quinta-feira, 11 de junho de 2015

A "estrutura"...



Portugal 11 de Junho de 2015

Após a conquista do bicampeonato, que vendo bem, parece que surpreendeu muita gente responsável do Benfica, apareceram uns quantos “lambe-botas” na comunicação social, onlines, intervenções públicas, etc, a falar da importância da “estrutura” do Benfica ou da mudança de “paradigma” desportivo, sugerindo que o Benfica estava a terminar o reinado do FCP no domínio pelo futebol português.
À data que escreveram isto, estamos a falar de um “paradigma” constituído por 1 penta, 1 tetra, 1 tri e vários bicampeonatos do FCP, nestes últimos 31 anos. É fantástico como um simples bicampeonato do Benfica pode por essa gente muito inteligente, ou muito lambe-botas, a falar de mudança de paradigma.
Se razões havia para pensar que não há qualquer mudança de paradigma, pelo estilo, estratégia e resultados conhecidos da gestão Vieira, os primeiros sinais de que não haverá qualquer mudança foram dados com a sugestão dada a Jesus que deveria ir treinar para o Qatar e aproveitar o contrato da vida dele. Efectivamente um gestor, alguém que toma decisões de forma racional mas com um objectivo ganhador, não pode mandar embora quem conhece e tem resultados, para apostar num treinador que por melhor curriculum desportivo que tenha, chega e arrisca-se a perder, porque como sabemos, a nossa competição não é limpa, não e justa, obriga o Benfica a jogar muito mais do que os outros para ultrapassar todo o tipo de armadilhas que nos são colocados. Portanto não basta ser um “bom “treinador lá fora, porque no Benfica é tudo diferente.
Mas também nunca haveria mudança de paradigma desportivo por influência positiva da “estrutura” do Benfica, uma vez que a estatística é como o algodão e não engana! Nestes últimos 6 anos de Benfica, com uma aposta no futebol espectáculo e com um treinador que devido a N factores conseguiu recolocar o Benfica na senda do sucesso, o FCP ganhou 3 campeonatos onde ultrapassou sempre a fasquia dos 80% de pontos conquistados, chegando aos 90% num deles. Mesmo na derrota de “Lolpetegui” conseguiram 80% de pontos justos!
Se recuarmos ao tetra do FCP, Co Adrianse mais Jesualdo Ferreira (2005/06 a 2008/09), constatamos que todos esses títulos foram ganhos abaixo dos 80% de pontos!
A marca dos 80% é um valor de referência porque foi com 80% que Mourinho ganhou o 2º título de campeão no FCP, com uma equipa que, com ajudas de arbitragem ou não, com sorte no sorteio ou não, ganhou a Champions League ao Mónaco. Ora se Mourinho com uma boa equipa fez “apenas” 80% fácil é concluir que, se actuais equipas do FCP não são treinadas por treinadores acima da média, nem por jogadores que deixam marca, então a subida de pontuação das equipas do FCP deve-se apenas a um factor: maior domínio da arbitragem.
Então como é que o Benfica ganhou 3 campeonatos em 6 possíveis, se o FCP aumentou o domínio da arbitragem por ineficácia, incompetência ou desleixo da nossa “estrutura”? Exactamente porque o treinador era muito bom. Não porque a “estrutura” do Benfica justificasse essa melhoria de perfomances no futebol, mas sim porque o treinador, um “achado” nos dias que correm, era bom. Talvez bom demais para a estratégia dos poderes do futebol, que Vieira representa de forma exemplar. A extraordinária capacidade para dizer hoje uma coisa, e amanhã justificar o seu oposto, não está ao alcance de qualquer um. Só pessoas com elevado potencial e/ou máquina de propaganda mediática (paga, obviamente), podem alcançar o nível que o Sr.º Vieira já alcançou em 14 épocas em que prometeu muito e alcançou pouco.
A “estrutura” é pois uma figura de estilo sustentada não em factos mas em opiniões, vindas quase sempre de gente beneficiária do actual modelo de gestão “empresarial” do Benfica, seja o administrador da SAD (onde é que ganhava 250 mil por ano?), sejam os opinadores de serviço (milhares de euros mensais), sejam outros avençados espalhado em blogues e outros espaços online. A “estrutura” pretendeu reter os méritos de Jesus, ou partilhá-los, para suavizar a sua saída e não porque os mereça de facto.
Daqui a um ano, a “estrutura” irá ser julgada pelas opções que fez, comparadas com as da época que agora termina. Se tudo isto contribuir para esvaziar o estado de graça de Vieira, valeu a pena. Pelo Benfica!

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