quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Um balanço da Champions

Portugal, 22 de Dezembro de 2011

Como alguns se recordarão, antes do jogo com o Manchester tive o “atrevimento” de fazer uma previsão sobre algumas variáveis de jogo. Previsão? Isso mesmo, fi-la antes do jogo se realizar, com base na estatística das duas equipas até então, fazendo um certo tipo de correcção ao Manchester por jogar em casa, e ao Benfica por jogar fora. Após o jogo verificou-se o seguinte:

MU:
Previsão de posse de bola entre 58% e 63%. No jogo: 63%! Previsão de faltas cometidas entre 8 e 11. No jogo: 13! Previsão de remates à baliza entre 11 e 15. No jogo: 13! Remates enquadrados com a baliza entre 5 a 8. No jogo: 7! Previsão de cantos contra nós, entre 3 e 5. No jogo: 6!

Benfica:
Previsão de posse de bola entre 37% e 42%. No jogo: 37%! Previsão de faltas cometidas entre 14 e 18. No jogo: 18! Previsão de remates à baliza entre 7 e 10. No jogo: 10! Remates enquadrados com a baliza entre 3 a 6. No jogo: 4! Previsão de cantos a favor, entre 1 e 4. No jogo: 2!

O prazer que me deu verificar que é possível antever o rendimento de duas equipas, com base no seu desempenho anterior, é justificado porque assim vi recompensada a minha maneira de ver o futebol, mais baseada nos números do que nas emoções ou sentimentos.

Cumulativamente o Benfica empatou a 2 e conseguiu logo aí, a qualificação para a fase seguinte, um dos objectivos da época. A minha satisfação foi pois dupla.

Recuperando os números do Benfica nesta fase da Champions, temos que fizemos 101 faltas e recebemos 74, fizemos 66 remates, 29 (44%) dos quais enquadrados com a baliza, tivemos em média 47,2% de posse de bola, tivemos 37 cantos a favor e 19 contra, fomos apanhados 9 vezes em fora de jogo contra 31 dos nossos adversários, recebemos 14 cartões amarelos, tantos quantos os adversários, e 1 vermelho contra nenhum dos adversários. Marcamos 8 golos e sofremos 4.

Os números têm várias leituras, nenhuma delas definitiva, mas a que me interessa mais é a comparação com os números do FCP, o nosso concorrente nacional. Assim eles fizeram as mesmas 101 faltas contra 93 dos adversários, fizeram 96 remates, 44 (46%) dos quais enquadrados com a baliza, tiveram em média 52% de posse de bola, tiveram 42 cantos a favor e 29 contra, foram apanhados 3 vezes em fora de jogo contra 32 dos adversários, receberam 19 cartões amarelos contra 17 dos adversários, e 1 vermelho contra 2 dos adversários. Marcaram 7 golos e sofreram outros 7.

Há alguns números que merecem reflexão porque se cruzam com o “sistema” que está implantado em Portugal, para os favorecer em termos de campeonato, com base no que já várias vezes referi, “manual” de erros de arbitragem. Repare-se que apesar do estatuto de 1º cabeça de série, ou seja, jogando contra 3 equipas de menor valia estatística, o FCP teve mais cartões amarelos, os mesmos cartões vermelhos, fizeram o mesmo número de faltas, marcaram menos golos e sofreram mais do que o Benfica, 2º cabeça de série, que jogou contra equipas estatisticamente mais difíceis!

Se compararmos com as primeiras 10 jornadas dos últimos 5 anos do campeonato nacional, estatísticas oficiais da Liga, o FCP marcou os mesmos golos do que o Benfica, 104, sofreu 30 (menos 14 do que o Benfica!), tiveram 102 cartões amarelos (125 o Benfica), e entre duplos amarelos e vermelhos tiveram 3 expulsões contra 6 do Benfica! 

Há pois uma clara diferença de certas variáveis de jogo entre a Champions e a Liga Portuguesa, as quais dependem – não só mas também – dos critérios de arbitragem! Dizer-se que o Benfica não ganha tantos campeonatos porque é uma equipa indisciplinada ou sofre golos que não devia, como se vê é desmentido nas provas da UEFA. 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O pós jogo.

Portugal, 19 de Dezembro de 2011

No futebol há uma “lei” que diz que não há 2 jogos iguais. Os jogos com o Marítimo provaram isso mesmo, pois perdemos um para a Taça de Portugal, e ganhamos outro para o Campeonato.

Estas “leis” básicas de futebol, tal como outras “leis” apriorísticas no mundo do futebol, nem sempre são consideradas por quem tem responsabilidades de fazer opinião. Vem isto a propósito do Pós-Jogo, programa que é transmitido na Benfica TV, onde um conjunto variável de 3 convidados dá as suas opiniões sobre o jogo que terminou. Neste caso, foi o Marítimo - Benfica. Também é aberto à participação de espectadores através de uma linha telefónica, que quando tento, está sempre ocupada.

Ora depois do jogo, de um conjunto de 6 telespectadores, 4 optaram por sublinhar com mais ou menos intensidade, o jogo menos conseguido do Benfica, o defesa esquerdo que os preocupa e a entrada tardia do Nolito. Todos manifestaram claramente preocupações com o “mau” jogo do Benfica e com a falta de qualidade de Emerson. 2 dos quatro reforçaram que o Nolito tinha entrado tarde.

Confesso que fiquei algo estupefacto porque supunha que devíamos estar contentes por termos ganho num campo difícil (4º classificado). Mas ainda pior, foi ter percebido que a velha glória José Augusto também ajudava à “festa”... De facto após uma intervenção em que também manifestou alguma preocupação pelo jogo menos conseguido (?!?!) do Benfica, numa segunda intervenção acabou por dizer que é “adepto do Benfica jogar com 2 extremos colados à linha”.

“Destrocando” isto, temos que (1) José Augusto é adepto do 4-4-2 que nos anos 60 permitiu ao Benfica dar “cartas”, cá e lá fora, (2) não surpreende que ao longo dos anos vários treinadores do Benfica tenham adoptado este modelo, sem ganhar títulos (Koeman e Quique com 4-4-2 clássico, F. Santos com 4-4-2 em losango), percebendo-se agora que a opção é ditada pelas opiniões de ex-glórias e outros ex-dirigentes do Benfica, (3) José Augusto, bem como outras velhas glórias e outros ex-dirigentes pararam no tempo e não percebem as dinâmicas actuais de jogo (o Real Madrid joga em 4-2-3-1, o Barca em 4-3-3 versão Guardiola) que inutilizam com facilidade os modelos 4-4-2, (4) após a Benfica SAD se ter endividado em 160 milhões de euros apenas para o futebol, José Augusto tem o desplante de sugerir que a equipa não está a jogar “bem”.

Este é o Benfica de que não nos conseguimos livrar, por mais estádios que se construam, mais profissionalismo que a estrutura directiva promova, por mais saltos que se dêem a pensar no futuro, porque o problema é de mentalidade, é de cultura desportiva. Ou de falta dela.

Quando se ganha, joga-se sempre “bem”. Porque o objectivo primeiro do jogo é ganhar e somar 3 pontos! O segundo objectivo poderá ser a nota artística, mas nunca o factor essencial de um jogo. Não perceber isto é não perceber porque razão o Dortmund tem quase 70 mil espectadores por jogo em sua casa. E quando o próprio José Augusto não percebe, ele que foi dos melhores jogadores do seu tempo, então estamos muito mal!

Bom, no dia seguinte o Sr.º António Tadeia, comentador da RTP (jornalista no JOGO e adepto do SCP), disse que o Nolito tardou a entrar no jogo, e fiquei a perceber porque razão 4 dos 6 adeptos também acharam isso. Até porque Tadeia comenta na TSF por vezes (não sei se foi o caso, mas como eles pensam todos por igual ...). A influência da comunicação social uma vez mais evidente, porque não lembraram que no jogo anterior da Taça, Nolito foi titular e o Benfica perdeu ...

Concluindo, o Marítimo com uma equipa “remendada” devido aos 3 jogadores do meio campo que habilmente o árbitro Jorge Sousa “eliminou” do jogo com o FCP (José Augusto esta parte parece não ter percebido), acabou por resistir 80 mn em casa do FCP, mesmo a jogar com 10 desde os 42 mn. Apenas menos 5 mn do que no jogo com o Benfica. Que dizem ter jogado “mal”...

Ah, e o RECORD fez hoje uma noticia sobre o jogo difícil que o SCP tem para a Taça ... com o Marítimo!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Uma Taça de Desilusões I

Portugal, 5 de Dezembro de 2011

A eliminação da Taça de Portugal volta a colocar na ordem do dia o debate sobre o verdadeiro objectivo da SAD do Benfica, que parece estar (ou é “obrigada” a estar) mais voltada para a vertente económica do que para a vertente futebolística.

Em 11 participações na Taça, deste “projecto” desportivo de Vilarinho/Vieira, falhamos a final por 9 vezes (!) o que é um registo pobre para a equipa com maior número de vitórias nesta competição. O registo de eliminações apresenta algumas curiosidades. Assim, fomos eliminados 2 vezes por FCP, Guimarães e Marítimo, 1 vez por SCP e Leixões (nas grandes penalidades) e 1 vez pelo Gondomar da 2ª B. Das 8 eliminações na prova a um só jogo, cedemos 2 vezes (FCP e Marítimo) depois de jogarmos primeiro em casa. O Guimarães neste período foi a única equipa a eliminar-nos 2 vezes em nossa casa. E foi em nossa casa que sofremos a maior humilhação da nossa história na prova, ao sermos eliminados pelo Gondomar da 2ª divisão B.

Na questão casa e fora, nestas 8 eliminações jogamos 6 vezes em casa, o que diz bem do que significa o actual Inferno da Luz para os nossos adversários: zero! Mas bom, temos um estádio novo (por pagar), cadeirinhas estofadas (para outros incendiarem), lojas de comida em todos os pisos, cobertura em todo o estádio (ao contrário dos “pobres” do Barcelona que só tem cobertura em menos de num terço do mesmo), etc. E todos nos elogiam ...

Para o Sr.º Vieira está tudo bem, “temos outras provas para ganhar”. Ou seja, a Liga dos Campeões, o Campeonato e a Taça que ninguém Liga, e por isso mesmo os árbitros parecem ter autorização para, de vez em quando, errar a nosso favor de forma grosseira.

Convenhamos que o Sr.º Vieira e a equipa que lhes escreve os discursos, sabem contornar o desânimo dos adeptos, de cada vez que perdemos uma competição. Porque há que alimentar a ilusão, a chama, o apego à equipa, pois há bilhetes e muito merchindising para vender, a Sporttv factura menos quando andamos cabisbaixos, etc, etc. E se não vendermos, o Benfica fica nas mãos dos Bancos a quem devemos mais de 240 milhões de euros de empréstimos.

É este o Benfica da refundação que falava há dias, o Dr.º Domingos Soares de Oliveira (que não mente pouco) em entrevista ao jornal do Benfica.

Sem querer ser mauzinho, o Benfica perdeu este jogo porque foi buscar um guarda-redes para agradar à comunicação social e a todos os que dentro do Benfica, acharam um erro tremendo gastar 8 milhões no Roberto quando tinham ali 60% do português Eduardo por 4 milhões. Se a estupidez futebolística fosse música, o Benfica tinha a melhor orquestra do campeonato, por larga margem!

Eduardo estava condenado a ser um fracasso no clube do seu coração. Porque a pressão de ganhar é superior à de Braga e Génova, e porque trazia de Itália (onde há maior cultura defensiva) uma média de golos sofridos de 1,4 golos por jogo! Roberto sofreu 0,92 e foi o que se sabe. Mas no Benfica ninguém pensa, porque quem paga os prejuízos é o dinheiro dos sócios ...

Claro que podíamos falar de arbitragens. Apesar de termos sido prendados com 1 penalty duvidoso (só pela televisão, porque no campo qualquer um marcava), voltamos a ser penalizados em 2 foras de jogo inexistentes (mn 31 e 59) e o adversário voltou a beneficiar do critério disciplinar “largo” aos mn 22 e 29, não levando 2 cartões amarelos! O truque de sempre que ajuda a aumentar os níveis de confiança do adversário. Quem ainda não sabe porque razão os nossos adversários metem mais o pé contra o Benfica do que contra o SCP e o FCP, depois de se gastarem 160 milhões de empréstimos bancários nas contratações de 10 épocas, ou é burro ou continua a brincar com o dinheiro dos sócios ....

Se estendermos a análise das questões de arbitragem às outras 9 eliminações, iríamos concluir que em pelo menos 5 (!) houve erros de arbitragem com influência directa no resultado: FCP (Carlos Xistra, 2ª mão, 2010/2011), Guimarães (Elmano Santos, 2009/2010), Leixões (Olegário Benquerença, 2008/2009), SCP (Jorge Sousa, 2007/2008) e novamente Guimarães (Jorge Sousa, 2005/2006)...