quarta-feira, 1 de outubro de 2014

O milagre de Nuremberga...



Portugal 1 de Outubro de 2014

Há não muitos anos atrás, época 2007/2008, com Camacho no comando da equipa, o Benfica conseguiu apuramento “in extremis” para a Liga Europa a partir da Champions, através de uma vitória fora, na casa gelada de um Shakhtar Donetsk que tinha investido mais de 40 milhões de euros em contratações, como Brandão, etc., e tinha ambições na Champions. Esse Shakhtar era treinado pelo mesmo Lucescu que ainda hoje é o treinador da equipa.
Claro que se fosse no Benfica, apareceriam – dentro e fora do Benfica - os inteligentes do costume pondo em causa a continuidade do treinador, por causa de um fracasso na Champions, num grupo que considerariam “acessível”. E de facto ao Shakhtar o empate bastava, mas o Benfica de Cardozo (lá estou eu outra vez) e Di Maria, entre muitos outros, conseguiu ganhar 2-1 apesar da neve.
Vem isto a propósito de relembrar esse jogo em Nuremberga, que a comunicação social lisboeta antes do jogo equiparava ao “julgamento de Nuremberga”, como se fosse possível estabelecer qualquer comparação entre os sujeitos que na altura foram julgados, e o Benfica. Mas como bem sabemos, o Benfica é dirigido por gente que não se preocupa com estes “pormaiores”, apenas lhes preocupa o que dizem deles, quando as referências não são positivas.
Ora nesse jogo, as coisas não estavam a correr bem. Com 0-0 ao intervalo e 5 portugueses no onze, sofremos 2 golos no inicio da 2ª parte, um deles numa distracção de Luis Filipe que bem podia ter sido avisado quer pelos outros colegas da defesa quer pelo próprio Quim. A perder 2-0 e tendo ganho na 1ª mão por 1-0, a eliminatória estava perdida. Camacho meteu então Cardozo ao mn 70, por troca com Maxi Pereira e Di Maria ao mn 80 por troca com Nuno Assis. Também Camacho parecia não perceber bem quem tinha na equipa, uma vez que Cardozo foi suplente de Makukula, e Di Maria foi suplente de Katsouranis.
E foram estes dois grandes jogadores que resolveram a eliminatória, com dois golos nos últimos 3 minutos de jogo, colocando o Benfica nos oitavos de final da Liga Europa.
Visão que a comunicação social lisboeta teve no dia seguinte: o milagre de Nuremberga! A vitória foi de tal modo mal digerida, quando seguramente, os títulos já gozavam com a eliminação do Benfica, que foi comparada a um milagre. Porque o Benfica só consegue estes resultados sensacionais, com intervenção “divina” entenda-se...
Ora comparando com o FCP de ontem, em Lviv, ou seja, o jogo foi em campo neutro apesar de se ter disputado na Ucrânia, houve algo de semelhante a esse Benfica de Nuremberga, uma vez que o FCP estava a perder 2-0 aos 85 mn e conseguiu, muito por culpa de 1 penalty oferecido por um defesa, empatar o jogo com ajuda de um jogador que saltou do banco: Jakcson.
Semelhanças do jogo com o do Benfica? Mais que muitas! Critérios da comunicação social? Muito diferentes.
Agora já temos o FCP que “nunca desiste”, o Jakcson que “saltou do banco para resgatar 1 ponto”, um “incrível empate”, etc. Intervenção divina? Milagre? Nada disso: tudo obra e graça do trabalho, do empenho, da qualidade dos jogadores do FCP. Escrever o mesmo do Benfica parece ser proibido, ou ser uma regra que tem de ser respeitada pelos jornalistas.
Obviamente que para a Direcção do Benfica isto é normal, como normal é vermos a disparidade com que estes mesmos critérios, arranjam penaltys em Portugal ao FCP e não arranjam ao Benfica, mesmo que os lances em que o Benfica sai prejudicado sejam mais evidentes. Já para não falar do prejuízo que esta forma de ver o futebol tem na auto estima de adeptos e jogadores do Benfica, e na promoção da auto estima e confiança dos adeptos e jogadores do FCP...

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