quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Em terra de cegos...

Portugal, 2 de Novembro de 2011

O Benfica joga mais logo uma cartada importante no apuramento para os oitavos de final da Champions, um dos objectivos da época, mas não é sobre esse jogo que tenho motivação para escrever. Pode parecer estranho, mas para mim é apenas um jogo, que ganhe-se ou perca-se não tem influência na essência do nosso clube. É algo que se esgota pouco depois e a seguir já estamos a pensar no próximo. Há outras coisas que sim, têm influência porque produzem efeitos que vão para além da data em que são praticados e que podem por em causa a essência do nosso clube e a liberdade para escolhermos o nosso caminho.

Vem isto a propósito da campanha que já se está a desenvolver na comunicação social a favor da reeleição do Sr.º Luís Filipe Vieira como presidente do SLBenfica. O jornal A BOLA, também referenciado por “Pravda” pelo Sr.º Pinto da Costa, publicou em 31/10 uma peça sobre os 8 anos de mandato do Sr.º Vieira e os “mais que se podem seguir”. A mensagem é clara e objectiva, sem qualquer tipo de subterfúgios linguísticos ou outros.

Nos textos que aqui publiquei versando a mini biografia do Sr.º Joaquim Oliveira, publicada no Expresso em Março de 2005, creio que ficou claro que a comunicação social é algo de extremamente poderoso e ao dispor dos patrões dos negócios do futebol, com o Sr.º Joaquim (através da Sportinvest), o BES e a PT como vectores principais deste poder económico que se prolonga para o meio desportivo.

Todos os órgãos de comunicação social escrita, falada ou televisionada, estão dependentes de uma forma ou de outra, destas três instituições, do poder que elas representam, da teia de interesses que controlam pela via da publicidade que pagam, dos financiamentos que disponibilizam, do acesso ao poder político e outros mais obscuros da nossa sociedade. A BOLA faz parte deste grupo.

Ao longo dos últimos 10 anos, lemos, ouvimos e vimos muita gente ligada à comunicação social, criticarem o desempenho dos nossos treinadores, dos nossos jogadores, mas nunca dos árbitros. Nem do Sr.º Filipe Vieira. Os 10 anos de insucessos desportivos são como se nada tivessem a ver com ele. Mas sim com a sorte, o azar, a incompetência de treinadores e jogadores, etc.

O actual mandato do Sr.º Vieira iniciou-se com umas eleições “polémicas” pela antecipação em face da data estatutariamente prevista, o que a mim sinceramente não incomodou, porque as alternativas não mereciam outro tratamento. Mas guardei a orientação principal da sua campanha: resolvidas as principais questões económicas, este (que estamos) seria o mandato desportivo.

Foram agora publicadas as contas da SAD relativas ao exercício 2010/2011. Dos vários itens que podemos analisar, e no que toca apenas à SAD (só futebol) e não ao consolidado da SAD (Estádio, Clínica, Viagens, Benfica TV), verificamos que os custos financeiros foram de cerca de 18,455 milhões de euros (!?) tendo aumentado só neste exercício em cerca de 8 milhões (!?). Houve um aumento de empréstimos obtidos (correntes e não correntes) de mais 21 milhões de euros que no exercício anterior, que são (e só para a SAD) de 157,5 milhões de euros! Para o Consolidado temos empréstimos no valor de 233 milhões de euros, mais 17 milhões que no exercício anterior!

Ou seja, sem querer tirar grandes conclusões constato que o Sr.º Vieira neste mandato voltou a agravar os indicadores económicos, ao contrário do que a sua propaganda oficial (comunicação social) e outros apoiantes cegos e burros, mais notáveis ou menos, fizeram crer. Desportivamente o mandato tem 2 épocas decorridas e não sendo correcto tirar conclusões, pode-se sublinhar que a estratégia voltou a andar ao sabor do acaso e de decisões mal pensadas e pior defendidas (como a contratação de Roberto).

Perante a evidência do fracasso económico e reticências ao mandato desportivo, o Sr.º Vieira, bem assessorado pelos tentáculos do BES e do Sr.º Joaquim, já encontrou uma fuga que poderá vir a utilizar caso as coisas piorem desportivamente: quer mais jogadores portugueses no plantel! E mais uma vez disto isto como se não tivesse nada a ver com a situação que implicitamente, criticou: foi ele que assinou contratos com todos os jogadores estrangeiros!

Em terra de cegos, quem tem um olho é rei. Que Benfica é o nosso?

3 comentários:

  1. Escrevi o texto antes do jogo com o Basileia, mas por razões que não interessa, não o pude colocar no blogue antes do jogo. Daí a explicação para a sua data ser diferente da data de publicação.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. O estilo do texto caracteriza um tipo de benfiquismo que ainda hoje não percebe que o Benfica não é de Lisboa, é de Portugal e do Mundo.

    À falta de argumentos para rebater os dados económicos catastróficos em que a SAD do Benfica está metida, por culpa das mais do que expectáveis ruinosas opções da Direcção de Manuel Vilarinho e Filipe Vieira, opta-se pela via do insulto fácil.

    Não se consegue comentar porque razão as dividas a Bancos cresceram de 6,5 milhões para mais de 150 milhões só na SAD. Não se consegue conjugar os investimentos futebolisticos que originam esses 150 milhões de dividas a bancos, com os 2 titulos de campeões em 10 anos. Não se consegue perceber como aconteceu o negócio Porfirio, George Jardel, Ruben Garcia, Yanick e outros 4 do Alverca que passaram para o Benfica entre a saída de Camacho e a chegada de Trappatoni, mais a contratação do Moretto e outros mais do que previstos erros, e quanto custaram ao Benfica SAD. Ou seja, a todos nós.

    Os dados são irrefutáveis e só quem está habituado a tirar conclusões a partir do que dizem os jornalistas, é que não consegue perceber que o Benfica é dos bancos e do Sr.º Joaquim, e que não é por acaso que se apoia um portista retinto para a Liga e depois para a FPF.

    Sublinho que também respondi a este "artista" no blogue NovaGeraçãoBenfica, e que apesar de ele ter escolhido este meu blogue para me responder, como se pode ver, não contraria nada do que eu escrevi, nem neste, nem no NGB. Apenas se socorre da via do insulto. São os tais benfiquistas que têm um "benficómetro", como o alcoolizado Vilarinho.

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