Portugal, 3 de Janeiro de 2012
Apesar do assunto do dia poder ser o jogo da Taça da Liga mais logo em Guimarães, dado que nos últimos tempos se tem acentuado uma certa pressão sobre o nosso treinador Jorge Jesus, parece-me relevante falar do tema “Ser treinador no Benfica”.
Seja porque razão seja, os treinadores no Benfica não costumam ter a vida facilitada. Desde Bella Gutman, o treinador bicampeão europeu que saiu de forma estranha, contabilizando diversos títulos nacionais e internacionais, para além de ter revolucionado o futebol da época ao criar os estágios antes dos jogos, até Toni que foi despedido depois de ter sido campeão e semifinalista da Taça das Taças, num dos anos mais difíceis, do ponto de vista económico, na vida do Benfica, há demasiadas histórias que não batem certo com a ideia de uma certa grandeza de que fazemos gala, perante os nossos adversários de FCP e SCP.
Já agora, um aparte. Manuel Vilarinho fazia parte da Direcção de Manuel Damásio que despediu Toni. Mais tarde creio ter querido compensar esse erro tremendo, ao criar condições para poder despedir José Mourinho, por ser treinador de Vale e Azevedo. Um erro compensado com outro erro, qual deles o pior. Mas este é o nosso Benfica ...
Vem isto tudo a propósito das sucessivas críticas que tenho lido e ouvido em vários lados, incluindo na Benfica TV, acerca de Jorge Jesus, dos seus méritos e deméritos, com pendor para estes últimos. Ouvindo tanta gente a falar como fala, fico perplexo por não haver mais bons treinadores na 1ª liga.
Hoje soube-se que Co Adrianse, ex-treinador do FCP, foi despedido do seu actual clube, FC Twente. Depois de passagens sem grande relevo no Metalurg Donetsk, Salzburgo, Al-Saad etc., foi antes disso no FCP que atingiu os seus momentos de glória, vencendo Campeonato e Taça de Portugal. De referir que o Campeonato foi vencido com 79% de pontos, menos 1% que a 2ª vitória de Mourinho que tinha outros jogadores, dos que renderam muitos milhões ao FCP, como Deco, Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira, Maniche, Derlei, etc.
O interesse deste assunto é que Co Adrianse venceu tudo ao compatriota Ronald Koeman nosso treinador. Este, apesar de “só” ter ganho a Supertaça (ao Setúbal), conseguiu também a proeza de – na Champions - afastar dois colossos ingleses várias vezes campeões europeus, como sejam o Manchester United e o Liverpool, que até era o campeão em título. Nas provas nacionais, ficou a 12 pontos do FCP e em 3º lugar no campeonato. Na Taça foi eliminado em casa pelo Guimarães com mais uma arbitragem de Jorge de Sousa que passou por ter perdoado a expulsão a Cléber na 1ª parte, com 0-0, e por ter validado o golo do Guimarães em que o avançado ajeitou a bola com o braço, antes de rematar.
Como se sabe, a Direcção era presidida pela “rainha de Inglaterra”, Sr.º Filipe Vieira, e como se bem recordam, e para variar, a sua Direcção nada contestou sobre muitos e variados “roubos de igreja” de arbitragem, como os imortalizou o falecido José Maria Pedroto.
Na altura era voz corrente que Koeman não se tinha adaptado ao futebol português e até o presidente do Sindicato dos Treinadores, Bernardino Pereira (simpatizante do SCP e hoje director desportivo do Guimarães), disse numa rádio que “Koeman não tinha acrescentado nada ao futebol português”. Há que ajudar a “procissão” a ir para a frente, ou seja, a legitimar a mudança de treinador para que o “sistema” continue na mesma.
Se Co Adrianse ganhou o que ganhou depois de sair do FCP, ou seja NADA, já o tal que não se tinha adaptado ao futebol português ganhou 2 títulos (e últimos) de campeão holandês pelo PSV, na Champions eliminou o Arsenal para voltar a chegar aos quartos de final, foi para o Valência onde promoveu (ou deu a cara por) uma mini limpeza de balneário (correu com Canizares, Angulo e Albelda), acabando por ganhar a Taça do Rei ao super favorito Barcelona. Actualmente treina o Feeynord.
Compreende-se pois porque estas conversas sobre Jorge Jesus me fazem soar a mais do mesmo. Quem é Vítor Pereira ao pé de Jorge Jesus em termos de curriculum? O mesmo que Co Adrianse ao pé de Koeman. Mas nós não soubemos dar o devido valor às conquistas de Koeman, nem soubemos perceber (para variar) porque razão falhamos no Campeonato. E na Taça.
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