Portugal 19
de Dezembro de 2014
A eliminação da Taça de Portugal
pelo Braga é apenas mais um murro no nosso estômago, é apenas mais uma marca negativa do projecto
Vilarinho/Vieira/BES/empresários/PT/outros, alicerçado no “círculo virtuoso”
como foi amplamente difundido na altura das eleições de 2000. A ideia era ter
uma boa equipa de futebol, com isso chamar mais sócios e adeptos ao estádio,
ganhar mais, e ganhando mais poder contratar melhores jogadores, para jogarmos
melhor e trazermos ainda mais adeptos ao estádio.
É um facto que nestes 14 anos
tivemos muitos e bons momentos de glória, embora limitados, se não me falha a
memória, a 3 campeonatos, 2 taças de Portugal, 4 taças da Liga e 2 supertaças. Muito pouco para os milhões investidos
em contratações que dão milhões em comissões, e num estádio que pode ser bonito
mas sorve os recursos financeiros que deveriam ser destinados aos reforços da
equipa de futebol.
Mas o povo é quem mais ordena, e
quis assim. Opções feitas democraticamente não se contestam embora não estejam
acima da critica.
O projecto “círculo virtuoso” explica em grande parte porque razão, ao longo destes 14
anos, os treinadores do Benfica são
estimulados a jogar em pressão alta, a jogar bem e ganhar bem. Os sócios e
adeptos pagam bilhete e querem ver um bom espectáculo, dizem os mentores do
projecto, ou mandam dizer pelos avençados jornalistas, seja da BTV seja de
outros órgãos de comunicação social.
E assim, pelos tentáculos do “círculo virtuoso” na comunicação social, o Benfica
é dos 3 grandes, o único que é avaliado pela qualidade do jogo, e não pelos
resultados. Por exemplo, ao passo que FCP e SCP “sofrem mas ganham”, no
Benfica “ganha-se sem brilho”. É um pouco diferente, e provoca emoções
diferentes nos receptores adeptos.
Vem esta longa introdução a propósito de considerar que JJ é mais
vitima do que réu, nestas más alturas de maus resultados alicerçados por más
opções tácticas recorrentes com o 4-4-2 em losango. Porque sendo este
modelo de jogo (também utilizado por Fernando Santos) um modelo que prevê a
utilização de 2 avançados, mesmo considerando que é ligeiramente mais compacto
no meio campo do que o 4-4-2 clássico (usado por quase todos os demais
treinadores, com relevo para Koeman e Quique Flores), é ainda assim um modelo de propensão atacante e de
reacção fraca ao contra ataque adversário.
Ora se as teorias reinantes sobre
o “círculo virtuoso” é que mandam, JJ
apenas cumpre com o que lhe pedem para fazer. O Benfica joga em pressão
alta, cria situações de golo que falha e acaba por perder quando encontra
equipas com bons jogadores ou equipas com culturas reactivas e habituadas a
sofrer a pressão dos adversários mais fortes.
Não é muito difícil perceber
porque razão falhamos tantas vezes na Champions (equipas com bons jogadores e
bons treinadores), menos vezes na Liga Europa e raras vezes cá em Portugal. Mas
acontece às vezes, e quando acontece é
uma enorme dificuldade para aceitarmos que o modelo é que está errado.
Para além disto, devo referir que os dados pós jogo com o FCP indicavam que
algo podia correr mal. Vejamos. O Sr.º Vieira, no seu habitual estilo
populista e demagógico, voltou a aparecer em público para se colar a essa
grande vitória. Disse ele que “esta equipa enche de orgulho os benfiquistas”. A
seguir marcou o jantar de Natal entre estes dois jogos. Ou seja: deu valor extraordinário aquilo que deve
ser considerado uma “obrigação” desportiva (ganhar ao FCP) e para piorar os
níveis de concentração agendou o jantar de Natal para 2 dias antes do jogo
com o Braga. Quem não se recorda da semana após Trappatoni ter ganho o
campeonato, em 2005? Entre o domingo do título e o domingo da final da Taça com
o Setúbal, também houve festa da entrega de prémios na Liga de Clubes, onde
esteve toda a equipa e não apenas os premiados, também houve jantares, e a
seguir perdemos a final da Taça por 2-1, onde também estivemos a ganhar. Não
são meras coincidências, mas há alguém
que se recusa a aprender, pois a demagogia e o folclore mediático são
necessárias para este projecto do “círculo virtuoso”.
A JJ aponto uma crítica que podia
ter evitado. Este é o plantel mais fraco
de todos os anos que já leva no Benfica, e um dos mais fracos nestes 14 anos de
“círculo virtuoso” (nos último 6 anos, nunca tínhamos estado fora das
provas europeias e da Taça, em Dezembro). Apostar no 4-4-2 em losango sabendo
que não tem as opções de jogadores que já teve, é um risco enorme contra
equipas como o Braga (ou o Guimarães) que
defendem bem e para quem qualquer resultado serve. Criamos situações de
golo, mas o FCP também as criou quando jogou contra nós. O FCP não as concretizou pelas mesmas razões que nós não as
concretizamos. Isto era expectável e nem preciso recorrer aos últimos jogos
com o Braga para lembrar que na Luz temos ganho por 1 golo, com muitas dificuldades,
mesmo quando tivemos grandes jogadores.
JJ devia saber isso. Querer fazer destes jogadores, o que foram
os que já treinou, ou é um enorme frete que está a fazer aos teóricos da
Direcção que defendem o futebol espectáculo, ou é de uma presunção gigantesca.
Milagres só fez o Jesus que por cá andou há mais de 2 mil anos!
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