sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Missil relva - ar




Portugal 26 de Setembro de 2014

Infelizmente a minha vida profissional não me tem dado grande margem para escrever, mas tinha umas coisas para registar (para memória futura) relativamente à última jornada, onde de forma um tanto enviesada, alcançamos o 1º lugar da tabela, isolados com 2 pontos de avanço sobre o FCP e 4 sobre o SCP. Desde Trappatoni que não conseguíamos tal “façanha”, embora esta comparação não seja para relevar, uma vez que o Benfica de Trappatoni apesar de ter sido campeão, apenas obteve 65% de pontos, coisa que nestes últimos anos, nem sempre garante o 3º lugar.
A última vitória foi começada com um golão de Eliseu, um autêntico míssil relva - ar, mais concretamente, relva – canto superior direito da baliza, sem hipótese para o guarda redes. A potência e direccionalidade do remate farão deste golo um dos melhores do campeonato, sem qualquer sombra de dúvida.
Se é verdade que é sempre bom chegar a 2ª feira e estarmos em primeiro lugar no futebol, deixando os adeptos dos rivais um pouco aturdidos e nervosos (o Lopetegui dos 6-0 ao BATE virou “Lol”petegui do 0-0 com o Boavista), também me parece que este momento do campeonato traz mais interrogações do que certezas.
É contudo engraçado ver tanto e tanto comentador, seja na BTV ou não, aproveitar a “onda” favorável para referir que “ah e tal, na pré temporada houve muita gente que duvidou do trabalho que estava a ser feito, mas eu confiei sempre, etc.”. Cambada de hipócritas e graxistas militantes... Adiante.
O que me preocupa neste momento são as conclusões que se tiram dos números. Que não são tranquilizadoras. Vejamos. Ganhamos 4 dos 5 jogos, 80% de vitórias (percentagem de campeão) o que é bom, mas esse dado será mais rigoroso quando o número de jogos em casa igualar o número de jogos fora. Ou seja, na próxima jornada.
Por outro lado, nas 4 vitórias, 3 delas (Boavista, Setúbal e Moreirense), ou seja 75%, começaram com golos de inspiração individual, e apenas 1 (25%) como corolário de jogo de equipa (Paços de Ferreira). Na minha opinião, estas percentagens estão trocadas, porque os golos resultantes de jogadas colectivas é que deveriam ser 75 a 80%. Isso dava-nos confiança na qualidade da “máquina” futebolística.
Por outro lado ainda, desses 4 golos que iniciaram as 4 vitórias, 3 deles foram marcados por defesas, concretamente defesas laterais. Só 1 golo foi marcado por um avançado (e já agora, em lance de inspiração individual, Sálvio em Setúbal). Também aqui, as percentagens estão trocadas, devendo os primeiros golos ser marcados pelos avançados, em cerca de 75 a 80% dos casos.
Quer isto dizer que esgotando-se o stock dos “mísseis” não estou a ver como iremos continuar a ganhar jogos, pois a nossa linha avançada, prejudicada ou não pela opção de “empandeirar” Cardozo, não está a marcar golos”!
Esta leitura das coisas encaixa-se com outro dado factual: não conseguimos ganhar contra os dois adversários teoricamente mais fortes que já defrontamos: SCP (empate) e Zenit (derrota). E antes que os meus críticos mais iluminados venham recordar que nesses jogos existiram erros individuais na defesa, eu lembro que contra o SCP interrompemos a média de 2 golos marcados por jogo que vínhamos obtendo com JJ, e que contra o Zénit, com mais ou menos aplicação dos jogadores, não conseguimos marcar qualquer golo!
Não pretendo com isto ser pessimista mas sim realista, embora no futebol, e em particular no Benfica, a linha que separa o pessimismo do realismo é muito ténue e mal percebida.
E bom, vem aí a 6ª jornada onde podemos capitalizar do embate entre SCP e FCP caso vençamos o jogo no Estoril. Confesso que não gosto que a comunicação social sublinhe que “há 68 anos que o Benfica não perde na Amoreira”. Dá azar...

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