Portugal 10 de Outubro
de 2015
Esta semana ficou
marcada pela entrevista de Bruno de Carvalho (BdC), presidente do SCP, a um daqueles
programas de trios, neste caso da TVI, que de forma mais educada ou menos
educada, revelou uma quantidade de informações sobre o Benfica que puseram o
país desportivo em alvoroço! Nomeadamente, e parece tudo resumir-se a isso, às
prendas que a Direcção do Benfica oferece aos árbitros e outros representantes da
arbitragem quando são destacados para os jogos no Estádio da Luz.
A forma destemperada
(como se no futebol existisse suavidade para criticar os rivais) como essas
coisas foram reveladas, levou que ex-dirigentes do Benfica da Direcção de Vale
e Azevedo, José Manuel Capristano e José Manuel Antunes, pedissem à Direcção
que apresentassem queixa-crime contra BdC, pedido
que se tornou inútil no dia seguinte quando a Direcção fez saber que não ia responder
às acusações de BdC, com argumentos que variam do “demasiado baixo para
merecer resposta” (fonte oficial) ao “nunca poderemos entrar no jogo de quem é
pequenino” (Rui Gomes da Silva).
António Figueiredo e
Bagão Félix, dois apoiantes do “status quo” pós Vale e Azevedo, também tiveram
direito a reação pública, optando um por criticar diretamente BdC e outro por “defender
a estratégia do silêncio”. Duas das pessoas que mais barafustaram contra a
gestão de Vale e Azevedo, agora optam
por manobras de entretenimento ou de silêncio. Não deixa de ser curioso, e
mesmo discordando dos termos utilizados, Capristano
e Antunes, foram os únicos que publicamente defenderam a defesa do bom nome do
Benfica, sugerindo a apresentação de uma queixa-crime. Figueiredo fez um
pião e ficou no mesmo sítio, Félix foi mais do mesmo.
Há três tipos de adágios
populares que bem se podem aplicar a este triste mas revelador episódio com BdC:
1) “quem cala, consente”, 2) “vozes de burro não chegam ao céu” e 3) “os cães
ladram e a caravana passa”.
Nas afirmações de BdC
encontro um conjunto de coisas que não
são “pequeninas” ou que não são “baixas de mais” para merecer resposta. Pelo
contrário: urge encontrar respostas para as seguintes revelações: A) com a
falência do BES entraram 50 milhões nas contas do Benfica, B) o Ivan foi vendido
por 15 milhões mas o Mónaco diz que apenas pagou 4 milhões, C) o Benfica fez
negócios na época 2010/2011 com clubes “fantasmas” como o Brasa do Brasil, D) o
Benfica gasta cerca de 250 mil euros em prendas para agentes federativos
ligados à arbitragem.
Isto não é coisa de
somenos, isto é matéria muito grave
pois indicia que o Benfica engana os sócios e a CMVM quanto ao valor das vendas
dos jogadores da formação (o que pode ser relacionado com a demissão do Revisor
Oficial de Contas algures em 2011 ou 2012), indicia que há quem no Benfica
pague quantias avultadas pelas contratações de jogadores a clubes que não
existem desportivamente e como tal, pode-se questionar o destino do dinheiro
assim transferido, indicia que o Benfica faz e continua a fazer charme aos
árbitros, gastando demasiado dinheiro mas calando-se perante as sucessivas
tropelias de arbitragem (como se viu em Arouca), o que é uma forma errada e
ruinosa de gerir os interesses desportivos do Benfica, e indicia que as
ligações com o BES são mais importantes do que se tem feito crer, podendo advir
vantagens pessoais e patrimoniais para alguns dos altos dirigentes do Clube e
SAD do Benfica, caso essas verbas, a existirem, não tenham sido inscritas nas
contas do clube ou SAD.
Isto não são coisas
que possamos “varrer para debaixo do tapete” pelo que importava escutar
respostas rápidas e conclusivas por parte de quem lidera o Benfica. A credibilidade não se apregoa, a credibilidade
demonstra-se quando as circunstâncias assim o impõem!
Ora, a
reação pública de Vieira andou entre o “no dia e
na hora certa saberemos ajustar contas”, o “ignorem o
ruído porque ao contrário do que alguns pensam, o ruído não beneficia ninguém”
ou o “não nos
importa o que outros digam. Eles que falem de nós”. E incluiu uma “ferroada”
em Jesus a propósito da Champions, o que é sempre bom para evocar a saída de JJ
para o SCP e acicatar os benfiquistas
Este apelo à grandeza
do Benfica e às boas maneiras é apenas uma
forma de anestesiar os sócios no que toca a não pedirem explicações sobre matéria
tão graves como as denunciadas. Porque daqui não vai resultar uma posição fortificada
do Benfica nem uma maior coesão entre sócios e adeptos relativamente ao projeto
atual, seja lá ele qual seja. Bem pelo contrário, permite que se instale a
dúvida, o que não favorece ninguém de facto.
Para além de sabermos
que alguém escreve os discursos a Vieira, que os lê de forma encenada,
revelando que se preocupa em transmitir a imagem do grande líder que não é,
este tipo de respostas faz lembrar as mesmas quando somos roubados de forma
escandalosa pelos árbitros, a quem pelos vistos ainda oferecemos livros da vida
do Eusébio e almoçaradas. São respostas
enrodilhadas que aparecem apenas para que o povo saiba que eles disseram
qualquer coisa. Já que a sua substância é zero!
Pelo que não tenho
dúvidas em que daqui resulta simplesmente que estamos perante o popular “quem cala consente”. O que é lamentável…
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