Portugal 18
de Setembro de 2014
Se é verdade que o futebol do
Benfica me tem tranquilizado no que diz respeito às provas nacionais, onde nem
o “borrão” de Artur no jogo com o SCP me tira o sono, confesso que aguardava com curiosidade para saber como se
comportaria a equipa numa competição de elevada dificuldade como a Champions.
E digo isto porque de acordo com a
minha maneira de ver o futebol, há vários factores a considerar que
enfraqueceram a equipa. Como sejam o enésimo desarranjo do plantel pelas tais
necessidades de venda de jogadores e a contratação de alguns jogadores, dos
quais só Talisca conseguiu fazer a pré temporada. Mas isso é nas minhas
“teorias”, restava ver como seria na prática.
E digamos que a 1ª lição correu mal.
De facto sentiu-se a falta de um
jogador de área que polarizasse os movimentos ofensivos da equipa, um jogador
posicional como Cardozo, sentiu-se a falta de um defesa de grande qualidade que
soubesse sair com a bola jogável (embora esta característica não seja a mais
importante), pois apesar de ser muito esforçado, Jardel não é, nem será Garay,
e sentiu-se a falta de entrosamento de alguns jogadores, pois a pré temporada
foi jogada com outros e num sistema táctico diferente (com 2 avançados).
Às vezes quando escrevo nos meus
textos sobre o amadorismo da Direcção do Benfica, há uns “cromos” que ficam
muito chateados e partem para a crítica contundente ou insulto gratuito. Vêm o
Benfica como algo de arquétipo, inatacável por ser exemplo de perfeição. Que
está longe de ser....
A realidade é que Vieira ofereceu Garay
ao Zenit por umas “cascas de alho” e por critérios não desportivos, como
referiu. Para o seu lugar contratou César por 2 milhões, a uma equipa da 2ª
divisão brasileira, e fez regressar Lizandro (que custou 5 milhões). Depois de
ter valorizado Siqueira, permitindo um ganho de 3 milhões ao Granada, contratou
2 defesas esquerdos, Djavan e Benito até decidir que afinal era o Eliseu que ia
jogar. Siqueira era caro, com 7 milhões, mas só em 2 defesas o Benfica gastou 4
milhões! No ataque “ofereceu” o Cardozo ao Trabzonspor e contratou Derlei ao
Marítimo por 2,5 milhões. Trocou 1 goleador posicional de créditos firmados,
por outro jogador móvel e uma incógnita, já que marcar golos no Marítimo é uma
coisa, marcar no Benfica é outra.
A somar à estranha estratégia de
Vieira, fosse por lesão ou por opção, Luisão e Jardel não fizeram um só jogo da
pré temporada, Samaris idem mas por não estar cá e Enzo por férias. 4 jogadores que ocupam posições
fundamentais dentro de campo.
E foi assim que com apenas 4 jogos
no campeonato português que abordamos o 1º jogo da Champions, perante um
adversário que já levava 8 e que se reforçou à custa do Benfica, com particular
ênfase na defesa, onde Garay foi dar a qualidade que faltou em anos anteriores,
e que impediram o Zenit de ser campeão. Mas há também que considerar a
qualidade de Javi Garcia. Não é por
acaso que Villas-Boas se reforçou com ex-jogadores do Benfica.
Ironia das ironias (para além do
sorteio ter emparelhado o Benfica com o Zénit e o Mónaco, como no ano passado
com o Olympiakos de Roberto), foi Jardel a iniciar a jogada do 1º golo dos
russos. De facto há uma certa diferença
entre Garay e Jardel, mas possivelmente Vieira não percebeu isso quando
decidiu oferecer Garay a Villas-Boas. E assim com um só erro, um só golo, se começou a desenhar uma derrota cara.
Na alta competição, isto é mesmo assim: os
erros pagam-se mais caro do que na média ou baixa competição, como seja o
nosso campeonato nacional.
Mas também considero que existiu
um mau posicionamento global da nossa equipa, fruto do mau posicionamento de Samaris, que nesse lance de Jardel não
ocupou a posição 6 como deveria. Se o tivesse feito, a nossa defesa não
subiria tanto no terreno, e as hipóteses de interceptar o contra ataque do Zenit,
seriam muito maiores. Mas temos de o desculpar pois é só o 2º jogo oficial que faz. É o planeamento do SLB a funcionar.
E assim, com este amadorismo da
Direcção, abordamos pela enésima vez a exigente Champions, com vários jogadores
sem rotinas. Os erros pagam-se caro e
pior, influenciam o jogo seguinte.
Uma palavra obviamente para a bonita atitude dos adeptos presentes no
estádio da Luz, que presentearam a equipa com uma enorme ovação, apesar da
derrota. Foi bonito e fez lembrar os adeptos do Liverpool quando cantam o
“you’ll never walk alone” mesmo quando perdem. Era bom que se repetisse mais
vezes, pois seguramente iríamos lucrar mais. Uma equipa acarinhada, que sente os adeptos do seu lado, joga e rende
mais.
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