Portugal, 18 de Julho de 2011
Com a vitória no torneio de Guadiana, concluímos a 2ª fase da pré-temporada, marcada pelo evoluir das rotinas de jogo por parte dos jogadores e pelo acentuar de definições do plantel, embora de forma não definitiva devido a várias contingências (a Copa América e contratações de última hora).
Sobre as questões de natureza táctica, volto a sublinhar que não é nem nunca foi, meu propósito criticar o treinador do Benfica no sentido de por em causa a sua continuidade. Mas tenho a minha sensibilidade e conhecimentos que permitem criticar a insistência na adaptação de Fábio Faria a defesa esquerdo, deixando de lado um activo que faria seguramente melhor a posição, Schaffer, e obrigando ao recuo de Javi Garcia que é um trinco de excelência e, como já se verificou, não é substituível por Matic (bom jogador mas de fraca cultura defensiva).
Jorge Jesus voltou a alinhar o quarteto defensivo que tinha sido titular na derrota com o Dijon, pelo que concluo que não percebeu porque perdeu esse jogo. O papel de Javi no meio campo é essencial para filtrar jogadas dos adversários. Quanto menos poder de choque o Benfica tiver no meio campo, mais facilmente os adversários conseguem ganhar as segundas bolas e construir jogadas que passam por meter a bola em profundidade pelo meio dos centrais. E eventualmente obrigam o guarda-redes a jogar mais à frente da baliza (para as dobras).
Deste modo a nossa segurança para os próximos jogos não passa pelo regresso de Luisão e Garay, mas sim porque isso significa que Jorge Jesus terá de colocar Javi no papel de trinco. Quer também isto dizer que Javi terá de se entrosar jogando, uma vez que nos últimos 3 jogos adquiriu rotinas de defesa central. E o próximo jogo oficial vem já aí, e é de alta responsabilidade.
Quero com isto dizer que a gestão do plantel, no sector defensivo, está a ser feita de forma errada e pior: previsivelmente errada. Dizia ontem um comentador da Benfica TV, no pós-jogo, que o treinador tem de tomar decisões e arriscar. Deu o exemplo do Fábio Coentrão que foi adaptado com sucesso a defesa lateral, para explicar a insistência de JJ por Fábio Faria e depois da lesão de Miguel Vítor, por David Simão.
Claro que o treinador tem que tomar decisões e arriscar. Mas uma coisa é arriscar respeitando as características físicas e técnicas do jogador, outra coisa é arriscar tipo “fezada”, 1x2 totobola a ver se dá. Fábio Coentrão, tal como Miguel antes dele, tinha rotinas de médio-ala, pelo que a adaptação a defesa não foi de todo incompreensível. Nem original, como se comprova pelo caso do Miguel. Já não se pode dizer o mesmo de Fábio Faria que com mais de 1.90m nunca poderá ser um bom lateral, ou David Simão que nestes 2 jogos que jogou adaptado, brilhou nas jogadas de golo onde apareceu pelo meio. Como ele gosta e pelos vistos, sabe jogar.
Jorge Jesus após 2 anos de Benfica, continua a querer “re-inventar a roda” e a ser um profissional que denota pouca humildade na assunção dos lapsos que prejudicam o individual e o colectivo. Como resultado disto, o Benfica vai abordar o 1º jogo da 3ª pré-eliminatória com uma defesa que não dá garantias de garantir a inviolabilidade da nossa baliza, e este pensamento aplica-se às duas hipóteses, seja (1) pela inclusão de Garay e Luisão, com Javi a trinco, seja (2) pela manutenção da dupla Miguel Vítor Javi, com Matic a trinco. A primeira solução não dá garantias por falta de entrosamento, a segunda não dá garantias por falta de qualidade defensiva do meio campo.
Jorge Jesus é contudo acompanhado por um Director Desportivo, Rui Costa, que este ano se diz estar mais perto da equipa, e por uma Direcção onde pontifica o Sr.º Vieira que diz estarmos melhor que nunca em matéria de credibilidade, mas a realidade é que só contratamos depois de vendermos uma “pérola”. E depois de a vendermos não paramos enquanto não gastarmos o dinheiro todo.
Não me parece que seja este o caminho mais adequado para colocar o Benfica à prova da batota dos árbitros portugueses e da crítica dos analistas desportivos. Aliás a crítica sobre o futebol do Benfica já começou, embora o nível da mesma seja suave. Para já. Quando a bola rolar a sério, eles já têm muitos temas para desenvolver e tornar o Benfica naquilo que tem sido nos últimos anos: um clube de polémicas e intranquilidade.
Deste ponto de vista, esta 2ª fase da pré-temporada, foi um falhanço.
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