Portugal 7 de Abril
de 2016
Uma exibição
altamente positiva da nossa equipa de futebol frente ao poderoso Bayern permite,
segundo a comunicação social e a maior parte dos adeptos, acalentar esperanças
numa recuperação e passagem às meias-finais. Não partilho da mesma opinião, apesar
de ter defendido que o Bayern era a equipa que nos daria mais ilusões de passar
à fase seguinte (embora em futebol tudo seja possível...).
Antes de mais,
recupero algumas ideias que escrevi em textos anteriores:
“As partes menos boas são: 1) verificar a
existência de alguns erros de posicionamento, de jogadores que não vou
mencionar, que a sucederem-se com o Bayern poderão levar-nos a uma derrota
pesada. Esperemos que não” – texto “Taça, Balanço e Humildade”.
“Ao contrário da maior parte dos analistas a mim parece-me um bom sorteio. Porque
os sorteios não se podem avaliar só pela qualidade do adversário, os sorteios
têm de considerar outros parâmetros. E neste caso, a mim parece-me que a
esgotante (psicologicamente) eliminatória com a Juventus, onde estiveram quase
a ser eliminados, poderá jogar a nosso favor” – texto “Nazis e Alemães no Xadrez”.
“Contudo vejo que
Guardiola esta demasiado atento e razoavelmente humilde perante o desafio que
nós somos para eles, e com isto
poderemos perder todos os trunfos que tínhamos para esta eliminatória” - texto
“Taça, Balanço e Humildade”.
Posto isto começo
por sublinhar a enorme exibição do
Benfica, em particular por ter sofrido um golo aos 2 mn, sem que as equipas
estivessem ainda encaixadas, que aliado ao faço do adversário jogar perante o
seu público e ter a valia que se conhece, podia prenunciar um resultado
bastante desnivelado. Tipo os 7-1 ou 6-1 que SCP em 2008/09 e FCP na época
anterior, sofreram naquele estádio.
Contudo não nos iludamos. Fosse porque
Guardiola (um enorme treinador) viu bem a nossa forma de jogar, fosse porque
corrigiu a tempo o entusiasmo alemão pela “pêra doce” que o sorteio lhes
reservou (segundo alguns alemães como Rummenige e outros como os jornalistas
portugueses), ou fosse porque cometemos mais erros do que eles, o que é certo é
que perdemos 1-0!
Ora não marcando
golos e tendo sofrido um, o adversário sabe que não podemos arriscar muito,
porque caso o façamos vamos abrir linhas
de passe na retaguarda do nosso meio campo, que eles, com melhores
executantes, podem aproveitar para fazer 1 golo. E fazendo um golo está tudo
lixado, pois se até esse momento não conseguimos marcar, não será daí até ao
final do jogo que vamos marcar 3.
Isto são regras do
futebol, não têm a ver com ser o Benfica e o Bayern, têm a ver com as “leis” próprias dos resultados do
futebol nas competições a eliminar, “leis” que os entendidos da comunicação
social ignoram com frequência. São leis que se verificaram na eliminatória
anterior com o Zenit ou quando há 10 anos jogamos com o Liverpool. Nestas duas
eliminatórias (das 3 vezes que passamos aos oitavos de final na Champions nos
últimos 10 anos) começamos em casa. Vencendo por 1-0, acabando por vencer
também o segundo jogo. Ora neste caso, o Bayern está como esteve o Benfica
nessas duas situações...
Claro que também me
podem dizer que perdemos 1-0 no Fenerbahce e depois vencemos na Luz 3-1. Sim,
mas o Bayern (equipa e treinador) não é propriamente o Fenerbahce. E isso
também conta.
Em resumo eu diria
que o Benfica deveria começar o jogo da
2ª mão com prudência, cautelas na distribuição dos jogadores ao longo do
campo, não subir as linhas defensivas para mais do que 10 metros acima da nossa
baliza, privilegiar um segundo ponta de lança móvel que saiba fazer bem as
tarefas defensivas, ou apostar num médio de características mais ofensivas para
jogar atrás do ponta de lança mais posicional, que deverá ser Mitroglou. No
fundo eu desenharia uma táctica para
trazer o jogo para o meio campo com objectivo de provocar o erro do adversário
para tentar o golo. Treinaria os remates
de meia distância, na expectativa de obter esse golo, e também treinaria a
marcação de grandes penalidades, na eventualidade de marcarmos pelo menos um
golo e não sofremos.
Na fase de grupos, o
Bayern marcou sempre golos excepto frente ao Arsenal em Londres onde jogou
primeiro e perdeu 2-0, devolvendo a seguir com uma goleada de 5-1. Não é um bom
prenúncio, tanto mais que trazem um resultado para gerir...
Por último e em
face dos resultados da 1ª mão, fica evidente que as “pêras doces” não existem nem nunca existiram nesta fase
da prova. As equipas quando atingem patamares competitivos elevados motivam-se de formas não “científicas” originando
resultados não “previstos”. Poderá o Benfica ser um destes exemplos?
Gostar, gostava, mas....
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