quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Desigual



Portugal, 26 de Fevereiro de 2013



Depois da última jornada da Liga de Futebol, parece-me que ficou evidente como esta é uma competição desigual, onde o Benfica tem de jogar muito mais para ser superior aos adversários, enquanto o FCP não. Vamos a factos.


No jogo contra o Nacional, com 1-1, um defesa cortou uma bola com o braço, estando o árbitro assistente bem posicionado. No jogo contra a Académica, aos 48 mn e com 0-0 no marcador, dois defesas adversários embrulham-se num cruzamento, levantando um deles o braço à altura superior à da cabeça, braço que contactou – fora do seu movimento normal - com a bola. Em nenhum dos casos, os árbitros incluindo assistentes, assinalaram grande penalidade.


No FCP – Rio Ave, com 0-1 no marcador, um remate desferido a pouca distância (2 ou 3 metros) foi cortado com o braço de um defesa do Rio Ave. Grande penalidade assinalada de pronto.


Instantes cruciais das partidas, situação de empate ou derrota que podem ser transformadas em situação de vitória ou de empate, mas curiosamente, só o FCP é que beneficia do critério dos árbitros. Desigualdade.


Mas se repararmos nos penaltys sofridos por Benfica e FCP, e reportando-nos a todo o campeonato, verificamos que também neste parâmetro há desigualdade. Enquanto Carlos Xistra e Vasco Santos não conseguiram ver remates cortados dentro da grande área do FCP, pelos braços e mãos de Alex Sandro, contra Braga e Moreirense, com 0-0 em ambas as situações, por mera coincidência (seguramente) o mesmo Carlos Xistra conseguiu ver duas grandes penalidades contra o Benfica em Coimbra, em que numa delas Maxi contacta o avançado fora do limite da grande área e noutra Garay corta uma bola antes de contactar com o avançado. E assim, com estes critérios desiguais, o Benfica sofreu 2 golos de grande penalidade (e perdeu 2 pontos) e o FCP nenhum. Quem não sabe de onde vem a melhor defesa e a boa pontuação do FCP, tem de estar mais atento.


A desigualdade continua também noutras áreas laterais ao futebol, como seja na comunicação social. Assim, vemos jornalistas com algum sentido de missão, perguntar diligentemente ao treinador e presidente do FCP, o que têm a dizer sobre a grande penalidade que deu a vitória ao Benfica contra a Académica. Mas quando se trata de sabermos o que acham Jesus e Vieira sobre os penaltys que foram assinalados a favor do FCP contra o Olhanense, com 1-1, e Rio Ave com 0-1 por duas vezes, os mesmos jornalistas esquecem-se de perguntar. Estamos a falar daqueles que depois classificam os lances e falam dos erros dos árbitros nos jogos. Que envolvem Benfica e FCP também. Será de esperar alguma imparcialidade, ou a mesma desigualdade de critérios?


Por último, e porque esta luta de Jesus e seus bravos jogadores é totalmente desigual (não é por acaso que as estatísticas de títulos ganhos pelo FCP cresceram vertiginosamente depois da Liga do Porto organizar as provas e, mais recentemente, Fernando Gomes ser eleito presidente da Liga primeiro, e FPF depois), temos também, enorme desigualdade de atitudes nos dois presidentes dos clubes. Assim enquanto o presidente do FCP fala e volta a falar de arbitragens, mesmo que há tempos tenha dito que “só fala de árbitros quem é parvo ou estúpido”, o presidente do Benfica saiu da hibernação em que estava mergulhado nestes dias que quase toda a gente falou de penaltys, excepto ele, para vir dizer aos sócios que têm de emprestar mais 80 milhões. É que o milagre económico está com umas certas dificuldades em “arrancar” e ao fim de 12 anos a divida bancária continua a crescer, cerceando a liberdade futura do Benfica e de quem vier a pegar nele, mais o património que resta do clube que fica comprometido às entidades bancárias que cobrem os prejuízos desta gestão ruinosa. A Benfica Estádio SA já se foi, falta o Centro de Estágio do Seixal.


A Vieira só faltou dizer que “tivemos cá um aldrabão e ainda hoje estamos a pagar a factura”. Se calhar esse papel vai para o agora promovido a expert de economia e finanças, Pragal Colaço.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Ecos de Leverkusen



Portugal, 21 de Fevereiro de 2013



Já é mais logo que vamos disputar o jogo mais importante da época até ao momento. Foi apenas há 8 dias que conseguimos, pela 2ª vez na nossa história, vencer em casa de equipas alemãs. Com Jesus ao leme mas também pela 2ª vez, com golos de Cardozo, que não é uma espécie de “mal amado”. É apenas um jogador criticado pela ignorância em que o Benfica mergulhou nos últimos anos de “boom” mediático, onde pseudo analistas desportivos fazem que percebem do assunto e influenciam a opinião de grande parte dos incautos adeptos do Benfica.


Esta crónica também se podia intitular “sem Portoença, que grande diferença” para ligar essa grande vitória, num palco difícil mas com árbitro estrangeiro, ao empate que 5 dias antes nos tinha sido imposto por um árbitro useiro e vezeiro num palco de muito menor grau de dificuldade. 


Voltando ao jogo da 1ª mão, recordo que jogamos num sistema de jogo baseado no 4-2-3-1, ou seja, caracterizado por envolver apenas um avançado (desta vez jogou Cardozo, que tem mais sentido posicional), caracterizado por processos de jogo mais eficazes nas transições rápidas e também por ser mais proactivo defensivamente.


Se repararam bem, foi precisamente nesse sistema de jogo que ganhamos em Braga 2-1, e em Paços de Ferreira 2-0 na 1ª mão da meia-final da Taça de Portugal, embora nestes dois jogos o avançado eleito tenha sido Lima, que é mais móvel do que posicional. Mas a eficácia dos processos, quer defensivos quer ofensivos, esteve bem associada a esses bons resultados. Adiante.

Nesse jogo de Leverkusen foi também perceptível aos pseudo analistas da praça, algum tipo de critica ou comentário negativo, ao facto de Cardozo estar muito só e de o jogo não lhe chegar. Discordo. Isso não foi um erro do modelo de jogo, isso é uma consequência. E como tal não pode condicionar a apreciação da exibição da equipa. Só o resultado final pode. Como ganhamos, acho que não se deve perder tempo a debater se o Cardozo (ou outro) deve jogar acompanhado ou não. Ou se está muito só, ou pouco só.


Tenho para mim que jogando com 2 avançados de área, no habitual sistema de 4-4-2 em losango (ou no clássico, que ainda traz piores resultados), teríamos perdido de certeza, como perdemos com Eusébios e C.ª nos anos 60 até Jesus ter alterado essa ordem táctica. E recordo também a fase de grupos da Champions de há 2 anos (Shalke04, Lyon e Hapoel Telaviv), em que jogamos fora de casa sistematicamente no 4-4-2 em losango, e para além de não marcarmos qualquer golo fora de casa (é obra!) ainda sofremos 7! Sublinho que nessa altura Aimar dominava a posição 8, Cardozo e Saviola eram os avançados de área.


E hoje como será? Hoje será seguramente um jogo ainda mais difícil, ao contrário do que a maior parte dos títulos da comunicação social quer fazer crer. Porquê mais difícil, se trazemos vantagem de 1-0 da 1ª mão? Eu acho que é mais difícil porque se nos agarrarmos ao 4-4-2 em losango (ou outro equivalente), corremos sérios riscos de sermos eliminados. Ou seja, se nos agarrarmos à forma habitual de pensar o jogo, podemos ser eliminados. O difícil será então contrariarmos o nosso ADN e voltarmos a jogar apenas com 1 ponta de lança e com mais “músculo” no meio campo (o regresso de Matic pode ser um ponto a nosso favor). Porque é no meio campo que temos de “filtrar” o jogo deles e articular bem as transições defesa/ataque, de modo a podermos concretizar um golo primeiro do que eles.


Não tenho esta eliminatória como adquirida, apenas porque ganhamos o 1º jogo. O Bayer de Leverkusen, à semelhança da maior parte das equipas alemãs, joga melhor em terreno adversário do que em casa. Isto não está desligado de, as equipas que jogam em casa, serem mais atrevidas no ataque e pagarem o “preço” nas aberturas defensivas que deixam livre, no último terço do campo.


Terá sido neste enquadramento táctico que o Leverkusen venceu em casa do Bayern de Munique? Tal como o Bayern de Munique ganhou em casa do Arsenal? 


Oxalá isso não aconteça hoje!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Limão, Lima



Portugal, 20 de Fevereiro de 2013



Razões profissionais só hoje me permitem abordar o difícil triunfo frente à Académica e suas múltiplas implicações desportivas e mediáticas.


Desde logo, palpitou-me que iríamos ter dificuldades nesse jogo porque havia a homenagem ao Luisão. Tal como no caso da homenagem aos 100 golos do Cardozo no campeonato, que também originou uma vitória difícil, parece que os jogadores levam a festividade para o decurso do jogo, perdendo eficácia e concentração.


Havia também o facto da Académica, detentora do troféu, ter sido goleada em casa para a Taça de Portugal e querer rectificar essa exibição, pois tem bons executantes e um treinador que por mais sério que possa ser, sabe que ganha duplamente se conseguir tirar pontos ao Benfica. 


Sobre as dificuldades do jogo, não vou pelo lado do anti - jogo que alguns jogadores da Académica praticaram em alguns momentos do jogo, nem vou na táctica demasiado fechada da equipa. Vou mais pela tal festividade antes do jogo, que retirou concentração e eficácia aos nossos jogadores e vou também pela evidência que Lima, o tal “Lima para aqui, Lima para ali” da comunicação social avençada que leva os adeptos do Benfica a verem ali um novo “Mantorras” (embora com mais golos marcados), confirma que não é jogador para o 4-4-2 em losango e deste ponto de vista não veio resolver problema algum. Nem ele, nem Rodrigo, actuando juntos (com Cardozo ou Kardec será diferente). Claro que também adiciono a falta de inspiração do Sálvio de quem se espera, neste tipo de jogos, que faça uso da sua velocidade e técnica, para abrir as “fechaduras” defensivas.


Enquanto nós nos apresentamos no esquema habitual do 4-4-2 losango, embora com “nuances” determinadas pelas movimentações características dos jogadores escolhidos para cada posição, a Académica apresentou-se com um esquema de jogo com 1 ponta de lança móvel e 5 médios a toda a largura do campo, mais os 4 defesas. 4-5-1? Está bom de ver que a superioridade numérica da Académica era o factor que impedia os nossos jogadores de correr, triangular ou rematar no último terço do campo, tanta era a gente presente na área onde a bola estava jogável. 


Isto é, impedia porque a tal qualidade que a comunicação social avençada tem propagandeado em particular dos tais jogadores que foram contratados para resolver problemas financeiros de outros clubes, essa qualidade não aparecia. As poucas oportunidades que foram criadas em transições rápidas eram sistematicamente esbanjadas por indefinições dos jogadores. Ou por deficiente conclusão individual, tendo aqui realce Lima que, à sua conta, desperdiçou uma mão cheia de remates e oportunidades. Fora as vezes que não estava na grande área porque descaía para os flancos (a entrada de Kardec foi providencial neste aspecto porque ganhamos um jogador posicional que acabou por ser determinante ao assistir Gaitán no lance do penalty).


Bom, antes que me ataquem por questões políticas, também devo sublinhar que o seu gesto de pegar na bola para marcar o penalty, foi de craque e salvou a sua (nossa) noite. Ou seja, esteve azedo no tempo quase todo (limão) e acabou agridoce (lima) salvando os 3 pontos num penalty marcado com coragem, em cima do final do jogo.  


O penalty foi bem assinalado, apesar de existirem perspectivas do lance (que o árbitro não teve), mostrando Gaitán a agarrar a camisola do defesa. Mas agarrar não é motivo de falta, só por si. Gaitán não impediu o defesa da Académica de defender, mas o agarrão do defesa da Académica impediu Gaitán de rematar e quem sabe, marcar golo. Portanto há uma conduta faltosa do defesa e a lei 12 pune a imprudência e o excesso de combatividade. Apenas faltou experiência ao árbitro para expulsar, em coerência, o defesa.


Obviamente que tenho duas palavras para marcar a já habitual reacção da comunicação social avençada. Uma, não me surpreende e só quem anda distraído não percebeu como eles tentam sempre arranjar justificação para os erros dos árbitros, quando somos prejudicados. Assim como na inversa, tentam arranjar explicações para os erros dos árbitros que beneficiam o FCP. Duas, isto acontece porque a Olivedesportos com a sua influência no comércio da publicidade, interfere com a gestão dos “mídia”. Se algum jornalista pisar o risco, isto é publicar uma noticia menos positiva para esta lógica do “sistema”, é certo e sabido que o Sr.º Joaquim lá do seu “Olimpo” económico e político, pode telefonar ao patrão do jornal a sugerir que tem X milhares de euros em publicidade para investir mas se o jornalista A ou B não se “acomodar”, ele leva essa publicidade para a concorrência. Por exemplo...

E é por esta lógica que não iremos ver jornalistas perguntarem a Jesus ou ao desaparecido Vieira, “o que acharam do penalty marcado contra o Olhanense e a favor do FCP”.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Pedro Portoença



Portugal, 13 de Fevereiro de 2013

Hoje ainda se faz eco da arbitragem no empate do Benfica em casa do Nacional da Madeira, o que diz bem do interesse que o assunto tem. Parece que finalmente a comunicação social descobriu que há um problema do árbitro Pedro Proença com o Benfica (poucas referências recolhidas) ou simplesmente com a arbitragem (mais referências existentes).

Vistas as coisas assim, após o jogo, parece fácil concluir que a arbitragem de Pedro Proença estava condenada a ser mais um logro à verdade desportiva. Mas era previsível que assim fosse, assentando esta conclusão em apenas 2 aspectos: 1) a última arbitragem de Pedro Proença em pleno estádio da Luz, repleta de erros, esmagadoramente contra o Benfica, valeu um campeonato ao FCP, 2) a última vez que o Nacional da Madeira venceu o Benfica foi precisamente na Madeira, com arbitragem de Pedro Proença também repleta de erros contra o Benfica.

Na matemática, como na vida, como no futebol, pode prever-se o que acontece a seguir com base em dados ocorridos num determinado intervalo de tempo. E dado os antecedentes de Pedro Proença, era óbvio que o resultado não poderia ser diferente do que foi: casos e mais casos de más decisões, sempre em prejuízo do Benfica, o que contraria toda a lógica do erro humano. Porque se de facto errar é humano, errar sempre para o mesmo lado ao cabo de vários anos, não pode ser considerado erro humano, mas sim erro de manual humano.

Tentando exemplificar em poucas palavras, diria que erro humano é quando Inocêncio Calabote adiou por minutos um jogo entre o Benfica e a CUF, que se devia ter disputado à mesma hora do Torriense – FCP, na última jornada de um campeonato ganho por goal-average pelo FCP. O Benfica marcou vários golos à CUF, mas que se saiba o árbitro não nos ofereceu penaltis, não tirou penaltis ao adversário, não expulsou jogadores nem se tornou evidente pela arrogância com que se dirigiu aos jogadores da CUF. Como resultado do erro humano, Inocêncio Calabote foi irradiado da arbitragem.

Erro de manual humano, são as sucessivas arbitragens de Proença (e não só) em jogos do Benfica, com sucessivos erros grosseiros de interpretação que prejudicam o Benfica seja na não marcação de grandes penalidades (desta vez tocou ao Gaitan ser derrubado lá no alto, na ultima vez que o Nacional nos ganhou foi Fábio Coentrão ceifado por dois defesas), seja na avaliação das faltas e sua classificação disciplinar (Matic agora, Emerson no tal jogo contra o FCP). Como resultado do erro de manual, Proença é sistematicamente indicado para arbitrar jogos da Liga Europa, Champions e Selecções, por parte da FPF. Ganhando milhares de euros de forma legitima e transparente. 

Ora, nesta perspectiva da problemática Proença vs Benfica, podemos também falar da “descoberta” RECORD, que o Benfica apenas ganha 44% dos jogos arbitrados por Pedro Proença. Porque isto evidencia uma coisa simples: há uma escala que classifica os árbitros pelos resultados que obtêm nos jogos dos clubes. Ou seja, Proença apenas deixa o Benfica vencer 44% dos jogos. Mas qual é a sua percentagem de vitórias nos jogos do FCP? Os “mídia” sabem, mas não dizem. Atrevo-me a referir perto de 90%, ou seja quase o dobro.

Aliás, o último jogo que o FCP não venceu com Proença, foi o tal FCP - Benfica em que ele teve mesmo de se esforçar ao máximo, inventando 1 penalty para impedir a derrota do FCP e quem sabe, o arranque vitorioso de Quique Flores para o título. Já lá vão quase 4 anos. Sintomático.

E assim se percebe que quem gere o futebol em Portugal, a FPF, goste tanto de Pedro Proença classificando-o regra geral, com melhor árbitro português, num ranking onde é frequente vermos Olegário Benquerença, Jorge Sousa ou Carlos Xistra. A FPF tal como Pinto da Costa, o “estúpido e parvo” que ontem veio defender Proença por omissão, ao tentar criar um facto para desviar as atenções de Proença, com a enésima referência à arbitragem do último clássico.

Proença devia mudar de nome para Portoença. Ficava-lhe melhor.

Ora que podemos dizer mais deste assunto? Podemos lembrar que sobre isto já ouvimos falar o presidente do Nacional da Madeira, o presidente da APAF, já ouvimos e lemos analistas desportivos, até já lemos e ouvimos que o Benfica vai contestar a expulsão de Matic, mas curiosamente, ou talvez não, ninguém ouviu o tal que diz passar 16 horas por dia no Benfica, o tal que passou a integrar o ranking dos milionários portugueses após vir para o Benfica, o tal que criticou a arbitragem do Chelsea – Benfica porque o presidente portista da FPF lhe sugeriu que o fizesse, o tal que supostamente é o presidente do Benfica. O tal que repetidamente tenho dito, só anda aqui a executar os interesses alheios ao clube e os que lhe interessam aos seus negócios. Esse tal da cassete da “credibilidade” e do “sabemos para onde vamos”.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

A organização


Portugal, 8 de Fevereiro de 2013

Quando em 1994 entrou em vigor legislação fiscal que criminalizava os dirigentes desportivos dos clubes que não cumprissem as obrigações fiscais e da segurança social dos clubes, FCP e SCP embarcaram juntos numa nova era do futebol português: a criação das Sociedades Anónimas Desportivas, resumidamente SAD’s.
O modelo das SAD’s de ambos os clubes era semelhante, o grupo empresarial criado a partir da marca de cada clube, também, a entidade bancária idem, o BPI depois substituído pelo BES. E até Roquette andava de braço dado (em sentido figurado) com Pinto da Costa.
A comunicação social, essa, empolgava-se com as duas novas realidades desportivas, em detrimento do Benfica que aparecia muito atrasado no processo. E quando Manuel Damásio viu, primeiro, rejeitada em Assembleia-geral o seu modelo de SAD, e viu depois o fracasso do seu projecto futebolístico para a época 97/98, mais atrasado ficou tudo porque houve eleições e foi democraticamente escolhido o Dr.º João Vale e Azevedo. Que por sua vez teve de arrumar a “casa” antes de avançar com a sua proposta de SAD (não é o cerne deste texto, mas recordo que nenhuma outra SAD foi ratificada por tão grande margem de votos, mais de 8 mil sócios votantes).
Bom, vem tudo isto a propósito que desde aí, o FCP sempre foi “rotulado” pela excelência da sua “organização”, que tantas e tantas vezes é referida por analistas e adeptos, como a explicação para a conquista de um número avassalador de campeonatos. E por tabela, pelas sucessivas presenças na prova rainha do futebol a nível europeu: a Champions League, deixando para trás em termos de projecção europeia e milhões ganhos, os 2 grandes rivais de Lisboa.
Por outro lado, o SCP desde aí foi “rotulado” pela excelência da sua gestão, projecto desportivo e algo mais que nunca ninguém percebe bem. Uma espécie de “must”: ora é o projecto olímpico, ora são as vitórias no atletismo, ora é a formação de jogadores, ora é o ecletismo, o SCP tem sempre – com apoio e patrocínio da comunicação social - uma âncora para se situar como referência entre analistas e adeptos do futebol.
Passados anos e com FCP e SCP a desviarem as suas trajectórias evolutivas, apenas coincidentes na antipatia antidesportiva que nutrem pelo Benfica, eis que o processo conhecido com Apito Dourado começou a “esboroar” a tese do FCP. Que recebeu uma “estocada” fatal no recente episódio de ser desconhecido pelas gentes responsáveis do FCP, que 71h45mn não são 72h, apesar de um investigador da FEUP se esforçar por fazer crer que sim.
Quanto ao SCP, pela 2ª vez consecutiva, uma Direcção não consegue terminar o mandato que legitimamente recebeu dos sócios. O tal clube exemplo da gestão, que coopta os dirigentes da SAD a partir do BES, não consegue criar condições desportivas para se manter em funções. Para além disso cometeu a proeza de piorar o desempenho económico-financeira da SAD, que continua em falência técnica, mas agora sem o (bom) argumento de ter muitos jogadores da formação no plantel.
Provado que nem o FCP é a organização que a comunicação social, dirigentes e adeptos em Lisboa e Porto dele fizeram, nem o SCP está perto de ser o exemplo de gestão que também a comunicação social, dirigentes e adeptos em Lisboa e Porto construíram, pode questionar-se o que virá a seguir.
Ou seja, para além do facto do FCP ir ser excluído da Taça da Liga, para além do SCP ir eleger nova Direcção que continuará a manter o paradigma do SCP anti-Benfica mais do que pró-SCP, como poderá o nosso Benfica beneficiar da situação e até que ponto o BES e o Joaquim Oliveira, duas entidades que controlam os movimentos do Sr.º Vieira, deixarão o Benfica dar um salto em frente.
Como já vi o Sr.º Vieira ir à Alemanha, pedir desculpas ao Fortuna porque o presidente portista da FPF lhe pediu, não auguro nada de proveitoso para o Benfica.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Ecos de Braga


Portugal 2 de Fevereiro de 2013

O tema nada tem que ver com a alegada relação entre Salvador, presidente do Braga, e a possível eliminação do FCP da Taça da Liga. Mas sim com os dois bons resultados obtidos em Braga e de seguida, um pouco mais abaixo, em Paços de Ferreira para a Taça de Portugal.
Quem leu o texto n.º 2 acerca do último clássico com o FCP, recorda-se da questão que coloquei acerca dos sistemas de jogos: “o “proactivo” 4-4-2 do Benfica contra o “reactivo” 4-3-3 do FCP. Uma equipa a fazer tudo para ganhar, outra a fazer tudo para não perder. Benfica vs FCP é sempre assim, pelo menos desde que Pedroto treinou o FCP.” E acrescentei: “o problema vem precisamente da estrutura física do 4-4-2 e do 4-3-3. Dê-se as voltas que se derem, o Benfica colocando mais unidades de vocação ofensiva, os 2 jogadores de área (mais móveis, mais fixos ou um de cada tipo), tem sempre, mas mesmo sempre, menos jogadores no meio campo.
Os adeptos que estiveram atentos aos dois jogos em questão, repararam que quer em Braga quer em Paços, fosse por causa de lesões, fosse por causa de gestão de plantel, Jorge Jesus fez alinhar Gaitan como 8 em Braga, Aimar em Paços, Lima como único ponta de lança nos dois jogos, dois médios ala, Sálvio e Ola Jonh em Braga, Sálvio e Gaitan em Paços. À frente da defesa, jogaram Matic e Enzo Peres em Braga, Matic e André Gomes em Paços. Quanto aos defesas, Maxi e Melgarejo em Braga, dois defesas que sobem bastante, André Almeida e Melgarejo em Paços.
Ou seja, fosse porque razão fosse, Jesus jogou em 4-2-3-1 neste dois jogos difíceis, e conseguiu duas boas vitórias.
Que mais se pode dizer? Que ambos os jogos tiveram momentos de alguma pasmaceira, de algum encaixe mútuo, onde a maior preocupação foi não deixar jogar o adversário, esperando que alguém cometesse um erro. E como sabemos a probabilidade do Benfica cometer erros é menor do que a dos adversários, em face do valor de cada plantel.
Assim resulta que o jogo do Benfica perde espectacularidade (é uma característica deste modelo de jogo), mas aumenta a eficácia das transições ofensivas. O facto de só existir um ponta de lança, leva que a defesa do adversário suba mais no terreno, empurrando o seu meio campo para a frente, tal como o meio campo empurra o ataque. Assim sobra mais distância entre a linha defensiva adversária e a sua baliza. Ver golo n.º 2 do Benfica em Braga, um exemplo perfeito do que é o contra ataque.
Defendo há muito tempo que o 4-4-2, seja o modelo clássico, seja o modelo em losango, não serve para todos os jogos do Benfica. Há adversários que pelas suas características de jogo aliadas ao facto da arbitragem não premiar o Benfica por atacar mais (errando sistematicamente em foras de jogo, faltas e até grandes penalidades), devem ser abordados noutro modelo de jogo que não puxe tanto o Benfica para a frente, e permita ao adversário que se atreva mais, deixando espaço na rectaguarda por onde o Benfica pode criar mais e melhores situações de golo.
Defendi isso após o jogo com o FCP. Defendo isso novamente, pela evidente relação entre o 4-2-3-1 e os dois bons resultados obtidos em Braga e Paços de Ferreira. Este último que nos permite estar com um pé e meio na final do Jamor, após vários anos de ausência a jogar em 4-4-2.