terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O galo, o bailinho e a praxe...

Portugal, 4 de Fevereiro de 2014

Numa jornada atípica onde os resultados venceram a matemática, os 3 ditos grandes perderam pontos, conjugação de resultados altamente improvável no futebol português. Mas aconteceu, e para variar o resultado do Benfica foi o mais escalpelizado pela comunicação social. E por tabela pelos adeptos. Obviamente nos blogues também não se fugiu à regra.
Sobre o empate do Benfica não tenho muitas explicações, para além do lastimável estado do terreno provocado pela chuvada que caiu durante o jogo. O Benfica dominou o jogo de forma mais equilibrada do que quando contra o Arouca, mas a bola prendeu na lama quando Rodrigo e Lima conseguiram aparecer em boa situação de remate. O Gil Vicente marcou num dos dois ou três remates que fez em todo o jogo, por um jogador acabado de entrar e “fresco”. Um remate feliz que me pareceu ter enganado Oblak, talvez pela ligeira curvatura da trajectória e também pelo facto da bola estar escorregadia.
Mas não seria honesto se não referisse que foi a primeira vez que senti uma enorme desilusão por um falhanço de Cardozo. E Cardozo já leva 6 épocas completas ao serviço do Benfica. Tal como referi quando escrevi sobre a Formação, aquele penalty é dos lances que distingue quem o marca. Um golo, e Cardozo reforçaria o estatuto de homem - golo do Benfica. Um falhanço e aí está a estéril discussão sobre as suas qualidades ou sobre a escolha de quem marca o penalty.
Fiquei desiludido é certo, porque se havia penalty que Cardozo não podia falhar, era mesmo aquele! Mas lembrei-me que Beckam falhou 2 penaltys contra Portugal no Euro2004 e no Mundial de 2008, e nem por isso deixou de ser um excelente jogador. E passei á frente.
Claro que este lance, pelas implicações que pode ter nas contas finais do campeonato (ao “contrário” do golo validado ao Belém quase 3 metros em fora de jogo, num empate que nos roubou 2 pontos), é um lance que deu a habitual polémica entre a parvalheira de uma certa plateia benfiquista. Segundo eles, quem devia ter marcado era Lima porque Cardozo tinha só 15 mn de jogo e vinha de uma lesão. O que quer dizer que segundo esta gente entendida na matéria, Cardozo nem treinou durante os últimos dias, nem estava apto a jogar. E que sempre que se assinalarem penaltys a favor do Benfica nos primeiros 10 mn de jogo, o melhor mesmo é pedir ao árbitro que nos deixe marcá-los lá mais para a meia hora de jogo. Uma espécie de dilação: “Ó Sr.º Árbitro, o Lima ainda não aqueceu o suficiente, pelo que se não se importa marcamos o penalty mais tarde, pode ser”? Acho que poderíamos pedir uma alteração às regras de jogo, para evitar situações em que os jogadores têm de marcar penaltys a “frio”.
De acordo com as estatísticas da BOLA, Cardozo falhou 11 penaltys em 51 tentativas (78.4% de eficácia), ao contrário de Lima que falhou 2 em 10 tentativas (80% de eficácia). A matemática sugere que Cardozo é mais fiável, uma vez que tentou mais vezes, o seu remate é mais conhecido e mesmo assim tem uma percentagem de eficácia elevada, e próxima de Lima. Claro que Lima, com menos penaltys, ainda é bastante desconhecido e pode tirar partido disso. Mas o treinador ou eles dois escolheram Cardozo, e tem de se aceitar porque um avançado vive de golos, e Cardozo vindo de uma lesão agradecia desse estímulo.
Outra coisa inédita que aconteceu nesta jornada foi terem marcado 1 penalty contra o FCP, com 0-0. E o FCP acabou por perder 3 pontos, o que reforça a convicção generalizada entre adeptos que lutam contra o “sistema” que o Benfica apenas perdeu o título da época passada porque não se marcaram uns quantos penaltys contra o FCP, com resultados momentâneos de 0-0 ou 1-1. E se me podem dizer que o FCP do ano passado era mais forte do que este, argumento que concordo, também não é menos verdade que quando marcaram 1 penalty contra o FCP com 0-0, na final da “Taça que ninguém ligava”, o FCP perdeu! Ora esse Braga, para o campeonato tinha sido espoliado de 1 penalty, também com 0-0, em Braga... Logo...
Quanto ao facto da perda de pontos ser menos grave para o FCP do que para o Benfica que jogou a seguir, discordo. Por estar 3 pontos (antes do jogo) do 1º lugar, isso obrigou o FCP a entrar pressionado para não aumentar esse atraso. Ou seja, o FCP jogando primeiro nunca pode contar com o resultado dos outros dois. O treinador do FCP sabe disso, os jogadores idem. A derrota foi pois um golpe duro, mesmo que no final “só” tenham ficado a 4 pontos do 1º lugar. Porque no próximo jogo vão sentir a mesma pressão, mas a 4 e não a 3 de atraso!
Quanto ao SCP, que dizer da equipa que, segundo a comunicação social lisboeta, pratica o melhor futebol e que pode alicerçar legítimas e fundadas esperanças na conquista do título graças a isso? A tal equipa superiormente orientada, com um plantel jovem e jogadores da formação, que sabendo que podia ganhar 5 pontos a FCP e Benfica, acabou por empatar em casa, num bom ambiente e num bom relvado, contra uma equipa que tem um orçamento menos de 1/3 do SCP? O Cardozo falhou 1 penalty e o SCP falhou o quê?
Aparentemente o SCP não falhou. De acordo com o RECORD, e em breve veremos alguns benfiquistas a falarem da mesma maneira, “o 0-0 com a Académica não era brilhante mas as suas consequências estavam automaticamente atenuadas pelos percalços de Benfica e FC Porto”. Fantástico como se trasforma um empate-derrota num empate-vitória…

Bailinhos da Madeira à parte, galo de Barcelos ou a praxe que a Académica veio aplicar ao SCP, o meu galo do fim-de-semana foi mais uma derrota do Benfica em Hóquei. Essa sim, doeu porque resume a demagogia e a burrice que grassa no Benfica e que alguns querem aplicar ao Futebol... no ano passado “os jogadores eram bons, o treinador é que não sabia tirar partido deles, e o FCP continuava a dominar. O treinador do Paço de Arcos com menores recursos estava a fazer umas coisas interessantes, imagine-se se tivesse o plantel do Benfica”. Ora aí está a punição para quem é ingrato, burro e incompetente. O mesmo se passaria no Futebol com um qualquer Marco Silva ou Rui Vitória como treinador. E pelas mesmíssimas razões...

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