Portugal, 23 de Maio de 2011
O balanço da época desportiva que termina, não pode ficar confinado à análise dos resultados e dos troféus ganhos ou perdidos. Deve estender-se a tudo que competia fazer à Direcção em matéria de arbitragem e de comunicação social, para proteger os nossos jogadores e treinadores, e contra-atacar o “sistema” instalado.
Como introdução ao tema, registo um pensamento publicado esta semana no jornal O BENFICA, da parte de um colunista com bastante idade e experiência, que diz bem do nível pré-histórico em que se encontra a cultura do Benfica face ao “sistema”. Dizia mais ou menos isto “é verdade que as arbitragens cedo nos impediram de lutar pelo título, mas esse não pode ser o único argumento uma vez que no ano passado conseguimos ser campeões e as arbitragens também nos tentaram prejudicar”.
Dou relevo a este pensamento porque esta é, ao fim e ao cabo, uma demonstração do pensamento dominante no Benfica, que se estende da Direcção à oposição mais ou menos visível, passando naturalmente por uma percentagem esmagadora de sócios e adeptos. E é um pensamento demasiado confrangedor para deixar passar em claro.
Desde logo, quem assim pensa esquece aquilo que se chama, “probabilidade” de ganhar. Ser o melhor é um conceito teórico. Ganha quem faz mais pontos, quem mete mais golos, quem sofre menos golos. A probabilidade de me sair a lotaria em duas apostas consecutivas é incrivelmente baixa. Tal como é a probabilidade de ganhar dois campeonatos consecutivos.
O matemático português, Jorge Buescu, escreveu à mais de 10 anos que o SCP não iria ser campeão novamente (depois do título de Inácio que interrompeu um jejum de 17 anos) e demonstrou-o com argumentos matemáticos que não vem aqui ao caso, mas que são argumentos sem “camisola”. Aplicam-se a qualquer equipa (menos ao FCP, que como se sabe já ganhou 5 e 4 consecutivos).
Ou seja. Em condições normais, a probabilidade do Benfica ser campeão duas vezes seguidas é muito baixa. E se em condições normais a probabilidade seria inferior à que precedeu a do ano da conquista do título, em condições anormais (arbitragens) essa probabilidade seria ainda menor.
Portanto quem defende que “ah, no ano passado também nos prejudicaram e fomos campeões” está a ser um idiota perfeito, daqueles que são, sem o saberem. Daqueles que escrevem e nada dizem de útil para o Benfica, mas que só serve de argumento aos adversários do Benfica, porque admitem que podíamos ser tão melhores que até poderíamos ser campeões outra vez.
O que este colunista disse espelha o que pensa a Direcção do Benfica. E a maioria dos adeptos e sócios do Benfica. Ninguém pensa que, sendo as probabilidades de ganhar inferiores às do ano anterior, teríamos de ser perfeitos na gestão das expectativas do grupo e dos adeptos, teríamos de ser competentes na oposição aos critérios das nomeações e das arbitragens em cada jogo, teríamos de ser sérios na fiscalização dos erros externos que podem ter implicação no nosso grupo de trabalho.
Ora que fez a Direcção liderada pelo Sr.º Vieira? ZERO! A Direcção do Sr.º Vieira organizou a Gala do Jornal Benfica e a Gala Cosme Damião. E o jogo com a Selecção de Angola. No final, o Sr.º Vieira veio justificar que perdemos o título porque os jogadores andaram demasiado tempo em festas! O Sr.º Vieira afirmou antes do jogo da meia-final da Taça com o FCP, que não respondia ao FCP para não condicionar a arbitragem. Mas que o faria depois. Ora que aconteceu? De facto ele falou, interrompendo um jogo de andebol na BenficaTV. Mas para dizer o quê? Que o inquérito para apurar os responsáveis pela fuga de informação que permitiu o apedrejamento do seu carro, não estava a sofrer desenvolvimentos. Que fez mais o Sr.º Vieira? Após o jogo/roubo de Guimarães, permitiu ao Plenário de Órgãos Sociais a tomada de um conjunto de posições vigorosas na defesa dos interesses do Benfica, mas passado pouco tempo, deixou caí-las a todas!
Com estas decisões erráticas e intermitentes, a Direcção do Sr.º Vieira, ou o Sr.º Vieira “himself” (não vejo mais ninguém a falar pela Direcção), provocou o enfraquecimento do Benfica perante todo o conjunto de interesses instalados neste futebol “portoguês”. E por isso a época acabou primeiro em Braga, e depois com o mesmo árbitro (perante a complacência da Direcção do Benfica), na meia-final da Taça.
Deste ponto de vista, esta época foi (mais) uma oportunidade perdida para marcar posição face a todo o conjunto de “truques” que fazem do FCP crónico campeão, mesmo contra as próprias probabilidades matemáticas.
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