Portugal, 1
de Outubro de 2013
O último
fim-de-semana desportivo, no que diz respeito ao futebol profissional, deu mais uma lição da “matemática do
título”, a quem continua a pensar que é campeã, a equipa que menos erros
cometer. Não é só isso...
Acho que essa
lição fica bem resumida no “sumário” feito por um conhecido meu, adepto portista:
o FCP não merecia ganhar, e ganhou por
causa do árbitro. O Benfica não merecia ganhar e não ganhou por causa do
árbitro.
Como se sabe, o
FCP beneficiou de 1 penalty claramente
inexistente para ganhar 1-0. Como também se sabe, o Benfica foi prejudicado
com um golo adversário claramente em
fora de jogo de posição com intervenção na jogada, e por duas grandes
penalidades (uma em cada parte) cometidas sobre Cardozo, embora a Benfica TV
apenas tenha dado destaque à que aconteceu na 2ª parte que é aceite por toda a
comunicação social.
Com base na teoria
das probabilidades, podemos extrapolar que sem o penalty, muito dificilmente o
FCP ganharia o jogo. Da mesma forma podemos extrapolar que sem o fora de jogo,
dificilmente o Belenenses marcaria 1 golo ao Benfica. Probabilidade maior para
a vitória do Benfica do que para o empate do FCP, porque o Belenenses com pouco
mais de 30% de posse de bola, não fez um remate perigoso à baliza do Benfica,
defendendo muito atrás em cerca de 90% do tempo de jogo, ao passo que o FCP
tinha ainda 40 mn para marcar (embora também pudesse sofrer, pois com 0-0 tudo
está em aberto, ao contrário do 1-0 para a equipa mais forte).
Ou seja, se a
lógica das probabilidades prevalecesse, era provável que o FCP perdesse 2
pontos, assim como era altamente provável que o Benfica fizesse 3 pontos. Traduzindo isto para a “matemática do
título” teríamos então que, sem outros factores de jornadas anteriores, o
Benfica estava a 1 ponto do 1º lugar. E não a 5 como resultou depois desta
jornada n.º 6.
Quem ainda não percebeu como é que o Benfica perdeu
o título do ano passado, deveria reconsiderar as suas análises.
Entretanto, e para
“variar”, sempre que perdemos pontos em jogos onde há erros grosseiros e graves
de arbitragem com interferência directa no resultado, a generalidade da comunicação social não dá grande destaque,
excepto em letras pequenas e apoiando-se normalmente nas frases de jogadores e
treinador do Benfica. Façamos a comparação do RECORD na jornada anterior e
nesta. Na jornada anterior, o erro do penalty não assinalado a favor do SCP
contra o Rio Ave, foi destacado em 1ª página com título principal (letras
garrafais) “NÃO VIU” com foto do
lance. 8 dias depois e perante a anormalidade de 1 penalty e 1 golo mal
validado ao adversário do Benfica, essa mesma 1ª página refere-se ... ao
resultado do SCP em
Braga: INDOMÁVEIS !
Ou seja, a comunicação social no caso do SCP teve
opinião e actuou em função da sua opinião sobre os erros de arbitragem,
valorizando-os ao nível da 1ª página. No
caso do jogo do Benfica, onde houve mais erros de arbitragem, a comunicação
social não teve opinião, optando por destacar frases dos intervenientes ao
jogo, do Benfica.
Alguns leitores devem
estar lembrados do texto que escrevi “a arte da mentira” onde fiz igual
comparação dos critérios editoriais de BOLA e RECORD a propósito dos dois
últimos jogos entre Benfica e SCP. Num jogo valorizaram os erros de arbitragem
a favor do SCP, desvalorizando os que também houve a favor do Benfica (a Liga
Capela, tal como foi intitulada pelo sportinguista Rui Santos em artigo de
opinião), noutro valorizaram o grande golo do Markovic “esquecendo-se” dos
erros de arbitragem a favor do Benfica. Pois
o critério agora manteve-se...
Seja pela pressão
que a comunicação social faz com estes destaques noticiosos, seja porque temos uma natural tendência
masoquista que resulta da falta de cultura desportiva, em particular da falta de entendimento de como o futebol é jogado
(continuamos a achar que ele deve ser jogado como “nós” pensamos que deve ser
jogado), lá se ouviram as habituais vozes dos radicais, de que “não jogamos
nada”, ou os mais suaves “temos equipa para muito mais”.
Ou seja, mais uma
vez apareceu um coro razoável de gente benfiquista, bastante “audível”, criticando a qualidade do jogo benfiquista e
assim, ajudando a branquear os erros grosseiros, e de “manual”, da arbitragem
contra o Benfica. A tal gente que continua sem perceber que o que importa é
marcar golos! E marcar pelo menos mais um que o adversário. O jogar bem ou menos bem, é uma questão
lateral. E subjectiva!
Surpreendentemente,
desta vez o Presidente do Benfica falou
do assunto, com alguma contundência, convenhamos. Ao fim do 6º jogo a ver o
Benfica, nuns jogos mais, noutros menos, ser prejudicado por decisões
grosseiras de árbitros, o Sr.º
Vieira falou. Criticou. Referiu que as faixas estão
encomendadas. Disse muito mas o efeito, para variar é pouco e folclórico. Entrou alguma queixa na FPF contra o
árbitro, como por exemplo, fizeram FCP e SCP contra Bruno Paixão, há 2 épocas
atrás? Acho que não! Então...
Então fiquemos com
um exemplo de um golo invalidado por
fora de jogo de posição, em que, com se pode ver, os dois jogadores
deslocados não têm qualquer intervenção na jogada. Foi em 1994. Hoje, em 2013, 19 anos depois, os critérios são os mesmos:
decidir a favor do FCP:
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