Portugal, 26
de Fevereiro de 2014
O ano de 2014
está a ser madrasto para o Benfica, com o desaparecimento das nossas antigas
glórias campeãs europeias, Eusébio, ou bicampeãs europeias, Coluna.
Tal como
muitos, não vi jogar Mário Coluna. O que sei dele hoje resulta de conhecimentos
adquiridos na última dezena de anos. E apenas na última dezena de anos porque
Coluna para mim sempre esteve “distante” do Clube e da sua vida associativa,
talvez porque sempre tenha vivido na penumbra da fama de outros, aceitando esse
lugar com a humildade e carácter que o caracterizavam.
Coluna foi um
exemplo dentro e fora de campo. O eterno capitão, como assim foi chamado (uma
vez capitão, para sempre capitão, escrevia-se à época), foi um acidental centro
campista, dotado de invulgar inteligência e habilidade técnica, qualidades que marcaram
todo o seu percurso na equipa. Coluna era o seu “motor” e o seu “esteio”.
Fomos bicampeões com Coluna. Na terceira
final, contra o AC Milan, uma entrada assassina (não sancionada pelo árbitro)
partiu-lhe o pé. Como não havia substituições, Coluna aguentou estoicamente até
ao final do jogo. Estávamos a ganhar 1-0
e acabamos por perder 2-1. A primeira derrota na final dos Campeões das 3
que tivemos na década de 60 (as outras foram contra Inter, onde acabamos com 10
por lesão de Costa Pereira, e Manchester, ambos jogando nos seus estádios, e
uma delas no prolongamento).
A história
recente do Benfica não lhe fez a devida justiça, apesar de homenagens
mediáticas, com o seu quê de oportunismo, nas Galas do Benfica. Seria bom que
se pensasse melhor no que se passou nessa gloriosa década de 60 e se avaliasse de outra forma a
simplicidade e a importância de Mário Coluna nos dois títulos de campeões europeus
que conquistamos.
A este
propósito, não sei porque razão nunca se pensou em perpetuar Mário Coluna com
uma estátua no recinto desportivo do Benfica, como possivelmente mais 1 ou 2
grandes jogadores do passado também merecem. Reduzir o Benfica a Eusébio é limitar os horizontes e grandiosidade da
nossa história.
É (mais) um
momento triste que estamos a viver, mas infelizmente não poderia deixar passar
dois apontamentos politicamente incorrectos, mas que devem ser colocados para fazer reflectir que caminho estamos a trilhar:
1) Se o Sr.º
Presidente do Benfica vai pagar uma pensão vitalícia de 15 mil euros mensais à
viúva de Eusébio, qual vai ser o valor
da pensão a pagar à viúva de Mário Coluna (se é que lhe vai pagar alguma
coisa)? Esta última não tem os direitos que tem a viúva de Eusébio, por estar
longe, ou por Mário Coluna não se ter metido na vida associativa do Clube com
abraços que valeram votos?
2) Em 10 de
Abril de 2002 foi inaugurada a Academia de Futebol da Namacha, localizada 70 km
a sul de Maputo, e que foi baptizada de Academia Mário Coluna. Nessa cerimónia estiveram presentes Joseph Blatter,
presidente da FIFA, bem como representantes do governo moçambicano. Porque
razão o Benfica não se fez representar nessa cerimónia à qual a própria FIFA
conseguiu arranjar um tempinho para estar presente?
A hipocrisia de
uns quantos devia ter limites...
Obrigado Mário Coluna. Um dia a história do
Benfica encontrará a forma adequada para enaltecer tudo que deste para que a
história do Benfica fosse tão bonita como hoje é. RIP.
Bom dia
ResponderEliminarDesapareceu Eusébio e agora Coluna, dois monstros Sagrados que fizeram do Benfica, conjuntamente com outros companheiros, o clube de que nos orgulhamos ser adeptos.
Ficou mais pobre o nosso clube, mais rico o Céu onde se iluminaram mais duas estrelas.
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Artigo emocionante sobre Mário Esteves Coluna. Gostava que os amigos deste cantinho lessem. Obrigado
http://obelovoardaaguia.blogspot.pt/2014/02/palavra-ao-sr-coluna.html#comment-form
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Deixo um abraço
Uma pequena nota para agradecer a vinda do Ricardo a este modesto blogue, com leituras médias de 50 por texto. E um pedido de desculpas por não ter comentado antes. Tenho uma vida profissional que às vezes é extremamente exigente.
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