terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Começar bem o ano...



Portugal 5 de Janeiro de 2016

A equipa de futebol começou o ano como terminou o anterior, ou seja, ganhando a dois adversários difíceis e incómodos, ambos a atravessarem bons períodos futebolísticos. O Rio Ave era 5º classificado antes de jogar na Luz e tinha o melhor ataque fora de casa. O Guimarães é sempre difícil e apesar de se situar no meio da tabela, tem mostrado sinais (e vitórias) de recuperação. O futebol nos tempos que correm é mais equilibrado e disputado, as equipas têm as mesmas condições de treino e suporte técnico da envolvente, pelo que não alinho na tese “jogar bem e ganhar” mas inverto o paradigma para o mais pragmático “ganhar e jogar bem”.
Tal como a equipa de futebol, tenho de começar o ano como acabei: a falar da comunicação social e de como continuam a ser protagonistas, “inclinando o campo da opinião contra o Benfica e a favor de FCP e SCP... Não nos podemos admirar que alguns adeptos (ruidosos) do Benfica se atirem à sua própria equipa, enquanto os adeptos de FCP e SCP se atiram... contra o Benfica e contra as arbitragens” (texto anterior Pressão Artificial, 21 de Dezembro).
Vem isto a propósito de 1) excessivo mediatismo das queixas do SCP à arbitragem do Guimarães - Benfica, com destaques nos onlines das acusações do Presidente e do Inácio do SCP, 2) selecção de imagens sobre alegados erros que favoreceram o Benfica, para destaque nos casos do jogo de Guimarães, mas não do lance aos 20 mn onde o Octávio deveria ter sido expulso por entrada maldosa sobre Jonas, 3) perseguição ao árbitro a propósito do suposto dever de informar, sobre se chamou “burro” ao treinador do Guimarães ou não, com divulgação do som áudio da conversa em questão, não esquecendo de avisar que pode ser castigado com 15 jogos de suspensão (quando Jesus apertou os “colarinhos” do jogador do Nacional que insultou Jara, curiosamente o áudio não veio cá para fora...).
Tenho toda a legitimidade para me sentir incomodado com este tipo de critérios da comunicação social, que acabam por colocar toda a gente a falar do que eles querem e não do que se passou em campo, porque no texto anterior (o que está mais “fresco”) interroguei-me porque razão essa comunicação social, não colocou o golo invalidado ao Jimenez contra o União nos destaques dos onlines referentes aos casos de arbitragem, preferindo dar destaque a uma quantidade de burros (como referi) de ex-treinadores do Benfica que opinaram sobre as hipóteses do Benfica chegar ao título e não sobre qual poderia ser o resultado do União-SCP.
Claro que eles podem alegar que os responsáveis do Benfica não falaram do árbitro como falam os do SCP, e isso é um argumento incontornável, pois esta gente que está a fazer de conta que defende o Benfica, na realidade apenas está a defender os interesses do “sistema” que se entranhou na gestão do Benfica e que corporaliza na criação do “mito” do melhor presidente das últimas não sei quantas décadas.
E não havendo reacção do Benfica em relação a matérias de arbitragem, por imposição desse “sistema” que quer o Benfica como aluno exemplar numa escola de piolhosos, torna-se mais difícil fazermos passar os nossos pontos de vista, acabando por ver (suprema ironia) o presidente do SCP falar de dois supostos penáltis poupados contra o Benfica, quando no dérbi para o campeonato foram poupados 3 penáltis contra o SCP. Pomo-nos a jeito, não nos podemos queixar...
Mas eu queixo-me, porque tenho denunciado o “faz-que-é-presidente” e a gestão habilidosa que a Liga tem feito da arbitragem, bem como quem deveria ser isento e imparcial, mas acaba por branquear o que os poderes do futebol querem e impõem: a comunicação social.
Se atendermos apenas às grandes penalidades, o Benfica tem 3-0 a favor e contra. SCP tem 7-3 e FCP tem 2-1. Contudo os 3 penaltys a favor do Benfica foram assinalados em apenas 2 jogos, tantos como os do FCP, mas os 7 a favor do SCP foram distribuídos por 6 jogos! Dois foram assinalados no minuto 90 e outro após um fora de jogo de quase dois metros que o árbitro assistente não viu. Foram 3 vitórias por 1 golo de diferença, 6 pontos conquistados...
Se mencionarmos o número de penaltys não assinalados a favor de uns e outros, o Benfica é claramente o clube mais prejudicado, salientando-se 3 contra o SCP e outros 3 contra Rio Ave, jogos em que não se soube a nota dos árbitros.
Também podemos falar dos minutos que as equipas jogam em superioridade numérica. Neste parâmetro alguns já repararam, mas outros continuam a ver apenas a qualidade de jogo da equipa. Repararam que este ano deixou-se de falar deste parâmetro ao contrário da época passada? E porquê? Porque na época passada o Benfica jogava mais minutos em superioridade numérica, enquanto este ano é o ... SCP! Se considerarmos os jogos com 93 mn, incluindo compensações, o Benfica jogou 1 mn em superioridade numérica, e zero em inferioridade numérica. O SCP jogou 109 mn em superioridade e 20 mn em inferioridade numérica. Curiosamente o FCP não teve expulsões de adversários, mas teve um jogador expulso contra o União, quando já ganhavam 3-0.
Perante tudo isto, penaltys e minutos em superioridade, a comunicação social enfatiza a um suposto penalty do Fejsa na 2ª parte, onde não houve falta pois o avançado do Guimarães já tinha endossado a bola quando se deu o choque, mas não viram a tal expulsão aos 20 mn da 1ª parte. Assim se vai construindo a tese do colinho, como nos anos anteriores, com a concordância, por omissão, da Direcção mas também dos exigentes adeptos do Benfica, que continuam a não criticar tudo isto, preferindo ver o futebol do ano passado, com o treinador deste ano. Uma opção virtualmente impossível de alcançar, pois cada treinador tem o seu estilo e cultura táctica, e aqueles que achavam que o Jesus ganhava porque tinha bons jogadores e uma “estrutura” ganhadora, têm de voltar à escola primária do futebol para reciclar conhecimentos...
Termino lembrando que apesar destas incidências de arbitragem e mesmo reconhecendo que a qualidade de jogo do SCP é a mais interessante, na realidade o Benfica de Rui Vitória é a equipa que mais golos marcou, 36 (mais 9 do que o SCP dos 7 penaltys, e mais 5 do que o FCP), embora tendo sofrido também mais golos, 10 (mais 3 do que SCP e 1 do que FCP). Em resumo, jogando de forma menos apelativa, temos o melhor goal-average da prova, pelo que, e ao contrário do que aqui vaticinei no inicio do campeonato, vejo alguma luz no fundo do túnel. É fundamental vencermos os 2 jogos que faltam para o final da 1ª volta, onde aí sim, as comparações serão legítimas. Até lá, façamos o nosso papel que é defender a equipa das “imbestidas” das “bestas” alheias...

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