sábado, 13 de agosto de 2011

A roda andou, o Benfica empatou

Portugal, 13 de Agosto de 2011

Tal como já previa no texto anterior, o Benfica só com boa dose de sorte pode ser campeão. Há uma enorme quantidade de parâmetros futebolísticos que não dominamos e quando assim é, só por acaso as coisas podem correr bem.

O empate depois de estarmos a vencer por 2 golos de diferença mereceu da parte da comunicação social, desportiva e generalista, amplo destaque nas 1ªs páginas. Não pelos golos de avanço desperdiçados mas porque se trata de um mau resultado para o Benfica. Mas é sempre assim? A comunicação social destaca da mesma forma resultados dos adversários directos quando cedem pontos depois de ter 2 golos de avanço?

Em 8 de Novembro de 2010 o SCP perdeu em casa 2-3 com o Guimarães depois de estar a vencer até aos 75 mn. Qual a 1ª página do RECORD de 9 de Novembro? Em destaque de 1ª página quase total, o título foi “com Jesus pelos cabelos”, ilustrada com foto de corpo inteiro (para maximizar o efeito). Onde parou a derrota do SCP? Na parte superior da 1ª página, com o destaque “Maniche afunda o leão”. Note-se que nesse dia apenas jogou o SCP! Também aconteceu ao FCP que esteve a vencer o Paços de Ferreira por 2 golos de diferença, em casa, e acabou por empatar 3-3. Houve polémica? Acho que não!

Quando me refiro a termos má comunicação social, refiro-me a isto: os nossos insucessos são demasiado explorados, os nossos sucessos são pouco e mal promovidos. Ao contrário de FCP e SCP.

Os “media” destacam o supérfluo com intenção de magoar enquanto os problemas do Benfica não são debatidos, não são mostrados aos adeptos do Benfica e do futebol, dando a sensação que está tudo bem. Quando não está.

Tenho-me referido diversas vezes ao erro que é jogar em “pressão alta” cá em Portugal e competições europeias. Cá em Portugal não funciona bem porque os árbitros não nos “apoiam”, já que sofremos muitas faltas nas imediações da área ou mesmo dentro que não são assinaladas, o que favorece a atitude de quem defende e aumenta a pressão sobre quem ataca. Lá fora, temos a maior qualidade dos adversários que aceitam essa pressão alta para explorarem a nossa retaguarda quando perdemos a bola. Sendo bem sucedidos!

Este problema que já tinha sido evidente na goleada em Liverpool, só no ano passado (quase 1 ano depois) levou algumas “vozes” a falarem, com timidez, na necessidade do Benfica criar um Plano B ao 4-4-2 em losango que apresenta um pendor demasiado atacante devido às características dos nossos jogadores de meio campo. Jogadores que atacam, ou seja, que sabem tratar bem a bola quando a têm, mas normalmente jogam mal sem ela, não têm a noção dos processos defensivos que isso implica. Daí sermos tão expostos aos contra ataques que nos derrotam (lembrar jogo do estádio da Galinha).

Já hoje li algo que vai ao encontro desta minha tese. Diz João Pinto no JOGO que jogar ao mesmo tempo com Aimar, Nolito, Gaitán, Jara e Saviola envolve riscos, porque todos eles pensam bem com a bola nos pés, mas não têm tão em mente os aspectos defensivos”. 

Mas no ano passado eram Aimar, Gaitan, Saviola, Cardozo e Sálvio! Qual a diferença? Pouca ou nenhuma. A realidade é que o Benfica para jogar em pressão alta, ou seja, pressionar com futebol o último terço de campo do adversário, fá-lo com jogadores de características ofensivas e que pelos vistos, não treinam adequadamente os processos defensivos.

Então das duas uma: ou marcamos golos rapidamente e como se viu, 2 podem não chegar (por causa de um erro defensivo), ou o adversário encaixa-se no nosso modelo, dando-nos a iniciativa de jogo e explorando as transições defesa - ataque em função das bolas que nós perdermos (Liverpool, Shalke04, Estádio da Galinha e 2º golo do Gil).

Quanto à arbitragem, ontem, ao contrário dos últimos 5 anos, não houve penaltys perdoados aos adversários. Mas com o 2-2 surgiu a arbitragem de “manual”. As faltas contra o Benfica, sem razão, sucederam-se. Faltas contra o Gil, com razão, não foram assinaladas. O “truque” de interromper uma jogada de ataque do Benfica para mostrar cartão amarelo ao adversário, lá esteve também. E assim o ritmo de jogo destes últimos minutos favoreceu o Gil e prejudicou-nos! Mas isto já é tão habitual que ninguém estranha. E é pena, porque a inversão de fluxo de jogo pelo árbitro, impediu-nos de construir ataques que podiam ter dado golo.

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