobre a “qualidade” do jogo para os teóricos de Lisboa e Porto, onde se acotovelam os maiores “entendidos” de futebol muito bem pagos para .. “dar” (vender) opiniões depois do jogo ter acabado.
Se no jogo com o SCP o Benfica mostrou as virtudes da equipa, fruto da atitude positiva do adversário e da menor interferência do árbitro, em Paços, perante um adversário com atitude defensiva e um árbitro com interferência (mais um que está no quadro dos profissionais), o que vimos foi uma espécie de plano B em que se privilegiou o trabalho e o suor, em alta rotação para o golo.
Devo sublinhar que temos assistido a bastantes golos obtidos a partir de situações de contra ataque, como sejam o 2º golo ao SCP e o 2º golo ao Paços, para além de um sem número de jogadas do mesmo género que Lima e Rodrigo têm desperdiçado (se fosse o Cardozo, era uma chatice). Isto acontece porque a dinâmica de Fejsa, colocado mais atrás do que Matic, que nunca jogou verdadeiramente a 6 mas entre o 6 e o 8, dizia eu, que Fejsa jogando a 6 puro (ou quase) permite acomodar os demais jogadores de forma equilibrada ao longo do campo entre a posição 6 e a baliza adversária. Com Matic era frequente sufocarmos o adversário na sua defensiva, devido à sua apetência por ir à frente rematar para o golo.
E assim se vê como a venda de um jogador reconhecido como peça “fundamental” na manobra da equipa, para os tais opinógrafos especialistas em “tácticas depois do jogo acabar”, afinal não prejudicou a equipa, porque mais importante do que as qualidades individuais de Matic, o que importa e sobrepõe, é o grupo. É o colectivo. Com Fejsa (tal como com Javi) temos um outro colectivo, organizado e mais focado na velocidade da transição defesa/ataque, mais batalhador no terço defensivo e talvez por isso (não esquecer também o efeito Oblak), mais “impermeável” aos remates adversários.
Em Paços pode-se dizer que demos “passos” importantes rumo aos principais objectivos: mais confiança nos jogadores, mais força no colectivo, mais crença no trabalho que se está a fazer desde o início da época.
Como nos últimos 20 anos foram raras as vezes que vi o Benfica em 1º lugar em plena 2ª volta, é natural que me sinta satisfeito com o facto de pela 3ª época consecutiva isso acontecer novamente. Contudo, depois dos “roubos” das épocas anteriores, é obvio que aguardo pela reacção da equipa quando jogar com arbitragens de Proença e Xistra, em particular. Na época passada, no Funchal e em Coimbra, estes senhores conseguiram empatar-nos a 2, tirando-nos 4 pontos que se revelaram decisivos nas contas finais do título. Por isso parece-me fundamental que só façamos “contas” quanto ao título de campeão quando passarmos por estes dois árbitros.
Até lá, temos apenas de acreditar e confiar no trabalho do nosso treinador, equipa técnica e jogadores que a Direcção não consegue vender (apesar de muito tentar).

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

"Roubaram-nos uma final"

Portugal, 14 de Fevereiro de 2014

Se dúvidas houvessem de como a arbitragem decide jogos e títulos, o jogo de ontem entre o Rio Ave e o Braga para a Taça que ninguém ligava, é (apenas) mais um exemplo. Como consequência, o presidente do Braga, Salvador, protestou e fê-lo de forma pouco edificante: roubaram-nos uma final, disse.
Há coisas simples no futebol que talvez por serem muito simples, passam despercebidas aos amantes das “tácticas depois do jogo acabar”. E uma delas é que um jogo de futebol tem 3 componentes, sendo elas duas equipas de futebol e uma equipa de arbitragem. As equipas procuram meter golo na baliza do adversário, enquanto a equipa de arbitragem deve cuidar que ambas o façam de forma correcta e de acordo com as leis do jogo.
Ora o que se verifica por cá é que por vezes a equipa de arbitragem também joga. Não aplica as leis de jogo de forma imparcial, mas fá-lo de forma tendenciosa e incorrecta, alterando as probabilidades de êxito de uma equipa em relação à outra. Como o faz? Enquanto os tais analistas das “tácticas depois do jogo”, imaginam que os árbitros só interferem quando pegam na bola e a metem eles próprios na baliza que estão a atacar, há outros adeptos mais simples (ou simplórios) que percebem que quando o árbitro marca uma falta que não é, está a tirar a bola a uma equipa e a dá-la a outra, invertendo o sentido da jogada. Quando o árbitro valida uma situação de fora de jogo, está a ajudar o atacante a fazer golo. Quando o árbitro não marca um penalty claro a favor de uma equipa, está a funcionar como o melhor defesa da equipa que quer proteger. Quando o árbitro penaliza com cartão amarelo um jogador, está a inibi-lo de continuar a jogar nos limites. Quando mostra a um jogador de uma equipa, e não mostra a um jogador de outra equipa que fez falta igual, está a funcionar como motivador do jogo de uns relativamente a outros.
Etc, etc., que o cardápio de truques é extenso e variado.
Acontece que o Benfica, por força de ser um concorrente do FCP e o FCP por se preocupar com estas matérias, é das equipas mais massacradas com estas “habilidades” de parte significativa dos árbitros, em particular de alguns mais “experientes”. Olegário Benquerença (o do Rio Ave – Braga) é um deles, tal como Pedro Proença, Jorge Sousa e Carlos Xistra. Num patamar inferior vem outros como Soares Dias, Rui Costa, Hugo Miguel, Bruno Esteves, etc.
Ora o que temos assistido ao longo dos anos do actual “projecto” de Benfica da credibilidade e dos empréstimos bancários, é que são vários os exemplos de jogos como os que ontem o Braga protestou, sem que da parte do Benfica exista qualquer tipo de reacção equivalente. Sim, equivalente. Eu não gostaria de ver o presidente do meu Clube falar de “roubos”, mas gostaria de o ver defender a equipa quando isso acontece.
Se o Braga se queixa de uma final que lhes foi “roubada”, eu gostaria de ouvir o presidente do Benfica falar da Taça de Portugal que nos impediram de ganhar (sem falar do campeonato). Com dois cartões amarelos na 1ª parte para os “motores” do Benfica, Enzo e Matic, quando se viram 3/4 situações iguais de jogadores do Guimarães passarem sem sanção, com 1 golo do empate um corpo em fora de jogo não assinalado, etc., nem foi preciso recorrer aos sempre “polémicos” penaltys para ajudar o Guimarães a ganhar uma Taça injustamente e mais uma vez à nossa custa.
Se bem se recordam, nesse jogo, ao contrário do último jogo com o SCP ou contra o FCP, o presidente do Benfica refugiou-se lá longe e por pouca mera coincidência, não se cruzou com nenhum dos solícitos jornalistas que o encontram com facilidade, quando ganhamos. Logo, ficamos sem saber o que ele pensava do jogo acabado de perder, ao contrário do que vimos com Salvador. As sucessivas imagens de fraquezas do Presidente do Benfica, são um ónus sobre a equipa de futebol que assim fica mais sujeita à acção destruidora dos apitos.
Não estou a exagerar nas relações de causa - efeito que acabo de fazer. É que o mesmo árbitro, talvez pelo bom desempenho na final da Taça, acabou por ser nomeado para o 1º jogo do Benfica no presente campeonato, e “surpresa” (?) perdemos outra vez e pelo mesmo resultado: 2-1. A única derrota até ao momento...
Benquerença e a “troupe” de árbitros que mencionei, são a prova evidente que o problema da arbitragem não é a “profissionalização”. Ao contrário do que tantos e tantos teóricos vaticinaram, a profissionalização é uma luta perdida pela credibilização da arbitragem. Porque, e parece-me fácil de apontar onde está a génese do problema, não é na profissionalização mas sim em quem nomeia, avalia e promove os árbitros. Ou melhor, quem nomeia, avalia e promove os erros dos árbitros.
De facto a gestão da arbitragem é o problema. Quando Lucílio Batista assinalou mal 1 penalty a favor do Benfica, que nos permitiu empatar e acabar por ganhar a Taça da Liga ao SCP, o barulho do SCP levou Vítor Pereira a colocar LB na jarra durante 6 (!) semanas. Mas quando Cosme Machado tirou 4 penaltys ao Benfica no 1º jogo da época em que defendemos o titulo, contra a Académica, o castigo foi de apenas 1 semana, porque na 2ª semana já teve direito a um jogo da Liga de Honra. Suprema prova de confiança para um, e de censura para outro. E claro está: sinal claro de quais os erros que podem acontecer.
Concluo com um exemplo que ilustra a hipocrisia da Direcção do Benfica nesta matéria. Na época passada, outra vez com a Académica mas em Coimbra, Carlos Xistra assinalou 2 penaltys fantasmas contra nós. “Revolta” na Direcção que tornou pública uma decisão: ir até à FIFA se necessário. Passado mais de 1 ano, qual foi a FIFA que o Sr.º Vieira mandou a queixa? Ah, pois é. Eu é que ando distraído?

(Título CM) Encarnados querem caso Xistra na FIFA CM 26-09-2012

O Benfica está na disposição de enviar uma exposição à FIFA, denunciando aquilo que entende ser uma perseguição do árbitro Carlos Xistra à equipa de futebol. Segundo apurou o CM, as águias vão alegar que o juiz de Castelo Branco não reúne condições para integrar a primeira categoria da arbitragem portuguesa.
Na queixa, estará incluído um compacto de imagens de vídeo, que testemunham erros cometidos por Xistra contra o Benfica nas últimas épocas.
O CM sabe também que o clube da Luz só avançará para a FIFA se perceber que a FPF nada vai fazer em relação ao juiz de 38 anos.
O primeiro choque entre o Benfica e Xistra ocorreu na época 2006/07, na Luz. As águias venceram o Estrela da Amadora por 3-1, mas o craque da equipa, Fabrizio Miccoli, foi expulso aos 82’, num lance que a crítica considerou injusto. O Benfica deslocava-se na semana seguinte ao Dragão e viu na atitude do árbitro alguma premeditação, que favorecia o FC Porto.
Seguiu-se nova polémica num V. Guimarães-Benfica, em 2008/09 (1-2). Xistra expulsou Reyes (30’), mostrando-lhe dois amarelos no espaço de dois minutos, gerando grande contestação nos encarnados. Em Março de 2011, voltou a estar no centro da ira das águias, no Minho, diante do Sp. Braga (1-2, para a Liga), ao expulsar Javi García, aos 46’, num lance em que os encarnados consideram que Alan fez teatro.


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

5 pontos....

Portugal, 12 de Fevereiro de 2014

O primeiro Benfica - SCP de sempre a ser disputado numa terça-feira,  acompanhado pelo fantástico número de mais de 49 mil espectadores, terminou com uma vitória “sem espinhas” (ou “limpinha” como alguns preferem) e, caso raro, sem casos de arbitragem para alimentar a semana mediática e os programas de Trios da treta.
Do meu ponto de vista há 5 pontos que merecem a seguinte reflexão.
1.
O SCP foi, pela primeira vez em muitos anos, jogar de “peito” feito buscando proactivamente a vitória. Jogando na procura do golo e não à espera do erro do Benfica. Colocou dois pontas de lança e um extremo de raiz, na avançada, e três médios, um dos quais André Martins encostado na ala direita, Erik Dier como trinco e Adrien Silva como médio volante no apoio à avançada e nas tarefas defensivas. O seu treinador, o tão elogiado treinador ao qual falta ainda a primeira flor no Jardim (RECORD), fez algo que já antes do jogo se adivinhava como uma opção “suicida”. Com esta equipa de “ataque”, o SCP perdeu compacidade no meio campo, deu linhas de passe ao Benfica que com melhores executantes (que os adeptos do SCP, incluindo jornalistas, lhes custa reconhecer), com melhor colectivo (fruto da soma dos valores individuais e da liderança do treinador) iria dominar o jogo, caso o árbitro não nivelasse as coisas. Ora o árbitro, com uns pequenos erros à mistura, desta vez não interveio na dinâmica de jogo e o SCP ficou entregue a si próprio. Foi o que se viu.
2.
Dito isto concluo que uma boa ideia, jogar ao “ataque”, pode ter resultados bem diversos dos que se tinham pensado. E neste caso tiveram: o SCP foi dominado, não conseguiu jogar porque precisa de proximidade entre os seus jogadores e a táctica adoptada originou precisamente o contrário. Só não foram goleados porque os nossos dois avançados estiveram algo perdulários. Nenhum deles facturou. Qual a imagem que sobrou do SCP? Uma equipa incapaz de lutar pelo título de campeão, porque incapaz de ganhar um jogo a um dos rivais. Foi então uma opção acertada a opção de jogar de “peito feito”? Eu acho que não, embora agradeça a Leonardo Jardim, a lição que permite que seja tirada: qualquer equipa que jogue contra o Benfica com uma táctica para ganhar, isto é, um 4-4-2 ou equivalente com 2 pontas de lança, está condenada a perder. Já tinha acontecido ao PSG para a Champions League, 3 dias depois do Arouca ter empatado na Luz, marcando dois golos, apesar de ter jogado com 1 só ponta de lança e um meio campo reforçado com várias unidades. Embora o Arouca tivesse tido a ajuda do árbitro, das faltas e faltinhas.
3.
Esta vitória permite concluir que não sendo fácil jogar com 2 pontas de lança, o Benfica joga quase sempre nesse sistema e costuma ser, pelo menos cá dentro, autoritário, dominador (até demais) e normalmente bem sucedido. Mérito a quem o tem, mérito a Jorge Jesus por muito que custe aos iluminados das “tácticas depois do jogo”.
4.
O Benfica ontem ganhou apenas 3 pontos, ganhou apenas um jogo. O próximo será forçosamente distinto. Porque é o próximo, e porque o adversário não irá expor-se como fez o SCP. É muito diferente jogar para ser campeão, e o SCP optou por escalonar uma equipa para ganhar os 3 pontos, ou jogar para não descer em que 1 ponto ganho pode ser positivo e factor de motivação. O Paços de Ferreira não irá jogar com uma estrutura táctica de ataque, mas sim de reacção ao erro do Benfica. Como aliás 99% das equipas portuguesas fazem. Como resultado podemos esperar uma coisa: o jogo do Benfica será muito diferente, e não será garantidamente para melhor, do que foi ontem. Além de que a suspensão de Enzo Peres vai tirar da equipa o único médio criativo de categoria extra, que temos. Como a Direcção já tinha tirado o Matic por questões de financiamento (para pagar os passes de Lizandros e Farinas), é óbvio que vamos ter um problema qualitativo na organização de jogo. Ora o Paços tem vindo a melhorar o seu jogo, em particular nos últimos 4 jogos. Vai ser difícil. Espero que Jesus não passe de bestial a besta numa semana.....
5.

No último texto falei na ausência da Direcção do Benfica e em particular na ausência do Presidente, que delegou num ex-dirigente que está em Angola a responsabilidade por prestar esclarecimentos pelos problemas de manutenção que levaram ao episódio das “chapas de revestimento voadoras”. Ontem, como puderam verificar, o Benfica ganhou e lá apareceu ele a falar do jogo e da segurança do estádio que antes não quis falar! Não é por acaso! Alguém o viu no último sábado em Barcelos, após o empate? Sim. Ao longe. Regra geral, só aparece quando as coisas correm bem. Quando correm mal, eclipsa-se por força da estratégia de promoção de imagem que lhe produzem. Ele não pode ficar associado a nada de negativo. Não vai bem com a imagem de super Presidente que lhe estão a construir...

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Um derby diferente...



Portugal, 11 de Fevereiro de 2014

O Benfica - SCP de mais logo passará à história como o derby da terça-feira.
Porque os jogos sabem bem quando se pensa que vão ser jogados, confesso que neste momento sinto uma certa apatia e distanciamento das emoções que um jogo de futebol do Benfica sempre transporta, quanto mais um derby ou um clássico. A única coisa que me vai entretendo, são os fait-divers do SCP e a completa ausência da Direcção do Benfica. Ambos marcam este plano de acontecimentos desportivos.
Da parte do SCP, verifico a existência de uma certa hipocrisia da parte de quem defende a verdade desportiva e a sã convivência entre clubes. Vejamos. Ao longo do dia de ontem, fomos confrontados com 3 comunicados que, por ordem de divulgação, abordaram 1) a necessidade de ser efectuada uma vistoria técnica independente, 2) a explicação das palavras do Presidente da Mesa da AG do SCP que representou o clube na parte de confraternização entre Direcções antes do jogo e na Tribuna Presidencial e 3) o protesto contra a forma como os adeptos do SCP foram evacuados após decisão de adiamento do jogo.
Parece-me ter existido uma completa inversão da ordem de prioridades do SCP, porque a segurança dos seus adeptos, que supostamente foi posta em causa no processo de evacuação, deveria estar à frente da explicação das palavras da Mesa da AG e da necessidade de se efectuar uma vistoria técnica independente. Esta última nem deveria ter existido, porquanto após o jogo e numa conferência de imprensa conjunta com o Presidente da Liga, o representante do Benfica referiu que no dia seguinte iria ser efectuada uma vistoria por parte da empresa Martifer, sem que o representante do SCP tivesse registado posição diferente.
O SCP não pode mudar de opinião de um dia para o outro, provocando um incidente e um debate escusado, que pôs em causa não só a credibilidade do seu representante nessa conferência de imprensa, como também o Benfica e a própria empresa Martifer que construiu essa parte do estádio do Benfica. Por outro lado, a realização de uma vistoria independente, por parte do LNEC ou outra entidade credível, demoraria alguns dias a convocar e a realizar, o que poria em causa a realização do jogo esta semana.
Quanto às prioridades do SCP verifico que alguns adeptos do Benfica, os ingénuos de sempre, se preocuparam bem mais com a segurança dos adeptos do SCP, do que a própria Direcção do SCP, uma vez que espalharam criticas pelos blogues, sobre a forma como se tinha processado a evacuação, umas quantas horas antes da Direcção do SCP o ter feito.
Sobre a Direcção do Benfica, apesar de não ser consumidor de televisão desportiva, pelo que vejo e ouço por aí, nos onlines e comentários diversos, esta Direcção não deu qualquer sinal de vida num momento tão particular como este que o estádio do Benfica viveu. Para minha surpresa, teve de ser um ex-dirigente que se consta estar foragido à Justiça, e conhecido como “pai do estádio”, a dar as explicações para o sucedido a partir de Luanda: falta de manutenção!
Não sei se é o meu anti-vieirismo convicto que me tolda o raciocínio, mas não deveria ser o Presidente do Clube/SAD a dar esse tipo de explicações? Ou o Presidente, ou “faz-que-é-presidente”, apenas trata das contratações, dos custos zero dos milhões e das cedências de percentagem dos passes desportivos para Jorge Mendes?
Parece-me surpreendente e até interessante que o Sr.º Vieira nunca dê a cara quando as coisas correm mal, refugiando-se nas delegações de competências (neste caso estranhas) para não explicar ou não assumir as coisas que correm mal. Não vou na “procissão” sportinguista de que o Benfica é responsável pelas condições de segurança do recinto, porque só a habitual idiotice dos pensadores sportinguistas pode estabelecer uma relação de causa - efeito entre as condições de segurança e a responsabilidade do Benfica, sem considerar as condições atmosféricas que incluíram ventos com mais de 130 km/h e levaram a Protecção Civil a decretar “alerta vermelho” (o mais grave de todos), na região de Lisboa. Mas não posso deixar de registar que uma vez mais o Presidente do Benfica desapareceu quando era necessário dar garantias e tranquilidade aos sócios e adeptos do Benfica, e que uma vez mais delegou esse papel, desta vez num ex-dirigente que está em Angola....
Os sinais de fraqueza do Presidente do Benfica continuam a acumular-se e terão consequência, mais tarde ou mais cedo, nas provas desportivas. O ensurdecedor silêncio após o roubo de arbitragem em Braga, contra o ABC, e no Hóquei em Valongo, são mais provas que esclarecem bem qual a natureza do actual “projecto desportivo” do Benfica. Ou melhor, do “não projecto desportivo”, mas sim do projecto financeiro que suga o amor, a dedicação e o dinheiro dos adeptos e sócios benfiquistas...
Resta-nos Jesus, demais equipa técnica e os jogadores... Boa sorte para mais logo!

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O galo, o bailinho e a praxe...

Portugal, 4 de Fevereiro de 2014

Numa jornada atípica onde os resultados venceram a matemática, os 3 ditos grandes perderam pontos, conjugação de resultados altamente improvável no futebol português. Mas aconteceu, e para variar o resultado do Benfica foi o mais escalpelizado pela comunicação social. E por tabela pelos adeptos. Obviamente nos blogues também não se fugiu à regra.
Sobre o empate do Benfica não tenho muitas explicações, para além do lastimável estado do terreno provocado pela chuvada que caiu durante o jogo. O Benfica dominou o jogo de forma mais equilibrada do que quando contra o Arouca, mas a bola prendeu na lama quando Rodrigo e Lima conseguiram aparecer em boa situação de remate. O Gil Vicente marcou num dos dois ou três remates que fez em todo o jogo, por um jogador acabado de entrar e “fresco”. Um remate feliz que me pareceu ter enganado Oblak, talvez pela ligeira curvatura da trajectória e também pelo facto da bola estar escorregadia.
Mas não seria honesto se não referisse que foi a primeira vez que senti uma enorme desilusão por um falhanço de Cardozo. E Cardozo já leva 6 épocas completas ao serviço do Benfica. Tal como referi quando escrevi sobre a Formação, aquele penalty é dos lances que distingue quem o marca. Um golo, e Cardozo reforçaria o estatuto de homem - golo do Benfica. Um falhanço e aí está a estéril discussão sobre as suas qualidades ou sobre a escolha de quem marca o penalty.
Fiquei desiludido é certo, porque se havia penalty que Cardozo não podia falhar, era mesmo aquele! Mas lembrei-me que Beckam falhou 2 penaltys contra Portugal no Euro2004 e no Mundial de 2008, e nem por isso deixou de ser um excelente jogador. E passei á frente.
Claro que este lance, pelas implicações que pode ter nas contas finais do campeonato (ao “contrário” do golo validado ao Belém quase 3 metros em fora de jogo, num empate que nos roubou 2 pontos), é um lance que deu a habitual polémica entre a parvalheira de uma certa plateia benfiquista. Segundo eles, quem devia ter marcado era Lima porque Cardozo tinha só 15 mn de jogo e vinha de uma lesão. O que quer dizer que segundo esta gente entendida na matéria, Cardozo nem treinou durante os últimos dias, nem estava apto a jogar. E que sempre que se assinalarem penaltys a favor do Benfica nos primeiros 10 mn de jogo, o melhor mesmo é pedir ao árbitro que nos deixe marcá-los lá mais para a meia hora de jogo. Uma espécie de dilação: “Ó Sr.º Árbitro, o Lima ainda não aqueceu o suficiente, pelo que se não se importa marcamos o penalty mais tarde, pode ser”? Acho que poderíamos pedir uma alteração às regras de jogo, para evitar situações em que os jogadores têm de marcar penaltys a “frio”.
De acordo com as estatísticas da BOLA, Cardozo falhou 11 penaltys em 51 tentativas (78.4% de eficácia), ao contrário de Lima que falhou 2 em 10 tentativas (80% de eficácia). A matemática sugere que Cardozo é mais fiável, uma vez que tentou mais vezes, o seu remate é mais conhecido e mesmo assim tem uma percentagem de eficácia elevada, e próxima de Lima. Claro que Lima, com menos penaltys, ainda é bastante desconhecido e pode tirar partido disso. Mas o treinador ou eles dois escolheram Cardozo, e tem de se aceitar porque um avançado vive de golos, e Cardozo vindo de uma lesão agradecia desse estímulo.
Outra coisa inédita que aconteceu nesta jornada foi terem marcado 1 penalty contra o FCP, com 0-0. E o FCP acabou por perder 3 pontos, o que reforça a convicção generalizada entre adeptos que lutam contra o “sistema” que o Benfica apenas perdeu o título da época passada porque não se marcaram uns quantos penaltys contra o FCP, com resultados momentâneos de 0-0 ou 1-1. E se me podem dizer que o FCP do ano passado era mais forte do que este, argumento que concordo, também não é menos verdade que quando marcaram 1 penalty contra o FCP com 0-0, na final da “Taça que ninguém ligava”, o FCP perdeu! Ora esse Braga, para o campeonato tinha sido espoliado de 1 penalty, também com 0-0, em Braga... Logo...
Quanto ao facto da perda de pontos ser menos grave para o FCP do que para o Benfica que jogou a seguir, discordo. Por estar 3 pontos (antes do jogo) do 1º lugar, isso obrigou o FCP a entrar pressionado para não aumentar esse atraso. Ou seja, o FCP jogando primeiro nunca pode contar com o resultado dos outros dois. O treinador do FCP sabe disso, os jogadores idem. A derrota foi pois um golpe duro, mesmo que no final “só” tenham ficado a 4 pontos do 1º lugar. Porque no próximo jogo vão sentir a mesma pressão, mas a 4 e não a 3 de atraso!
Quanto ao SCP, que dizer da equipa que, segundo a comunicação social lisboeta, pratica o melhor futebol e que pode alicerçar legítimas e fundadas esperanças na conquista do título graças a isso? A tal equipa superiormente orientada, com um plantel jovem e jogadores da formação, que sabendo que podia ganhar 5 pontos a FCP e Benfica, acabou por empatar em casa, num bom ambiente e num bom relvado, contra uma equipa que tem um orçamento menos de 1/3 do SCP? O Cardozo falhou 1 penalty e o SCP falhou o quê?
Aparentemente o SCP não falhou. De acordo com o RECORD, e em breve veremos alguns benfiquistas a falarem da mesma maneira, “o 0-0 com a Académica não era brilhante mas as suas consequências estavam automaticamente atenuadas pelos percalços de Benfica e FC Porto”. Fantástico como se trasforma um empate-derrota num empate-vitória…

Bailinhos da Madeira à parte, galo de Barcelos ou a praxe que a Académica veio aplicar ao SCP, o meu galo do fim-de-semana foi mais uma derrota do Benfica em Hóquei. Essa sim, doeu porque resume a demagogia e a burrice que grassa no Benfica e que alguns querem aplicar ao Futebol... no ano passado “os jogadores eram bons, o treinador é que não sabia tirar partido deles, e o FCP continuava a dominar. O treinador do Paço de Arcos com menores recursos estava a fazer umas coisas interessantes, imagine-se se tivesse o plantel do Benfica”. Ora aí está a punição para quem é ingrato, burro e incompetente. O mesmo se passaria no Futebol com um qualquer Marco Silva ou Rui Vitória como treinador. E pelas mesmíssimas razões...