Portugal, 3
de Junho de 2014
O texto anterior
relativo ao Futsal, escrito em 27 de Março de 2013, pretendia básicamente evidenciar que era expectável o erro que se
acabara de cometer, trocando um treinador conhecido e com títulos, Paulo
Fernandes, por um desconhecido que depois se percebeu ser patrocinado por
Alípio Matos também ele ex-treinador despedido do Benfica.
O texto pretendia
mostrar que, se um gajo que vive a mais de 400 km da capital consegue antecipar
que a troca do treinador, naquele contexto desportivo, naquelas condições, ia
prejudicar o Benfica, seus sócios e seus adeptos, como é que os iluminados
responsáveis do Clube não perceberam também?
Escrevi: “Agora despede-se Paulo Fernandes e vai-se
buscar outro treinador, a quem
desejo a maior das sortes, mas que está condenado ao insucesso”.
Não sou bruxo, não
leio cartas, nem ligo para SIC de manhã a pedir previsões à taróloga de
serviço. O problema da altura é aquilo que classifico
de problema clássico (maus resultados desportivos, incluindo derrotas com
equipas com as quais normalmente não perdemos, como o Braga), resolvido da mesma forma clássica (despedimento
do treinador) que regra geral tem um
resultado também clássico: piores resultados desportivos. Seja no Benfica,
ou em qualquer outro clube, esta é uma regra geral com pouquíssimas excepções!
O erro que se
comete na resolução destes problemas “clássicos” tem a ver com a sistemática incapacidade de se avaliar adequadamente
a qualidade do trabalho realizado por essa equipa técnica e esse conjunto
de jogadores. À pergunta “seria possível melhorar as prestações desportivas com
estes jogadores, face à realidade competitiva actual de adversários que todos
os anos se apetrecham e investem mais no Futsal e face às arbitragens que nos
prejudicam?”, os iluminados que gerem as modalidades no Benfica respondem que
“sim”. Não estranharia até que existisse
algum ambiente conspirativo em torno de Paulo Fernandes, por ter vindo do
SCP, por parte dos que tendo perdido a
noção de tempo e espaço, continuam a viver à sombra de êxitos antigos!
Ora assumindo que
“sim”, que era possível melhorar, então concluem que o problema é o treinador,
porque foi o único a sair. Correcto? Bom, depois vem o tal novo treinador, com
a tal nova estrutura técnica (não sei quanto custou a nomeação de um
coordenador para o Futsal, que não existia com Paulo Fernandes), e não se dando conta dos problemas que o
ex-treinador teve que superar, acabam por obter o que se esperava: piores
resultados. Nesse resto de época, voltamos a perder com o Braga na Taça de
Portugal e fomos varridos na final do play-off com o mesmo SCP que tinha ganho
ao Paulo Fernandes (mas agora já não havia problemas porque a estrutura técnica
é benfiquista).
Normalmente nestes
casos e em particular no Benfica (vide Artur Jorge no futebol em 1995/96, ou
Manuel José em 1997/98) sempre que se despediu um treinador e se pioraram os
resultados, não se admite este erro e arranja-se uma solução clássica de nível 2, o nível da imbecilidade. Que é, “bom,
se os resultados foram piores afinal são os jogadores que não têm qualidade, ou
que estão a “fazer a cama” ao novo treinador, ou que não se adaptam às novas
técnicas de treino”. Vai daí, sai uma
palete de jogadores e vem uma nova palete de jogadores.
E o resultado continua a ser o mesmo: piores
resultados. Se Paulo
Fernandes saiu a meio de uma época onde já tinha ganho uma Supertaça e estava
na disputa dos outros dois títulos, este ano e meio que esta equipa técnica e
Alípio Dias levam em funções, ganhamos um rotundo ZERO títulos...
Bastava que se
tivesse parado para pensar, coisa rara nas modalidades do Benfica (com Carlos
Lisboa como Director Geral das Modalidades, não dá para pensar muito, é só
meter no cesto), que se concluiria que por lesões, castigos ou más decisões de
arbitragem, o Benfica estava aquém do que se pretendia, o que queria dizer que sem lesões, sem castigos e sem más decisões,
possivelmente o Benfica estava no seu lugar habitual.
Porque razão é tão
importante esta questão do Futsal, dirão uns? “Mais título menos título, que
interessa isso quando se ganhou no Basquetebol e no Vólei, e no Hóquei até
ficamos à frente do FCP”? Pois esta forma de pensar é errada. Eu pelo menos
nunca penso no que ganhei, mas no que podia ter ganho. E acho que num clube de topo, um clube ganhador como diz o Hino cantado por Luís Piçarra é assim que se tem de
pensar. Menos que isso é conformarmo-nos com a mediocridade.
Por outro lado o interesse
do tema deriva do facto de tudo que
aconteceu no Futsal aconteceria no Futebol se a Direcção tivesse feito o mesmo
quando os movimentos de opinião alimentados quer pela comunicação social, quer por
uns supostamente bem pensantes bloguistas, pediam sucessivamente a demissão de
Jorge Jesus, quando “apostava demais em Roberto”, quando “não se percebia o que
via no Emerson”, ou quando perdeu 3 finais. Foram alturas em que se viu um
certo lirismo de uns quantos opinógrafos benfiquistas, opinógrafos da mesma natureza dos que comandam as modalidades do
Benfica, dos que não estudam a natureza dos resultados, não interligam a
acção/decisão com o resultado/consequência por falta de capacidade de síntese,
e que ainda ficam aborrecidos quando os rotulo de intelectualmente limitados. Porque são mesmo, por mais textos floreados
e sem “sumo” que publiquem, em blogues ou em colunas de opinião nos mídia
desportivos.
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