sábado, 19 de março de 2011

Crónica de um título anunciado - parte II

Portugal, 19 de Março de 2011

Como referi no texto anterior, o Benfica volta a perder o título de campeão devido a erros de arbitragem não enquadráveis no domínio da imperfeição humana, mas sim erros de manual, programados e produzidos, com base numa lógica de “sistema”.

Também referi que por “sistema” entendo um conjunto de pessoas (jogadores, treinadores, empresários, dirigentes de clubes, associativos ou federativos) e instituições (sejam clubes, Liga, FPF, Olivedesportos, Bancos e outras com interesses na área económica do futebol), que se relacionam entre si com base no atropelamento ou manipulação das regras ou leis em vigor, de modo a serem reforçados os objectivos individuais e comuns de todos eles. Que nuns casos visam o sucesso desportivo, noutros casos visam os resultados económicos.

E salientei que o Benfica é um clube que está naturalmente fora do “sistema”, porque não se relaciona nem pode relacionar-se com todos os elementos do mesmo, por incompatibilidade de objectivos. Isto é O Benfica luta para ser campeão e luta para ter bons resultados económicos. Logo é um concorrente desse “sistema”, onde apenas há 1 clube que se permite lutar para o título, facto implicitamente aceite por todos os outros, que em contrapartida negoceiam entre si as melhores classificações possíveis.

Postas as coisas nestes termos, torna-se incompreensível ao mais atento adepto, que a actual Direcção do Benfica tenha decidido apoiar a lista do Dr.º Fernando Gomes, ex-vice Presidente do FCP (SAD e clube) e um fanático anti-benfiquista, como demonstrou ao tempo que era Presidente da Liga de Clubes de Basquetebol.

 O Sr.º Filipe Vieira, pessoa com “boa” comunicação social desde que foi Presidente do Alverca, a que não deve ser alheio o facto de ser uma pessoa ligada aos Bancos a quem o Benfica hipotecou a sua independência e rumo estratégico, na altura em que declarou esse apoio fez questão de pedir a todos, “confiem em mim”. Mas será que deveríamos confiar numa pessoa que em 10 anos oscilou de rumo consoante os resultados aquém do previsto, da sua gestão? Ou melhor dizendo, não seria previsível que uma vez mais, as apostas do Sr.º Vieira iriam falhar tragicamente?

Fui dos que lamentei este apoio e previ que de certa forma, o Benfica iria hipotecar as hipóteses de ser campeão. Pela razão de que a lista do Dr.º Fernando Gomes apenas apresentava a “novidade” da purga do Dr.º Ricardo Costa, porque anteriormente estava conotado com o Benfica e foi sempre pressionado pelo FCP durante todo o mandato, colocando em seu lugar um destacado apoiante do FCP. Na arbitragem ficava o mesmo personagem Vítor Pereira, sinal claro que o FCP estava contente com o seu trabalho.

Ora se o FCP estava contente com o Sr.º Vítor Pereira, porque o reconduzia (embora formalmente não tivesse apoiado a lista de Fernando Gomes, naquela parola estratégia de ficar de fora para dizer que nada têm a ver com esta Liga), como era possível ao Benfica não perceber que o que é bom para o FCP não pode ser bom para o Benfica? Como é que o Sr.º Vieira em 10 anos de gestão no Benfica não conseguiu aprender nada sobre as relações entre o poder Comissão de Arbitragem da Liga e a gestão dos erros dos árbitros?

A estratégia de Vieira era previsivelmente errada, porque ignorou ostensivamente a lógica de “sistema” em que o futebol português está organizado. Os resultados não podiam ter sido mais catastróficos: após 4 jornadas o Benfica tinha sido dizimado por uns quantos erros de arbitragem, sempre na lógica de “sistema”, enquanto o FCP era empurrado literalmente para cima, com os mesmos erros mas de sentido contrário. Obviamente.

Os inocentes que pensaram “bom mas ainda estamos a tempo de recuperar”, para variar cometem um erro de análise porque desvalorizam a “qualidade do erro”. É que o erro sendo programado, surge quando interessa, seja na 7ª, na 12ª, 19ª, 24ª ou outra jornada. E surge sempre na mesma lógica: jamais veremos ser assinalado 1 penalty contra o FCP por braço fora da área, como ao Benfica em pleno estádio da Luz contra o Portimonense. Pelo contrário, Rolando quando do Nacional-FCP fez o mesmo mas bem dentro da área, e não foi assinalado penalty. Num caso o Benfica estava 0-0, no outro o FCP ganhava 1-0. Compreende-se a lógica de funcionamento do árbitro e equipa de auxiliares.

Mas será que o Sr.º Vieira também compreende ou é obrigado por quem condiciona a independência do Benfica, a não compreender estas coisas e continuar a pedir autorização para contrair mais e mais empréstimos?

4 comentários:

  1. Boas. Li tudo, o que não era difícil, e sei, do que tenho lido ao longo dos tempos dos teus/seus comentários no Record, que temos pontos de vista semelhantes em alguns aspectos, mas diferentes e opostos noutros. Espero, portanto, e agora de forma mais directa, onde podemos ler, interagir, etc., uns com os outros, sem o aval do pessoal do Record, conversar contigo/consigo sobre esses aspectos e poder encontrar o melhor ponto de vista, pesados todos os prós e contras.

    Grande abraço

    Márcio Guerra, aliás, Bimbosfera

    Bimbosfera.blogspot.com

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  2. Já agora, e esqueci referir, se houver interesse em trocar links, estou sempre disponível para dar uma mão ao pessoal que está a começar. Não é que o meu blog seja algo do outro mundo, mas sugiro a visita, e se houver interesse posso lá colocar o meu link. A seguir o Basta já estou, por isso...

    Abraço

    Márcio Guerra

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  3. Olá Márcio, já tinha lido coisas tuas com as quais concordo em grandíssima parte. Espero trocar mais pontos de vista contigo. O tempo é escasso mas arranja-se :)

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  4. Certíssimo! Vou então adicionar o Basta aos meus favoritos, que não sei se o cheguei a fazer!

    Grande abraço!

    Márcio Guerra

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