sábado, 25 de fevereiro de 2012

A verdadeira crónica das Antas | Leonor Pinhão | 24-10-2002

Arsenal, Benfica e Real Madrid perderam os seus jogos no último fim-de-semana. Coisas que acontecem nas melhores famílias. 

Como os adeptos do Arsenal e do Real Madrid suportaram as derrotas dos seus clubes é coisa que não interessa nada. Sobre a reacção dos adeptos do Benfica orgulhamo-nos de vos apresentar um documento único. Nem mais nem menos que uma gravação áudio dos comentários dum grupo de prosélitos do maior clube português enquanto assistiam, através da RTP, à transmissão em directo do jogo das Antas. 

A gravação reporta-se ao espaço medido entre o primeiro e o derradeiro apito do árbitro do encontro, o senhor Paulo Costa, do Porto. A transcrição dos comentários é fidedigna e não foi alvo de censura. A vossa atenção, portanto! 

— Quem é este tipo?
— É o Paulo Costa.
— Mas não é do Porto?
— Do Porto ou do F. C. Porto?
— Do Porto?
— É mas isso agora não tem importância nenhuma. Os melhores árbitros para os melhores jogos, é o que deve ser.
— Quem é este rapaz?
— É o Éder.
— Que ideia do Jesualdo de meter o Éder, que nunca jogou num jogo destes.
— Estamos em cima deles.
— Se o Éder ao menos soubesse centrar...
Ouvem-se aplausos.
— ...Golo, golo, mas que grande centro do Éder. O Tiago só teve mesmo de pentear a bola.
— Pentear a bola?
— É uma expressão que se usa.
— Mas que grande ideia do Jesualdo de lançar o Éder num jogo destes. É assim mesmo!
— O Porto andou atrás do Tiago mas o Veiga trouxe-o para a gente.
— Grande Veiga!
— Olhem-me só esta entrada do Costinha sobre o Simão.
— Nem falta nem amarelo.
— Está bem assim. É o critério do árbitro. Vai deixar jogar à bola com o mínimo de interrupções.
— O Jesualdo percebe imenso disto.
— Ena, que grande pantufada do Jorge Costa no Fehér.
— Nem falta nem amarelo.
— É uma arbitragem como no estrangeiro, em que os árbitros nem se vêem nem se ouvem.
— Eh pá, até parece o Colina.
— Chiça, mas o que é que o Petit fez agora para levar cartão amarelo?!
— O Costinha há bocado fez muito pior e nem sequer foi falta.
— Os árbitros também erram.
— Ah pois.
— Coitado do Fehér, está farto de levar.
— O Ricardo Rocha é o máximo.
— Mas não é defesa-esquerdo.
— Está bem, mas não se lembram do Marco Caneira na época passada?
— Não, não, não deixem esse tipo centrar...
— Olha-me só o Éder... Foi mesmo ao ângulo. 1-1, que chatice.
— Mas que ideia do Jesualdo de meter este tipo.
— Olha outra falta do Jorge Costa.
— Agora vai mesmo levar amarelo.
Ouvem-se aplausos.
— Um a um no marcador e um a um em cartões amarelos.
— Ah Petit que ias marcando...
— Ah Fehér que ias marcando.
— Só não marcou porque está politraumatizado da pancada que tem levado.
— Já podíamos ter isto resolvido.
— Isto sem o Zahovic é outra louça.
— Vai Simão, vai!
— Com um árbitro a sério o Jorge Costa ia já para a rua.
— Olhem, e vai mesmo.
Ouvem-se aplausos.
— O Simão está deitado no chão e a levar pontapés.
O Paulo Costa não vê nada.
— Estamos desgraçados!
— O quê? Desgraçados a jogar com mais um?!
— Sim, desgraçados.
— Nunca estamos satisfeitos.
— Não sejam naïves, o árbitro agora enquanto não expulsar dois jogadores do Benfica não descansa.
— Isso é mania da perseguição.
— O que é naïves?
— É totós.
— Olha a tribuna presidencial tão bem composta.
— Olha o Bibi atrás do Pinto da Costa. E ao lado está o professor Paulo Barbosa.
— É professor de quê?
— Afinal quem é o Bibi?
— É aquele senhor que interrompeu um treino da nossa equipa de futebol para dar um recado ao Roger.
— Agora está zangado com o Vilarinho e com o Vieira...
— Por causa do Pedro Miguel?
— Que disparate! Por causa dos empresários.
— O que é que aconteceu ao Pedro Miguel?
— Foi despedido pelo filho do Bibi que é vice-presidente do Benfica.
— O Pedro Miguel é do Veiga ou do Paulo Barbosa?
— É do basquetebol.
— Porque é que estão a falar de basquetebol numa altura destas? Vais ser livre contra o Benfica e falta um minuto para o intervalo.
— Olha, foi à trave.
— De qualquer maneira, o Moreira estava lá.
— Tudo para as cabinas!
— Como é que acham que vamos jogar na segunda parte?
— Eu tirava o Éder, que deve estar abananado, e o Petit, que já tem um amarelo.
— E metias quem?
— Como é central metia o Hélder a defesa-direito e punha o Ednilson no meio.
— Isso é mariquice. Só temos um amarelo, o Benfica está a jogar bem e a controlar o jogo, temos um a mais. Eu só tirava o Drulovic e metia o Mantorras.
— O que é que está ali a fazer o Miguel?
— Qual Miguel?
— O nosso Miguel.
— Quem?
O Miguel, caramba!
— É porque defende bem. Contra o Moreirense entrou e defendeu muito bem.
— Mas vamos jogar à defesa?
— Vamos jogar em contenção a ver o que dá.
— Quem é que terá dado o apito ao Paulo Costa? O homem não pára de apitar.
— O Deco parece o João Pinto a atirar-se para o chão.
— Olha o Tiago a passar por eles todos...
Ouvem-se aplausos.
— ...como é que me falhou um golo destes?!
— O Porto não joga nada. Se não fosse o proteccionismo do árbitro...
— Disseste «proteccionismo»?
— Sim. Parece-te exagerado?
— Não sei o que me parece.
— Pronto, lá vai o Éder levar um amarelo.
— Agora é que era de o tirar e adaptar o Hélder a defesa-direito.
— Estamos com um a mais e parece que estamos com um a menos.
— Nós temos um a mais mas eles têm o Paulo Costa. As coisas até estão desequilibradas.
— Isso é facciosismo.
— Mas que grande defesa do Moreira.
— É como eu digo, não é por causa do guarda-redes que o Benfica não chegou aqui com 18 pontinhos.
— Mas que desarme limpinho do Petit!
— Limpinho na tua opinião, o Paulo Costa marcou falta contra o Benfica.
— Isto está a ser científico.
— Olha, o Deco tropeçou sozinho, está mesmo em má forma.
— Sozinho na tua opinião. Acaba de ser marcada a 79.ª falta contra o Benfica.
— Três cartões amarelos para jogadores do Benfica em dois minutos.
— Olha, lá se atirou o Deco outra vez para o chão.
— E lá vai o Éder para a rua!
— Pronto, o árbitro já pode descansar.
— Isso é o que tu julgas.
O Moreira está mal colocado.
— Um autogolo, uma frangalhada, um Paulo Costa, é de mais.
O Moreira não é guarda-redes para o Benfica.
— Mas com o Moreirense safou-nos.
— Sofremos o segundo golo duma falta que não existiu e ficámos sem um jogador.
— Eu sempre disse que esse Durão Barroso não mandava nada.
— A culpa é do Roger.
— Quando o Roger saiu estava 1-1.
— Agora foi o João Manuel Pinto que levou um amarelo.
— Não há amarelos para os jogadores do Porto?
— Só depois de mais um jogador do Benfica ser expulso.
O Miguel levou amarelo.
— Mas está a jogar?
— Não, está a falar.
— E agora levou vermelho.
— Eu não disse?
— Nem contra nove o Porto joga alguma coisa.
— Amarelo para o Simão.
— Isto não acaba?
— Pelas minhas contas o Paulo Costa vai dar um cartão amarelo a um jogador do Porto nos próximos dois minutos.
— Vamos todos contar em coro os segundos?
— 1, 2, 3, 4 ... 117, 118, 119, 120 segundos...
— ... e amarelo para o Costinha! Bestial!
Ouvem-se aplausos.
— Isto é mais do que científico! Só falta mesmo o fogo-de-artifício na Ribeira!
— O Mantorras devia ter entrado mais cedo.
— Se tivesse entrado mais cedo a esta hora já estava na rua.
— Antigamente podia-se vetar árbitros.
— Mas temos de viver do presente. E ainda hoje ganhámos por 11-0 em futsal a uma equipa de que não me consigo lembrar do nome.
Ouvem-se aplausos.
— A falta que faz o Zahovic!
— Lá se atirou outra vez o Deco para o chão.
— Mas agora o Paulo Costa não foi na fita. Ah, grande Colina!
— Também só faltam dois minutos para o fim do jogo.
— Quanto tempo de compensação é que acham que vai haver?
— Se o jogo estivesse empatado para aí uns 9 minutos, estando o Porto a ganhar para aí uns 3 minutos.
— Não, o Paulo Costa não tem lata de dar 3 minutos. Vai dar 5 minutos!
— Vai dar 4 minutos. Quatro minutos é que é fino!
— Quem é que vota em 4 minutos?
Ouvem-se muitas vozes: «Eu!», «eu!», «eu!»
— Lá está a placa com o tempo...
— Quatro minutos!
Ouvem-se aplausos.
— Acho uma grande injustiça se os jornais amanhã disserem que foi o Deco que levou o Porto ao colo.
— Acabou.
— Vamos mas é dar uma grande salva de palmas à nossa equipa de futsal e ao seu treinador, senhor Alípio Matos, que deu 11-0 hoje à tarde. E marcámos 7 golos em 11 minutos!
Ouvem-se aplausos e barulho de cadeiras a arrastar no chão.
Fim da gravação.

Leonor Pinhão in "A Bola" 24.10.2002 

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Xistrados

Portugal, 21 de Fevereiro de 2012

Comecei o último texto aqui publicado da seguinte maneira: “nos últimos tempos temos lido diversas coisas bastante favoráveis ao nosso Glorioso clube. Ora são os mais de 230 mil sócios que constitui recorde mundial de afecto clubístico, ora são os mais de 1 milhão de adeptos ligados no Facebook ao clube, ora são as receitas que nos colocam no 21º lugar mundial (e melhor clube português), ora é o Sr.º Vieira que tem excelente capacidade negocial, ora é a nossa equipa que pratica o melhor futebol da Liga, enfim, são tantas coisas boas que não sei bem porque estou com medo à arbitragem de Carlos Xistra no jogo de mais logo”.

Parecia que estava a adivinhar ...

Já hoje tive uma conversa interessante com um consócio e amigo benfiquista, onde ele defendeu que não nos podemos justificar com Carlos Xistra, porque também jogamos mal, porque quase tudo saiu mal, porque cometemos erros, etc. Ao contrário de mim, que defendo que com outro árbitro, os erros próprios poderiam não impedir um resultado positivo (é essa a minha convicção).

Cito este exemplo de uma pessoa que sente e sofre pelo Benfica, se calhar, mais do que eu, porque é nesta sua reacção, sincera e genuína, que tem estado um dos maiores problemas do Benfica. Quando perdemos, damos sempre uma enorme volta na análise para concluir que os erros próprios se sobrepõem – salvo raras excepções - aos erros do árbitro. É assim há mais de 20 anos.

Raramente conseguimos ligar o tipo de arbitragem, com o tipo de exibição. Porque raramente conseguimos perceber que um árbitro não condiciona apenas nos cartões que mostra ou não mostra, nas grandes penalidades que marca ou não marca. Mas também no número, tipo e local das faltas que assinala, ou não assinala. E muitas delas são “invisíveis” ou porque se situam no meio campo, ou porque nos apercebemos que “ali” devia ter sido assinalada falta, mas “além” não, e o árbitro consegue fazer precisamente o invés, dependendo da equipa que quer beneficiar. Ou prejudicar.

A análise da estatística nem sempre ajuda a ver este problema. De acordo com a LPFP, Xistra assinalou 16 faltas contra o Benfica (teremos feito todas estas faltas?) e 13 contra o Guimarães (terão feito “apenas” este numero de faltas?). Assinalou 12 cantos a favor do Benfica e 2 a favor do Guimarães. Terá interrompido algumas jogadas resultantes do canto por suposta falta do Benfica, prejudicando o nosso movimento ofensivo? Sim? Não? A estatística não diz.

A falta assinalada contra o Benfica e que deu golo (cá está a pergunta: teremos feito todas as que foram assinaladas?), noutros países e até nas provas europeias, raramente é marcada. Se nem assim conseguimos ver como um lance “inocente” pode ser “fabricado” e dar um mau resultado, então é melhor desistir de falar de árbitros e arbitragens.

Depois podemos passar à parte dos erros próprios. Aqui convém salientar que o Benfica pode perder como qualquer outra equipa, logo por cada derrota existirão sempre erros próprios. Mais ou menos. Mas existirão sempre. E se nós quisermos, podemos falar sempre deles e não das más decisões do árbitro, quando existam. O que dá jeito a quem quer estas arbitragens de manual.

Neste capítulo saliento a adopção da táctica preferida dos adeptos dos “15 mn à Benfica”, ou seja, o 4-4-2 em losango, com 2 médios ala, 1 playmaker, 2 avançados mais ou menos móveis, ou seja 5 jogadores de propensão ofensiva que geram dinâmicas de jogo atacantes, mas desequilibradas defensivamente.

Há muito que me manifesto contra esta táctica porque comporta riscos defensivos que são aproveitados pelos árbitros (e voltaram a ser no lance que resultou no golo). Mais a mais quando temos o nosso trinco de eleição Javi, lesionado, quando temos de jogar no terreno de um adversário de qualidade e para o seu lugar entra Matic que já vimos não ser um trinco, pois não é fácil ter mobilidade e capacidade de choque com 1,96m de altura. Fora o resto, como capacidade de leitura ou organização de jogo, etc.

Jesus disse que teríamos que ser perfeitos, mas escolheu a táctica imperfeita. Com os jogadores disponíveis, deveríamos ter jogado em 4-2-3-1 com Witsel no lugar de Rodrigo. Teríamos outro posicionamento defensivo, não daríamos tanta margem de erro ao árbitro, provocaríamos o adiantamento do Guimarães no terreno para gerar espaços na sua retaguarda. Daria para ganhar? É minha convicção que dava para não perder. Mesmo com Xistra ...

Árbitro ou erros próprios? 60% árbitro, 40% erros próprios... 3ª derrota consecutiva com arbitragem de Xistra ...

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Chito, Xistro, Xistra, Xistrados?

Portugal, 20 de Fevereiro de 2012

Nos últimos tempos temos lido diversas coisas bastante favoráveis ao nosso Glorioso clube. Ora são os mais de 230 mil sócios que constitui recorde mundial de afecto clubístico, ora são os mais de 1 milhão de adeptos ligados no Facebook ao clube, ora são as receitas que nos colocam no 21º lugar mundial (e melhor clube português), ora é o Sr.º Vieira que tem excelente capacidade negocial, ora é a nossa equipa que pratica o melhor futebol da Liga, enfim, são tantas coisas boas que não sei bem porque estou com medo à arbitragem de Carlos Xistra no jogo de mais logo.

Este medo, compartilhado com tantos e tantos benfiquistas, é bem o sinal que a “bota” da grandeza não bate com a “perdigota” do respeito que nos é devido por toda a máquina que organiza as competições futebolísticas. Como é que um só homem pode por tudo isto em causa, como já pôs noutros jogos?

Uma equipa de arbitragem pode de facto dar pontos (e títulos), como os pode tirar, dependendo da habilidade para aplicar o manual de arbitragem em conjugação com a valia do adversário do Benfica. Eu diria que há uma equação matemática em cada jogo do Benfica, de expressão simples: Benfica> (Adversário + Árbitro).

Infelizmente nem sempre o Benfica consegue ser superior a estes dois adversários, o que é lógico, pois todas as equipas do Mundo têm os seus momentos menos bons (veja-se o Barcelona) e nesses jogos menos bons, se o árbitro der um “empurrão” ao adversário, este pode tirar-nos pontos. Dependendo da valia do adversário, nem será preciso um momento menos bom do Benfica para perdermos pontos, basta que o árbitro empurre o adversário para cima do Benfica, e pode ter “sorte”.

Em matéria de interpretação das leis de jogo, Xistra tal como Benquerença, está ao nível dos famigerados, António Costa, Francisco Silva, José Guímaro e mais recentemente Paulo Costa, Jorge Sousa, Soares Dias, etc. Ou seja, a um péssimo nível no que respeita ao Benfica.

Como é que um árbitro, neste caso Carlos Xistra, pode alterar a verdade desportiva de um jogo? Socorro-me do Benfica 3 – Estrela da Amadora 1, época 2006/2007. Num lance em que é mal assinalado fora de jogo a Nuno Gomes, este dá para Miccoli que acto contínuo remata para o golo. O árbitro mostra-lhe amarelo por conduta anti desportiva (2 benefícios para o adversário, numa só jogada). Depois, quando Miccoli é “atropelado” por um adversário, o simples facto de Miccoli ter “crescido” para o adversário, pela brutalidade da entrada, foi o suficiente para lhe mostrar o 2º amarelo e expulsão, o que permitiu que não jogasse contra o FCP na jornada seguinte (derrota por 3-2 aos 92 mn).

Se atentarmos no Braga 2 – Benfica 1 da época passada, que interrompeu um conjunto de 18 vitórias consecutivas (entre as quais na Alemanha e em casa do FCP na 1ª mão das meias finais da Taça de Portugal), Xistra conseguiu expulsar Javi Garcia num lance em que ele é que sofreu falta de Alan (cotovelo à frente) e que Xistra pela posição dos 2 jogadores, não viu (nem ele nem o árbitro assistente que assinalou a falta). Teve tanta “sorte” com a decisão de marcar contra o Benfica, que do livre inexistente resultou o empate do Braga, que a comunicação social preferiu atribuir a erro do Roberto (golo igual ao sofrido por Quim no ano anterior). Durante o jogo não teve igual critério disciplinar com as duas equipas, com prejuízo para o Benfica que estava a jogar com 10. Mais tarde não viu Airton ser carregado pelas costas e projectado para fora das 4 linhas, dando lançamento de linha lateral ao Braga (percebendo o adiantamento da nossa equipa)). Desse lançamento nasceu o 2º golo do Braga, um golão por acaso. Mas que resulta de mais um erro de Xistra contra nós.

Como o Benfica tem um Presidente que preferiu acusar a Câmara de Braga de sermos mal recebidos, apesar do estádio do Braga ter gestão da SAD do Braga, e preferiu fazer de conta que o árbitro não teve influência no resultado (tal como não falara para proteger Miccoli anos antes), o sistema fez o habitual cozinhado de nomeações de modo a que só estivessem disponíveis Benquerença e Xistra para o jogo da 2ª mão da Taça com o FCP.

Mais uma vez, a inépcia da Direcção não conseguiu perceber o que se estava a preparar. E o Benfica foi eliminado da Taça, com tantos erros de decisão sempre em desfavor do Benfica (excepto o penalty duvidoso quando perdíamos 3-0 e faltavam 5 mn para terminar o jogo), dos quais saliento o primeiro: Sapunaru agarra Saviola que estava isolado, fora da área, mas enquadrado com a baliza: livre directo e expulsão. Pois Xistra nada assinalou e com 0-0 foi o momento de viragem do jogo. Os jogadores do FCP perceberam até onde podiam ir ...

É neste contexto que uma vez mais, num campo difícil, temos Xistra a “arbitrar”. A nossa equipa tem 89% de pontos conquistados até agora e é normal que um dia venha a perder pontos. Se o árbitro quiser, pode ser já hoje ...

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Champions no congelador

Portugal, 18 de Fevereiro de 2012

O Benfica perdeu o jogo da 1ª mão com o Zenit e ao contrário do que a generalidade da comunicação social afirmou, bem como alguns analistas da Benfica TV, não foi um bom resultado para nós. Bom resultado teria sido ganhar. O empate com golos seria um resultado positivo.

A derrota foi pois um resultado negativo. Porque o adversário vem a nossa casa dependendo de si próprio, já que é mais fácil destruir, do que construir jogo. Eles podem destruir porque o empate serve, nós temos de construir para tentar marcar o golo que precisamos para os eliminar. Não será fácil.

Um dos factores que vai pender para o Zenit foi ter ganho este jogo disputado em condições extremas e que os favoreceram embora, erradamente, Jesus antes do jogo tenha feito questão de dizer que estávamos preparados mentalmente para as condições do jogo. Depois do jogo teve de se desdizer. Também se passou a ideia que o Benfica estava mais preocupado com o frio do que com o Zenit, outro erro de abordagem ao jogo.

Esta forma de abordar o jogo desconsiderou o valor do adversário, que é um bom adversário. Eliminou o FCP com 3-1 na Rússia e 0-0 fora. E mesmo que a nossa rivalidade sugira que esse FCP estava em baixo, isso não pode desvalorizar o Zenit porque nunca é fácil jogar contra uma equipa mais experimentada nesta prova. Ora o Zenit tem menos participações do que nós na fase de grupos da Champions, com este modelo competitivo em que participam clubes não campeões, e talvez tenha passado apenas 1 vez aos oitavos de final (2 com esta, tal como nós!).

Como se poderá concluir, é uma equipa com um pouco menos experiência do que o Benfica, mas que ainda assim eliminou o FCP que tem muito mais presenças, logo está mais habituado a lidar com a pressão própria da competição. Por isso o Zenit teve muito mérito.

Dada a temperatura que se previa para o dia do jogo, - 15 ºC, previa-se que este se definisse nos pormenores. E se a habituação pendia para o Zenit, por ter mais rotinas de jogo nessas condições de jogo, do nosso lado impunha-se fazer apelo à concentração e ao rigor táctico. Ora não me parece que isso pudesse ter sido conseguido fazendo os apelos que foram feitos.

Os que têm a paciência de me ler ao longo dos meses, percebem que tenho uma especial tendência para evocar pormenores, e faço particular ênfase no discurso do treinador porque funciona como orientador para a atitude dos jogadores. Houve momentos em que o Zenit foi superior no colectivo, do que nós, e a minha explicação não passa exclusivamente pelo frio mas sim por alguma desconcentração da nossa parte. Fruto do discurso prévio do treinador? Não sei, mas dou-lhe alguma quota de responsabilidade.

Se atentarmos nos golos 1 e 2 do Zenit percebemos que o colectivo deles funcionou na maravilha, pois com 4 jogadores na área contra 6 nossos, e jogando ao primeiro toque (o que não dá hipóteses à defesa) conseguiram o objectivo. Nós para marcarmos o 2º golo tínhamos 5 jogadores na área para 6 deles. Não só se conclui que eles tiveram boa organização de jogo associada a uma elevada qualidade dos seus jogadores (Zenit tem orçamento superior ao nosso seguramente), como se pode especular sobre a forma de jogar de cada uma das equipas: nós metemos sempre muitos (demasiados?) jogadores na área adversária, enquanto eles conseguem marcar golos com menos jogadores, logo com menos propensão ofensiva.

Isto não acontece por acaso e há anos que me tenho batido contra essa mania dos “15 mn à Benfica” que tantos maus resultados (nestas provas mais difíceis) nos tem trazido. Maus resultados não porque os jogadores ou treinadores sejam maus, mas porque esse sistema de jogo de pressão alta, está ultrapassado e raramente é utilizado (excepção talvez ao Chelsea-Inter de há 2 épocas atrás).

A 2ª mão com o Zenit vai ser um jogo difícil, por culta da derrota na 1ª mão. Para eliminarmos esta equipa teremos de jogar muito bem, com paciência, sem ansiedade, com uma táctica equilibrada entre sectores pelo que a minha favorita seria o 4-2-3-1, e com a noção clara que teremos de ser muito rápidos nas transições ofensivas. Espera-se um público também paciente, a parte mais difícil ...

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Cinco e mais do mesmo

Portugal, 11 de Fevereiro de 2012

O tema está algo ultrapassado mas creio valer a pena registar mais uns apontamentos sobre os 5 pontos de avanço que o Benfica conquistou sobre o 2º classificado, na última jornada da Liga.

Surpreendentemente, para os que defenderam que o Benfica tinha perdido 2 pontos em Barcelos, o FCP perdeu 3 pontos com este mesmo adversário. Sinal que continuam a não perceber as coisas do futebol, estes “opinion makers” ou “fazedores de opinião”, em particular os benfiquistas que escrevem no jornal Benfica e alguns outros ocs nacionais. Para isso bastou que o árbitro não decidisse de acordo com o manual, um conjunto de 3 lances (2 grandes penalidades e um fora de jogo no lance que precedeu o penalty do 2-0). Note-se que as grandes penalidades não foram consensuais entre o painel de ex-árbitros do JOGO pelo que não se deve especular com o árbitro. Mas sim com o manual...

Com 5 pontos à maior, a tarefa do Benfica ficou apenas mais aliviada da pressão semanal, mas não ficou mais facilitada. Os obstáculos continuarão a ser enormes. E as arbitragens continuarão a ser a arma principal deste “sistema” que não desistiu de oferecer o título ao FCP.

Registo os seguintes exemplos. No jogo Marítimo – Braga, o árbitro entendeu expulsar um defesa do Marítimo que jogou a bola com a mão, apesar de ser muito discutível se havia situação de golo eminente, já que Lima seguia pelo lado direito do seu ataque e não em posição frontal, para além de que havia defesas do Marítimo em posição de atacar a bola. O jogo estava 1-1. Com mais uma unidade em campo (e jogando bem, note-se), o Braga acabou por marcar o 2-1. Quando se pensava que o jogo estava arrumado, o Marítimo “acordou”. E o árbitro teve de “actuar”, primeiro não assinalando uma falta de Miguel Lopes sobre Roberge (pé alto com derrube) o que proporcionava um cruzamento para a área e uma possível situação de remate (situações a evitar de acordo com o manual) e depois, no fim das compensações, não vendo uma carga de Leandro Salino que perdeu na corrida e encostou ombro nas costas do avançado do Marítimo, dentro da área! Lance que seria grande penalidade na área do Marítimo...

Como este árbitro fez uma “boa” arbitragem, foi nomeado para o SCP - Gil Vicente onde, por razões que não sei explicar, não assinalou 1 penalty a favor do SCP com 0-0 (falta sobre Matias Fernandez), mas assinalou depois um penalty duvidoso (a posição do Onyewu em relação à grande área deixa dúvidas) contra o SCP com correcta expulsão. Teve pois interferência na eliminação do SCP ...

Porque estou aqui a dar estes exemplos, sendo que depois disto já vimos o SCP ser levado ao colo para a final da Taça, pelo Sr.º Pedro Proença?
Pela simples razão que este árbitro chamado Bruno Esteves de Setúbal, já tinha apitado o Benfica - Paços de Ferreira. E se bem estão recordados, quando o Benfica ganhava 2-0, ao mn 42 não conseguiu ver Aimar ser “atropelado” por um defesa, estando Aimar em situação frontal à baliza e bem dentro da grande área! Penalty e expulsão por assinalar. Não tendo qualquer tipo de complexos por estar a actuar na própria casa do Benfica, quando pôde assinalou penalty contra o Benfica por suposta rasteira de Luisão, um penalty aceitável no limite da tentativa de rasteira, que deu o 2-1 e alguma indefinição no resultado, que nos havia de ser favorável por 4-1.

Quem não sabe o que é o manual de arbitrar tem aqui sobejos exemplos: o árbitro não se engana a favor da equipa que está determinado a prejudicar, nem que seja num lançamento de linha lateral, o árbitro decide casos difíceis de acordo com as regras de favorecimento e não de acordo com as regras do jogo, o árbitro varia de critério de jogo para jogo consoante a equipa que quer beneficiar ou prejudicar, sem olhar para as leis de jogo mas para o estatuto das equipas dentro deste "sistema". Isto é, marca-se penalty e expulsam-se jogadores quando se tem interesse em favorecer ou prejudicar uma das 2 equipas, e não quando os lances são enquadráveis com esse tipo de decisões, pelas Leis de jogo.

No final de cada um destes jogos, a comunicação social passou ao lado e referiu que o Braga jogou bem, que o SCP jogou mal e que o Benfica teve sorte ...
Não podemos pensar em facilidades até ao fim do campeonato...