Portugal, 12
de Fevereiro de 2014
O primeiro Benfica
- SCP de sempre a ser disputado numa terça-feira, acompanhado pelo fantástico número de mais de
49 mil espectadores, terminou com uma vitória “sem espinhas” (ou “limpinha”
como alguns preferem) e, caso raro, sem casos de arbitragem para alimentar a
semana mediática e os programas de Trios da treta.
Do meu ponto
de vista há 5 pontos que merecem a seguinte reflexão.
1.
O SCP foi,
pela primeira vez em muitos anos, jogar de “peito” feito buscando proactivamente
a vitória. Jogando na procura do golo e não à espera do erro do Benfica. Colocou
dois pontas de lança e um extremo de raiz, na avançada, e três médios, um dos
quais André Martins encostado na ala direita, Erik Dier como trinco e Adrien
Silva como médio volante no apoio à avançada e nas tarefas defensivas. O seu
treinador, o tão elogiado treinador ao qual falta ainda a primeira flor no
Jardim (RECORD), fez algo que já antes
do jogo se adivinhava como uma opção “suicida”. Com esta equipa de “ataque”,
o SCP perdeu compacidade no meio campo, deu linhas de passe ao Benfica que com
melhores executantes (que os adeptos do SCP, incluindo jornalistas, lhes custa
reconhecer), com melhor colectivo (fruto da soma dos valores individuais e da
liderança do treinador) iria dominar o jogo, caso o árbitro não nivelasse as
coisas. Ora o árbitro, com uns
pequenos erros à mistura, desta vez não
interveio na dinâmica de jogo e o SCP ficou entregue a si próprio. Foi o que se
viu.
2.
Dito isto
concluo que uma boa ideia, jogar ao
“ataque”, pode ter resultados bem diversos dos que se tinham pensado. E
neste caso tiveram: o SCP foi dominado, não conseguiu jogar porque precisa de
proximidade entre os seus jogadores e a táctica adoptada originou precisamente
o contrário. Só não foram goleados porque os nossos dois avançados estiveram
algo perdulários. Nenhum deles facturou. Qual
a imagem que sobrou do SCP? Uma equipa incapaz de lutar pelo título de campeão,
porque incapaz de ganhar um jogo a um dos rivais. Foi então uma opção acertada
a opção de jogar de “peito feito”? Eu acho que não, embora agradeça a Leonardo
Jardim, a lição que permite que seja tirada: qualquer equipa que jogue contra o Benfica com uma táctica para ganhar,
isto é, um 4-4-2 ou equivalente com 2 pontas de lança, está condenada a perder. Já tinha acontecido ao PSG para a
Champions League, 3 dias depois do Arouca ter empatado na Luz, marcando dois
golos, apesar de ter jogado com 1 só ponta de lança e um meio campo reforçado
com várias unidades. Embora o Arouca tivesse tido a ajuda do árbitro, das
faltas e faltinhas.
3.
Esta vitória
permite concluir que não sendo fácil jogar com 2 pontas de lança, o Benfica joga quase sempre nesse sistema e
costuma ser, pelo menos cá dentro, autoritário,
dominador (até demais) e normalmente bem sucedido. Mérito a quem o tem, mérito a Jorge Jesus por muito que custe aos
iluminados das “tácticas depois do jogo”.
4.
O Benfica
ontem ganhou apenas 3 pontos, ganhou apenas um jogo. O próximo será
forçosamente distinto. Porque é o próximo, e porque o adversário não irá
expor-se como fez o SCP. É muito
diferente jogar para ser campeão, e o SCP optou por escalonar uma equipa
para ganhar os 3 pontos, ou jogar para
não descer em que 1 ponto ganho pode ser positivo e factor de motivação. O
Paços de Ferreira não irá jogar com uma estrutura táctica de ataque, mas sim de
reacção ao erro do Benfica. Como aliás 99% das equipas portuguesas fazem. Como
resultado podemos esperar uma coisa: o
jogo do Benfica será muito diferente, e não será garantidamente para melhor, do
que foi ontem. Além de que a suspensão de Enzo Peres vai tirar da equipa o
único médio criativo de categoria extra, que temos. Como a Direcção já tinha
tirado o Matic por questões de financiamento (para pagar os passes de Lizandros
e Farinas), é óbvio que vamos ter um
problema qualitativo na organização de jogo. Ora o Paços tem vindo a
melhorar o seu jogo, em particular nos últimos 4 jogos. Vai ser difícil. Espero
que Jesus não passe de bestial a besta numa semana.....
5.
No último
texto falei na ausência da Direcção do Benfica e em particular na ausência do
Presidente, que delegou num ex-dirigente que está em Angola a responsabilidade
por prestar esclarecimentos pelos problemas de manutenção que levaram ao
episódio das “chapas de revestimento voadoras”. Ontem, como puderam verificar, o Benfica ganhou e lá apareceu ele a falar
do jogo e da segurança do estádio que antes não quis falar! Não é por acaso!
Alguém o viu no último sábado em Barcelos, após o empate? Sim. Ao longe. Regra geral, só aparece quando as coisas
correm bem. Quando correm mal, eclipsa-se por força da estratégia de
promoção de imagem que lhe produzem. Ele
não pode ficar associado a nada de negativo. Não vai bem com a imagem de
super Presidente que lhe estão a construir...
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