Portugal 5 de Fevereiro
de 2016
Finalmente terminou
a chamada “janela de Inverno” onde os clubes aproveitam para fazer ajustes aos
planteis, seja contratando “reforços” seja vendendo, cedendo ou despachando
alguns excedentários que precisem de jogar para se encontrarem com o futebol, e
se valorizarem na expectativa de realização de mais-valias.
“Com o aumento de receitas, o Benfica poderá
“acelerar a redução do passivo”, mesmo que, garante, “as necessidades
financeiras de curto prazo estejam garantidas há muito”. E assim, diz, se
cumprirá a terceira etapa da sua era. “Há 12 anos, tivemos de ‘salvar’ o clube.
Depois, foi necessário criar infraestruturas, o que obrigou a criar dívida.
Apostou-se no projeto desportivo, e agora chegou o momento de amortizar a dívida.
Seguramente que pelo menos parte substancial deste contrato será para reduzir
passivo” – Luís Filipe Vieira, Expresso, 08/12/2015
Como sempre tenho
defendido, Vieira é uma farsa que o “sistema” meteu no Benfica, para controlar
um clube impedindo-o de estar ao nível de outros grandes emblemas europeus. Como é uma farsa, fala cópias que lhe
escrevem e que revelam lapsos atrás de lapsos. Nesta entrevista ao
Expresso, Vieira refere que há 12 anos, em 2003 portanto, tiveram de salvar o
clube. Ora quem era Presidente do Benfica? Manuel Vilarinho. Quem era o gestor
do futebol? Filipe Vieira! Mas de facto é
apropriado dizer que salvaram o clube, pois esses dois tudo fizeram para o
destruir, gastando o pouco que o “crucificado” Vale e Azevedo tinha
deixado, nomeadamente uma estrutura económica em crescendo, um treinador de
futuro (José Mourinho, na altura apelidado de tradutor) e uma equipa de futebol
onde pontificavam jogadores de qualidade como Marchena (depois campeão do mundo
sub 20) e Van Hooijdonk (depois vencedor da Taça UEFA).
Mas os lapsos
também se estendem às infra-estruturas, pois é sabido que a divida financeira
do Benfica atinge cerca de 280 milhões de euros, e o estádio mobilizou “apenas”
80 milhões. Se incluirmos o Centro de Estágio do Seixal, possivelmente
estaremos a falar de 100 milhões de euros em infra-estruturas. Ora, para onde foram os outros 180 milhões?
Para jogadores e negociatas...
É com a compra e
venda de jogadores que o Benfica tem empobrecido (a maior parte do património e
até passes de alguns jogadores estão hipotecados) e que os empresários têm
enriquecido em negócios estranhos que ninguém percebe. E é sobre estes negócios
que importa colocar o foco, pois não podemos dissociar a má situação económica
do Benfica com as opções da Direcção de Vieira que se em 2003 esteve prestes a arruinar o Benfica, em 2015 pouco melhor
estamos, pois a divida financeira e os custos anuais da mesma, são colossais.
“Quero um treinador ganhador, que não tenha medo de apostar nos nossos miúdos
ou nos nossos jovens da escola de talentos, que seja capaz de construir um
projeto integrado desde os escalões de formação até ao futebol profissional”
– Filipe Vieira, Record, 04/06/2015.
A Direcção do
Benfica e máquina de propaganda fizeram crer que a saída de Jesus para o rival
se deveu especialmente à não aposta nos jovens da Formação. Apesar da Direcção
do Benfica, a tal “estrutura”, ter antes disso vendido vários jogadores que
Jesus havia lançado (curiosamente), como Nélson Oliveira, André Gomes e Ivan
Cavaleiro, bem como outros que tiveram aparições fugazes na equipa como João
Cancelo, Bernardo Silva e Hélder Costa.
Passados estes
meses todos constata-se a mentira que houve em todo esse processo, uma vez que as razões da saída do treinador
bicampeão nunca se prenderam com apostas na formação mas noutras que não
quero aqui polemizar. O que quero sublinhar é que neste período Rui Vitória
apostou em Gonçalo Guedes, por causa da lesão de Sálvio, apostou em Nélson
Semedo por causa da dispensa de Maxi Pereira e apostou em Renato Sanches por
causa de algumas lesões e castigos de jogadores do meio campo. Não vejo qualquer intencionalidade
estratégica nestas apostas, mas tão-somente apostas circunstanciais. No
caso de Renato isso é evidente pois apenas
se lembraram dele na 9ª jornada. Hoje é o jogador mais valioso de sempre da
Formação...
“Estamos no tempo de apostar nos talentos
gerados no Seixal, num modelo que equilibra a competitividade desportiva com a
redução do nosso endividamento.”” – Filipe Vieira, BOLA, 09-10-2015.
Como se vê a aposta nos jovens é uma “tanga” para
iludir (aldrabar em calão) os adeptos, mas essa convicção sai mais
reforçada quando se analisa a politica de contratações, seus custos e suas
implicações, na presente época. Assim a aposta na “Formação” permitiu a Vieira
gastar 2,9 milhões no premio de assinatura, com um salário bruto anual de 2,3
milhões em Taarabt. A contratação de Francisco Vera (suplente na equipa B)
custou 2,9 milhões de euros (salário não revelado). A contratação de Grimaldo e
Jovic custaram em conjunto 3,7 milhões de euros. A contratação de Carrillo
custou 4,5 milhões pela assinatura (dele e empresário) e um salário bruto de 4
milhões anuais. Assim sem grande pormenor, Vieira,
escudado na “cassete” da formação, redução de custos e utilização dos contratos
televisivos para abater à divida, gastou a módica quantia de 14 milhões de
euros (!?!).
Se a isto somarmos
as verbas gastas com Murillo, Pizzi, Raúl Jimenez, ficamos perto dos 30 milhões de euros que todos os anos Vieira costuma
gastar, apesar de este ano ter aparecido a cassete do “endividamento”.
Porque ao “faz que é” Presidente do Benfica importa contratar e pagar
comissões, sem qualquer objectivo
desportivo mas simplesmente gastar, enriquecer uns quantos e manter a
divida financeira elevada pois isso custa mais de 23 milhões de juros por ano. E assim o Benfica não sai do “buraco”!
Três notas finais:
1) o salário oferecido a Maxi Pereira, com 8 anos de provas dadas, foi de 3
milhões de euros brutos, mas a Carrillo foram dados 4 milhões, 2) Jesus com um
salário bruito de 4 milhões por época, ganhava muito segundo a máquina da
propaganda onde se incluem alguns dos ditos “notáveis”, 3) Vale e Azevedo nunca
negociou contratações com empresários, só nas vendas.
Cada um que tire as
conclusões que quiser, mas é para mim evidente
que não há qualquer estratégia desportiva neste Benfica de Vieira, apenas uma
estratégia económica que enriquece todos, menos o Benfica...
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