sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

A organização


Portugal, 8 de Fevereiro de 2013

Quando em 1994 entrou em vigor legislação fiscal que criminalizava os dirigentes desportivos dos clubes que não cumprissem as obrigações fiscais e da segurança social dos clubes, FCP e SCP embarcaram juntos numa nova era do futebol português: a criação das Sociedades Anónimas Desportivas, resumidamente SAD’s.
O modelo das SAD’s de ambos os clubes era semelhante, o grupo empresarial criado a partir da marca de cada clube, também, a entidade bancária idem, o BPI depois substituído pelo BES. E até Roquette andava de braço dado (em sentido figurado) com Pinto da Costa.
A comunicação social, essa, empolgava-se com as duas novas realidades desportivas, em detrimento do Benfica que aparecia muito atrasado no processo. E quando Manuel Damásio viu, primeiro, rejeitada em Assembleia-geral o seu modelo de SAD, e viu depois o fracasso do seu projecto futebolístico para a época 97/98, mais atrasado ficou tudo porque houve eleições e foi democraticamente escolhido o Dr.º João Vale e Azevedo. Que por sua vez teve de arrumar a “casa” antes de avançar com a sua proposta de SAD (não é o cerne deste texto, mas recordo que nenhuma outra SAD foi ratificada por tão grande margem de votos, mais de 8 mil sócios votantes).
Bom, vem tudo isto a propósito que desde aí, o FCP sempre foi “rotulado” pela excelência da sua “organização”, que tantas e tantas vezes é referida por analistas e adeptos, como a explicação para a conquista de um número avassalador de campeonatos. E por tabela, pelas sucessivas presenças na prova rainha do futebol a nível europeu: a Champions League, deixando para trás em termos de projecção europeia e milhões ganhos, os 2 grandes rivais de Lisboa.
Por outro lado, o SCP desde aí foi “rotulado” pela excelência da sua gestão, projecto desportivo e algo mais que nunca ninguém percebe bem. Uma espécie de “must”: ora é o projecto olímpico, ora são as vitórias no atletismo, ora é a formação de jogadores, ora é o ecletismo, o SCP tem sempre – com apoio e patrocínio da comunicação social - uma âncora para se situar como referência entre analistas e adeptos do futebol.
Passados anos e com FCP e SCP a desviarem as suas trajectórias evolutivas, apenas coincidentes na antipatia antidesportiva que nutrem pelo Benfica, eis que o processo conhecido com Apito Dourado começou a “esboroar” a tese do FCP. Que recebeu uma “estocada” fatal no recente episódio de ser desconhecido pelas gentes responsáveis do FCP, que 71h45mn não são 72h, apesar de um investigador da FEUP se esforçar por fazer crer que sim.
Quanto ao SCP, pela 2ª vez consecutiva, uma Direcção não consegue terminar o mandato que legitimamente recebeu dos sócios. O tal clube exemplo da gestão, que coopta os dirigentes da SAD a partir do BES, não consegue criar condições desportivas para se manter em funções. Para além disso cometeu a proeza de piorar o desempenho económico-financeira da SAD, que continua em falência técnica, mas agora sem o (bom) argumento de ter muitos jogadores da formação no plantel.
Provado que nem o FCP é a organização que a comunicação social, dirigentes e adeptos em Lisboa e Porto dele fizeram, nem o SCP está perto de ser o exemplo de gestão que também a comunicação social, dirigentes e adeptos em Lisboa e Porto construíram, pode questionar-se o que virá a seguir.
Ou seja, para além do facto do FCP ir ser excluído da Taça da Liga, para além do SCP ir eleger nova Direcção que continuará a manter o paradigma do SCP anti-Benfica mais do que pró-SCP, como poderá o nosso Benfica beneficiar da situação e até que ponto o BES e o Joaquim Oliveira, duas entidades que controlam os movimentos do Sr.º Vieira, deixarão o Benfica dar um salto em frente.
Como já vi o Sr.º Vieira ir à Alemanha, pedir desculpas ao Fortuna porque o presidente portista da FPF lhe pediu, não auguro nada de proveitoso para o Benfica.

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