Portugal 17 de Janeiro de 2015
«O Benfica tem hoje um projeto que é 3+1+50, nos próximos quatro anos.
Tem de ganhar três campeonatos nacionais, ir a uma final da Liga dos Campeões
ou de uma prova europeia e ganhar 50 campeonatos nas modalidades. E tem as linhas
até onde pode chegar. No futebol estamos
a fazer tudo para assegurar que os jovens não vão sair, para que exista uma
identificação com a massa associativa», afirmou Vieira em entrevista a «A BOLA TV» -
campanha eleitoral, 25/10/2012, BOLA online.
Muito se tem falado na Formação
nos últimos anos, e muito se tem falado em particular no número de jogadores
portugueses na equipa principal do Benfica. Os adeptos do Benfica são muito
sensíveis ao tema, embora nem sempre pelas melhores razões. A discussão pública
tem misturado uma enorme dose de demagogia, em particular quando toca a
programas eleitorais ou criticas à gestão, com uma enorme dose de incompetência
típica de quem parou no tempo.
Eu sou dos que reconhece que o actual Benfica não tem muito espaço para
integrar jogadores da Formação, dado que é um Benfica de alta qualidade, de
alto desempenho, uma das melhores equipas europeias logo abaixo ao patamar das
equipas mais ricas da Europa (Real Madrid, Barcelona, Chelsea, Bayern de
Munique, Manchester United, Arsenal, Juventus. PSG e Manchester City, entre
outras).
A Formação tem como um dos principais objectivos dotar a equipa
principal de jogadores, mas sem ilusões, porque num Benfica competitivo a
probabilidade de integrar jogadores é reduzida e não pode ser tomada como um
objectivo estratégico.
Contudo tem sido uma fonte de troca de acusações, até por politiquice barata,
como por exemplo, quando se aproveitou uma situação em que a Direcção de
Vale e Azevedo emagreceu a despesa da Formação, eliminando as equipas C, D, F,
etc. Isto é. Quis-se fazer diferente de Vale e Azevedo, continuou-se a prometer
um Benfica com mais jogadores portugueses e mais jogadores da Formação, mas com o passar dos anos as palavras viraram-se
contra quem as proferiu, e mostram que afinal não era assim tão errado
emagrecer a despesa da Formação como havia sido feito na época 1998/1999, se
não me falha a memória.
E a demagogia continua, ano após
ano, como se depreende das palavras que o Sr.º Vieira proferiu
na última campanha eleitoral, e que inseri no início deste texto. É que nos
últimos dias temos sido confrontados com empréstimos que surpreendem todos,
incluindo os próprios jogadores da Formação, concretamente da equipa B,
concretamente Rúben Pinto e Fábio Cardozo, ambos
deixando escapar um lamento que parece sair do coração, referindo que a
saída é “um dos dias mais difíceis”
das suas vidas.
De facto não se percebe. No inicio
da temporada emprestou-se o Bernardo Silva ao Mónaco e o João Cancelo ao
Valência, e apesar dos habituais cromos que criticam tudo, a mim o empréstimo pareceu-me
uma boa opção pois iam conhecer realidades competitivas diferentes e de
qualidade, nas quais poderiam jogar e aprender, tanto mais que os treinadores
eram ambos portugueses.
Agora têm-se sucedido umas quantas opções que não seguem a mesma “bitola”
estratégica, nem se percebe o qual o objectivo. Emprestar jovens jogadores
em Janeiro é uma boa opção? Se as dificuldades de adaptação são grandes no
início da época, será que em Janeiro não serão maiores? O Paços de Ferreira é o clube ideal para fazer crescer
Ruben Pinto e Fábio Cardozo? Se sim, porque não lhes foi dada a oportunidade de
começarem em Julho?
Também parece ser o caso de Hélder
Costa, que será emprestado ao Gil Vicente, juntamente com o Lindelof, segundo
alguns rumores dos jornais. Que é que o Gil Vicente ou o Paços de Ferreira têm
a ver com o Mónaco ou o Valência?
Uma coisa é certa: há pouca coisa
que se perceba nesta política de promoção e valorização da Formação. Não que a
Formação aumente a competitividade da equipa como já referi, mas porque é o Sr.º Vieira que faz
questão em apontar
a Formação como vector estratégico do futebol, pelo menos
quando anda em campanha eleitoral!
«Quer dizer que este senhor
mentiu aos benfiquistas. Um senhor que é juiz, que tem de pautar a vida
dele com rigor e verdade, continua a mentir, descaradamente, a todos os
benfiquistas. Esse senhor envergonha a magistratura. Não sei como o Conselho
Superior de Magistratura não se pronunciou, isto é vergonhoso», dispara – BOLA online 24-20-2012. Um juiz não deve mentir. Correcto. E o
Presidente do Benfica, pode? Não é vergonhoso?
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