sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Champions 1 - Benfica 0



Portugal 18 de Setembro de 2014

Se é verdade que o futebol do Benfica me tem tranquilizado no que diz respeito às provas nacionais, onde nem o “borrão” de Artur no jogo com o SCP me tira o sono, confesso que aguardava com curiosidade para saber como se comportaria a equipa numa competição de elevada dificuldade como a Champions.
E digo isto porque de acordo com a minha maneira de ver o futebol, há vários factores a considerar que enfraqueceram a equipa. Como sejam o enésimo desarranjo do plantel pelas tais necessidades de venda de jogadores e a contratação de alguns jogadores, dos quais só Talisca conseguiu fazer a pré temporada. Mas isso é nas minhas “teorias”, restava ver como seria na prática.
E digamos que a 1ª lição correu mal.
De facto sentiu-se a falta de um jogador de área que polarizasse os movimentos ofensivos da equipa, um jogador posicional como Cardozo, sentiu-se a falta de um defesa de grande qualidade que soubesse sair com a bola jogável (embora esta característica não seja a mais importante), pois apesar de ser muito esforçado, Jardel não é, nem será Garay, e sentiu-se a falta de entrosamento de alguns jogadores, pois a pré temporada foi jogada com outros e num sistema táctico diferente (com 2 avançados).
Às vezes quando escrevo nos meus textos sobre o amadorismo da Direcção do Benfica, há uns “cromos” que ficam muito chateados e partem para a crítica contundente ou insulto gratuito. Vêm o Benfica como algo de arquétipo, inatacável por ser exemplo de perfeição. Que está longe de ser....
A realidade é que Vieira ofereceu Garay ao Zenit por umas “cascas de alho” e por critérios não desportivos, como referiu. Para o seu lugar contratou César por 2 milhões, a uma equipa da 2ª divisão brasileira, e fez regressar Lizandro (que custou 5 milhões). Depois de ter valorizado Siqueira, permitindo um ganho de 3 milhões ao Granada, contratou 2 defesas esquerdos, Djavan e Benito até decidir que afinal era o Eliseu que ia jogar. Siqueira era caro, com 7 milhões, mas só em 2 defesas o Benfica gastou 4 milhões! No ataque “ofereceu” o Cardozo ao Trabzonspor e contratou Derlei ao Marítimo por 2,5 milhões. Trocou 1 goleador posicional de créditos firmados, por outro jogador móvel e uma incógnita, já que marcar golos no Marítimo é uma coisa, marcar no Benfica é outra.
A somar à estranha estratégia de Vieira, fosse por lesão ou por opção, Luisão e Jardel não fizeram um só jogo da pré temporada, Samaris idem mas por não estar cá e Enzo por férias. 4 jogadores que ocupam posições fundamentais dentro de campo.
E foi assim que com apenas 4 jogos no campeonato português que abordamos o 1º jogo da Champions, perante um adversário que já levava 8 e que se reforçou à custa do Benfica, com particular ênfase na defesa, onde Garay foi dar a qualidade que faltou em anos anteriores, e que impediram o Zenit de ser campeão. Mas há também que considerar a qualidade de Javi Garcia. Não é por acaso que Villas-Boas se reforçou com ex-jogadores do Benfica.
Ironia das ironias (para além do sorteio ter emparelhado o Benfica com o Zénit e o Mónaco, como no ano passado com o Olympiakos de Roberto), foi Jardel a iniciar a jogada do 1º golo dos russos. De facto há uma certa diferença entre Garay e Jardel, mas possivelmente Vieira não percebeu isso quando decidiu oferecer Garay a Villas-Boas. E assim com um só erro, um só golo, se começou a desenhar uma derrota cara. Na alta competição, isto é mesmo assim: os erros pagam-se mais caro do que na média ou baixa competição, como seja o nosso campeonato nacional.
Mas também considero que existiu um mau posicionamento global da nossa equipa, fruto do mau posicionamento de Samaris, que nesse lance de Jardel não ocupou a posição 6 como deveria. Se o tivesse feito, a nossa defesa não subiria tanto no terreno, e as hipóteses de interceptar o contra ataque do Zenit, seriam muito maiores. Mas temos de o desculpar pois é só o 2º jogo oficial que faz. É o planeamento do SLB a funcionar.
E assim, com este amadorismo da Direcção, abordamos pela enésima vez a exigente Champions, com vários jogadores sem rotinas. Os erros pagam-se caro e pior, influenciam o jogo seguinte.
Uma palavra obviamente para a bonita atitude dos adeptos presentes no estádio da Luz, que presentearam a equipa com uma enorme ovação, apesar da derrota. Foi bonito e fez lembrar os adeptos do Liverpool quando cantam o “you’ll never walk alone” mesmo quando perdem. Era bom que se repetisse mais vezes, pois seguramente iríamos lucrar mais. Uma equipa acarinhada, que sente os adeptos do seu lado, joga e rende mais.

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